Extrato do meu livro “Manual de Hotelaria” distribuído por Amazon
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ARTE E TÉCNICA DE DIRIGIR UM HOTEL
   
Embora 
seja  um  ferrenho 
defensor  do  aportuguesamento  de 
todas as palavras, vou aqui usar o anglicismo, para fortalecer o que
pretendo analisar. 
  
"Management" não é
palavra que se possa traduzir, como sempre se faz, para  gerência 
ou  gestão,  sem 
entrar  mais  profundamente 
no  seu significado. Ela
significa, em boa verdade, muito mais do que isso. 
   Management é toda uma filosofia que,
exagerando um pouco, pode ser materializada na frase "tornar as ilusões
reais". 
  
É  uma  arte, 
ou  técnica,  que  permite  aos 
que  a  utilizam 
na  sua plenitude  e 
com  pleno  aproveitamento,  conseguir 
resultados  fora  do normal 
ou  atingir  objectivos 
que,  a  princípio, 
pareceriam  utópicos. 
É a arte de tentar o impossível, e ela é,
cada vez mais, posta à prova. 
  
Nos E.U.A., o Management  baseia-se em técnicas de análise, enquanto na
Europa e noutros continentes ele é encarado como Filosofia e Cultura, estando
mais alheado das realidades e dos resultados. 
  
Drucker, apontado  como  pai 
do  Management  moderno,  definiu-o do 
seguinte  modo:  bom  Management  é:  definir  os 
objectivos  da  empresa e depois, motivar as energias humanas
de que ela dispõe para que esses objectivos sejam atingidos. 
   
A definição  dos 
objectivos  da  empresa 
é  feita  sob 
a  óptica  empresarial. 
O lado motivacional e de organização dos
recursos humanos da empresa tem  a  ver 
com  a  direcção 
e  com  a 
liderança.  Ambas  constituem a capacidade de Management. 
   
Quem 
for  capaz  de 
conciliar  e  manejar 
estes  dois  elementos 
é  um bem sucedido manager. 
  
Os objectivos  de  um  hotel 
manager  estão,  naturalmente, 
fora  do hotel. Eles são o mercado
e os clientes. 
   O
manager deve ter capacidade de
análise e de síntese, condensando o que está a acontecer ao seu redor. 
  
Que alterações  e  mudanças 
se  estão  a 
operar?  Que  problemas 
ou novas oportunidades estão a surgir? 
  
O  que  deve 
ser  mantido  e 
o  que  precisa 
de  ser  alterado? Soluções rápidas geram resultados
rápidos. 
  
Em função dos dados recolhidos, há que 
tomar  decisões,  gerar objectivos, verificar o seu cumprimento
e controlar os resultados. 
  
Um bom manager é um inovador,
sempre sensível às oportunidades e muito atento aos resultados. Estes são a
mola real. 
  
Para  um  bom  Management  há 
que  ter  bons 
instrumentos  de  análise, muita informação, excelente
percepção e capacidade de previsão. 
  
Há  que  reagir 
a  cada  mudança, 
à  menor  das 
mudanças,  fazendo com que
todos, e cada um no seu hotel, saibam qual a sua missão e o seu papel,
desempenhando-os com motivação e empenho. 
   O
objectivo final do Management é o
desenvolvimento da empresa e o 
progresso  humano  e 
profissional  dos  que 
a  integram. Para  isso, todos os recursos devem ser
aproveitados, começando pela inteligência humana, que existe em todos os
escalões da hierarquia. 
  
Entender o que é “Management” não é difícil; levará talvez um pouco mais
de tempo para conseguir praticá-lo com satisfação. 
  
Os seus princípios básicos são óbvios e facílimos, mas normalmente
esbarram  no  ultrapassado 
conceito  do  "Manual 
Interno  de  Serviços", onde tudo está escrito para
ser seguido e cumprido. 
  
As empresas onde só se trabalha seguindo o "manual" são
empresas ultrapassadas, com uma estrutura arcaica que não as deixa evoluir. 
  
Os verdadeiros líderes são os que confiam nos seus colaboradores e que,
dando-lhes um bom treino e transmitindo-lhes bons conhecimentos,  criam 
a  possibilidade de que  eles 
possam  tornar-se  responsáveis, para depois neles delegar a
responsabilidade. 
  
Uma das cinco obrigações da gestão é: controlar. 
  
No Management moderno,  “controlo” 
não  é  asfixiar 
as  pessoas,  andando atrás delas, para ver se fizeram ou
não as suas tarefas, mas, sim, analisar 
os  resultados  e 
conduzir  a  operação 
para  que  os 
objectivos sejam atingidos. 
  
Normalmente, a  responsabilisação
dos subalternos, quando estes são bem treinados e bem esclarecidos sobre quais
são os objectivos da empresa, traduz-se, sempre, numa melhoria dos resultados. 
  
Com bons resultados, quase todos os objectivos podem ser atingidos. 
  
Seja qual for o título que defina o gestor na era actual, a conclusão
será sempre  a  mesma: 
essas  palavras  dificilmente 
descreverão  as atribuições deste
profissional no dia-a-dia da sua unidade. 
  
O  papel  do 
director-geral  tem-se  modificado 
no  decorrer  dos 
últimos anos, e nunca será demais estar atento a essa modificação que é
devida a inúmeras razões, entre as quais se incluem: degradação do mercado,
competição quase beligerante e aumento de interesse dos proprietários no
acompanhamento dos seus investimentos. 
   O
director-geral actual precisa estar para além da rotina departamental. 
   
Antes de gastar um centavo, deve
perguntar-se: Que retorno isto me trará? Será que terei um melhor retorno
investindo este valor em alguma outra coisa? 
  
Será pouco  real,  da 
parte  do  director-geral,  pensar 
que  os  investidores aprovarão  pedidos 
de  despesa  extra 
sem  solicitar  uma 
análise  do  retorno (dentro das perspectivas que eles
próprios terão de aplicar o seu capital no mercado).
   
   O
director-geral  deve  saber 
o  que  os 
seus  clientes  (ou 
os  representantes destes:  os 
agentes  de  viagem) 
estão  a  pensar, 
a  planear  ou 
quais  as suas  solicitações 
especiais.  Sempre  que 
o  director-geral,  pessoalmente, 
for visitar  os  seus 
bons  clientes,  a 
sua  presença  deve demonstrar  o 
quanto  ele aprecia a continuidade
do relacionamento comercial mútuo. 
  
Para além disso, o acompanhamento das vendas dá ao director-geral uma
visão  mais  concreta 
da  forma  como 
os  clientes  estão 
a  ser  tratados 
e das  dificuldades,  ou 
objecções,  que  este 
sector  enfrenta  no 
mercado, permitindo-lhe corrigir falhas ou procedimentos defeituosos. 
  
Existem sempre nas comunidades, qualquer que seja o seu tamanho,
contactos que o director-geral não pode deixar de fazer, ainda que, no momento,
não pareçam necessários. A manutenção de um bom relacionamento com a comunidade
pode facilitar, a qualquer momento, soluções que, de outro modo, seriam mais
complicadas ou demoradas. 
   
  
Manter o pessoal satisfeito. Ouvir o que eles têm para dizer e pensar
neles no momento de tomar decisões. 
  
Hoje, a gestão é menos autocrática e mais participativa. Devem ser
ouvidas as suas preocupações quanto aos problemas da operação e as suas
sugestões de melhoria. 
  
O  director-geral  é, 
normalmente,  treinado  e 
desenvolvido  para  acompanhar 
o  lado  operacional 
do  negócio,  estando, 
portanto,  sempre  mais sensível à satisfação das necessidades
do cliente. Os investidores, não estão. Onde o director-geral vê necessidade de
flores frescas, para manter a imagem do 
hotel,  os  investidores 
vêem  apenas  custos 
e  perguntarão: por que não algo
que custe menos? 
   O
director-geral fica, assim, dividido entre cortar custos ou manter níveis de
serviço apropriados. Mas a pergunta que o director-geral deve fazer a si
próprio é: o que é mais apropriado para o meu tipo de clientela? 
  
Ele  deve  trabalhar 
em  busca  de 
respostas,  procurando  conciliar 
o binómio  que  será 
sempre  o  seu 
maior  objectivo:  menor 
custo/maior satisfação da clientela. 
  
Estas podem não ser as realidades para as quais o director-geral foi
treinado, quer tenha saído de uma escola hoteleira ou seguido uma carreira, mas
elas são, hoje, as realidades. 
  
Estamos sempre a aprender. E a aprendizagem não termina quando se ocupa
o cargo ou se consegue o diploma. Ela vai ser uma ferramenta necessária para o
resto da sua vida profissional. 
  
Boa sorte ao diretor-geral, no seu novo papel, que continuará a mudar. 
   
É 
pensamento  comum  que 
"os  computadores,  a 
indústria  electrónica  e 
a  tecnologia  são 
as  áreas  de 
actividade  que  mais 
evoluem  nos tempos modernos".
  
Puro erro! Quem actua na área da gestão ou da administração e pensa
assim pode considerar-se um profissional ultrapassado! 
   A
área que mais evolui e na qual a busca de novos métodos e sistemas é maior é a
área da gestão ou management. 
   A
competição  aumenta  globalmente, 
a  tecnologia  desenvolve-se 
rapidamente e a mão-de-obra (ou força de trabalho) passa por mudanças,
fruto das próprias alterações em curso na sociedade. 
  
Essas mudanças exercem pressão sobre os gerentes e director-gerais de
empresa,  fazendo  com 
que  a  busca 
de  novas  abordagens 
e  novas  soluções seja constante. As empresas gastam
somas consideráveis em pesquisas nesta área e os consultores são os mais bem
pagos profissionais do mercado. 
  
Grandes e novos nomes aparecem, novas 
ideias surgem. Os grandes Gurus com os quais aprendemos, são hoje
mentores ultrapassados, com ideias que soam, ao mercado, como os fonógrafos de
Edison. 
   O
gerente moderno precisa estar actualizado, mentalmente competitivo e em
permanente evolução. Deve estudar e aprender, a cada dia. 
  
Uma frase que citei há muitos anos é ainda válida neste caso. "Nós
não  sabemos  nada, 
se  aquilo  que 
aprendemos  se  tornou 
obsoleto". 
Qualquer certificado de capacidade emitido
nos E.U.A. tem validade de 5 anos, não podendo mais ser usado sem reciclagem. 
  
Os campeões ou cavaleiros da mudança estão a criar novos conceitos,
novas ideias e, ao mesmo tempo, uma nova linguagem, aplicada à gestão e à busca
da qualidade. 
  
Uma das frases que mais choca é de Robert Galvin, que foi
director-presidente da Motorola: 
  
"O elemento-chave dos negócios não é o capital, a fábrica ou o
pessoal, mas o conhecimento e a informação". 
  
"Ideias são a chave". 
  
"Nós temos que ouvir". "Nós temos que ler". "Nós
temos que aprender". 
  
Os pensadores ou estudiosos da "gestão" têm grande influência
no mundo dos negócios. 
  
Eles são os criadores e promulgadores de novas ideias, de ideias-chave. 
   E
são, assim, as alavancas da mudança para a qual todos devemos estar preparados.
  
As  mudanças  são 
duras  e  às 
vezes  dolorosas,  mas 
não  existe  lucro sem luta. 
  
Todos devem dar a sua contribuição; as gerências, pela sua posição,
têm  como 
missão  principal  "iluminar  o 
caminho".  Para  isso, 
devem conhecer bem esse caminho, cada vez mais difícil de trilhar. 
   A
solução é a aprendizagem permanente. Ninguém deve dizer “Eu Sei!, mas
sim “Eu Estudo”.
  
Um questionário, pertinente na década de 90, mas ainda válido para
qualquer director-geral, seria, segundo a Business Week: 
  
Você trabalha numa empresa de "aprendizagem permanente"? 
   O
seu presidente fala de "reprojectar o processo do negócio"? 
   A "arquitectura organizacional" da
empresa é sólida? 
  
Você é um "competidor baseado no tempo"? 
  
A  empresa  tem 
a  preocupação  de 
aumentar  os  seus 
"centros  de
capacidade"? 
  
Eis abaixo uma amostra de novos vocábulos, cunhados pelos gurus do
management. 
  
Todo o gestor moderno deve saber o seu significado e a sua forma de
aplicação. 
  
Abordagem  conceptual  para 
a  organização  do 
futuro,  engloba  a noção 
de  que  a 
aprendizagem  é  fundamental 
para  o  sucesso, 
não devendo,  nunca,  ser 
abandonada.  A  gerência 
deve,  sempre,  procurar aumentar a moldura que encerra o seu
quadro de conhecimentos, evitando  a  forma 
linear  de  pensamento 
e  procurando  conhecer 
a  subtil inter-relação entre os
vários elementos que compõem a gestão. 
  
Esta expressão designa a forma pela qual um sistema operacional deve ser
radicalmente  repensado  e 
redesenhado,  ou  reestruturado,  sempre que se deseje aumentar a qualidade, a
produtividade ou os resultados. 
  
Insinua uma revisão completa dos cargos e competências, estruturas
organizacionais e sistemas de gestão. O trabalho deveria ser organizado tendo
em vista resultados e, não, as tarefas ou funções. Como cada posição pode
contribuir melhor para o resultado final.
  
Esta  é uma metáfora que força
os  gerentes ou director-gerais a
pensarem, de uma forma mais  abrangente  e 
ampla,  sobre  a 
organização  em  termos 
de como  conseguir  que 
pessoas  e  estruturas, 
tanto  formais  como 
informais, consigam encaixar-se sem traumas. Conduz a grupos autónomos
de trabalho e a alianças estratégicas, para resultados comuns. 
  
Esta frase baseia-se na crença de que tempo é equivalente a dinheiro,
produtividade, qualidade e inovação. 
  
Os  seus  defensores 
argumentam  que  o 
tempo,  tal  como 
os  custos, pode ser gerido
perfeitamente, sendo uma fonte de vantagens competitivas, desde que acompanhado
em todos os processos da organização. 
  
Esta  ideia  foi 
lançada  no  sentido 
de  levar  as 
empresas  a  identificarem o que nelas é melhor e a
organizarem-se em torno desses centros de capacidade, de forma a, mais
rapidamente, atingirem os seus objectivos, aproveitando a dinamização interna
que daí adviria. 
   A
estratégia empresarial deveria, então, ser baseada, não em produtos ou
mercados, mas nas capacidades que dessem à empresa acesso rápido aos vários
mercados e que fossem difíceis de imitar pelos concorrentes. 
  
Aos que se iniciam com o desejo de um dia chegarem a cargos de gestão,
aconselhamos a análise e o desenvolvimento do estudo, baseado nos itens que
aqui lhes apresentamos. 
  
O  conhecimento  de 
métodos,  sistemas  e 
políticas  é  útil 
e  necessário em hotelaria, mas
quem desejar vencer nesta difícil profissão deve estar  ciente, 
também, de que outros 
conhecimentos  são  necessários, sobretudo os de relações
humanas, ou de relacionamento. 
  
Para  os  ajudar 
nesse  campo,  tão 
negligenciado  nos  nossos 
dias, resolvi acrescentar, nesta edição, a minha opinião sobre esta
área. 
  
Espero  que  os 
meus  leitores  fiquem 
satisfeitos  com  esta 
minha decisão e a aproveitem, passando, se Supervisores, estas ideias ao
seu pessoal.
O 
Que  é  ser 
simpático?
   A
melhor forma de demonstrar simpatia ao cliente é: 
·        
Mostrar
boa vontade na prestação dos serviços a que este tem direito. 
·        
Mostrar
interesse nos desejos e necessidades deste, procurando dar colaboração para que
estes sejam plenamente satisfeitos. 
·        
Mostrar
solidariedade para com os problemas do cliente, ajudando a minimizá-los ou a
solucioná-los, se isto estiver ao nosso alcance.
·        
Lembrar-se
que o próprio hotel, como ambiente estranho para o cliente, pode ser uma fonte
de problemas para este, se não lhe for facilitado o conhecimento dos métodos e
sistemas usados, bem como as facilidades de contacto com os vários Setores. 
  
Não  adiantará  que 
os  funcionários  sejam 
sorridentes,  informais, amáveis,
delicados e cheios de salamaleques se, no momento em que o cliente precisa de
ajuda, fica sozinho. 
  
Simpatia é Solidariedade, Interesse, Boa-Vontade. Desejo de ajudar.
  
Este processo tem três fases ou etapas e é, ao mesmo tempo, um desafio à
equipa, como demonstração da sua capacidade de comunicação. 
A tarefa de lidar com um cliente
enfurecido traz, quase sempre, uma sensação de mal-estar ao empregado de hotel.
Mesmo os mais habituados às lides de hotelaria sentem um pequeno frio na
espinha sempre que uma destas situações se apresenta. 
  
Dependendo  do  carácter 
do  empregado,  do 
seu  treino  e 
da  sua capacidade  de 
autodomínio,  esta  situação 
pode  terminar  mal 
para  o cliente ou para o hotel,
com a perda de negócio. 
   O
mal-estar ou o frio na espinha são absolutamente desnecessários. 
  
O  empregado  deve 
ser  treinado  para 
compreender  que  cada 
reclamação se apresenta como uma incomparável oportunidade de ganhar um
cliente (e um amigo) para toda a vida, se ele se der ao trabalho de entender o
cliente e dar satisfação aos seus desejos, para além das suas próprias
expectativas. 
  
Nesse momento, o empregado não pode pensar em lugares-comuns, como:
"ele quer tirar proveito", " ele não tem razão", "não
foi culpa nossa", ou "mas isso vai ficar mais caro para a
empresa". 
  
Vale a pena gastar um pouco de tempo para entender esta estratégia,  tão 
fácil  de  aprender 
por  qualquer  um, 
de  dialogar  com 
clientes aborrecidos ou zangados. 
  
  
Treino constante e dirigido é, sem dúvida, o método mais seguro de dotar
a equipa do conhecimento, saber e habilidades necessários para acrescentar um
valor adicional ao serviço. 
  
Mesmo com treino, cuidado e persistência 
haverá  momentos  em que o equipamento, o produto ou o factor
humano falham, criando um vazio no relacionamento hotel/cliente. 
   A
maneira de preencher este vazio, que tem, de um lado, a decepção e, do outro, a
experiência do serviço, requer certas habilidades de relacionamento  humano 
básico  e  um 
real  ou  profundo 
empenho  em resolver as coisas de
uma maneira rápida e amigável. 
  
Vamos deter-nos aqui um pouco, analisando o processo de corrigir a falha
(ou preencher o vazio), passo a passo, sem distinguir posições, pois todos os
empregados devem partilhar esta responsabilidade, assumindo a solução dos casos
que chegarem até eles: 
   Sequência
de acções, na correcção de falhas e solução de problemas. 
  
Quando se lida com um cliente insatisfeito ou zangado, a primeira coisa
a ter em conta é que, a partir daquele momento, aquela pessoa, com o seu
problema, passou a ser objecto da nossa preocupação. 
   A
nossa atenção total deve concentrar-se naquele assunto, até à sua solução
completa, a contento do cliente. 
   O
passo seguinte é dar conhecimento ao cliente (ou deixar que ele reconheça) de
que estamos solidários com ele e que iremos fazer tudo para que o problema seja
solucionado. 
  
Devemos dirigir-nos ao cliente pelo nome. Se o contacto for por
telefone, devemos identificar-nos pelo nome e dizer qual é o departamento e as
funções que nele ocupamos. Devemos evitar passar o problema (ou o cliente) para
outra pessoa, e informar o cliente de que nós seremos  o 
seu  contacto  para 
este  caso,  até 
à  sua  total 
solução.  Deve ser criado no
cliente um forte sentimento de segurança e tranquilidade quanto à solução do
caso. 
    
Aquilo que for dito e a forma como for dito são importantes e têm muito
a ver com a reacção posterior do cliente. 
  
Ao falar, devemos transmitir-lhe o nosso real interesse e
comprometimento na solução do problema. 
  
Isto  pode  ser 
feito  em  duas 
etapas.  Primeiro,  procurar 
conhecer bem o problema, descrevendo-o ao cliente nas suas próprias
palavras, para mostrar que o entendemos bem. 
  
Depois,  demonstrar  ao 
cliente  que  nos 
sentimos  gratos por ele ter vindo
até nós na sua busca de ajuda. Isto é uma forma de satisfazer o amor- próprio
do cliente. 
  
Hóspedes  insatisfeitos  precisam 
reconhecer  que  estamos 
solidários com a situação que eles vivenciam. 
  
Se  o  cliente 
está  a  ter 
um  problema  porque 
algo  correu  mal 
nos serviços  do  hotel 
o  próprio  sentimento 
de  cortesia  e 
a  boa  educação exigem que ele receba desculpas pelo
inconveniente. Essas desculpas devem 
ser  apresentadas  pela 
gerência,  no  momento 
próprio,  mas  o empregado que tomar conhecimento deve,
logo, apresentar essas desculpas, em nome de todos que trabalham na operação. 
  
Não esquecer, porém, que pedir desculpas não é resolver o problema.  Deve 
ser  tomada acção imediata nesse
sentido. Evitar encontrar razões e, sobretudo, apresentar essas razões ao
cliente. 
  
Dizer simplesmente: "Lamentamos sinceramente que o problema
tenha  acontecido  e, em 
nome  de  todos 
que  trabalham  neste 
hotel, apresentamos desculpas, esperando que (o cliente) as
aceite". 
  
Nunca  atribuir  culpas 
a  outro  colega 
ou  a  outro 
departamento;  os erros são do
hotel. Todos são o hotel. E todos devem sentir-se responsáveis pelo que
acontece nele.
O sentimento de que o que acontece noutro
Setor não tem nada a ver conosco, não deve existir, quando o espírito de équipa
prevalece.
  
Movimentar-se rapidamente no sentido da solução do problema. 
  
Ao mesmo tempo, garantir ao cliente que você mesmo assumirá a
responsabilidade, perante ele, pela completa e satisfatória solução. 
  
Se esta solução requerer o envolvimento de outros empregados, ou
departamentos, você mesmo deve coordenar os esforços deles. 
  
Envolver  todos  os 
que  forem  necessários 
no  mesmo  espírito 
de solidariedade  e  cooperação, 
explicando  o  problema 
e  solicitando  o que 
cada  um  pode, 
exactamente,  fazer  para 
resolvê-lo;  pedir  a 
colaboração do seu chefe ou supervisor, até onde ela for necessária e
estabelecer, imediatamente, uma tabela de prazos para a tarefa de cada um dos
envolvidos. 
  
Se você, unicamente e por si próprio, puder desenvolver toda a acção
apropriada,  elabore  uma 
relação  do  que 
precisa  ser  feito, 
e  faça-o tão rápido quanto puder.
Acompanhamento   
  
Na  fase final do problema, tomar
conhecimento de  que  todas 
as acções  necessárias  à 
solução  foram  correctamente 
conduzidas.  Se necessário,   contactar  
cada   um   dos  
empregados   envolvidos   nessa solução e verificar se as suas tarefas
foram completadas com sucesso. 
Agradecer a colaboração destes e
retribuir, se uma situação inversa se apresentar no futuro. 
  
Verificado que todos os passos foram terminados, entrar em contacto com
o cliente e procurar saber se este está satisfeito com a solução. 
  
Se o erro persiste (ou a solução não é satisfatória), retornar ao início
do processo e refazer todos os passos, agora com mais cuidado, até à completa
satisfação do cliente. Se o cliente disser que o problema está resolvido,
responder: "Estamos satisfeitos por ter podido ajudar. Haverá algo mais
que possamos fazer pelo senhor?"; concluir: "Desejamos-lhe uma boa
estadia no hotel". 
  
Resolver problemas dos clientes, mesmo que não tenham relação com o
hotel,  deve ser um esforço de equipa,
pelo que um estado de espírito compatível deve estar presente em todo o
estabelecimento, a todo o momento. 
   O
esforço de equipa deve estar associado a uma boa comunicação interpessoal
interna e a uma preocupação generalizada pelo bem-estar e conforto do hóspede. 
  
Não se deve esperar que os erros ou problemas apareçam para desenvolver
e aprimorar estas técnicas e a cooperação. 
   O
cliente deve ter sempre a completa e imediata atenção da equipa e ser
cumprimentado calorosamente, de preferência pelo nome. 
  
Esta é, sem dúvida, uma das melhores maneiras de valorizar o serviço,
fazendo o hóspede voltar. 
  
Isto tornará, também, o trabalho mais agradável, para os que desempenham
as tarefas, tornando-as gratificantes. 
  
Todos sairão a ganhar. 
  
Nem todas as querelas são devidas a conflito. 
  
Mas, quando o conflito existe, cabe ao director-geral resolver a
situação. 
  
Qualquer um que dirija pessoas descobre, mais tarde ou mais cedo,
que  conflitos  entre 
empregados  e  motivação 
entram  no  campo 
da actuação do supervisor ou do director-geral. 
  
O  nível  do 
desacordo,  ou  da 
falta  de  acordo, 
pode  variar,  indo 
de simples diferenças de opinião até longas divergências sobre complexas
decisões de importância vital. 
  
Muitos  supervisores  tratam 
esse  tipo  de 
problema  seja  "dando 
um tempo", esperando que a "coisa arrefeça", seja
deixando que ela se "resolva por si própria". Ambas as fórmulas podem
conduzir a problemas  maiores, pelo  que 
a  melhor  saída 
será,  sempre,  enfrentar 
a  situação  como 
ela merece e solucioná-la. 
   O
primeiro passo será conhecer bem as características dos conflitos e problemas
de motivação, de forma a poder solucioná-los com eficiência. 
  
Normalmente, as gerências procuram evitar o conflito, baseadas no
princípio de que ele perturba e quebra a harmonia da organização. 
  
Uma visão mais realista, porém, é aquela que aceita o conflito como algo
inevitável e que, em alguns casos, produz efeitos positivos e pode ser
saudável, desde que tratado correctamente e debatido com espírito aberto e sem
desconfianças. 
   A
melhor forma de manter as linhas de comunicação sempre abertas  é 
aprender  a  reconhecer 
o  conflito  durante 
a  sua  incubação 
e  durante o seu desenvolvimento. 
  
Não se deve presumir que qualquer desavença entre empregados é resultado
de um conflito. 
  
Um  stress  temporário 
pode  levar  pessoas, 
normalmente  cooperantes, a gritar
com um colega ou a bater com a porta ou equipamento, às vezes, até, a criar uma
briga indesejada. 
  
Esse  tipo  de 
extravasão  termina  sempre 
que  a  intervenção 
do  supervisor  é 
necessária,  e  o 
empregado  acaba  por 
apresentar  as  suas desculpas de moto próprio. 
  
Por outro lado, se a tensão e o conflito se transformam em norma e o
director-geral se vê na situação de pensar "lá estamos nós de novo",
então é o momento para ele próprio se envolver e ajudar a resolver a situação. 
   
  
Para  o  sucesso 
da  negociação  é 
necessária  muita  franqueza, 
abertura  e  cooperação, 
em  doses  certas 
e  combinadas.  Com 
franqueza  e abertura, o
director-geral pode sentar-se com os envolvidos e levantar o problema sem
reservas. Com cooperação, pode-se trabalhar em conjunto, para encontrar uma
solução. Com respeito e confiança mútuos, não há problema que "uma boa
conversa não resolva". 
  
Uma  maneira  cautelosa 
de  abrir  negociação 
com  dois  empregados que se enfrentam pode ser a de
dizer: "tenho verificado, ultimamente, que algo diferente está a acontecer
entre vocês; ambos merecem a minha consideração e o vosso trabalho, que eu
sempre apreciei, está a ser afectado. Aconteceu alguma coisa sobre a qual vocês
possam conversar comigo, ou que eu possa saber?". 
  
Escolha um local de reunião onde não seja interrompido, enquanto
conversa sobre o conflito. 
  
Encoraje ambas as partes a que sejam francas e abertas, e ouça
atentamente o que ambas têm para dizer. 
  
Não  demonstre, em  momento 
algum, maior  simpatia  por 
qualquer uma das partes. 
  
Durante a negociação, procure conduzir as coisas para uma saída honrosa para
ambos os conflitantes. A isto convencionou-se chamar solução "ganha-ganha".
  
Normalmente, pensamos que, numa solução de conflito, há sempre o
ganhador e o perdedor. 
  
O  problema  com 
a  saída  "um 
ganha-outro  perde"  é 
que  o  conflito fica só meio resolvido. 
  
Com a saída "ganha-ganha", o conflito é resolvido de uma
maneira em que ambas as partes podem conviver com o resultado. Isto é mais
positivo e previne a possibilidade de o problema acontecer de novo. 
   O
director-geral pode  ver-se  na 
necessidade  de  trabalhar 
com  emoções mais  ou 
menos  profundas  para 
chegar  à  raiz 
do  problema.  Não deve deixar que essas emoções o
impressionem. 
  
Deve usar a empatia para ajudar os empregados a expor e extravasar os
seus  sentimentos.  E 
frases  como:  "você 
talvez  esteja  a 
sentir-se zangado  (ou  aborrecido, 
ou  magoado)  com 
tudo  isso"  ou 
"talvez  este seja o seu
ponto de vista". 
  
Desde  que  os 
empregados  consigam  expressar 
livremente  os  seus sentimentos, eles começam a ficar menos
magoados ou aborrecidos e, após a descarga emocional, é possível com mais
facilidade começar a análise dos factos. 
  
Depois de ouvir os dois 
lados  da  história, 
o  director-geral  pode 
indagar dos  próprios  empregados 
o  que  eles 
gostariam  que  ele 
fizesse  para ajudar a resolver o
problema. Muitos supervisores cometem o erro de dizer  aos 
empregados  o  que 
eles  devem  fazer, 
esquecendo-se que a principal responsabilidade  de 
resolver  o  conflito 
pertence  às  partes envolvidas. Permitir que eles
encontrem uma solução, não-imposta ou não-forçada, abre espaço para o seu
comprometimento no resultado e ajuda a criar um auto-respeito de consequências
frutuosas. 
  
Diga  que  "espera 
que  cada  pessoa 
faça,  da  sua 
parte,  o  possível para resolver o problema". 
  
Pode  também  sugerir 
que,  se  eles 
quiserem  ouvir  a 
sua  sugestão, você  terá 
algo  pronto  que 
pode  ajudar.  Diga-lhes 
que,  da  sua 
parte, está  pronto  para 
colaborar  na  implementação 
do  plano  e 
informe-os de quais são as suas condições, no caso de se envolver. 
  
Estabeleça um prazo para encontrar a solução definitiva e um modus
vivendi durante esse prazo. 
  
Dependendo das pessoas  e  do 
tipo  de  conflito, 
isto  pode  ser 
feito verbalmente, ou através de acordo escrito. 
  
Se  as  partes 
acharem  necessário,  marcar 
uma  nova  reunião 
deacompanhamento, para verificar como o plano está a funcionar. 
  
Se  constatarmos  no 
dia-a-dia  que  os 
empregados  vão  girando 
sem motivo,  atentos  a 
mais  do  que 
o  seu  trabalho, 
ou  arrastam  os  pés
(fazem  durar  o 
trabalho),  poderemos  deduzir 
que  nos  encontramos perante  um 
problema  de  motivação. 
Atrasos  frequentes  ou 
faltas  ao trabalho  são 
outro  sinal  claro 
de  um  empregado 
desmotivado.  Igualmente, frases
como "estou aborrecido" ou "não tenho responsabilidade
nenhuma" são sinais desse estado de espírito. 
  
Um problema de motivação é um conflito interno - conflito, dentro do
espírito do empregado. 
  
Esse  tipo  de 
problema  ocorre  quando 
os  empregados  não 
estão satisfeitos com o seu trabalho, ou quando não entendem, ou não
concordam, com os objectivos da organização. 
  
Se  os  problemas 
de  motivação  ocorrem 
com  muita  frequência 
em determinado departamento, algo pode estar errado com a chefia ou
gerência da área. Se ocorrem por todo o hotel, é o momento de repensar e
analisar bem o problema. E várias perguntas ocorrem. 
  
Os  empregados  estão 
a  ser  bem 
informados  das  suas 
metas  e  têm retorno sobre a sua performance? 
  
Os cargos e as responsabilidades estão bem definidos? 
   Os
empregados têm retorno sobre os resultados de seu trabalho? 
  
Os empregados têm apoio e reconhecimento dos seus superiores? 
  
Existe um ambiente de participação e um clima de cooperação dentro do
estabelecimento? 
   Os
seus funcionários, são reconhecidos 
independente de hierarquias? 
  
Eles têm liberdade para corrigir um erro detectado, sem precisar de
autorização do supervisor? 
  
De acordo com as respostas, acções devem ser tomadas para corrigir o
problema. 
  
 As 
gerências  médias, chefias e
supervisores têm um grande papel na cultura de qualquer empresa, pois, se é
certo que as directrizes de funcionamento vêm da direcção, a cultura é
desenvolvida no convívio do dia-a-dia entre pessoas. Para os que se
interessarem pelo problema, diremos que cultura de empresa é: 
   -
 O sistema de atitudes ou modo de agir. 
   -
 Os hábitos ou costumes. 
   -
 Os valores espirituais ou materiais de
grupo. 
   -
O esforço colectivo para o desenvolvimento do estado intelectual, artístico ou
de conhecimentos. 
   -
 A libertação do espírito, pela absorção
desses conhecimentos. 
  
Por  outro lado, a sua influência
nessa  cultura (ou  modificação 
da cultura existente, substituindo-a por outra) deve ser objecto de
decisão pessoal;  uma  atitude 
voluntária,  fruto  de 
uma  avaliação  ponderada, como, aliás, devem ser todas as
decisões de gestão ou de chefia. 
  
Porque esta sempre foi a nossa filosofia neste campo, achamos que os problemas
a este nível de hierarquia não podem nunca ser apresentados como  uma 
norma  a  seguir, 
mas,  através  da 
clara  definição  das opções possíveis, deve-se deixar que a
escolha do caminho que mais interessa tomar seja decidida por avaliação pessoal.
  
Todos preferem, como é óbvio, o melhor caminho. 
  
Apresentamos a seguir dois tipos de Cultura de Empresa. 
   
  
O  espírito de equipa sobressai
sobre todas as coisas. Ele  gera
corresponsabilidade. 
   A
opinião das pessoas que fazem parte dos escalões mais baixos é levada em
consideração. 
  
Indivíduos  e  grupos 
divergem  entre  si, 
de  uma  forma 
saudável  e leal, visando
objectivos comuns. 
  
Trabalha-se à vontade e com confiança. 
  
As pessoas, geralmente, sabem o que é, e o que não é, importante para a
empresa. 
  
As  pessoas falam à vontade sobre
os  problemas  detectados, 
todos se sentindo envolvidos. 
  
Aceita-se a colaboração como algo que pode ser útil. 
  
As tomadas de decisão são pautadas por competência, responsabilidade,
informação e oportunidade. (nunca pelo nível hierárquico) 
  
Os  sentimentos  pessoais 
são  levados  em 
conta,  mas  não 
afrontam opiniões contrárias. 
  
As pessoas unem-se e cooperam para resolver as crises internas. 
   
  
Os  directores  departamentais ou os Supervisores
sentem-se  sós  e 
perdidos,  pois  as normas e procedimentos raramente são
executados como previsto. 
   A
capacidade de julgamento das pessoas não é respeitada. 
  
As  pessoas  ficam 
a  competir  entre 
si,  em  vez 
de  colaborarem. 
Recusam ajuda e também não a dão. 
  
Todos  se  criticam. 
O  relacionamento  é 
contaminado  por  jogos 
de bastidores e todos se temem. 
  
Os  chefes  exigem 
sem  explicar.  Não 
treinam,  mas  não 
admitem falhas. Todos veem as coisas erradas, mas ninguém faz nada quanto
a isso. As falhas e os problemas são ignorados ou esquecidos. 
   O
status e a hierarquia são mais importantes que a resolução dos problemas. 
  
Os conflitos desembocam em discussões sem solução, por falta de
competência e de respeito entre as partes. 
  
Evita-se a troca de informações e a valorização de pessoas. 
  
Ninguém ousa pensar. Os chefes mandam e os outros obedecem. 
  
Que cada um escolha a sua Cultura! 
 
 Incentivar 
as  tropas  sempre 
foi  um  bom  método  para 
os  grandes generais. 
   O
director-geral também pode usar este processo, aproximando-se dos seus  funcionários, 
mesmo  dos  menos 
qualificados  na  hierarquia, ouvindo-os  e 
encorajando-os  a  fazer 
melhor.  É  bom 
que  o  director-geral lhes venda a ideia de que os
empregados da linha de frente podem ter uma grande influência na imagem e na
rentabilidade de qualquer unidade, ou de qualquer rede de hotéis, pois as
unidades são, no fundo, vasos comunicantes. 
  
Uma das maiores tarefas da equipa de gestão, supervisores e recursos
humanos deve ser a de incutir no pessoal o sentimento de orgulho e
satisfação  pela  empresa 
onde  trabalham.  Este 
sentimento  de  orgulho está directamente ligado ao sucesso
financeiro, à rentabilidade e ao prestígio junto do cliente, bases do
"crescimento" de qualquer empresa. 
  
Procure simplificar todos os processos. Simplicidade conduz a maior
eficiência  e  a 
menor  esforço.  Simplifique 
também  o  processo 
de  mudanças. Simplifique, até, o
processo decisório. Veja o que os funcionários podem decidir e incentive este
processo. 
  
Os empregados têm receio de tomar decisões, porque nunca foram
habituados  a  isso. 
Tal  acção  sempre 
lhes  foi  proibida 
ou  nunca  foi incentivada. Para reverter a situação,
devem ser usados seminários, dirigidos a todo o pessoal, ajudando-os a
identificar as necessidades do cliente e a buscar a melhor maneira de
solucioná-las. Veja o que dizemos em “Delegação” noutra parte deste livro.
Cuidado porém, isto não quer dizer que todos podem alterar as ordens recebidas
ou os regulamentos. Mas apenas não ter receio de decidir perante um imprevisto
acidental, sabendo explicar as razoes da sua decisão, para resolver o problema.
  
Programas de  gestão  e 
liderança  são  óptimos 
para  incentivar  as chefias e os supervisores. 
  
Os empregados chamados "invisíveis", por não estarem em
contacto com o  cliente,  também devem ter  o 
seu  esforço  reconhecido 
(vendas, administração, compras, etc). Devemos  lembrar 
sempre  que  o 
cliente,  tal  como 
o  funcionário, também gosta de
ser reconhecido e espera isso. A amizade e a fidelidade podem começar com esse
"reconhecimento". 
  
Ninguém  sabe  tudo 
sozinho.  Mas,  todos 
juntos  poderemos  saber 
mais. Isto é um lugar-comum. 
  
Partindo  desta  premissa, 
uma  das  boas 
formas  de  fazer 
evoluir  os nossos  conhecimentos 
e  formar  a 
nossa  opinião,  é 
conversar  com  os outros. Saber o que eles pensam, quais as
suas novas abordagens para velhos assuntos e quais as suas experiências que
deram certo. 
  
Dentro  do  possível, 
estamos  a  passar 
uma  colectânea  de 
opiniões, recolhidas nos nossos contactos, que achamos que podem ser
úteis. 
  
Esta  década  pertence 
ao  pessoal  de 
"operação". 
Executivos  perspicazes  e 
criativos  na  área 
de  quartos,  recursos 
humanos,  marketing  e A&B têm um grande momento para
demonstrar as suas capacidades e podem ser extremamente úteis às empresas onde
se encontram. 
  
Com tantas opções oferecidas à clientela, o ponto de diferenciação entre
hotéis é "serviço". Da forma como esses executivos encararem o
desafio,  da  sua 
atitude  perante  as 
necessidades  e  da 
sua  acção  para impor as directrizes, depende o retorno
continuado da clientela. 
   O
alto preço é, muitas vezes, apontado como desculpa para a baixa ocupação do
hotel. 
  
Mas a clientela pode, até, escolher um hotel mais caro, se achar que o
preço é compatível com o produto. 
  
"Os que trabalham na operação, podem acrescentar valor à estadia do
cliente no seu hotel". 
  
O  treino  não 
deve  parar,  após 
os  15  ou 
30  dias  estabelecidos 
pela empresa como período de orientação do novo empregado. 
  
Colegas da área de A&B usam métodos de treino, tais como: 
   -
20 minutos de sessão, antes de cada turno de trabalho, como forma de refrescar
as aulas dos meses anteriores. 
   -
Duas horas por semana, para discussão de novos assuntos e para nova
aprendizagem. 
   -
Uma semana a cada seis meses para repisar todos os assuntos que interessam ao
sector. 
   O
fax (ou e-mail) pode ser uma forma de fazer amigos ou inimigos. 
  
Um  colega  hoteleiro 
teve  uma  desagradável 
experiência  com  uma agência de viagens americana, ao enviar
informações por fax, sem ter sido 
solicitado.  Recebeu  como 
resposta.  "Nunca  mais 
reservaremos  o seu hotel. O nosso
papel de fax custa dinheiro, não podemos lançá-lo à toa no cesto do lixo".
   Em tempos de crise, todos evitam despesas. é
bom pensar antes de tomar certas decisões. Se "estar em contacto com o
cliente é de importância vital para o negócio" é também muito importante
saber "qual é a melhor forma de manter esse contacto". Neste caso,
talvez o correio tivesse sido a melhor solução. 
  
A antiga maneira de pensar o negócio pode estar ultrapassada. 
  
Todos  os  hotéis, 
na  sua  área, 
devem  ser  considerados 
possíveis competidores. Hotéis de três estrelas estão hoje a trabalhar
com clientes  que,  no 
passado,  eram  de 
cinco  estrelas.  Nunca 
devemos  tomar  a lealdade do cliente como garantia,
mantendo-nos sempre alerta. 
  
Mas  alguma  coisa 
da  antiga  maneira 
de  estimular  o 
negócio  ainda vale e deve ser
mantida: relacionamento pessoal com a clientela; amizade estabelecida para
durar; criação no cliente de confiança e lealdade, para além da amizade. 
  
Nada  melhor  para 
a  amizade  e 
a  confiança  do 
que  uma  conversa descontraída  e 
agradável.  Nada  funciona 
melhor  do  que 
tratar  bem  o cliente e dizer-lhe com honestidade "é
valioso para nós; obrigado por continuar a honrar-nos com sua escolha". 
   A
simpatia do pessoal não se consegue com treino ou com a emissão de memorandos. 
  
Simpatia é um estado de espírito, não uma predisposição. 
  
Ninguém é simpático porque quer, mas porque se sente bem. Algumas
pessoas são antipáticas por natureza, mas a maioria, não. 
   A
melhor forma de conseguir simpatia é criar um bom ambiente de trabalho,
facilitando o relacionamento, facilitando as tarefas, minimizando o esforço e o
sacrifício dos funcionários. Não precisamos ceder em qualidade ou  em 
disciplina;  apenas  precisamos 
de  tornar  mais 
fácil  a obtenção das metas
desejadas e recompensar com o reconhecimento. 
   O
cliente, qualquer que seja o seu aspecto, temperamento ou grau de exigência
deve, sempre, ser tratado com o mesmo nível de consideração. 
   O
cliente é um amigo. 
   E
um amigo, trata-se bem. 
   O
sistema de informação é muito importante para o resultado final da qualidade. 
   O
chamado "controlo estatístico do processo" nem sempre produz o
resultado esperado, porque as pessoas envolvidas não estão suficientemente
preparadas para um bom uso dessa ferramenta. 
  
Num  bom  sistema 
de  qualidade  total, 
a  informação  deve 
chegar  a todos,  criando 
impacto  e  incentivando 
acções,  pois  a 
qualidade  tem muito a ver com o
conhecimento e a responsabilização. 
  
O  primeiro  passo 
para  a  qualidade 
é  o  reconhecimento  de  que  a qualidade dos serviços é determinada pelos
funcionários que os prestam  e  pela 
necessidade  do  envolvimento 
deles  nas  decisões 
tomadas para a melhoria da qualidade. 
   O
objectivo principal para conseguir a simpatia e eficiência do pessoal em
relação ao cliente deve estar focado no treino dos funcionários para assumirem
maior responsabilidade na solução dos problemas, ao invés de serem vitimados
por eles. 
   A
melhoria de qualidade deve ser uma estratégia contínua, difundida na
organização. Ela requer mudanças nas prioridades corporativas, educação,
sistema de gestão participativo, etc. 
   A
política deve ser clara, simples e aplicada a todos na organização, com um bom
plano de comunicação interna. 
   As
vantagens trazidas por um bom plano de qualidade podem ser anuladas se este não
for devidamente monitorado. Alguns dos perigos são: 
   -
excesso de procedimentos, em detrimento da flexibilidade. 
   -
excesso de normas, prejudicando a criatividade. 
   - dependência grupal, em detrimento da
iniciativa individual. (Cuidado 
neste  ponto  - 
o  espírito  de 
équipa  é  muito 
importante,  mas  o esforço individual também deve ser
reconhecido). 
  
Todos os processos de medição da melhoria da qualidade são orientados
para avaliar a satisfação do cliente. 
  
Mas a simpatia do pessoal só vem com a satisfação deste. 
  
Será bom começar a estudar os processos de medir, paralelamente, a
satisfação dos funcionários e o seu envolvimento com a qualidade. 
   A
responsabilidade de quem administra consiste em prever, planear, organizar,
delegar e controlar (ou supervisionar). 
  
De todas estas tarefas, delegar é a mais importante. Mas é preciso saber
delegar. No entanto, a supervisão geral não deve nunca ser delegada. 
  
"Delegar" 
significa  preparar  convenientemente  para 
a  tarefa,  explicando em que é que ela consiste e quais
os resultados esperados. Manter  um  feedback 
constante,  assegurando  a 
correcção de desvios,  caso
existam. "Delegar" também significa conceder  autoridade 
e  recursos para a execução. 
   O
aumento do poder decisório dos empregados é um método efectivo de melhoria da
qualidade do produto e dos serviços. 
   
A 
garantia  de  qualidade 
alcança-se  através  da 
conjugação  de  uma série de factores que, uma vez
trabalhados a partir do que se convencionou chamar "gestão da
qualidade", permitem pressupor a obtenção de resultados positivos no item
qualidade de serviços. 
  
Os itens a aproveitar, a trabalhar, ou a desenvolver são: 
   -
Habilidades do comportamento humano. 
   -
Inteligência das pessoas. 
   -
Métodos e sistemas. 
   -
Comunicação. 
   -
Desenvolvimento organizacional. 
   -
Planeamento da gestão. 
   -
Treino. 
  
Uma  vez  desenvolvidos,  incentivados 
e  postos  em 
funcionamento harmónico, estes factores complementam-se, para sustentar
um tipo de organização direccionada para conseguir: 
   Que 
a  pessoa  que 
faz  certo  uma 
vez,  se  sinta 
predisposta  a  fazer sempre certo. 
   Aqui, "padrão" tem o significado
de modelo. 
   Que cada um se sinta responsável ou
predisposto a passar aos outros  o  seu 
exemplo  ou  a  sua  imagem, 
através  de  um 
comportamento padrão ou de uma positiva consistência de procedimentos. 
   Não 
se  podem  padronizar 
pessoas,  mas  as 
pessoas  têm  tendência a copiar o que acham certo ou
aquilo de que gostam, desde que isso não lhes seja imposto. 
Um Mito Que
Interessa Esclarecer
   
   Entre as 
muitas  definições  de 
"qualidade",  uma  delas 
é  citada  com frequência como sendo a que melhor a
define para efeitos de análise. 
   A qualidade é a relação entre "valor
recebido, pelo dinheiro pago". 
   A base fundamental desta asserção é que a
"qualidade" está presente quando o cliente recebe o "valor
correspondente ao seu dinheiro". 
   Mas quem decide o valor do dinheiro? Ou do
serviço recebido? 
   Será que o recepcionista do hotel de
100  euros  de 
diária  deve  ter melhor 
actuação do que o de 25  euros? Ou
será  desejável  que, 
nos dois, simpatia e eficiência existam na mesma proporção? 
   E o empregado de mesa? Talvez, num deles, o
empregado de mesa sirva  com  luvas 
e  baixelas  de 
prata,  enquanto,  no 
outro,  tudo  é  mais
simples.  Mas não  terão 
os  clientes,  em 
ambos  os  casos, 
direito  a  um sorriso e alguma atenção? 
   Se o cliente pede para ser acordado às 7
horas da manhã, faz alguma diferença de quantas estrelas é o hotel? 
   Parece-nos que não. Em ambos os casos, o
telefone deve tocar às 7 horas, precisamente. 
   O ponto principal que queremos deixar claro,
é que muitos elementos do produto e do serviço não estão relacionados com o
preço e, os que estão,  tais como  tamanho 
do  quarto, que se espera
"maior" num hotel mais caro ou "menor" no hotel barato, são
também subjectivos. 
   Podemos concordar que o mercado estabelece a
relação preço/valor. 
   "Aquilo 
que  fornecemos  deve 
corresponder  ao  valor 
cobrado,  de forma a que os
clientes desejem voltar, mantendo a nossa ocupação e, se  a 
concorrência  oferecer  mais, 
devemos  estar  atentos, 
evitando  que os clientes
mudem". 
   Esta generalização nem sempre é verdadeira.
Muitos bons empregados de hotelaria poderiam explicar-nos a razão por que
estabelecimentos mais velhos, menos equipados e com menos facilidades,
conseguem mais sucesso do que outros, mais modernos e bem guarnecidos. 
   Em alguns casos, pode ser o preço, noutros,
pode ser a localização ou hábito, mas a grande razão será
"fidelidade". 
   Em todos os casos, porém, o sucesso do
"mais velho" ou "menos equipado" será devido a "alguma
coisa" que o cliente nota e o satisfaz, muito  para 
além  do  "mais 
isto  ou  mais 
aquilo".  Invariavelmente
esse "alguma coisa" é "qualidade do atendimento". 
   É 
importante  estarmos  sempre 
conscientes  da  relação 
preço/valor, mas nunca devemos pensar que esta, por si só, é a definição
de "qualidade",  porque  tanto 
"preço"  como  "valor"  mudam 
com  a  atenção 
a determinadas características ou com a avaliação de quem os está a
julgar, carecendo, portanto, do consenso universal necessário para definir
"qualidade". 
Uma opinião sobre
Ecohotel 
Usando o
conceito seguido para classificar o Ecoturismo, muitos hotéis se denominam hoje
como ecohotéis, por oferecerem aos hóspedes práticas ou atrações voltadas para
a Natureza. É importante no entanto considerar, que o verdadeiro Ecohotel
não é o que utiliza a Natureza para os seus fins, mas sim o que completa o seu
ciclo de serviços de uma forma ecológica, através de uma exploração sustentável
da Natureza, usando tanto quanto possível:
- A
prática de não utilizar produtos químicos nocivos ao meio ambiente.
- A
energia solar e aeróbica.
- Os
dejectos, tanto humanos como de animais, para produção de gás de consumo.
- A
incineração controlada dos lixos.
- A
preservação dos mananciais, lagos, rios e costas.
- A
preocupação com o consumo da água, e a reciclagem desta, tanto quanto possível.
- A
proteção da atmosfera, evitando excesso de gases, ou incinerações
descontroladas.
- A
proteção do habitat natural de espécies que eventualmente partilhem os espaços
ocupados.
- A
proteção de florestas ou vegetações nativas.
- A
partilha de esforços e conhecimentos, com as populações que eventualmente
ocupem a região e nela busquem a sua sobrevivência.