Extratos do meu livro Introdução à Hotelaria
]DIRECÇÃO E GESTÃO em hotelaria - 6
Liderança e Gestão
No
passado, alguns pesquisadores argumentaram que a influência efectiva dos
líderes sobre os resultados da organização era superestimada e romantizada, em
consequência de uma visão deturpada das suas atribuições.
Actualmente,
porém, é amplamente reconhecido e aceito pelos profissionais e pesquisadores
que a liderança é importante, e a pesquisa confirma a noção de que a acção
positiva dos líderes influencia os resultados-chave da organização
A
capacidade de liderar pode ser classificada como estilo de liderança, e
refere-se ao comportamento de um líder ou ao conjunto dos meios por ele
utilizados que englobam filosofia, personalidade e experiência própria. Kurt
Lewin e os seus colegas identificaram os diferentes estilos de liderança como:
Autocrático.
Burocrático.
Participativo
ou Democrático.
Displicente
ou Distanciado.
Avaliamos
também estes tipos de liderança no meu livro, Introdução à Hotelaria, sob o
título Estilos de Gestão, mas deixaremos aqui alguma contribuição para uma
análise mais detalhada.
Sob
o estilo de liderança autocrático, todos os poderes de decisão são
centralizados no líder, com poderes ditatoriais. Ele não aceitará qualquer
sugestão ou iniciativas dos seus subordinados. A gestão autocrática tem sido
muito utilizada, pois fornece ao director uma forte motivação para o seu uso.
Permite rápida tomada de decisão, visto que apenas uma pessoa decide por todo o
grupo e cada decisão mantém-se até que surja necessidade de compartilhar esta com
o resto do grupo.
A
liderança burocrática baseia-se em fazer seguir o que estiver escrito nas
normas, e pode conduzir a excessos disciplinares ou abusos dos próprios
supervisores, com distanciamento dos empregados.
O
estilo de liderança democrática favorece a tomada de decisões pelo grupo, o que
conduz o líder a ganhar com mais facilidade a cooperação deste, e a motivá-lo
de forma eficaz e positivamente.
As
decisões do líder democrático não são unilaterais como as do autocrata, porque
resultam de consultas aos membros do grupo, e contam com a participação deste.
Na
liderança displicente ou distanciada, que originalmente é designada pela frase
francesa laissez faire e significa
literalmente "deixar fazer", mas que num contexto de liderança pode
ser traduzido aproximadamente como "à rédea solta", o líder não
interfere muito, deixa o grupo totalmente entregue a si mesmo, e permite a
máxima liberdade aos subordinados, ou seja, eles têm autonomia para decidir
sobre as suas próprias políticas e métodos. Neste caso, é sempre bom garantir
que o facto de poder decidir ou sugerir neste campo, não leva à implementação
das decisões, sem a aprovação da direcção.
Todos
estão de acordo, porém, que situações diferentes exigem estilos de liderança
diferentes e que, em situações emergenciais, quando há pouco tempo para um
acordo, a autoridade designada, por ter em princípio mais experiência ou
conhecimento do que o resto da equipa, deve usar um estilo de liderança
autocrático que pode ser mais eficiente, mas num ambiente altamente motivador e
alinhado, com uma equipa de nível homogéneo de conhecimento, o estilo
democrático ou até o laissez-faire
podem ser mais eficazes. O estilo adoptado deve ser sempre aquele que atinja os
objectivos do grupo mais efectivamente, equilibrando os interesses dos seus
membros individuais com os objectivos da empresa.
De
acordo com Patrick J. Montana e Charnov H. Bruce, a capacidade de atingir os
poderes que permitem liderança e capacidade para influenciar os seus
subordinados e pares, passa pelo controlo dos recursos organizacionais. O líder
bom e eficaz usa estes para influenciar os trabalhadores, e é importante para o
líder compreender que o uso da força para garantir o funcionamento da liderança
é contraproducente no médio e longo prazo.
Os
vários autores que tratam deste assunto, distinguem os seguintes tipos de poder
organizacional:
Poder
Legítimo: o tipo de diferentes cargos dentro da estrutura de uma organização,
com o poder inerente: Presidente, Vice-presidente, Director, Gerente, Supervisor,
etcetera.
Poder
da Experiência: ponto atingido pelo gestor através dos seus próprios talentos,
tais como habilidades, conhecimentos, capacidade ou experiência anterior. Este
gerente tem poder dentro da organização, pois ele é muito valioso e importante
para o andamento do negócio.
Poder
do Carisma: o gerente ou supervisor com um carisma que vai influenciar
positivamente os trabalhadores e o torna admirado, pois cria a oportunidade
para relações interpessoais positivas. O
carisma confere um grande poder ao director ou supervisor, pois lhe permite
facilidades na condução do pessoal.
Poder
da Informação: pessoa que está de posse de informações importantes em um
momento importante, quando tal informação é necessária para o funcionamento
organizacional. Alguém que tem conhecimento de informações tem verdadeiro
poder.
Liderança por um grupo
Em
contraste com a liderança individual, algumas organizações adoptam, em certos
casos ou em determinados momentos, a liderança de grupo. Nesta situação, mais
de uma pessoa fornece orientação para o grupo como um todo. Algumas
organizações têm esta abordagem, na busca de aumento da criatividade, redução
de custos, ou downsizing (enxugamento
de quadros). Outras podem ver a liderança tradicional de um chefe como danosa
em relação ao desempenho da equipa. Em algumas situações, a manutenção do chefe
pode tornar-se um entrave, por drenar os recursos do grupo como um todo, ou por
impedir a criatividade dentro da equipa, mesmo que involuntariamente.
Um
exemplo comum de liderança de grupo é a que envolve equipas multifuncionais.
Uma equipa de pessoas com habilidades diversas e de todos os sectores de uma
organização, que se reúne para conduzir um projecto. A estrutura da equipa pode
envolver a divisão de autoridade igualmente em todas as questões, mas comumente
utiliza a rotação da liderança. Vão sendo escolhidos os membros da equipa mais
aptos para lidar com determinada fase do projecto, à medida que este vai
avançando, os quais se tornam o líder temporário.
Para
estas lideranças de grupo, as equipas necessitam ter características
específicas:
Deve
haver uma consciência de unidade por parte de todos os membros.
Deve
haver bom relacionamento interpessoal. Os membros devem ter a oportunidade de
contribuir e aprender a trabalhar com outras pessoas.
O
membro deve ter a capacidade de agir em conjunto para um objectivo comum.
Apresentamos
dez carácterísticas que influenciam o bom funcionamento destas equipas:
·
Finalidade: os membros partilham o sentido
da razão de existência da equipa e são investidos com ufania para o cumprimento
da sua missão e dos seus objectivos.
·
Prioridades: os participantes sabem o que
precisa ser feito em cada etapa, por quem e quando atingir as metas da equipa.
·
Atribuições: os participes conhecem os
seus papéis nas fases sendo executadas, e quando devem permitir que um membro
mais hábil avance para fazer uma determinada tarefa.
·
Decisões: as linhas de autoridade e tomada
de decisão estão claramente definidas.
·
Conflito: o conflito é tratado abertamente,
e é considerado importante para a tomada de decisão e crescimento pessoal.
·
Carácterísticas pessoais: os membros
sentem-se personalidades únicas, e são apreciados e bem utilizados.
·
Normas: as normas do grupo, para trabalhar
em conjunto, são estabelecidas e consideradas como orientação e regras para
cada um nos grupos.
·
Eficácia: os membros fazem reuniões de
equipa, para tornar esta eficiente e produtiva, e olham adiante tranquilamente
por todo o tempo que estarão juntos.
·
Sucesso: os membros sentem claramente
quando a equipe consegue sucesso, e participam deste com satisfação.
·
Formação: o trabalho em grupo fornece
oportunidades para melhoria e actualização de conhecimentos e capacidades, os
quais são proveitosos para todos os membros da equipa.
Análise
de Gestão versus Liderança
A capacidade de liderança é um dos muitos
trunfos que um gestor de sucesso deve possuir. Mas devem ser tomados alguns
cuidados na distinção entre os dois conceitos, para poder aplicá-los
positivamente. O objectivo principal de um gestor é maximizar a expansão
da organização, através da implementação de boas técnicas
administrativas. Para isso, os situados nessa posição baseiam-se nas
seguintes funções:
·
Prever
·
Planear
·
Organizar
·
Orientar
·
Supervisionar
Liderança aparece assim como mais um
componente importante das funções de direcção, mas um gestor não deve ser
apenas líder, e precisa usar também a sua autoridade formal para ser
eficaz. Em algumas circunstâncias, a liderança pode até não ser
necessária. Grupos com auto-motivação, por exemplo, podem não exigir um
líder e podem até encontrar dentro de si um líder dominante. O facto de um
líder nem sempre ser necessário, prova que a liderança é mais um activo e não
apenas um essencial da gestão.
As diferenças em perspectivas
Os gerentes pensam de forma incremental,
enquanto os líderes pensam radicalmente. É comum a asserção: "Gerentes
fazem as coisas bem feitas, enquanto que os líderes fazem a coisa certa”. Isto
significa que os gestores normais atuam pelo manual e seguem a política da
empresa, enquanto os líderes seguem a sua própria intuição, o que pode por sua
vez, trazer benefício extra para o empreendimento. Um líder é mais
emocional do que um gerente. "Homens são regidos pelas suas emoções e
não pela sua inteligência" Esta citação ilustra por que as
equipas optam por seguir os líderes.
"Os líderes destacam-se por serem
diferentes. Questionam o pressuposto e são suspeitos de derrubar a tradição. Buscam
a certeza de acordo com a necessidade e tomam decisões baseadas em factos, o
que em nada prejudica, mas têm também uma preferência pela
inovação."
Você aspira ser um líder ou um gerente
formal? Ou aceita que um híbrido seria a melhor solução? A escolha precisa
ser feita, porque existe certa diferença. O mundo está cheio
de administradores e desesperadamente carente de líderes – mas
líderes reais e efectivos. Os líderes oferecem visão. Os
gerentes oferecem meios. Os líderes buscam inovação. Os gerentes procuram
manter em ordem as suas rotinas.
Gestão e inovação nem sempre
convivem tranquilamente juntos, o que não é surpreendente, pois os gerentes de
uma maneira geral são pessoas que que buscam a ordem. Gostam que as suas
previsões saiam como planeado. E na verdade, os gestores são sempre julgados
pelos resultados das suas previsões.
Inovação, por outro lado, acaba sendo um
processo imprevisível, sobretudo se for desordenado por falta de acompanhamento
ou por descordenação. Muitas vezes, talvez na maioria das vezes, a inovação não
sai como planeado, e como resultado existe uma tensão latente entre os gestores
e a inovação.
Os resultados desta análise empatam: há
gerentes bem sucedidos, seguindo as regras. Há inovadores com
sucesso, por quebrar as regras. Tudo depende dos momentos, das
necessidades e da escolha mais certa no momento devido.
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