segunda-feira, 29 de maio de 2023

 

BEBIDAS PARA RECEPÇÕES

 

No capítulo “Bebidas de Bar”, enunciamos já muitas das bebidas que são normalmente servidas em reuniões, sejam coquetéis, recepções ou outro tipo de serviço com muitos convidados. Julgamos no entanto, que tratando este tipo de bebidas separadamente, prestamos um serviço ao profissional, poupando-lhe tempo na consulta.

De uma maneira geral, as bebidas mais correntemente servidas em reuniões, são o Punch e o Cup. Exactamente por isso, julgamos dever chamar a atenção dos novos profissionais, para a necessidade de variar um pouco o tipo da bebida nestes serviços, evitando a monotonia de que se reveste, na maior parte dos casos, a constante repetição destas misturas.

A novidade é sempre um atractivo e, de uma maneira geral, os que convidam, gostam de oferecer “diferente”, “fora do vulgar”, “novo”!

Para ir ao encontro desse desejo, às duas bebidas já apontadas podemos juntar os Egg Nogs, os Bowls, os Wassails, os Swizzles e os Shrubs.

E se a reunião tem lugar no período de Inverno, porque não tentar uma bebida quente?

Antes, porém, de darmos uma descrição pormenorizada das bebidas a servir em reuniões ou parties, gostaríamos de deixar expressos alguns conselhos a ter em conta na confecção de bebidas em grande quantidade, como é o caso de que estamos tratando.

 Eis as nossas sugestões:-  Usar bebidas de boa qualidade e doseá-las com bom senso. Não exagerar a quantidade, mas ter em conta que o gelo adicionado ao diluir-se, baixa o teor alcoólico e a qualidade de bebida. Este facto, sem importância para muita gente, tem muita quando se trata de conhecedores.

-  Utilizar sempre frutas e sumos frescos na confecção, nunca enlatados.

-  Nunca picar fruta miudinha; cortá-la em quartos ou em rodelas. Deve ter-se em conta que a função da fruta é aromatizar a bebida pela maceração. Não estamos servindo salada de frutas, mas sim uma bebida.

-  Nunca utilizar uma grande variedade de licores e ter o cuidado de escolher, apenas, os que contrastam sem se chocarem.

-  Não estando à altura de fazer uma boa receita, é preferível copiar uma já conhecida.

-  Usar uma pedra grande de gelo e não cubos. O gelo nunca deve ser utilizado para aumentar a quantidade do líquido a servir, mas apenas para que a bebida se mantenha fresca e agradável ao paladar.

-  Quando se faz adição de soda ou outra bebida carbonatada, o ideal será adicioná-la no copo que se vai servir, para assim manter a efervescência.

-  Além das frutas, muitas ervas, sementes ou bitters, podem também ser utilizadas na aromatização  destas bebidas. As mais vulgares são a hortelã e a erva-doce, das quais se faz um raminho que se deixa de infusão no líquido.

   A casca de pepino, a semente de anis, a vagem de canela, o cravinho, etc, podem também usar-se com moderação, pois dão à bebida sabores exóticos e agradáveis. Pequenos saquinhos de tecido com textura larga, servem para manter estes elementos em infusão na mistura, devendo retirar-se no momento em que começa o serviço.

-  Em muitos casos e com excelentes resultados, pode usar-se chá em vez de água, na confecção destas bebidas.

 PUNCHES

 Americano (dose individual)

2 partes de creme de menta branco; 1 parte de licor Creme de Yvette; granadina ao gosto, sumo de limão, 1 colher (sopa) de açúcar. Colocar o açúcar e o sumo de limão no fundo do recipiente e dissolver com um pouco de soda. Juntar a granadina e encher com gelo. Verter em cima deste os licores, procurando mantê-los separados, decorar com frutas ao gosto. Servir.

 Americano (outra receita)

(Dose para 15 pessoas) – 1 garrafa de espumante; 1 ananás pequeno; 250 grs. de açúcar; 2,5 dcl. de brandy, rodelas de laranja para enfeitar; gelo.

Descascar o ananás, cortar em pedaços e colocar no fundo da poncheira. Polvilhar com açúcar e deixar meia hora a repousar. Despejar por cima o espumante e o brandy e juntar as pedras de gelo. Quando estiver bem gelado, servir em tacinhas, com uma rodela de laranja por dose.

 Bombaim – (dose individual)

1 gema de ovo; uma colher de chá de açúcar; 4 gotas de marasquino; 4 gotas de cognac; 1 cálice de Jerez; gelo picado; ½ rodela de laranja.

Num copo grande e alto, coloque a gema bem batida. Junte o açúcar e misture; ponha o marasquino e o cognac, despejando por cima o Jerez. Acabe de encher o copo com gelo picado, enfeite com rodela de limão e sirva.

Bacardi Punch – (dose individual)

Encher um copo alto com gelo picado. Despejar por cima, ½ dose de granadina e 2 doses de rum Bacardi. Mexer até o copo perder a transparência por ficar gelado. Decorar com laranja e limão em rodelas, cereja e hortelã. Servir.

Baccio Punch – (dose para 15 pessoas)

Misturar numa poncheira grande, com um bloco de gelo, ½ litro de sumo de toranja e ½ litro de dry gin; 2dl. de anisette; rodelas de laranja e de limão. Adicionar xarope de açúcar a gosto. No momento de servir, adicionar 1 garrafa de espumante e 2 garrafas pequenas de soda. Mexer levemente e servir.

 Best Punch – (dose para 10)

1 chávena de chá bem forte, sumo de dois limões, 1 colher de açúcar , 2dl. de brandy, 1dl. de curaçau e 1dl. de rum. Colocar o bloco de gelo numa poncheira e adicionar os ingredientes indicados. No momento de servir, juntar uma garrafa de soda e ½ garrafa de espumante. Servir.

 Bride’s Bowl – (dose para 20)

Cortar um ananás em pedaços e colocar numa poncheira, com 1dl.de xarope de açúcar e 2dl. de sumo de limão. Juntar 3dl. de sumo de ananás não açucarado, 3dl. de brandy e 2 garrafas de rum. Colocar 1 bloco de gelo e, antes de servir, adicionar 8 garrafas de soda e 500gr. de morangos em pedaços.   

 Buddha’s Punch – (dose para 10 pessoas)

½ garrafa de vinho do Reno; 4 dl. de sumo de laranja; 4 dl. de sumo de limão;
2 dl. de curaçau; 2 dl. de rum; gotas de angostura.

Combinar todos os ingredientes numa poncheira, com um bloco de gelo e, antes de servir, adicionar uma garrafa de soda e 1 garrafa de espumante gelado. Guarnecer com cascas de limão e folhas de hortelã.

 Cardinal Punch – (dose para 30)

Colocar 1Kg. de açúcar numa poncheira e dissolver com 2 garrafas de soda. Adicionar 3 garrafas de vinho clarete, ½ litro de brandy, ½ litro de rum, 1dl. de vermute doce, rodelas de 2 laranjas e 3 ou 4 rodelas de ananás fresco. Mexer bem e colocar um bloco de gelo. No momento se servir, adicionar 1 garrafa de vinho branco gaseificado.

 Claret Punch – (dose para 1 pessoa)

Num copo grande, colocar gelo picado até ao meio. Juntar uma colher de chá de cada, dos seguintes ingredientes: sumo de limão, granadina e curaçau. Acabar de encher com vinho clarete de boa qualidade. Decorar com rodela de laranja. Servir com palhinha (canudinho).

 Colonial Punch - (dose para 15 pessoas)

Retire a casca de 12 limões. Adicione 1 litro de chá bem forte e o sumo dos 12 limões. Mexa bem, juntando 200gr. de açúcar. Deixe repousar por 1 hora. Misture depois uma garrafa e meia de rum e 1dl. de brandy. Despeje a mistura sobre gelo picado grosso e,sirva.

 Curaçau Punch – (dose para 1 pessoa)

Num copo grande, ponha uma colher de chá de açúcar, sumo de ½ limão, 1dl. de curaçau e 1dl de brandy ou rum. Encha com gelo picado e mexa levemente. Decore com frutas ao gosto e sirva com palhinha (canudinho).

 Dubonnet Party Punch – (dose para 20)

Despejar uma garrafa de Dubonnet, numa vasilha larga ou poncheira. Adicionar ½ litro de gin; sumo e casca de 6 limões e uma garrafa de soda gelada. Encher os copos com gelo picado e decorar com hortelã. Despejar dentro o ponche e servir com palhinha (canudinho).

 Fishermen Punch – (dose para 30 pessoas)

Dissolver numa poncheira, 250gr. de açúcar com 2dl. de água e 6dl. de sumo de limão. Juntar 1,5litros de bom vinho branco, 1 garrafa de rum da Jamaica e 1 garrafa de rum Carta Amarela; 1 garrafa de cognac, 2,5dl. de aguardente de pêssego. Deixar a mistura repousar 2 ou 3 horas, mexendo de vez em quando. Um pouco antes de servir, pôr na poncheira um bloco de gelo, mexer até gelar e servir. Se for necessário um ponche bem forte, em vez de pôr o bloco do gelo no líquido, pode-se colocar a poncheira numa cama de gelo, de forma a gelar o líquido, sem lhe adicionar gelo.

 Gin Punch – (dose para 12 pessoas)

Misturar o sumo de 12 limões; o sumo de 20 laranjas; 2 litros de gin e 4dl. de granadina. Despejar sobre um bloco de gelo, na poncheira. Adicionar 2 garrafas de soda. Decorar com frutas e servir.

 Ladie’s Punch – (dose para 1 pessoa)

Misturar na coqueteleira, 2 colheres de açúcar, 1 ovo, 2cl. de marasquino, 4cl de creme de cacau, 1 casca de laranja, 2 cl. de leite e noz moscada. Bater com gelo e despejar no copo. Servir com mais noz moscada no topo.

Leite Condensado, Ponche de  – (dose para 8)

Usar uma lata de leite condensado e 1/2litro de rum ou brandy, e misturar na poncheira, com gêlo. Mexer bem e servir, depois de muito gelado.

 Milk Punch – (dose para 2)

Pode fazer-se com qualquer aguardente, brandy, rum ou whisky. Misturar na coqueteleira, 2dl. da base escolhida, com 2dl. de leite, 1 colher de açúcar e cubos de gêlo. Depois de bem batido, colocar no copo onde vai ser servido, com noz moscada no topo.

 Marinha, Ponche da – (dose para 10)

Cortar 4 ananases às rodelas e cobrir bem com 1/2Kg de açúcar.  Adicionar ½ garrafa de dark rum, ½ garrafa de cognac, ½ garrafa de aguardente de pêssego e sumo de 4 limões. Gelar bem, na poncheira, com 1 bloco de gelo. Decorar com frutas a gosto e adicionar, no momento de servir, 1 garrafa de espumante.

 Pisco Punch – (dose para 1 pessoa)

Num copo grande, colocar uma pedra de gelo com 1 colher de chá de sumo de limão e outra de sumo de ananás. Adicionar 2dl. de brandy e um cubo pequeno de ananás. Acabar de encher com água gelada. Mexer bem e servir.

 Planter’s Punch – (dose para 1 pessoa)

Num copo alto, colocar gelo picado até à altura desejada. Lançar por cima uma parte de sumo de limão, 2 partes de xarope de açúcar, 3 partes de rum da Jamaica, 4 partes de açúcar. Contar para encher, o gelo que já estiver no copo. Pode servir-se com rodela de laranja e cereja enfeitando.

 Regent Punch – (dose para 10)

2,5dl de brandy; 2,5dl de vodka, 1,5dl. de curaçau, ½ litro de rum da Jamaica, sumo de 6 limões, 2dl. de chá bem forte, 1 colher de chá de Angostura, ½ garrafa de Champagne.

Misturar todos os ingredientes na poncheira, excepto o Champagne. Gelar bem, sem adicionar gelo. Adicionar o Champagne bem gelado, no momento de servir. Decorar com frutas ao gosto.

 Romano Punch – (dose para 10 )

Como o anterior, substituindo o curaçau por licor de framboesa.

Rum Punch – (para grandes reuniões)

10 garrafas de vinho branco, 1 kg de açúcar escuro (não refinado), 2 litros de sumo de laranja, 1 litro de sumo de limão, 10 bananas em rodelas, 2 ananases em pedaços.

Macerar as frutas com o açúcar e o vinho, de um dia para o outro. De manhã, adicionar 6 garrafas de rum e 1 garrafa de licor de banana. Deixar até a hora de servir, adicionando um pouco antes, o gelo necessário para gelar bem; corrigir o sabor, adicionando sumo de limão ou xarope de açúcar, se necessário.

 Scotch Punch – (dose para 12)

Misturar num jarro, um litro de bom whisky escocês, gelo em cubos, sumo e casca de 3 limões, 100 gramas de açúcar e uma garrafa de soda. Mexer e servir em copos de whisky, guarnecido com frutas a gosto.

 Whiskey Punch

O mesmo que o Scotch Punch, substituindo o scotch por bourbon. Adicionar 2 dl. de curaçau. Pode substituir-se a soda por chá forte, se assim se desejar.

 Exemplo de Poncheira


WASSAIL

Bebida quente, normalmente usada em reuniões, sobretudo na noite de Natal, na Grã-Bretanha. Pode ser feito com vinho, sidra ou cerveja, ou ainda, com qualquer combinação destas três bebidas. O vinho branco, no entanto, quando utilizado, é sempre só. Os vinhos mais pesados, como o Madeira ou o Jerez, usam-se separados, ou misturados com cerveja. Algumas vezes porém, no intuito de dar mais força alcoólica à bebida, junta-se um pouco de brandy, Jerez ou Madeira ao Wassail comum.

Receita base: (Old English Wassail) – Ferver meio litro de água com uma colher de sopa de noz-moscada ralada, 2 colheres de sopa de gengibre, 6 cravinhos, 6 grãos de pimenta e uma vagem de canela, pequena. Adicionar 1 kg de açúcar e 4 garrafas de Jerez ou Madeira. Aferventar em fogo brando, descaroçar e assar 12 maçãs para acompanhar ensopadas.

 


quinta-feira, 25 de maio de 2023

 

O ESCANÇÃO E O SERVIÇO DE VINHOS

  


Pequena Introdução

“Escanção” era o vocábulo usado  para designar o responsável pelo serviço de vinhos na Corte portuguesa ou casas nobres em Portugal e ele corresponde ao até aqui designado, “chefe de vinhos” em Portugal e “sommelier”, no Brasil.

É a retoma de uma palavra portuguesa, quase posta de parte, em boa hora integrada ao vocabulário hoteleiro, onde tão necessária se torna a nacionalização.

Por nos parecer, bem atual, transcrevemos aqui o que dissemos no nosso livro “Manual de Restaurante e Bar” sobre este profissional. Parece-nos que, pelo facto de em certos momentos do seu trabalho usar de conhecimentos análogos aos do barman, será de muito interesse consultar os conselhos que damos a este, na Postagem “O Bar e o Barman”, sobretudo no que diz respeito, aos cuidados a ter com o corpo e com o vestuário.

 ESCANÇÃO, CHEFE DE VINHOS (SOMMELIER)

Auxiliar e substituto dos “maitres” ou chefes de mesa, o “escanção” necessita, para o bom desempenho das suas funções, de todos os conhecimentos do barman e dos empregados de mesa, aliados a um grande poder de insinuação,  necessário a um bom vendedor.

Sabendo-se que o lucro das refeições é sempre diminuto, é dos vinhos, licores e coquetéis que se espera obter o necessário rédito para ajudar a manutenção do estabelecimento.

Uma vez tomado conhecimento do cardápio escolhido pelo cliente, o escanção deve dirigir-se a este, sempre como se estivesse tratando com um gourmet, sugerindo o vinho que, supõe, irá melhor com os pratos selecionados. Se o cliente o é de facto, apreciará a maneira como o estão servindo; se não o é, sentir-se-á lisonjeado por ser tomado como tal, sendo o resultado desse sentimento, na maior parte das vezes, a venda de uma garrafa de vinho que não estava prevista. Com esse gesto simples, de rotina, serão atingidos dois objetivos de capital importância para qualquer restaurante: satisfação do cliente e aumento de receita.

O escanção deve, pois, estar sempre presente, sugerindo e servindo sem precisar ser chamado.

O serviço de vinhos mal feito (copos vazios, vinho servido fora de tempo ou a temperatura inadequada, etc.) indispõe o cliente pela falta de atenção que revela, levando a referências pouco lisonjeiras sobre o serviço em geral, do que muitas vezes os restantes empregados não têm culpa.

Deve haver da sua parte uma fiscalização constante e uma observância estrita de tudo o que lhe diz respeito, pois o vinho tem numa refeição um papel muito mais importante do que simples auxiliar da deglutição.

 O SERVIÇO DE VINHOS

Desde longo tempo se considerou necessário que uma diferente qualidade de vinho acompanhasse cada prato, tendo em conta a sua composição. Para isso, estabeleceu-se a seguinte ordem:

 Aperitivo, como    -  Vinhos generosos, secos ou misturas (coquetéis).

                             - Vinhos do Porto, Madeira, Jerez, etc.

Acepipes,  com     -  Vinhos de mesa brancos, secos, verdes ou maduros.

                                Muito raramente um vinho generoso.

Consommés           -  Vinho generoso seco.

Sopa                    -  Geralmente não se serve vinho  com a sopa, excepção feita para    sopas de peixe ou de marisco, que exigem um branco seco.

Mariscos ou Peixes:

                               Cozidos – Vinho de mesa branco adamado, (doce).

                               Gratinados ou Assados – Um vinho verde ou maduro (seco).

                        Caldeiradas ou idênticos – Um vinho tinto não muito carregado       (verde ou maduro)

Entradas               - Vinhos de mesa tintos  ou palhetes, verdes ou maduros.

Assados ou Caça   - Vinho de mesa tinto (velho se possível). De preferência   espumante natural, seco ou bruto.

Queijos                - Vinho de mesa tinto, velho; Porto ou Madeira.

Doces                    - Vinhos espumantes, generosos ou licorosos (meio doce ou doce).

Frutas                   - Normalmente, a fruta já tem, por si, acidez que lhe baste para o paladar.

Salvo casos especiais de frutas como o ananás, morangos, etc., em que um vinho licoroso vai bem, não acho que se devam servir vinhos  com as frutas. Aliás, estas são já um complemento ou transição para o serviço seguinte, o dos cafés e licores.

O vinho espumante (ou o champagne) é o único que se pode servir com todos os pratos, do início ao fim de uma refeição, excepção feita para o queijo.

Para este, o vinho tinto, um bom tinto velho, é ainda o ideal, apesar de também se citarem os licorosos para esse efeito.

Para o vinho do Porto existem cálices especiais, tipo balão, que dão ao degustador a possibilidade de colher, aliado ao paladar, o aroma do vinho. (Veja em Vinho do Porto, a descrição do novo Cálice Oficial do Vinho do Porto).

O vinho sabe melhor quando servido em copos finos. Do mesmo modo, os vinhos velhos, os vinhos com categoria reconhecida e os de sobremesa, devem ser sempre servidos na garrafa de origem, tal como estiverem na cave. Para esse efeito, existem cestos especiais, onde as garrafas são colocadas com cuidado; nada de movimentos desnecessários, nada de safanões ou golpes. Só em casos muito especiais, de vinhos com demasiado pé, ou por outra razão forte, se deve proceder a decantação.

A mudança dos vinhos, para frascos de cristal, chamados “decanters”, muito generalizada até há pouco é, um erro, pois faz o vinho perder grande parte de seu aroma, do seu espírito e da sua qualidade. O verdadeiro sucesso do vinho está na sua vetustez, não no envólucro que o apresenta.

 TEMPERATURA DOS VINHOS

Para que os vinhos possam dar ao paladar o prazer desejado por aqueles que os tratarem desveladamente, deve haver o máximo cuidado na última parte dessa longa peregrinação iniciada nas dornas.

Nisso, a temperatura dos vinhos desempenha papel principal. Assim, os vinhos tintos maduros, os generosos, licorosos e as aguardentes servem-se à temperatura ambiente. Os vinhos de mesa brancos, rosés, palhetes ou tintos verdes, servem-se ligeiramente frios. Os vinhos de mesa doces e os espumantes naturais, servem-se gelados.

O gelo nunca deve, seja sob que pretexto for, ser adicionado ao vinho; fazemos evidentemente ressalva, para os casos de preparação de cups, punch ou misturas similares, para os quais se devem escolher vinhos menos nobres embora bons.

Vinhos como o Champagne devem ser servidos bem frios, mas essa temperatura é atingida dentro da garrafa, que se rodeia em caso de emergência, com uma mistura de gelo e sal. Os vinhos do Reno, o Chablis e o Sauternes, servem-se levemente frescos, o que lhes dá um paladar agradável. O Clarete e o Borgonha são vinhos que, pelas suas características, necessitam pelo contrário, uma temperatura algo mais elevada, sendo de aconselhar servi-los ligeiramente mornos.

A maneira mais fácil de levantar um pouco a temperatura dos vinhos é colocá-los numa estufa, ou envolver as garrafas num pano com água quente.

 ABERTURA DE UMA GARRAFA DE VINHO DE MESA

Para abrir uma garrafa de vinho, deve-se começar por cortar a cápsula de estanho, junto à parte inferior da saliência que todas as garrafas têm perto da boca. Com um guardanapo lavado, limpa-se a sujidade que normalmente se encontra entre a cápsula e a rolha.

Insere-se o saca-rolhas na cortiça, bem ao centro. Faz-se com que o saca-rolhas, através de voltas sucessivas, entre tão fundo quanto seja possível. Procura-se sacar a rolha de um só golpe, com confiança e elegância. Nada de gestos nervosos nem sacolejos à garrafa, os quais agitam desnecessariamente o vinho.

No caso de vinhos velhos, sacolejar é estragar completamente a bebida, pois o pé assente no fundo mistura-se ao líquido.

Depois de retirar a rolha, limpa-se bem o gargalo e coloca-se a garrafa na mão com o rótulo para fora.

Ao servir, mostra-se o rótulo ao cliente. Nunca se deve enrolar a garrafa em guardanapos no momento de servir. Noutros tempos, o escanção anunciava, em voz alta, o vinho que estava servindo. Se isso for julgado necessário, pode ser feito.

 ABERTURA DE UMA GARRAFA DE CHAMPAGNE

Se a garrafa é apresentada num balde, deve estar na posição vertical, com gelo bem apertado em toda a volta. É até conveniente cobrir o topo com gelo picado.

Retira-se a garrafa do gelo e envolve-se num guardanapo, para evitar que escorregue na mão. É bom ter em conta que a pressão numa garrafa de champagne anda à volta de 8 atmosferas. Quando se retira a garrafa do gelo, o vidro, que é grosso, está contraído pelo frio. O contacto da mão quente pode, perfeitamente, originar expansão do vidro no ponto de apoio. Nestas condições, a garrafa pode rebentar.

Ainda que as possibilidades de isto acontecer sejam remotas, é bom ter conhecimento destes fatos, para nunca se ser apanhado desprevenido.

Depois de retirar a cápsula, segurar a garrafa firmemente num ângulo aproximado de 180o (posição dos ponteiros de um relógio ao marcar 10 horas e 25 minutos) e desapertar os arames que seguram a rolha. Mantendo o ângulo da garrafa, sacar a rolha lentamente, tendo o cuidado de a segurar para não atingir qualquer dos convivas ou colegas de serviço. Depois de sacar a rolha, manter o ângulo da garrafa por aproximadamente 5 segundos, tempo necessário para que a pressão se normalize com a do exterior.

Se a garrafa estiver direita no momento de tirar a rolha, o gás sairá em turbilhão, arrastando consigo uma boa parte do vinho e, em vez de uma bebida, teremos conseguido um banho de champagne.

Limpar a boca da garrafa com um guardanapo limpo. O vinho está pronto para servir.

O champagne deve ser servido com dois movimentos.

Primeiro, deitar vinho no copo até que a espuma atinja o bordo deste, sem o deixar transbordar.

Deixar a espuma desaparecer e, então, servir a bebida até 2/3 do volume total do copo.

Ter o cuidado de não servir muito rapidamente, pois nesse caso o vinho transbordará mesmo.



COMO SERVIR VINHOS

Vários cuidados devem ser observados quando se faz o serviço de vinhos.

Daremos a seguir, uma pequena lista de conselhos ao escanção sommelier , sobre este serviço:

-  Os vinhos devem ser trazidos para junto da mesa do cliente, antes de serem necessários, dando a este a possibilidade de os ver. Os que devem ser servidos gelados, serão mantidos em baldes com gelo.

   O anfitrião pode provar os vinhos, mas o escanção também pode fazer esse serviço, retificando se necessário.

-  O serviço de vinhos deve ser sempre feito com a mão direita e pelo lado direito do conviva.

   As senhoras são sempre servidas  primeiro.

-  Para servir aperitivos ou digestivos, as garrafas devem ser trazidas para a mesa e as bebidas, servidas à vista do cliente.

-  Os copos de vinhos, de aperitivos ou de licores, nunca devem ser cheios até ao bordo.

   O copo de vinho só deve ser cheio até metade, para as senhoras, e até 2/3, para os homens.

-  O cesto foi criado para os vinhos velhos, com o objetivo de manter a garrafa deitada, tal como sai da garrafeira, para que o pé se não misture ao vinho.

  Não adianta usar o cesto, se não houver antes o cuidado de não agitar a garrafa.

-  Alguns vinhos velhos com excesso de pé podem ser decantados. O objetivo é retirar o vinho límpido da garrafa, deixando nesta o sedimento. Vinhos decantados são servidos em recipientes de cristal.

Não devem usar-se filtros para decantar vinhos.

Os vinhos brancos, não precisam ser decantados, pois normalmente não têm sedimento ou pé.

 

A LISTA DE VINHOS

A lista ou carta de vinhos é uma grande ajuda para o vendedor. Deve estar claramente elaborada e ser mantida limpa.

Os vinhos devem estar inscritos na lista, pela sequência normal do serviço durante a refeição.

O vinho deve ser sugerido e a lista apresentada, logo que o cliente acabou de escolher a comida.

Este é o momento psicológico para a venda do vinho.

A lista deve ser apresentada naturalmente, sem grande ostentação, mas com uma pequena sugestão, se for caso disso.

O escanção sommelier  deve ter o cuidado de sugerir e servir sempre bons vinhos. Só há um caminho para quem deseje manter o negócio florescente: servir bom.

Quando o cliente tem confiança nos que o aconselham, aceita as suas sugestões e, por norma, um cliente satisfeito é um cliente fiel.

Nunca se deve decepcioná-lo, servindo-o sempre dentro das suas necessidades, é assegurar a sua constância e a sua amizade.

Para atingir essa finalidade, o escanção deve pensar que, na nossa época, o homem não age só em função das suas necessidades primárias, mas que ao consumo de determinado produto alia um conjunto de outras necessidades, entre as quais o conhecimento e a cultura. O bom escanção, como o bom barman, deve saber conversar e, sobretudo, saber conversar sobre o vinho. Levar ao cliente interessado algumas bases deste lado do "savoir vivre", é fazer um adepto e, um amigo.

SABER CONVERSAR SOBRE VINHO

Para se poder conversar sobre vinho, deve-se, antes de tudo, saber algo sobre vinho.

Estudá-lo, prová-lo, conhecê-lo portanto. Ao fazer-se a degustação, devem-se analisar as várias sensações que o vinho provoca, o que exige uma certa concentração.

O resultado dessas sensações, deve ser arquivado na memória, para as podermos analisar e transmitir, no momento em que desejarmos falar sobre vinho.

Por outro lado, uma conversa exige termos convenientes ou apropriados. Vamos proporcionar alguns termos que se podem utilizar quando se desejar conversar sobre vinho:

 -  Sobre a constituição do vinho – (O seu corpo em relação ao paladar).

Se desejamos dizer bem, usaremos termos como: encorpado, sólido, forte ou vigoroso, de categoria ou de qualidade, acabado (“É um vinho acabado!”), cheio, leve, substancial, aveludado, macio, delicado, fino, apetitoso, inteiro, puro.

 Para significar que o vinho não é bom, podemos dizer, de acordo com as circunstâncias: fraco, pobre, frouxo, pouco encorpado, aguado, pastoso, áspero, acerbo, adstringente, desiquilibrado, pesado, carrascão, travoso, rascante.

-  Sobre a cor do vinho 

Se desejamos dizer bem: bela, clara, ambarina, brilhante, sumptuosa, cintilante, rubi ou rubica, purpúrea.

Para dizer mal (se for caso disso): turva, toldada, murcha, desbotada, carregada.

-  Sobre a vinosidade (ou teor alcoólico)

Para gabar o vinho, podemos dizer que é: vivo, nervudo, generoso, forte, capitoso, espirituoso.

Se desejamos demonstrar desagrado, diremos: brando, fraco, frouxo, frio, vulgar, pastoso.

-  Sobre o conteúdo de açúcar

Quando satisfaz, diz-se: seco ou doce, suave, delicado, licoroso, sedoso.

Quando é desagradável, diz-se, buscando o termo adequado: áspero, pastoso, insípido, adocicado.

-  Sobre o bouquet ou aroma 

Quando este agrada: perfumado, “fruité” (com sabor a fruto), fino, aromático, oloroso.

Quando não agrada: vulgar, sensaborão, desagradável, “bouchonné” (sabor a rolha).

-  Quando o vinho está estragado, diz-se: azedo, avinagrado, voltado, toldado, passado.

 

Tentámos resumir os elementos essenciais, permitindo ao profissional desejoso de evoluir, encontrar o mínimo necessário à sua aprendizagem. Não tivemos a pretensão de escrever para os mestres.

Esses encontrarão muitas lacunas neste nosso trabalho. Um manual no entanto, não é um tratado.

Para os que se iniciam na profissão, vai toda a nossa simpatia. Já percorremos o mesmo caminho, estando, portanto, aptos a saber o que lhes será útil, e o que vai ao encontro dos seus anseios.

Mais tarde, os seus conhecimentos serão aprofundados através do recurso a outras fontes. Nessa altura, esperamos que os seus conhecimentos possam ser transmitidos aos que lhes sucederem, com a mesma boa vontade que nos levou, a escrever este texto.

E digamos como Bossuet: “Le vin a le pouvoir de remplir l’âme de toute vérité, de tout savoir et philosophie”.

Traduzindo: “O vinho tem o poder de encher a alma de toda a verdade, de todo o saber e de toda a filosofia”.

Esperamos que assim seja!...


                          Taças para Ponche ou Bebidas de Reuniões



 



                                             Decanter para Licores

                                   Servidores para Vinhos Velhos

 Os cestos de vime foram, durante muito tempo, o suporte dos escanções para o serviço de vinhos velhos. Com o desenvolvimento das tecnologias, outros auxiliares foram aparecendo e de alguns deles damos abaixo indicação.

  

Diversos

ALGUMAS PALAVRAS AO SOMMELIER (ESCANÇÃO)

 O profissional que  decidiu  seguir a carreira de Sommelier, (escanção) deve ter orgulho nela e deve  procurar sempre, em todas as ocasiões, praticá-la com a maior dignidade.

O vinho é um símbolo místico; símbolo de alegria; obra tanto da Natureza como do Homem.

Desde a Antiguidade que os cachos, as folhas e as gavinhas das videiras, fornecem aos decoradores os seus motivos de ornamento. Encontramo-los a cada passo nos capitéis de monumentos, nos frontispícios de palácios, em túmulos e em sarcófagos.

Os escultores gregos legaram-nos várias estátuas de Dionísio (o Baco dos romanos) nas quais a Entidade é representada sempre como uma figura jovem e bela.

Os romanos glorificaram Baco e as bacanais.

 O vinho identifica-se com o sangue do Senhor, no mistério da Eucaristia da religião católica.

Ao analisarmos a arte sacra, verificamos que esta se inspira, naturalmente, na videira; as iluminuras dos manuscritos da Idade Média, a decoração dos cálices e os bordados das casulas.

Adão e Eva tiveram, como primeira vestimenta, uma folha de parreira.

Todas as obras primas e os seus autores foram, ao longo dos séculos, marcados pela presença da videira ou do vinho. Nos afrescos romanos, podemos notar gavinhas; nas naturezas mortas depois da Renascença, quase sempre encontramos um belo cacho de uvas.

As cenas de vindima ou de bebedeira, forneceram um assunto vivo e bastante explorado, aos mestres flamengos e holandeses (Rubens, Brueghel, Jordaëns).

O grande pintor português José Malhoa, nos seus quadros “Fado” e “Regresso da Romaria”, mostra-nos que também ali o assunto mereceu interesse.

As Escolas Francesa, Espanhola e Italiana não o esqueceram. Desta última, quem não louvará os célebres quadros sobre as bacanais, tanto de Bellini como de Ticiano. Poderemos ainda citar, além da escultura, pintura, tapeçaria e bordado, que também a ourivesaria e a cristaleria se interessaram pelo tema, tendo infalivelmente que chegar à literatura, onde o mesmo transborda.

Escritores e poetas, cantores e romanceiros de todas as gerações, imortalizaram o vinho; desde Rabelais, em França, a Omar Khayyâm, o poeta persa, todos misturaram o vinho com o sonho, o sol e o amor.

Símbolo místico, fonte de alegria, de galanteria e de opulência, origem de temas que jamais se esgotam, pois são sempre retomados pelas gerações que se sucedem, o vinho prova, com a sua perenidade, o desejo de felicidade que o homem sempre busca.

É ao Sommelier que compete dar dignidade ao momento em que o vinho é servido. Deve fazê-lo, sempre, como um ofertório”, como um ato do mais alto significado.

Se concordarmos que o vinho é um símbolo místico, e uma fonte de inspiração, ao servi-lo, o Sommelier é como um sacerdote, investido de grande dignidade e de uma grande responsabilidade: o vinho simboliza o Sangue do Senhor.

 SABER BEBER

 Todo aquele que serve uma bebida, deve também estar apto a julgá-la. Já fizemos esta afirmação em relação ao barman.   O Sommelier deve, igualmente, saber beber.

 A Degustação: Ao ato de provar vinho chama-se “degustação”. Esta é a arte que permite apreciar as várias características de um vinho. Para a executar, devem entrar em funcionamento três dos nossos principais sentidos: a vista, o olfato e o paladar.

Pela Vista  -  O degustador encontra a cor, a que os franceses chamam “robe”: Amarelo, leve ou carregado, com variações para dourado ou vagamente esverdeado, nos vinhos brancos.

Vermelho, leve ou carregado, com variações que vão desde o rubi ao grená, nos vinhos tintos.

Rosado, dito em francês “oeil de perdrix”, para os vinhos rosés.

O vinho deve ser visto à transparência, num copo límpido, sem qualquer cor. O cristal lapidado evidencia, além da cor, o brilho do vinho.

Pelo Olfacto – Encontra-se o aroma ou “bouquet” do vinho. Esse aroma pode ser forte, delicado ou leve. Nos vinhos ricos e carregados, o aroma é espirituoso, por vezes com fragrâncias que nos fazem lembrar certos frutos ou flores. Para melhor se aspirar, deve encher-se o copo apenas até ao meio, fazendo-o depois voltear, levemente, na mão. O vinho passeia-se, então, nas paredes do copo e o seu perfume desprende-se naturalmente e com toda a intensidade.

Pelo Paladar – O vinho fala-nos da sua origem. O solo onde foi criado. A natureza que o procriou. As cepas que lhe deram vida. A idade. O modo como foi produzido. A língua e o palato, encontrarão tudo quanto o vinho encerra em álcool, açúcar, gelatina e vida.

A parte recuada do palato, junto à garganta, transporta ainda algum do seu aroma à zona onde este também se reflete, e o gosto completa-se.

Os vinhos têm corpo; certos vinhos são frutosos; uns são macios, outros ásperos; alguns são aveludados.

Nunca se deve fumar no momento de degustar um vinho, nem tão pouco aquecer as garrafas para além do necessário.

 OS COPOS (O SERVIÇO DE VIDROS)

O primeiro utensílio de que um homem se serviu para beber foi, sem sombra de dúvida, a palma da mão.

Não precisaremos de muita imaginação para pensar que assim foi. Ainda hoje, a palma da mão, em concha, resolve muitas situações análogas.

Com o decorrer dos tempos, os homens devem ter procurado aumentar, ou sofisticar, a qualidade dos utensílios destinados a esse fim. As conchas de mariscos, as cascas de certos frutos, madeira trabalhada em concha, metal, etc, foram, durante muito tempo, usados para o efeito.

A descoberta do vidro, apesar de dúvidas existentes, pode ser creditada aos Assírios ou aos Egípcios. Em qualquer dos casos, remonta à Alta Antiguidade. Os primeiros copos não eram ainda perfeitos.

Os exemplares que chegaram aos nossos dias são opacos e irregulares.

Com o tempo, porém, a indústria vidreira evoluiu, e podemos considerar o vidro como o material que melhor serve o propósito de beber.

O prazer da bebida engloba vários sentidos: a vista, o olfato e o paladar. Um copo transparente, que nos revela as várias tonalidades dos diversos vinhos, desde o rubi de um Dão, ao límpido dourado de um branco, passando pelo vermelho brilhante de um clarete, ou o belo rosado de um rosé, permite-nos o prazer da bebida, antes de começarmos a degustá-la.

Os copos de vinho são estudados para dar maior satisfação a quem beba o líquido, tirando o seu prazer tanto do aroma como do paladar. São geralmente compostos de três partes: o corpo, a haste e o pé.

O formato de um copo de vinho é muito importante, pois a forma como ele concentra o sabor e o aroma (ou bouquet), a maneira como enfatiza a característica do varietal e a forma como dirige o próprio vinho para a melhor área da boca, tem tudo a ver com o resultado final do prazer de beber um bom vinho.

Para um bom resultado, a boca do copo não deve ser mais larga que a parte mais larga do bojo, pois como o oxigénio do ar interage quimicamente com o vinho, o sabor e o aroma deste são subtilmente alterados. Embora este processo de oxidação seja mais compatível com vinhos tintos cujo sabor é amaciado quando exposto para arejar, não é bem aceite pelos vinhos brancos.

A haste, tão frequentemente relegada pela maioria dos bebedores, tem um papel importante e deve ser sempre usada para segurar o copo, especialmente ao beber um vinho branco, pois evita que a temperatura do vinho seja afetada pelo calor da mão quando se segura o copo.

Normalmente são usados tipos diferentes de copos com o intuito de acentuar as características das diferentes variedades de vinhos, pois estes nunca são iguais. Os vinhos tintos têm tipos particulares próprios, que os produtores sempre procuram preservar.

O copo do Bordeaux é projectado para vinhos tintos encorpados e ricos em tanino, como o cabernet e o merlot. Tem o bojo grande, com uma borda mais fechada para evitar a dispersão de aromas, concentrando- os. A aba fina direciona o vinho para a ponta da língua, permitindo que a untuosidade e os sabores frutados dominem, antes que os taninos sejam direcionados para a parte de trás da boca.

É indicado também para os cabernet sauvignon, cabernet franc, merlot, syrah e tannat, entre outras castas.

Os vinhos da Borgonha são complexos e concentrados, produzidos principalmente com a uva pinot noir. Por isso o copo do Borgonha é mais largo que o copo do Bordeaux e tem um bojo maior, formato balão, para concentrar os aromas desses vinhos tintos e delicados e permitir mais contacto com o ar deixando que o “bouquet”  se libere mais rapidamente. Foi concebido para que o vinho explore mais o nariz.

O seu formato direcciona o fluxo acima da ponta e do centro da língua, diminuindo  a acidez e acentuando as qualidades mais arredondadas e maduras do vinho. Além da pinot noir, é ideal também para que sejam apreciados vinhos do tipo rioja tradicional, barbera,  barricato, amarone e nebbiolo entre outros.

Os copos de vinho branco variam em tamanho e amoldam o vinho delicadamente no seu corpo, evitando a oxidação de que falámos atrás. Para preservar um sabor limpo, muitos copos de vinho branco terão uma boca menor, a qual reduz a taxa de oxidação. No caso de vinhos espumantes como o champagne ou o asti spumante, uma boca ainda menor é usada para manter o vinho mais tempo espumoso no copo. Alguns vinhos brancos como o chardonnay tratado em barris de carvalho, beneficiam-se quando servidos ligeiramente oxidados, mas é só.

As flutes de champagne são caracterizadas por uma haste longa com um bojo alto e estreito. Este formato foi estudado para manter o vinho efervescente por um largo período de tempo, com todos os efeitos positivos desejáveis durante o seu consumo. O copo deve ser segurado pela haste, para evitar que o calor da mão aqueça o champagne. O corpo do copo projetado para ajudar a reter a efervescência que é a personalidade da bebida, acrescenta também alguma atração estética, pois permite que as bolhas acrescentem um agradável “charme” visual.

A ISO (International Standards Organization), unificou uma série de copos para degustação de vinho. Eles são caracterizados por bojos estreitos e compridos, com capacidades de 120ml (para Jerez), e 210, 300, ou 410 mililitros conforme a bebida a que se destinam. ISO 3591:

 

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