TEMAS DE HOTELARIA
Extrato do meu livro “Manual de Hotelaria” distribuído por Amazon
Kindle Books
ARTE E TÉCNICA DE DIRIGIR UM HOTEL
Embora
seja um ferrenho
defensor do aportuguesamento de
todas as palavras, vou aqui usar o anglicismo, para fortalecer o que
pretendo analisar.
"Management" não é
palavra que se possa traduzir, como sempre se faz, para gerência
ou gestão, sem
entrar mais profundamente
no seu significado. Ela
significa, em boa verdade, muito mais do que isso.
Management é toda uma filosofia que,
exagerando um pouco, pode ser materializada na frase "tornar as ilusões
reais".
É uma arte,
ou técnica, que permite aos
que a utilizam
na sua plenitude e
com pleno aproveitamento, conseguir
resultados fora do normal
ou atingir objectivos
que, a princípio,
pareceriam utópicos.
É a arte de tentar o impossível, e ela é,
cada vez mais, posta à prova.
Nos E.U.A., o Management baseia-se em técnicas de análise, enquanto na
Europa e noutros continentes ele é encarado como Filosofia e Cultura, estando
mais alheado das realidades e dos resultados.
Drucker, apontado como pai
do Management moderno, definiu-o do
seguinte modo: bom Management é: definir os
objectivos da empresa e depois, motivar as energias humanas
de que ela dispõe para que esses objectivos sejam atingidos.
A definição dos
objectivos da empresa
é feita sob
a óptica empresarial.
O lado motivacional e de organização dos
recursos humanos da empresa tem a ver
com a direcção
e com a
liderança. Ambas constituem a capacidade de Management.
Quem
for capaz de
conciliar e manejar
estes dois elementos
é um bem sucedido manager.
Os objectivos de um hotel
manager estão, naturalmente,
fora do hotel. Eles são o mercado
e os clientes.
O
manager deve ter capacidade de
análise e de síntese, condensando o que está a acontecer ao seu redor.
Que alterações e mudanças
se estão a
operar? Que problemas
ou novas oportunidades estão a surgir?
O que deve
ser mantido e
o que precisa
de ser alterado? Soluções rápidas geram resultados
rápidos.
Em função dos dados recolhidos, há que
tomar decisões, gerar objectivos, verificar o seu cumprimento
e controlar os resultados.
Um bom manager é um inovador,
sempre sensível às oportunidades e muito atento aos resultados. Estes são a
mola real.
Para um bom Management há
que ter bons
instrumentos de análise, muita informação, excelente
percepção e capacidade de previsão.
Há que reagir
a cada mudança,
à menor das
mudanças, fazendo com que
todos, e cada um no seu hotel, saibam qual a sua missão e o seu papel,
desempenhando-os com motivação e empenho.
O
objectivo final do Management é o
desenvolvimento da empresa e o
progresso humano e
profissional dos que
a integram. Para isso, todos os recursos devem ser
aproveitados, começando pela inteligência humana, que existe em todos os
escalões da hierarquia.
Entender o que é “Management” não é difícil; levará talvez um pouco mais
de tempo para conseguir praticá-lo com satisfação.
Os seus princípios básicos são óbvios e facílimos, mas normalmente
esbarram no ultrapassado
conceito do "Manual
Interno de Serviços", onde tudo está escrito para
ser seguido e cumprido.
As empresas onde só se trabalha seguindo o "manual" são
empresas ultrapassadas, com uma estrutura arcaica que não as deixa evoluir.
Os verdadeiros líderes são os que confiam nos seus colaboradores e que,
dando-lhes um bom treino e transmitindo-lhes bons conhecimentos, criam
a possibilidade de que eles
possam tornar-se responsáveis, para depois neles delegar a
responsabilidade.
Uma das cinco obrigações da gestão é: controlar.
No Management moderno, “controlo”
não é asfixiar
as pessoas, andando atrás delas, para ver se fizeram ou
não as suas tarefas, mas, sim, analisar
os resultados e
conduzir a operação
para que os
objectivos sejam atingidos.
Normalmente, a responsabilisação
dos subalternos, quando estes são bem treinados e bem esclarecidos sobre quais
são os objectivos da empresa, traduz-se, sempre, numa melhoria dos resultados.
Com bons resultados, quase todos os objectivos podem ser atingidos.
Ser Mais do Que Director-geral
Seja qual for o título que defina o gestor na era actual, a conclusão
será sempre a mesma:
essas palavras dificilmente
descreverão as atribuições deste
profissional no dia-a-dia da sua unidade.
O papel do
director-geral tem-se modificado
no decorrer dos
últimos anos, e nunca será demais estar atento a essa modificação que é
devida a inúmeras razões, entre as quais se incluem: degradação do mercado,
competição quase beligerante e aumento de interesse dos proprietários no
acompanhamento dos seus investimentos.
O
director-geral actual precisa estar para além da rotina departamental.
Pensar como Dono
Antes de gastar um centavo, deve
perguntar-se: Que retorno isto me trará? Será que terei um melhor retorno
investindo este valor em alguma outra coisa?
Será pouco real, da
parte do director-geral, pensar
que os investidores aprovarão pedidos
de despesa extra
sem solicitar uma
análise do retorno (dentro das perspectivas que eles
próprios terão de aplicar o seu capital no mercado).
Trabalhar com a Equipa de Vendas
O
director-geral deve saber
o que os
seus clientes (ou
os representantes destes: os
agentes de viagem)
estão a pensar,
a planear ou
quais as suas solicitações
especiais. Sempre que
o director-geral, pessoalmente,
for visitar os seus
bons clientes, a
sua presença deve demonstrar o
quanto ele aprecia a continuidade
do relacionamento comercial mútuo.
Para além disso, o acompanhamento das vendas dá ao director-geral uma
visão mais concreta
da forma como
os clientes estão
a ser tratados
e das dificuldades, ou
objecções, que este
sector enfrenta no
mercado, permitindo-lhe corrigir falhas ou procedimentos defeituosos.
Existem sempre nas comunidades, qualquer que seja o seu tamanho,
contactos que o director-geral não pode deixar de fazer, ainda que, no momento,
não pareçam necessários. A manutenção de um bom relacionamento com a comunidade
pode facilitar, a qualquer momento, soluções que, de outro modo, seriam mais
complicadas ou demoradas.
Ouvir Como um Psicólogo
Manter o pessoal satisfeito. Ouvir o que eles têm para dizer e pensar
neles no momento de tomar decisões.
Hoje, a gestão é menos autocrática e mais participativa. Devem ser
ouvidas as suas preocupações quanto aos problemas da operação e as suas
sugestões de melhoria.
O director-geral é,
normalmente, treinado e
desenvolvido para acompanhar
o lado operacional
do negócio, estando,
portanto, sempre mais sensível à satisfação das necessidades
do cliente. Os investidores, não estão. Onde o director-geral vê necessidade de
flores frescas, para manter a imagem do
hotel, os investidores
vêem apenas custos
e perguntarão: por que não algo
que custe menos?
O
director-geral fica, assim, dividido entre cortar custos ou manter níveis de
serviço apropriados. Mas a pergunta que o director-geral deve fazer a si
próprio é: o que é mais apropriado para o meu tipo de clientela?
Ele deve trabalhar
em busca de
respostas, procurando conciliar
o binómio que será
sempre o seu
maior objectivo: menor
custo/maior satisfação da clientela.
Estas podem não ser as realidades para as quais o director-geral foi
treinado, quer tenha saído de uma escola hoteleira ou seguido uma carreira, mas
elas são, hoje, as realidades.
Estamos sempre a aprender. E a aprendizagem não termina quando se ocupa
o cargo ou se consegue o diploma. Ela vai ser uma ferramenta necessária para o
resto da sua vida profissional.
Boa sorte ao diretor-geral, no seu novo papel, que continuará a mudar.
APRENDIZAGEM
PERMANENTE
É
pensamento comum que
"os computadores, a
indústria electrónica e
a tecnologia são
as áreas de
actividade que mais
evoluem nos tempos modernos".
Puro erro! Quem actua na área da gestão ou da administração e pensa
assim pode considerar-se um profissional ultrapassado!
A
área que mais evolui e na qual a busca de novos métodos e sistemas é maior é a
área da gestão ou management.
A
competição aumenta globalmente,
a tecnologia desenvolve-se
rapidamente e a mão-de-obra (ou força de trabalho) passa por mudanças,
fruto das próprias alterações em curso na sociedade.
Essas mudanças exercem pressão sobre os gerentes e director-gerais de
empresa, fazendo com
que a busca
de novas abordagens
e novas soluções seja constante. As empresas gastam
somas consideráveis em pesquisas nesta área e os consultores são os mais bem
pagos profissionais do mercado.
Grandes e novos nomes aparecem, novas
ideias surgem. Os grandes Gurus com os quais aprendemos, são hoje
mentores ultrapassados, com ideias que soam, ao mercado, como os fonógrafos de
Edison.
O
gerente moderno precisa estar actualizado, mentalmente competitivo e em
permanente evolução. Deve estudar e aprender, a cada dia.
Uma frase que citei há muitos anos é ainda válida neste caso. "Nós
não sabemos nada,
se aquilo que
aprendemos se tornou
obsoleto".
Qualquer certificado de capacidade emitido
nos E.U.A. tem validade de 5 anos, não podendo mais ser usado sem reciclagem.
Os campeões ou cavaleiros da mudança estão a criar novos conceitos,
novas ideias e, ao mesmo tempo, uma nova linguagem, aplicada à gestão e à busca
da qualidade.
Uma das frases que mais choca é de Robert Galvin, que foi
director-presidente da Motorola:
"O elemento-chave dos negócios não é o capital, a fábrica ou o
pessoal, mas o conhecimento e a informação".
"Ideias são a chave".
"Nós temos que ouvir". "Nós temos que ler". "Nós
temos que aprender".
Os pensadores ou estudiosos da "gestão" têm grande influência
no mundo dos negócios.
Eles são os criadores e promulgadores de novas ideias, de ideias-chave.
E
são, assim, as alavancas da mudança para a qual todos devemos estar preparados.
As mudanças são
duras e às
vezes dolorosas, mas
não existe lucro sem luta.
Todos devem dar a sua contribuição; as gerências, pela sua posição,
têm como
missão principal "iluminar o
caminho". Para isso,
devem conhecer bem esse caminho, cada vez mais difícil de trilhar.
A
solução é a aprendizagem permanente. Ninguém deve dizer “Eu Sei!, mas
sim “Eu Estudo”.
Um questionário, pertinente na década de 90, mas ainda válido para
qualquer director-geral, seria, segundo a Business Week:
Você trabalha numa empresa de "aprendizagem permanente"?
O
seu presidente fala de "reprojectar o processo do negócio"?
A "arquitectura organizacional" da
empresa é sólida?
Você é um "competidor baseado no tempo"?
A empresa tem
a preocupação de
aumentar os seus
"centros de
capacidade"?
Eis abaixo uma amostra de novos vocábulos, cunhados pelos gurus do
management.
Todo o gestor moderno deve saber o seu significado e a sua forma de
aplicação.
Aprendizado Permanente
Abordagem conceptual para
a organização do
futuro, engloba a noção
de que a
aprendizagem é fundamental
para o sucesso,
não devendo, nunca, ser
abandonada. A gerência
deve, sempre, procurar aumentar a moldura que encerra o seu
quadro de conhecimentos, evitando a forma
linear de pensamento
e procurando conhecer
a subtil inter-relação entre os
vários elementos que compõem a gestão.
Reprojectar o Processo
Esta expressão designa a forma pela qual um sistema operacional deve ser
radicalmente repensado e
redesenhado, ou reestruturado, sempre que se deseje aumentar a qualidade, a
produtividade ou os resultados.
Insinua uma revisão completa dos cargos e competências, estruturas
organizacionais e sistemas de gestão. O trabalho deveria ser organizado tendo
em vista resultados e, não, as tarefas ou funções. Como cada posição pode
contribuir melhor para o resultado final.
Arquitectura Organizacional
Esta é uma metáfora que força
os gerentes ou director-gerais a
pensarem, de uma forma mais abrangente e
ampla, sobre a
organização em termos
de como conseguir que
pessoas e estruturas,
tanto formais como
informais, consigam encaixar-se sem traumas. Conduz a grupos autónomos
de trabalho e a alianças estratégicas, para resultados comuns.
Competição Baseada no Tempo
Esta frase baseia-se na crença de que tempo é equivalente a dinheiro,
produtividade, qualidade e inovação.
Os seus defensores
argumentam que o
tempo, tal como
os custos, pode ser gerido
perfeitamente, sendo uma fonte de vantagens competitivas, desde que acompanhado
em todos os processos da organização.
Centros de Capacidade
Esta ideia foi
lançada no sentido
de levar as
empresas a identificarem o que nelas é melhor e a
organizarem-se em torno desses centros de capacidade, de forma a, mais
rapidamente, atingirem os seus objectivos, aproveitando a dinamização interna
que daí adviria.
A
estratégia empresarial deveria, então, ser baseada, não em produtos ou
mercados, mas nas capacidades que dessem à empresa acesso rápido aos vários
mercados e que fossem difíceis de imitar pelos concorrentes.
Aos que se iniciam com o desejo de um dia chegarem a cargos de gestão,
aconselhamos a análise e o desenvolvimento do estudo, baseado nos itens que
aqui lhes apresentamos.
INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS DE HOTELARIA
O conhecimento de
métodos, sistemas e
políticas é útil
e necessário em hotelaria, mas
quem desejar vencer nesta difícil profissão deve estar ciente,
também, de que outros
conhecimentos são necessários, sobretudo os de relações
humanas, ou de relacionamento.
Para os ajudar
nesse campo, tão
negligenciado nos nossos
dias, resolvi acrescentar, nesta edição, a minha opinião sobre esta
área.
Espero que os
meus leitores fiquem
satisfeitos com esta
minha decisão e a aproveitem, passando, se Supervisores, estas ideias ao
seu pessoal.
UMA
DEFINIÇÃO DE SIMPATIA
O
Que é ser
simpático?
A
melhor forma de demonstrar simpatia ao cliente é:
·
Mostrar
boa vontade na prestação dos serviços a que este tem direito.
·
Mostrar
interesse nos desejos e necessidades deste, procurando dar colaboração para que
estes sejam plenamente satisfeitos.
·
Mostrar
solidariedade para com os problemas do cliente, ajudando a minimizá-los ou a
solucioná-los, se isto estiver ao nosso alcance.
·
Lembrar-se
que o próprio hotel, como ambiente estranho para o cliente, pode ser uma fonte
de problemas para este, se não lhe for facilitado o conhecimento dos métodos e
sistemas usados, bem como as facilidades de contacto com os vários Setores.
Não adiantará que
os funcionários sejam
sorridentes, informais, amáveis,
delicados e cheios de salamaleques se, no momento em que o cliente precisa de
ajuda, fica sozinho.
Simpatia é Solidariedade, Interesse, Boa-Vontade. Desejo de ajudar.
COMO ACALMAR O CLIENTE DESCONTENTE
Este processo tem três fases ou etapas e é, ao mesmo tempo, um desafio à
equipa, como demonstração da sua capacidade de comunicação.
A tarefa de lidar com um cliente
enfurecido traz, quase sempre, uma sensação de mal-estar ao empregado de hotel.
Mesmo os mais habituados às lides de hotelaria sentem um pequeno frio na
espinha sempre que uma destas situações se apresenta.
Dependendo do carácter
do empregado, do
seu treino e
da sua capacidade de
autodomínio, esta situação
pode terminar mal
para o cliente ou para o hotel,
com a perda de negócio.
O
mal-estar ou o frio na espinha são absolutamente desnecessários.
O empregado deve
ser treinado para
compreender que cada
reclamação se apresenta como uma incomparável oportunidade de ganhar um
cliente (e um amigo) para toda a vida, se ele se der ao trabalho de entender o
cliente e dar satisfação aos seus desejos, para além das suas próprias
expectativas.
Nesse momento, o empregado não pode pensar em lugares-comuns, como:
"ele quer tirar proveito", " ele não tem razão", "não
foi culpa nossa", ou "mas isso vai ficar mais caro para a
empresa".
Vale a pena gastar um pouco de tempo para entender esta estratégia, tão
fácil de aprender
por qualquer um,
de dialogar com
clientes aborrecidos ou zangados.
Corrigir a Falha
Treino constante e dirigido é, sem dúvida, o método mais seguro de dotar
a equipa do conhecimento, saber e habilidades necessários para acrescentar um
valor adicional ao serviço.
Mesmo com treino, cuidado e persistência
haverá momentos em que o equipamento, o produto ou o factor
humano falham, criando um vazio no relacionamento hotel/cliente.
A
maneira de preencher este vazio, que tem, de um lado, a decepção e, do outro, a
experiência do serviço, requer certas habilidades de relacionamento humano
básico e um
real ou profundo
empenho em resolver as coisas de
uma maneira rápida e amigável.
Vamos deter-nos aqui um pouco, analisando o processo de corrigir a falha
(ou preencher o vazio), passo a passo, sem distinguir posições, pois todos os
empregados devem partilhar esta responsabilidade, assumindo a solução dos casos
que chegarem até eles:
Sequência
de acções, na correcção de falhas e solução de problemas.
Concentração
Quando se lida com um cliente insatisfeito ou zangado, a primeira coisa
a ter em conta é que, a partir daquele momento, aquela pessoa, com o seu
problema, passou a ser objecto da nossa preocupação.
A
nossa atenção total deve concentrar-se naquele assunto, até à sua solução
completa, a contento do cliente.
Reconhecimento
O
passo seguinte é dar conhecimento ao cliente (ou deixar que ele reconheça) de
que estamos solidários com ele e que iremos fazer tudo para que o problema seja
solucionado.
Devemos dirigir-nos ao cliente pelo nome. Se o contacto for por
telefone, devemos identificar-nos pelo nome e dizer qual é o departamento e as
funções que nele ocupamos. Devemos evitar passar o problema (ou o cliente) para
outra pessoa, e informar o cliente de que nós seremos o
seu contacto para
este caso, até
à sua total
solução. Deve ser criado no
cliente um forte sentimento de segurança e tranquilidade quanto à solução do
caso.
Resposta
Aquilo que for dito e a forma como for dito são importantes e têm muito
a ver com a reacção posterior do cliente.
Ao falar, devemos transmitir-lhe o nosso real interesse e
comprometimento na solução do problema.
Isto pode ser
feito em duas
etapas. Primeiro, procurar
conhecer bem o problema, descrevendo-o ao cliente nas suas próprias
palavras, para mostrar que o entendemos bem.
Depois, demonstrar ao
cliente que nos
sentimos gratos por ele ter vindo
até nós na sua busca de ajuda. Isto é uma forma de satisfazer o amor- próprio
do cliente.
Hóspedes insatisfeitos precisam
reconhecer que estamos
solidários com a situação que eles vivenciam.
Desculpas
Se o cliente
está a ter
um problema porque
algo correu mal
nos serviços do hotel
o próprio sentimento
de cortesia e
a boa educação exigem que ele receba desculpas pelo
inconveniente. Essas desculpas devem
ser apresentadas pela
gerência, no momento
próprio, mas o empregado que tomar conhecimento deve,
logo, apresentar essas desculpas, em nome de todos que trabalham na operação.
Não esquecer, porém, que pedir desculpas não é resolver o problema. Deve
ser tomada acção imediata nesse
sentido. Evitar encontrar razões e, sobretudo, apresentar essas razões ao
cliente.
Dizer simplesmente: "Lamentamos sinceramente que o problema
tenha acontecido e, em
nome de todos
que trabalham neste
hotel, apresentamos desculpas, esperando que (o cliente) as
aceite".
Nunca atribuir culpas
a outro colega
ou a outro
departamento; os erros são do
hotel. Todos são o hotel. E todos devem sentir-se responsáveis pelo que
acontece nele.
O sentimento de que o que acontece noutro
Setor não tem nada a ver conosco, não deve existir, quando o espírito de équipa
prevalece.
Acção
Movimentar-se rapidamente no sentido da solução do problema.
Ao mesmo tempo, garantir ao cliente que você mesmo assumirá a
responsabilidade, perante ele, pela completa e satisfatória solução.
Se esta solução requerer o envolvimento de outros empregados, ou
departamentos, você mesmo deve coordenar os esforços deles.
Envolver todos os
que forem necessários
no mesmo espírito
de solidariedade e cooperação,
explicando o problema
e solicitando o que
cada um pode,
exactamente, fazer para
resolvê-lo; pedir a
colaboração do seu chefe ou supervisor, até onde ela for necessária e
estabelecer, imediatamente, uma tabela de prazos para a tarefa de cada um dos
envolvidos.
Se você, unicamente e por si próprio, puder desenvolver toda a acção
apropriada, elabore uma
relação do que
precisa ser feito,
e faça-o tão rápido quanto puder.
Acompanhamento
Na fase final do problema, tomar
conhecimento de que todas
as acções necessárias à
solução foram correctamente
conduzidas. Se necessário, contactar
cada um dos
empregados envolvidos nessa solução e verificar se as suas tarefas
foram completadas com sucesso.
Agradecer a colaboração destes e
retribuir, se uma situação inversa se apresentar no futuro.
Verificado que todos os passos foram terminados, entrar em contacto com
o cliente e procurar saber se este está satisfeito com a solução.
Se o erro persiste (ou a solução não é satisfatória), retornar ao início
do processo e refazer todos os passos, agora com mais cuidado, até à completa
satisfação do cliente. Se o cliente disser que o problema está resolvido,
responder: "Estamos satisfeitos por ter podido ajudar. Haverá algo mais
que possamos fazer pelo senhor?"; concluir: "Desejamos-lhe uma boa
estadia no hotel".
Um Processo Contínuo
Resolver problemas dos clientes, mesmo que não tenham relação com o
hotel, deve ser um esforço de equipa,
pelo que um estado de espírito compatível deve estar presente em todo o
estabelecimento, a todo o momento.
O
esforço de equipa deve estar associado a uma boa comunicação interpessoal
interna e a uma preocupação generalizada pelo bem-estar e conforto do hóspede.
Não se deve esperar que os erros ou problemas apareçam para desenvolver
e aprimorar estas técnicas e a cooperação.
O
cliente deve ter sempre a completa e imediata atenção da equipa e ser
cumprimentado calorosamente, de preferência pelo nome.
Esta é, sem dúvida, uma das melhores maneiras de valorizar o serviço,
fazendo o hóspede voltar.
Isto tornará, também, o trabalho mais agradável, para os que desempenham
as tarefas, tornando-as gratificantes.
Todos sairão a ganhar.
COMO GERIR CONFLITOS INTERNOS
Nem todas as querelas são devidas a conflito.
Mas, quando o conflito existe, cabe ao director-geral resolver a
situação.
Qualquer um que dirija pessoas descobre, mais tarde ou mais cedo,
que conflitos entre
empregados e motivação
entram no campo
da actuação do supervisor ou do director-geral.
O nível do
desacordo, ou da
falta de acordo,
pode variar, indo
de simples diferenças de opinião até longas divergências sobre complexas
decisões de importância vital.
Muitos supervisores tratam
esse tipo de
problema seja "dando
um tempo", esperando que a "coisa arrefeça", seja
deixando que ela se "resolva por si própria". Ambas as fórmulas podem
conduzir a problemas maiores, pelo que
a melhor saída
será, sempre, enfrentar
a situação como
ela merece e solucioná-la.
O
primeiro passo será conhecer bem as características dos conflitos e problemas
de motivação, de forma a poder solucioná-los com eficiência.
Normalmente, as gerências procuram evitar o conflito, baseadas no
princípio de que ele perturba e quebra a harmonia da organização.
Uma visão mais realista, porém, é aquela que aceita o conflito como algo
inevitável e que, em alguns casos, produz efeitos positivos e pode ser
saudável, desde que tratado correctamente e debatido com espírito aberto e sem
desconfianças.
A
melhor forma de manter as linhas de comunicação sempre abertas é
aprender a reconhecer
o conflito durante
a sua incubação
e durante o seu desenvolvimento.
Não se deve presumir que qualquer desavença entre empregados é resultado
de um conflito.
Um stress temporário
pode levar pessoas,
normalmente cooperantes, a gritar
com um colega ou a bater com a porta ou equipamento, às vezes, até, a criar uma
briga indesejada.
Esse tipo de
extravasão termina sempre
que a intervenção
do supervisor é
necessária, e o
empregado acaba por
apresentar as suas desculpas de moto próprio.
Por outro lado, se a tensão e o conflito se transformam em norma e o
director-geral se vê na situação de pensar "lá estamos nós de novo",
então é o momento para ele próprio se envolver e ajudar a resolver a situação.
Bases para Negociação
Para o sucesso
da negociação é
necessária muita franqueza,
abertura e cooperação,
em doses certas
e combinadas. Com
franqueza e abertura, o
director-geral pode sentar-se com os envolvidos e levantar o problema sem
reservas. Com cooperação, pode-se trabalhar em conjunto, para encontrar uma
solução. Com respeito e confiança mútuos, não há problema que "uma boa
conversa não resolva".
Uma maneira cautelosa
de abrir negociação
com dois empregados que se enfrentam pode ser a de
dizer: "tenho verificado, ultimamente, que algo diferente está a acontecer
entre vocês; ambos merecem a minha consideração e o vosso trabalho, que eu
sempre apreciei, está a ser afectado. Aconteceu alguma coisa sobre a qual vocês
possam conversar comigo, ou que eu possa saber?".
Escolha um local de reunião onde não seja interrompido, enquanto
conversa sobre o conflito.
Encoraje ambas as partes a que sejam francas e abertas, e ouça
atentamente o que ambas têm para dizer.
Não demonstre, em momento
algum, maior simpatia por
qualquer uma das partes.
Durante a negociação, procure conduzir as coisas para uma saída honrosa para
ambos os conflitantes. A isto convencionou-se chamar solução "ganha-ganha".
Normalmente, pensamos que, numa solução de conflito, há sempre o
ganhador e o perdedor.
O problema com
a saída "um
ganha-outro perde" é
que o conflito fica só meio resolvido.
Com a saída "ganha-ganha", o conflito é resolvido de uma
maneira em que ambas as partes podem conviver com o resultado. Isto é mais
positivo e previne a possibilidade de o problema acontecer de novo.
O
director-geral pode ver-se na
necessidade de trabalhar
com emoções mais ou
menos profundas para
chegar à raiz
do problema. Não deve deixar que essas emoções o
impressionem.
Deve usar a empatia para ajudar os empregados a expor e extravasar os
seus sentimentos. E
frases como: "você
talvez esteja a
sentir-se zangado (ou aborrecido,
ou magoado) com
tudo isso" ou
"talvez este seja o seu
ponto de vista".
Desde que os
empregados consigam expressar
livremente os seus sentimentos, eles começam a ficar menos
magoados ou aborrecidos e, após a descarga emocional, é possível com mais
facilidade começar a análise dos factos.
Resolver o Conflito
Depois de ouvir os dois
lados da história,
o director-geral pode
indagar dos próprios empregados
o que eles
gostariam que ele
fizesse para ajudar a resolver o
problema. Muitos supervisores cometem o erro de dizer aos
empregados o que
eles devem fazer,
esquecendo-se que a principal responsabilidade de
resolver o conflito
pertence às partes envolvidas. Permitir que eles
encontrem uma solução, não-imposta ou não-forçada, abre espaço para o seu
comprometimento no resultado e ajuda a criar um auto-respeito de consequências
frutuosas.
Diga que "espera
que cada pessoa
faça, da sua
parte, o possível para resolver o problema".
Pode também sugerir
que, se eles
quiserem ouvir a
sua sugestão, você terá
algo pronto que
pode ajudar. Diga-lhes
que, da sua
parte, está pronto para
colaborar na implementação
do plano e
informe-os de quais são as suas condições, no caso de se envolver.
Estabeleça um prazo para encontrar a solução definitiva e um modus
vivendi durante esse prazo.
Dependendo das pessoas e do
tipo de conflito,
isto pode ser
feito verbalmente, ou através de acordo escrito.
Se as partes
acharem necessário, marcar
uma nova reunião
deacompanhamento, para verificar como o plano está a funcionar.
PROBLEMAS
DE MOTIVAÇÃO
Se constatarmos no
dia-a-dia que os
empregados vão girando
sem motivo, atentos a
mais do que
o seu trabalho,
ou arrastam os pés
(fazem durar o
trabalho), poderemos deduzir
que nos encontramos perante um
problema de motivação.
Atrasos frequentes ou
faltas ao trabalho são
outro sinal claro
de um empregado
desmotivado. Igualmente, frases
como "estou aborrecido" ou "não tenho responsabilidade
nenhuma" são sinais desse estado de espírito.
Um problema de motivação é um conflito interno - conflito, dentro do
espírito do empregado.
Esse tipo de
problema ocorre quando
os empregados não
estão satisfeitos com o seu trabalho, ou quando não entendem, ou não
concordam, com os objectivos da organização.
Se os problemas
de motivação ocorrem
com muita frequência
em determinado departamento, algo pode estar errado com a chefia ou
gerência da área. Se ocorrem por todo o hotel, é o momento de repensar e
analisar bem o problema. E várias perguntas ocorrem.
Os empregados estão
a ser bem
informados das suas
metas e têm retorno sobre a sua performance?
Os cargos e as responsabilidades estão bem definidos?
Os
empregados têm retorno sobre os resultados de seu trabalho?
Os empregados têm apoio e reconhecimento dos seus superiores?
Existe um ambiente de participação e um clima de cooperação dentro do
estabelecimento?
Os
seus funcionários, são reconhecidos
independente de hierarquias?
Eles têm liberdade para corrigir um erro detectado, sem precisar de
autorização do supervisor?
De acordo com as respostas, acções devem ser tomadas para corrigir o
problema.
A CULTURA DA EMPRESA
As
gerências médias, chefias e
supervisores têm um grande papel na cultura de qualquer empresa, pois, se é
certo que as directrizes de funcionamento vêm da direcção, a cultura é
desenvolvida no convívio do dia-a-dia entre pessoas. Para os que se
interessarem pelo problema, diremos que cultura de empresa é:
-
O sistema de atitudes ou modo de agir.
-
Os hábitos ou costumes.
-
Os valores espirituais ou materiais de
grupo.
-
O esforço colectivo para o desenvolvimento do estado intelectual, artístico ou
de conhecimentos.
-
A libertação do espírito, pela absorção
desses conhecimentos.
Por outro lado, a sua influência
nessa cultura (ou modificação
da cultura existente, substituindo-a por outra) deve ser objecto de
decisão pessoal; uma atitude
voluntária, fruto de
uma avaliação ponderada, como, aliás, devem ser todas as
decisões de gestão ou de chefia.
Porque esta sempre foi a nossa filosofia neste campo, achamos que os problemas
a este nível de hierarquia não podem nunca ser apresentados como uma
norma a seguir,
mas, através da
clara definição das opções possíveis, deve-se deixar que a
escolha do caminho que mais interessa tomar seja decidida por avaliação pessoal.
Todos preferem, como é óbvio, o melhor caminho.
Apresentamos a seguir dois tipos de Cultura de Empresa.
Numa Empresa de Boa Cultura
O espírito de equipa sobressai
sobre todas as coisas. Ele gera
corresponsabilidade.
A
opinião das pessoas que fazem parte dos escalões mais baixos é levada em
consideração.
Indivíduos e grupos
divergem entre si,
de uma forma
saudável e leal, visando
objectivos comuns.
Trabalha-se à vontade e com confiança.
As pessoas, geralmente, sabem o que é, e o que não é, importante para a
empresa.
As pessoas falam à vontade sobre
os problemas detectados,
todos se sentindo envolvidos.
Aceita-se a colaboração como algo que pode ser útil.
As tomadas de decisão são pautadas por competência, responsabilidade,
informação e oportunidade. (nunca pelo nível hierárquico)
Os sentimentos pessoais
são levados em
conta, mas não
afrontam opiniões contrárias.
As pessoas unem-se e cooperam para resolver as crises internas.
Numa Empresa de
Cultura Duvidosa
Os directores departamentais ou os Supervisores
sentem-se sós e
perdidos, pois as normas e procedimentos raramente são
executados como previsto.
A
capacidade de julgamento das pessoas não é respeitada.
As pessoas ficam
a competir entre
si, em vez
de colaborarem.
Recusam ajuda e também não a dão.
Todos se criticam.
O relacionamento é
contaminado por jogos
de bastidores e todos se temem.
Os chefes exigem
sem explicar. Não
treinam, mas não
admitem falhas. Todos veem as coisas erradas, mas ninguém faz nada quanto
a isso. As falhas e os problemas são ignorados ou esquecidos.
O
status e a hierarquia são mais importantes que a resolução dos problemas.
Os conflitos desembocam em discussões sem solução, por falta de
competência e de respeito entre as partes.
Evita-se a troca de informações e a valorização de pessoas.
Ninguém ousa pensar. Os chefes mandam e os outros obedecem.
Que cada um escolha a sua Cultura!
COMO OS OUTROS
OBTÊM ÊXITO?
Incentivar
as tropas sempre
foi um bom método para
os grandes generais.
O
director-geral também pode usar este processo, aproximando-se dos seus funcionários,
mesmo dos menos
qualificados na hierarquia, ouvindo-os e
encorajando-os a fazer
melhor. É bom
que o director-geral lhes venda a ideia de que os
empregados da linha de frente podem ter uma grande influência na imagem e na
rentabilidade de qualquer unidade, ou de qualquer rede de hotéis, pois as
unidades são, no fundo, vasos comunicantes.
Uma das maiores tarefas da equipa de gestão, supervisores e recursos
humanos deve ser a de incutir no pessoal o sentimento de orgulho e
satisfação pela empresa
onde trabalham. Este
sentimento de orgulho está directamente ligado ao sucesso
financeiro, à rentabilidade e ao prestígio junto do cliente, bases do
"crescimento" de qualquer empresa.
Procure simplificar todos os processos. Simplicidade conduz a maior
eficiência e a
menor esforço. Simplifique
também o processo
de mudanças. Simplifique, até, o
processo decisório. Veja o que os funcionários podem decidir e incentive este
processo.
Os empregados têm receio de tomar decisões, porque nunca foram
habituados a isso.
Tal acção sempre
lhes foi proibida
ou nunca foi incentivada. Para reverter a situação,
devem ser usados seminários, dirigidos a todo o pessoal, ajudando-os a
identificar as necessidades do cliente e a buscar a melhor maneira de
solucioná-las. Veja o que dizemos em “Delegação” noutra parte deste livro.
Cuidado porém, isto não quer dizer que todos podem alterar as ordens recebidas
ou os regulamentos. Mas apenas não ter receio de decidir perante um imprevisto
acidental, sabendo explicar as razoes da sua decisão, para resolver o problema.
Programas de gestão e
liderança são óptimos
para incentivar as chefias e os supervisores.
Os empregados chamados "invisíveis", por não estarem em
contacto com o cliente, também devem ter o
seu esforço reconhecido
(vendas, administração, compras, etc). Devemos lembrar
sempre que o
cliente, tal como
o funcionário, também gosta de
ser reconhecido e espera isso. A amizade e a fidelidade podem começar com esse
"reconhecimento".
ALGUMAS OPINIÕES
Ninguém sabe tudo
sozinho. Mas, todos
juntos poderemos saber
mais. Isto é um lugar-comum.
Partindo desta premissa,
uma das boas
formas de fazer
evoluir os nossos conhecimentos
e formar a
nossa opinião, é
conversar com os outros. Saber o que eles pensam, quais as
suas novas abordagens para velhos assuntos e quais as suas experiências que
deram certo.
Dentro do possível,
estamos a passar
uma colectânea de
opiniões, recolhidas nos nossos contactos, que achamos que podem ser
úteis.
Esta década pertence
ao pessoal de
"operação".
Executivos perspicazes e
criativos na área
de quartos, recursos
humanos, marketing e A&B têm um grande momento para
demonstrar as suas capacidades e podem ser extremamente úteis às empresas onde
se encontram.
Com tantas opções oferecidas à clientela, o ponto de diferenciação entre
hotéis é "serviço". Da forma como esses executivos encararem o
desafio, da sua
atitude perante as
necessidades e da
sua acção para impor as directrizes, depende o retorno
continuado da clientela.
O
alto preço é, muitas vezes, apontado como desculpa para a baixa ocupação do
hotel.
Mas a clientela pode, até, escolher um hotel mais caro, se achar que o
preço é compatível com o produto.
"Os que trabalham na operação, podem acrescentar valor à estadia do
cliente no seu hotel".
O treino não
deve parar, após
os 15 ou
30 dias estabelecidos
pela empresa como período de orientação do novo empregado.
Colegas da área de A&B usam métodos de treino, tais como:
-
20 minutos de sessão, antes de cada turno de trabalho, como forma de refrescar
as aulas dos meses anteriores.
-
Duas horas por semana, para discussão de novos assuntos e para nova
aprendizagem.
-
Uma semana a cada seis meses para repisar todos os assuntos que interessam ao
sector.
O
fax (ou e-mail) pode ser uma forma de fazer amigos ou inimigos.
Um colega hoteleiro
teve uma desagradável
experiência com uma agência de viagens americana, ao enviar
informações por fax, sem ter sido
solicitado. Recebeu como
resposta. "Nunca mais
reservaremos o seu hotel. O nosso
papel de fax custa dinheiro, não podemos lançá-lo à toa no cesto do lixo".
Em tempos de crise, todos evitam despesas. é
bom pensar antes de tomar certas decisões. Se "estar em contacto com o
cliente é de importância vital para o negócio" é também muito importante
saber "qual é a melhor forma de manter esse contacto". Neste caso,
talvez o correio tivesse sido a melhor solução.
A antiga maneira de pensar o negócio pode estar ultrapassada.
Todos os hotéis,
na sua área,
devem ser considerados
possíveis competidores. Hotéis de três estrelas estão hoje a trabalhar
com clientes que, no
passado, eram de
cinco estrelas. Nunca
devemos tomar a lealdade do cliente como garantia,
mantendo-nos sempre alerta.
Mas alguma coisa
da antiga maneira
de estimular o
negócio ainda vale e deve ser
mantida: relacionamento pessoal com a clientela; amizade estabelecida para
durar; criação no cliente de confiança e lealdade, para além da amizade.
Nada melhor para
a amizade e
a confiança do
que uma conversa descontraída e
agradável. Nada funciona
melhor do que
tratar bem o cliente e dizer-lhe com honestidade "é
valioso para nós; obrigado por continuar a honrar-nos com sua escolha".
A
simpatia do pessoal não se consegue com treino ou com a emissão de memorandos.
Simpatia é um estado de espírito, não uma predisposição.
Ninguém é simpático porque quer, mas porque se sente bem. Algumas
pessoas são antipáticas por natureza, mas a maioria, não.
A
melhor forma de conseguir simpatia é criar um bom ambiente de trabalho,
facilitando o relacionamento, facilitando as tarefas, minimizando o esforço e o
sacrifício dos funcionários. Não precisamos ceder em qualidade ou em
disciplina; apenas precisamos
de tornar mais
fácil a obtenção das metas
desejadas e recompensar com o reconhecimento.
O
cliente, qualquer que seja o seu aspecto, temperamento ou grau de exigência
deve, sempre, ser tratado com o mesmo nível de consideração.
O
cliente é um amigo.
E
um amigo, trata-se bem.
O
sistema de informação é muito importante para o resultado final da qualidade.
O
chamado "controlo estatístico do processo" nem sempre produz o
resultado esperado, porque as pessoas envolvidas não estão suficientemente
preparadas para um bom uso dessa ferramenta.
Num bom sistema
de qualidade total,
a informação deve
chegar a todos, criando
impacto e incentivando
acções, pois a
qualidade tem muito a ver com o
conhecimento e a responsabilização.
O primeiro passo
para a qualidade
é o reconhecimento de que a qualidade dos serviços é determinada pelos
funcionários que os prestam e pela
necessidade do envolvimento
deles nas decisões
tomadas para a melhoria da qualidade.
O
objectivo principal para conseguir a simpatia e eficiência do pessoal em
relação ao cliente deve estar focado no treino dos funcionários para assumirem
maior responsabilidade na solução dos problemas, ao invés de serem vitimados
por eles.
A
melhoria de qualidade deve ser uma estratégia contínua, difundida na
organização. Ela requer mudanças nas prioridades corporativas, educação,
sistema de gestão participativo, etc.
A
política deve ser clara, simples e aplicada a todos na organização, com um bom
plano de comunicação interna.
As
vantagens trazidas por um bom plano de qualidade podem ser anuladas se este não
for devidamente monitorado. Alguns dos perigos são:
-
excesso de procedimentos, em detrimento da flexibilidade.
-
excesso de normas, prejudicando a criatividade.
- dependência grupal, em detrimento da
iniciativa individual. (Cuidado
neste ponto -
o espírito de
équipa é muito
importante, mas o esforço individual também deve ser
reconhecido).
Todos os processos de medição da melhoria da qualidade são orientados
para avaliar a satisfação do cliente.
Mas a simpatia do pessoal só vem com a satisfação deste.
Será bom começar a estudar os processos de medir, paralelamente, a
satisfação dos funcionários e o seu envolvimento com a qualidade.
A
responsabilidade de quem administra consiste em prever, planear, organizar,
delegar e controlar (ou supervisionar).
De todas estas tarefas, delegar é a mais importante. Mas é preciso saber
delegar. No entanto, a supervisão geral não deve nunca ser delegada.
"Delegar"
significa preparar convenientemente para
a tarefa, explicando em que é que ela consiste e quais
os resultados esperados. Manter um feedback
constante, assegurando a
correcção de desvios, caso
existam. "Delegar" também significa conceder autoridade
e recursos para a execução.
O
aumento do poder decisório dos empregados é um método efectivo de melhoria da
qualidade do produto e dos serviços.
QUALIDADE - O GRANDE DESAFIO
A
garantia de qualidade
alcança-se através da
conjugação de uma série de factores que, uma vez
trabalhados a partir do que se convencionou chamar "gestão da
qualidade", permitem pressupor a obtenção de resultados positivos no item
qualidade de serviços.
Os itens a aproveitar, a trabalhar, ou a desenvolver são:
-
Habilidades do comportamento humano.
-
Inteligência das pessoas.
-
Métodos e sistemas.
-
Comunicação.
-
Desenvolvimento organizacional.
-
Planeamento da gestão.
-
Treino.
Uma vez desenvolvidos, incentivados
e postos em
funcionamento harmónico, estes factores complementam-se, para sustentar
um tipo de organização direccionada para conseguir:
Consistência de Procedimentos e Padrões
Individuais
Consistência de Procedimento
Que
a pessoa que
faz certo uma
vez, se sinta
predisposta a fazer sempre certo.
Padrões Individuais
Aqui, "padrão" tem o significado
de modelo.
Que cada um se sinta responsável ou
predisposto a passar aos outros o seu
exemplo ou a sua imagem,
através de um
comportamento padrão ou de uma positiva consistência de procedimentos.
Não
se podem padronizar
pessoas, mas as
pessoas têm tendência a copiar o que acham certo ou
aquilo de que gostam, desde que isso não lhes seja imposto.
A RELAÇÃO DE PREÇO/VALOR
Um Mito Que
Interessa Esclarecer
Entre as
muitas definições de
"qualidade", uma delas
é citada com frequência como sendo a que melhor a
define para efeitos de análise.
A qualidade é a relação entre "valor
recebido, pelo dinheiro pago".
A base fundamental desta asserção é que a
"qualidade" está presente quando o cliente recebe o "valor
correspondente ao seu dinheiro".
Mas quem decide o valor do dinheiro? Ou do
serviço recebido?
Será que o recepcionista do hotel de
100 euros de
diária deve ter melhor
actuação do que o de 25 euros? Ou
será desejável que,
nos dois, simpatia e eficiência existam na mesma proporção?
E o empregado de mesa? Talvez, num deles, o
empregado de mesa sirva com luvas
e baixelas de
prata, enquanto, no
outro, tudo é mais
simples. Mas não terão
os clientes, em
ambos os casos,
direito a um sorriso e alguma atenção?
Se o cliente pede para ser acordado às 7
horas da manhã, faz alguma diferença de quantas estrelas é o hotel?
Parece-nos que não. Em ambos os casos, o
telefone deve tocar às 7 horas, precisamente.
O ponto principal que queremos deixar claro,
é que muitos elementos do produto e do serviço não estão relacionados com o
preço e, os que estão, tais como tamanho
do quarto, que se espera
"maior" num hotel mais caro ou "menor" no hotel barato, são
também subjectivos.
Podemos concordar que o mercado estabelece a
relação preço/valor.
"Aquilo
que fornecemos deve
corresponder ao valor
cobrado, de forma a que os
clientes desejem voltar, mantendo a nossa ocupação e, se a
concorrência oferecer mais,
devemos estar atentos,
evitando que os clientes
mudem".
Esta generalização nem sempre é verdadeira.
Muitos bons empregados de hotelaria poderiam explicar-nos a razão por que
estabelecimentos mais velhos, menos equipados e com menos facilidades,
conseguem mais sucesso do que outros, mais modernos e bem guarnecidos.
Em alguns casos, pode ser o preço, noutros,
pode ser a localização ou hábito, mas a grande razão será
"fidelidade".
Em todos os casos, porém, o sucesso do
"mais velho" ou "menos equipado" será devido a "alguma
coisa" que o cliente nota e o satisfaz, muito para
além do "mais
isto ou mais
aquilo". Invariavelmente
esse "alguma coisa" é "qualidade do atendimento".
É
importante estarmos sempre
conscientes da relação
preço/valor, mas nunca devemos pensar que esta, por si só, é a definição
de "qualidade", porque tanto
"preço" como "valor" mudam
com a atenção
a determinadas características ou com a avaliação de quem os está a
julgar, carecendo, portanto, do consenso universal necessário para definir
"qualidade".
Uma opinião sobre
Ecohotel
Usando o
conceito seguido para classificar o Ecoturismo, muitos hotéis se denominam hoje
como ecohotéis, por oferecerem aos hóspedes práticas ou atrações voltadas para
a Natureza. É importante no entanto considerar, que o verdadeiro Ecohotel
não é o que utiliza a Natureza para os seus fins, mas sim o que completa o seu
ciclo de serviços de uma forma ecológica, através de uma exploração sustentável
da Natureza, usando tanto quanto possível:
- A
prática de não utilizar produtos químicos nocivos ao meio ambiente.
- A
energia solar e aeróbica.
- Os
dejectos, tanto humanos como de animais, para produção de gás de consumo.
- A
incineração controlada dos lixos.
- A
preservação dos mananciais, lagos, rios e costas.
- A
preocupação com o consumo da água, e a reciclagem desta, tanto quanto possível.
- A
proteção da atmosfera, evitando excesso de gases, ou incinerações
descontroladas.
- A
proteção do habitat natural de espécies que eventualmente partilhem os espaços
ocupados.
- A
proteção de florestas ou vegetações nativas.
- A
partilha de esforços e conhecimentos, com as populações que eventualmente
ocupem a região e nela busquem a sua sobrevivência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário