domingo, 19 de março de 2023

 

COMO GERENCIAR UM RESTAURANTE- 5

 


 Os SERVIÇOS DE APOIO

 Convencionou-se chamar restaurante, a sala de refeições de um hotel.

Mesmo nos estabelecimentos independentes, ao falar-se no restaurante a nossa mente liga a palavra, à área onde o público é servido, isolando-a do resto.

Para mim, restaurante é todo o conjunto de serviços que proporcionam refeições aos clientes, os quais se dividem em:

           Sala

          Bar

          Cozinha e Confeitaria

          Copa

          Cafetaria / Cave do Dia

          Almoxarifado, Despensa e (ou) armazém

 Estas são as secções em que se subdividiria uma unidade independente. Num hotel, podemos ainda acrescentar o Room Service (serviço de refeições nos quartos) e os salões de Convenções.

Este conjunto de serviços é usualmente designado por A&B (alimentos e bebidas) para o distinguir do serviço de quartos.

 Sala e bar são os locais de venda

Cozinha, Confeitaria e Cafetaria  são os locais de produção

Copa, Cave de Dia e Despensa, departamentos de apoio.

 


Cozinha/ Copas/ Confeitaria

 A seleção do equipamento de cozinha, bem como o tipo e capacidades, que mais se adaptam às necessidades de uma operação, bem como o desenho e distribuição dos circuitos para que tudo funcione perfeitamente, são fatores extremamente importantes no sucesso de uma operação de restaurante.

Os objetivos de um planejamento moderno de cozinha, devem ter em conta:

           Boa preparação dos alimentos

          Serviço rápido e eficiente

          Mínimo de pessoal possível

          Altos níveis de higiene e sanidade

          Controle  adequado das mercadorias

          Bom equipamento de frio

 Os elementos básicos que devem ser determinados, antes de qualquer decisão sobre equipamentos (e já afloramos este assunto anteriormente) são:

           Tipo de serviço desejado

          Composição da carta

          Número de lugares

          Clientela potencial (tipo de clientes)

          Período de maior procura

          Horas de operação (duração dos períodos)

          Se a Confeitaria será feita, ou não, nas instalações (ou fora).

          Posicionamento de entrada de mercadorias

          Posicionamento das saídas de alimentos (vulgo “roda”)

          Localização dos locais de lavagem e seu dimensionamento

          Localização da despensa e seu posicionamento

 Uma vez clarificados os pontos acima, pode iniciar-se o trabalho de distribuição e final planejamento da cozinha, com muito mais certezas e melhor conhecimento das áreas a atribuir aos vários itens.

Neste estágio, é sempre necessário que o arquiteto tenha a colaboração de quem conheça a operação do restaurante, para ajudar na distribuição de áreas. Essa experiência é necessária para bom planejamento dos vários circuitos, pessoal. clientes e mercadorias sem se cruzarem, bem como das localizações dos vários equipamentos e áreas de trabalho, dando a todas elas, condições equitativas de bom funcionamento, seguindo o fluxo normal: recebimento de mercadorias; armazenagem (nas câmaras, na despensa do dia, ou outros locais de utilização); despacho; preparação; saída para consumo.

A menos que se tenha uma grande familiarização, com a forma como decorrem os serviços de “retaguarda”, é sempre possível esquecer ou descuidar pontos importantes para o fluxo correto dos mesmos.

Quantas vezes, num restaurante bem concebido e excelentemente decorado, o arquiteto descurou espaço para as áreas de preparação e armazenagem de géneros ou, se este existe está inconvenientemente localizado.

Quando todos os técnicos se juntam desde o início da planificação, é possível localizar a contento, colunas; esgotos; canalizações; pontos eléctricos; escadas; elevadores ou outros itens que, na maior parte das vezes, em nada prejudicam o “esquema arquitectónico”, ou a decoração, em razão da sua localização, mas irão facilitar imenso, no futuro, o transito ou a qualidade do serviço prestado, bem como o esforço do pessoal que o providencia.

Após a especificação do material e a sua localização é importante também calendarizar as entregas, de forma a que o fluxo de chegada dos equipamentos, coincida com o avanço da obra, de forma a que esta não seja prejudicada por atrasos de entrega, mas evitando também que os equipamentos cheguem cedo demais, sofrendo as consequências de uma permanência longa, em locais onde a poeira abunda e as pancadas são inevitáveis, com encurtamento da vida útil dos aparelhos.

Cada projeto tem suas dificuldades e peculiaridades, sendo sempre pouco, o espaço atribuído nas construções para as cozinhas e serviços de apoio. Por essas e outras razões, a discussão prévia em reuniões abertas para o efeito é muito aconselhável.

Entre os conhecimentos desejáveis ao técnico, estão as várias atribuições de espaço, de acordo com as necessidades de serviço  

 


       

Almoxarifado

 Planta de um Restaurante

m2 total de espaço, por cada lugar de cliente desejado

Restaurante Tradicional      4 a 5 m2

Coffee Shop – serviço de mesa    3.5 a 4 m2

Serviço de balcão        5 a 6 m2

Cafetaria    4 a 5 m2

Banquetes 2,5 a 3 m2

 


Planta de uma área de Serviços de apoio

 


 

 

domingo, 12 de março de 2023

 

 COMO GERENCIAR UM RESTAURANTE - 4

 

CUSTOS, COMPRAS E ESTOQUES

 Entramos numa postagem anterior, em contacto com as estatísticas e os rácios (ou percentagens).

Estatísticas são a forma prática de agrupar informação, de uma maneira ordenada e utilizável.

Ou por outras palavras, é a forma de transformar fatos, em números, reais, euros (escudos), ou centavos.

Por exemplo: em vez de:

 Mesa   1  = 4 almoços  = R $ 360.00

Mesa   4  = 3 almoços  = R $ 270.00

Mesa 10  = 5 almoços  = R $ 450.00,   Etc., etc.,

 Estatisticamente diremos: 12 almoços, com um total de R $ 1080.00 e, uma média de consumo de R $ 90.00.

Muita informação foi agrupada, para chegarmos a estes números finais, o que corresponde a estatística.

Mas, R$ 90.00 por pessoa, será uma boa ou má média de venda? Um custo de 20% será uma boa, ou má média de custo? Bom ou mau é relativo e para se responder a estas questões, uma comparação é necessária. Esta comparação, pode ser feita com as nossas vendas do mês anterior (já falamos disso antes), ou a venda de um outro, ou outros colegas.

Como comparações absolutas são difíceis, pois os estabelecimentos variam entre si, sendo raro encontrar dois absolutamente iguais, para que essa comparação possa ser feita com maior confiabilidade, precisamos encontrar  uma forma de expressar números, correlativamente.

Esta correlação de números chama-se, rácio (do inglês ratio) ou percentagem. Facilita a comparação e a troca de informações, pelo que é usada internacionalmente na análise de resultados.

É necessário estar precavido contra o uso indiscriminado dos rácios, pois eles apontam um resultado, mas não contam a história. E pode ser interessante conhecer, o histórico desse resultado.

O rácio serve de guia, mas por si só, não nos conduz a conclusões lógicas e seguras.

Sendo, em certas ocasiões, uma óptima fonte de informação e, alertando o responsável para a necessidade de uma observação mais cuidadosa, a função do rácio estará totalmente preenchida, quando, através de uma observação cuidadosa, no sector para o qual, a sua atenção foi alertada, o gestor verifica, as razões das divergências apontadas, o rácio prova, a sua importância, como instrumento de gestão se bem manejado. Resta ao gestor, tomar as suas providências.

Citamos o exemplo de um gerente de restaurante, a quem o balancete mensal indicava uma queda súbita e substancial na percentagem de artigos de limpeza, em relação às vendas de comidas e bebidas. Como as vendas não haviam aumentado e o preço das mercadorias se mantinha estável, foi posta a hipótese de desvio anterior, que parara com a mudança de equipe. Mas, a equipe era a mesma.

Depois de muitas pesquisas, chegou-se à conclusão que, como resposta a um apelo à economia, a equipe de lavagem cortava, drasticamente, o consumo de detergentes nas máquinas, para corresponder ao apelo.

A economia tinha sido feita, mas a louça começava a ficar encardida, com risco de não satisfazer a clientela. Tudo foi reposto nos devidos lugares, graças à boa análise do rácio e pronta intervenção do responsável.

É comum num hotel, analisar-se a percentagem de vendas dos departamentos de alimentos e bebidas, ou outros, em função do número de quartos ocupados, ou do volume de vendas de quartos.

Isso permite avaliar, como todos os sectores estão tirando partido da ocupação dos quartos, ou até que ponto esta influencia a venda desses sectores,

Relacionando os custos ou os lucros das vendas departamentais, obtém-se uma vasta série de rácios valiosos, tais como: custo de salários ou salários e outras despesas do pessoal, em relação às vendas (índice de produtividade); custo de qualquer outra despesa, em relação às vendas; rácio do lucro líquido em relação às vendas, etc.

Um dos casos especiais que nos interessa analisar, é o rácio (ou percentagem) normalmente apresentado como custo de alimentação (ou bebidas), o qual se obtém  como explicamos adiante.

 CUSTO DAS MATÉRIAS PRIMAS DE ALIMENTAÇÃO OU BEBIDAS VENDIDAS

VENDAS DE ALIMENTAÇÃO (ou bebidas)

 Quando o gerente de alimentos e bebidas, afirma ter conseguido, um custo de 20% em comidas, é a este rácio que ele se refere.

Os inventários são outra fonte importante de informação, para o bom andamento do negócio.

São necessárias, quantidades razoáveis de alimentos e bebidas, para fazer andar o negócio, tendo em conta que uma súbita procura pode acontecer. Mas, quantidades excessivas não são aconselháveis, pois além de representarem capital imobilizado, ocupam espaço e tomam tempo para o manuseio, controlo e verificação periódica, das suas condições de consumo.

Embora em alguns casos, possa parecer interessante comprar um pouco mais, para beneficiar de melhor preço, o resultado final será sempre de desperdício.

O rácio, através do qual se analisa a “rotação de inventário” expressa a relação entre:

 CUSTO DAS COMIDAS OU BEBIDAS CONSUMIDAS

MÉDIA DE INVENTÁRIO DE COMIDAS (ou bebidas)

 Não existem médias de rotação definitivamente estabelecidas, pois isso será sempre uma decisão de gerência. No entanto, a rotatividade de bebidas pode ser estabelecida entre 4 a 12 vezes ao ano e de comidas, entre 30 e 50. A abertura que apresentamos, dá para cobrir todos os tipos de decisões. A mais baixa, estabelece o limite, abaixo do qual é perigoso em termos de valores parados. A mais alta, o valor acima do qual, é bom verificar se a mão de obra necessária, não começará a pesar  nos valores economizados. Mas pode ser até que valha a pena. É mais um desafio à gerência e à sua capacidade de análise.

São vários, os fatores que podem influenciar uma taxa baixa na rotação de mercadorias; grande distância dos centros de fornecimento; dificuldade nas entregas (ou em prazos fixos); grandes facilidades de armazenamento e, compra a baixo preço, são alguns dos mais vulgares.

No entanto, uma baixa rotação de inventários, pode significar má técnica de compras, com deterioração e prejuízo ou até, prática fraudulenta de compras.

Refrigeração inadequada e falta de espaço, podem ser fatores de alta rotação de inventários, mas um Ecónomo ou um almoxarife demasiado prudente, que mantém os estoques baixos, mas não satisfaz os desejos da clientela, conduz ao mesmo resultado.

O balancete de resultados, mais do que uma folha de balanço é um informativo de gerência.

Entre os rácios mais importantes nesse balancete e aqui já falamos em termos de restaurante de hotel, estão os do sector de alimentação e bebidas. A relação entre vendas de comidas e venda de bebidas é tão importante, como a venda de comidas em relação á venda de quartos.

 VENDAS DE ALIMENTAÇÃO X VENDAS DE QUARTOS (análise para Hotéis)

 Ambos os rácios atrás indicados, indicam a interdependência dos departamentos de produção entre si.

Os rácios do custo de alimentos e bebidas, são os mais comuns e os mais avidamente analisados, nos balancetes de resultados, pelas razões que já apontámos.

As grandes alterações verificadas na laboração e nos métodos na preparação de alimentos, trouxeram alterações à análise do fator de custo de mão de obra, versus custo de matérias primas.

Um restaurante usando produtos pré-preparados, pode aumentar o seu rácio de matérias primas, mas vai baixar o seu custo laboral, visto que esse tipo de produto exige menos pessoal e menos técnica, logo pessoal menos qualificado.

Verificamos assim, que o rácio do custo laboral é importante e deve ser analisado, sempre em conjunção com o custo primário (ingredientes de produção).

Porém, ao analisarmos o custo final no fim do período, seja este, mês ou semana, não podemos deixar-nos enganar, pretendendo que todos os pratos, tenham a mesma margem de lucro.

O custo e o preço de venda de cada prato, deve ser analisado caso a caso, para evitar exageros, colocando-nos fora do mercado.

Por exemplo: um guisado que se vende por R $ 22,50 e custa R $ 4,90, tem um custo de 20% e um lucro de R $ 17,60.

Mas um bife que se vende por R $ 44,00 e custa R $ 16,90, dá um custo de 3 vezes mais, mas também, um lucro maior. O custo, aqui, longe de ser impressivo acaba até por ficar minimizado pelo lucro conseguido e corrobora o que vimos dizendo desde o início: os resultados de uma exploração, aparecem com a capacidade técnica dos responsáveis.

As despesas departamentais, devem ser profundamente analisadas. Não é suficiente considerar o lucro por si só, mesmo que ele tenha melhorado em relação a períodos anteriores, ou seja, melhor que o esperado. Melhorias em certos sectores, escondem por vezes, deterioração noutras áreas que lhe são dependentes ou interligadas.

Pequenos, mas permanentes aumentos do custo de comidas, podem significar aumento de preços de mercado. Acertar na mesma média, os preços dos cardápios, recolocam as percentagens no seu normal. Mas, uma solução diferente deve ser encontrada, se os aumentos são apenas devidos a negligencia do “comprador”, que deixou de fazer pesquisas de mercado, solicitando cotações a vários fornecedores.

Flutuação nos custos de comidas, pode também significar, pouco cuidado nos inventários.

Excesso de horas extras, influi nos custos (labor, versus vendas de comida), mas aumento da folha de salários, pode ser devido a excesso de mão de obra, ou de má distribuição salarial.

Encontrar a solução do problema, pode resumir-se em estudá-lo, avaliando a possibilidade de os mesmos empregados, com outros horários, servirem o mesmo número de clientes sem horas extra.

Por vezes, o aumento do rácio de salários é devido, também, a uma baixa no volume de vendas, facto que deve ser considerado.

 Custos Versus Qualidade

Depois de uma análise quase exaustiva, sobre rácios e custos, parece-nos que este problema deixou de constituir, para nós, uma dificuldade e ficamos aptos a ter uma interpretação mais clara deles.

Parece também, que uma outra verdade sobressaiu de toda esta análise, a qual é importante: qualquer que seja a decisão tomada para corrigir os custos, ela não deve, nunca, interferir na qualidade, pois essa é preponderante para o juízo que a clientela faz do estabelecimento.

 Preço Versus Custo

 O que dissemos atrás, quando ilustramos o nosso pensamento com o caso do guisado e do bife, serviu a nosso ver, para esclarecer qual deve ser o pensamento, ao estabelecer a melhor política de custos e preços, pelo que nos escusaremos de desenvolver aqui este item, evitando repetir-nos.

 AS COMPRAS

 Compra é o ato principal de qualquer empresa, pois para vender é preciso comprar.

Sendo uma das bases económicas da atividade de comidas e bebidas, não deve efetuar-se em condições deficientes ou arbitrárias, pois qualquer oscilação nos preços de compra irá repercutir-se nos custos de laboração. Por muito hábeis e capazes que sejam os responsáveis pelas secções de transformação, nada impedirá que um aprovisionamento realizado em más condições, tenha funestas consequências nos resultados.

Se estamos comprando mais caro, podendo comprar mais barato, além da repercussão nos custos, estamos despendendo desnecessariamente dinheiro já ganho, o que é esbanjamento.

As consequências, já foram por nós já explicadas.

A posição geográfica das fontes de aprovisionamento é fator a considerar, pois condiciona o volume das compras a efetuar, o estoque mínimo a respeitar e a cadência das encomendas.

A compra é uma luta, dura, que se pretende leal mas não descuidada, entre duas posições opostas. Interesses diferentes a defender, necessitam por isso mesmo, de se manter num ambiente do mais cordial relacionamento.

O fornecedor, deve ser considerado um colaborador e um amigo, devendo como tal ser tratado.

O fato de desejarmos manter liberdade, para comprar onde as condições forem mais favoráveis, nada tem a ver, com a necessidade de manter alto nível de relacionamento com os fornecedores, visto que bom relacionamento, não implica comprar a qualquer preço, em nome da amizade.

É bom também guardar em mente, que o crédito ou descrédito de uma firma, corre muito por conta dos fornecedores.

Apesar da solidez da nossa firma, podemos ter a qualquer momento, um colapso momentâneo no nosso fluxo de caixa.

Nessa altura, a amizade que tivermos mantido, vai jogar favoravelmente para o nosso lado.

A situação, favorável à partida, para o choque sempre latente, vendedor-comprador, deve ser encontrada no plano intelectual, que torna mais fácil o diálogo, tão necessário quando há interesses divergentes dificultando o acordo no plano económico.

Nesse momento, a consideração e recíproca confiança existente entre os dois intervenientes, repõe o ato no plano humano, onde as soluções são mais fáceis de encontrar.

A pessoa responsável pelas compras, deve ter sempre em mente que, comprar é obter nas melhores condições de qualidade; preço; prazo e pagamento, a mercadoria que nos interessa.

Pode, determinada mercadoria, não preencher todos os requisitos que indicamos, mas precisa manter sem dúvida os dois primeiros, sendo os outros dois, analisáveis, de acordo com as circunstâncias. Quem compra, deve ser prudente, evitando ceder a influências ou excessiva adjetivação, que nem sempre corresponde ao que parece e raramente vem ao encontro das necessidades da empresa.

Deve ser tenaz e persistente na sua convicção, de que é sempre possível conseguir mais e melhor. Procurará obter o que há de melhor em “qualidade”, sem se prender à noção de “preço”, embora tendo este em linha de conta.

Para comprar “bom”, há que conhecer “bem”, o mercado e o fim a que se destinam as mercadorias, tal como a sua aplicação. O responsável pelas compras, deve se manter atualizado e bem informado sobre os artigos de novidade, susceptíveis de agradarem à clientela.

Por leitura de revistas da especialidade, pelos contatos com atacadistas e fornecedores vários, pela auscultação das opiniões dos colegas e clientes, pode manter-se a par da evolução do mercado e das causas várias que podem influenciar os preços ou os fornecimentos, de forma a poder a tempo, tomar as providências que as várias situações requerem, evitando percalços ao bom funcionamento dos serviços ou ao abastecimento normal, das necessidades da clientela, cumprindo assim eficazmente, a sua missão.

Quem compra pode, dentro das suas funções, ser um excelente auxiliar dos resultados finais de gestão, realizando economias importantes para a empresa. Deve conhecer bem ou informar-se para o efeito, o preço do mesmo artigo, nos diferentes fornecedores e no mercado em geral, optando depois no momento da compra, pelos que preencherem a maior parte dos requisitos que a seguir enumeramos:

           Qualidade;

          Preço;

          Prazo de entrega;

          Modo e condição de pagamento;

          Tipos de encargo do transporte;

 Nas operações de compra, os requisitos acima devem ser verificados, mas outros são também a considerar, tais como:

           Quantidade;

          Tipo de embalagem;

          Satisfação obtida com anteriores fornecimentos;

 São vários os tipos de compras normalmente efetuados numa unidade hoteleira:

Compras diárias ao mercado - Servem para preencher os consumos diários de legumes, frutas e géneros perecíveis, que não podem ser armazenados.

São feitas sem qualquer consulta prévia à gerência, de acordo com as necessidades do sector, expressas pelo chefe, através de uma relação normalmente entregue na véspera, ao encarregado de compras. Carecem de uma requisição. Em muitas empresas e, para obstar a deslocação diária ao mercado, estas compras são feitas, duas vezes por semana, apenas.

Compras correntes - (aprovisionamento sistemático de produtos de consumo ou de venda habitual).

Não carecem de consulta à gerência, destinando-se a abastecer os departamentos, com os respectivos produtos. Devem, porém, ser feitas contra “autorização de compra”, assinada pelo gerente.

Compras intermitentes - ( reaprovisionamento de estoques).

Fazem-se periodicamente, em quantidades razoáveis, pelo que a sua importância exige já, uma certa reflexão, consultas, documentação, etc. São feitas contra “autorização de compras”, assinada pelo gerente, a quem são apresentadas, no momento da assinatura, todas as propostas recusadas, com argumentação justificativa.

Compras técnicas - (artigos que se compram, para máquinas ou outros equipamentos, seguindo as informações ou diretrizes dos técnicos de manutenção). Carecem de consulta prévia, à gerência. Se o seu valor for elevado e, a paragem da máquina, não afetar o bom andamento dos serviços, devem ser feitas consultas a vários fornecedores. A compra é feita, normalmente, contra “autorização de compra”, assinada pelo gerente.

Compras excepcionais- (máquinas, ferramentas, mobiliário ou equipamento).

São raras estas compras, mas, a sua importância exige, estudo prévio, pelo que devem ser apresentadas, à gerência, várias opções. Após decisão tomada, será emitida uma “autorização de compra”.

 Se, quem compra, deve saber o que compra, quem recebe, deve ter conhecimento absoluto do que foi comprado e, o que lhe compete receber, para poder fazer conferência de quantidades, qualidade, preço, etc.

Para isso, a pessoa que compra deve enviar, para o encarregado do recebimento, um duplicado da “autorização de compra”, o qual servindo para conferência à chegada, acompanhará depois a fatura correspondente, até ao escritório de contabilidade.

O controle da mercadoria que chega é absolutamente necessário, pois só assim haverá certeza de que os produtos recebidos correspondem às normas estabelecidas na encomenda, ou nos contratos de fornecimento, tanto na qualidade como na quantidade e respectivo preço.

As guias de remessa ou as faturas, devem ser rubricadas pela pessoa que faz a recepção dos produtos, para que alguém assuma a responsabilidade pela execução do que atrás se explica.

Para boa regularidade do sistema de compras, perfilho a ideia de que, sem exagerar, devem existir vários fornecedores para o mesmo tipo de mercadorias, pois isso permite:

           Por em jogo a concorrência (preço, qualidade, prazo).

          Liberdade completa de escolha e seleção

          Evitar ficar a mercê, de um só fornecedor

          Possibilidade de múltipla consulta, a grandes e pequenos fornecedores

          Possibilidade de fazer várias compras e, intercalar as entregas, se tal nos   interessar.

 Tendo em conta que esta é a política mais saudável para comprar bem ou selecionar os fornecedores, podemos usar a seguinte tabela de razões para a qualificação destes:

           Regularidade de qualidade

          Respeito pelos prazos de entrega

          Bom nível geral de preços

          Boa vontade em servir nos períodos de faltas ou escassez

          Honestidade nas entregas

          Boa colaboração e assistência

          Antiguidade e importância da firma

          Situação financeira

 Se forem utilizados com objetividade, os pontos indicados podem conduzir a um bom resultado final e ao que poderemos chamar, “uma boa política de compras”.

 Armazem/ Almoxarifado / Cave

 Os locais que garantem, o bom funcionamento dos abastecimentos, aos sectores de produção são:

 Armazém – para produtos em grande quantidade, ou que não podem estar em contacto com os géneros alimentícios (drogas, etc).

Almoxarifado – para guardar géneros alimentícios e produtos secos

Cave – para as bebidas

 O conjunto destes sectores está sob responsabilidade direta do Ecónomo (no Brasil, Gerente de Compras) e, em ligação direta com o almoxarife e seus ajudantes.

Desejando-se, que este departamento funcione, com regularidade e perfeição, os seus serviços devem estar organizados e contar com um sistema onde prevaleçam os seguintes itens:

 - Documentação sobre os artigos ou produtos (fornecedores, preços correntes; condições de mercado, sazonalidade, se a tiver).

- Método racional de execução das encomendas, acompanhando-as até à sua entrega.

- Gestão perfeita das existências

 Entre os vários dossiês aconselháveis, contam-se:

           Consultas a fornecedores

          Tabelas oficiais dos preços dos artigos de consumo

          Tabela de preços do hotel (ou restaurante)

          Cópias das autorizações de compra

          Guias de remessa a conferir

          Ofertas a considerar (ou a estudar)

          Ordens de serviço

          Diversos

 E ainda:

           Livro SOS com endereços e telefones mais utilizados

          Livro de faltas (artigos a encomendar)

          Mapa de cotações

          Lista dos artigos em estoque, com os mínimos e máximos autorizados.

 Custo do Dinheiro/ Juros/ Inflação

 Já tivemos ocasião de falar, noutro momento deste nosso trabalho, da forma como as compras e os estoques devem ser orientados, de maneira a que estes últimos não sejam exagerados, pois tendo em conta os juros do capital investido nos estoques, a inflação e o valor do espaço, pode não valer a pena manter grandes estoques de produtos, mas apenas o necessário, para determinados períodos de tempo.

Isso,analisaremos,aseguir.


ESTOQUES

Quando noutro local apontamos os cuidados quanto à economia do sector de comidas e bebidas, fizemos referência aos estoques. E tantas vezes tivemos necessidade de fazer essas referências, pela interligação dos vários aspectos do funcionamento e gestão, que quase esgotamos o assunto.

Vamos porém abordar o último lado dos estoques que ainda não tocamos, ou seja:

 Vigilância dos Estoques e Consumo

 A primeira coisa a fazer em relação aos estoques e, não apenas no almoxarifado, mas também nos vários sectores de consumo, é estabelecer máximos e mínimos, exercendo vigilância constante sobre eles.

Não havendo este cuidado, os estoques podem aumentar ou reduzir-se excessivamente, havendo sempre, tanto num caso como no outro, prejuízo para a empresa.

O controle dos estoques, deve ser informatizado mas, para os que não tenham essa facilidade, existem fichas especiais, item por item, onde são anotadas todas as entradas e saídas, bem como o preço de custo e o preço médio a debitar.

Outros cuidados ainda, se devem ter com os estoques, tais como:

           Condições de armazenagem

          Peso e obstrução dos artigos armazenados

          Risco de alteração dos produtos (humidade, temperatura, luz).

          O valor dos artigos (risco de roubo, desvalorização, perda de peso).

          Risco oferecido (incêndio, explosão, nocividade).

          Prazos de validade

          Datas de entrada em armazém (mercadorias deterioráveis)

 É conveniente que todos os artigos deterioráveis sejam etiquetados com autocolantes de cor, os quais variam com o mês e, através do quais se identificarão, imediatamente, os artigos que por serem mais antigos devem sair primeiro.

A sequência das cores é arbitrária, podendo ser estabelecida por qualquer responsável, mas uma vez estabelecida, deve ser respeitada em todos os locais de consumo e no próprio armazém ou despensa. Aqui, deve ainda haver o cuidado de, ao receber novos artigos do mesmo tipo, não os arrumar nas prateleiras à frente dos que já se encontravam, pois isso ocasiona envelhecimento ou degradação se for caso disso.

É bom fazer um alerta, para o auxílio valioso que se pode obter, dos instrumentos de peso e medida, os quais devem estar sempre em perfeitas condições de limpeza e funcionamento, com uma revisão geral periódica.

A verificação e controle da entrada e saída de géneros ou artigos de almoxarifado (despensa ou cave) é feita pelo departamento que chamamos “controle” e que noutro local já analisamos.

Esse controle é feito através das faturas de fornecedores e das requisições passadas pelas secções, com as quais estas levantam na despensa, os artigos necessários ao seu funcionamento.

As quantidades de géneros ou artigos indicados na fatura de fornecedor, são aumentadas na ficha, enquanto os indicados nas requisições são reduzidos. Com qualquer destas operações, o saldo final é sempre ajustado, devendo coincidir com os artigos armazenados nas prateleiras.

Para os artigos de “consumo imediato”, assim chamados por deles não haver estoque permanente (legumes, cheiros, frutas, etc.), deve também existir uma ficha, onde as entradas e as saídas são simultâneas e o saldo de estoque é sempre zero.

A função desta ficha é de mero registro, permitindo informação rápida, para efeitos de estatística ou de contabilidade, no caso de ser necessário detectar um erro.

As fichas de estoque devem estar sempre atualizadas, não sendo aceitável qualquer atraso na sua movimentação.

O gerente pode a qualquer momento consultar o computador ou pegar uma ficha e dirigir-se à prateleira onde está o produto e verificar, se o saldo indicado e a existência, correspondem entre si.

No caso de trabalhar com fichas, estas devem existir em duplicado: na contabilidade / controle, para supervisão e estatística e, no almoxarifado, para guia dos responsáveis e sua defesa em caso de dúvidas ou enganos.

 Inventários

 Uma vez por mês, deverá ser feita pelo chefe de controle e seus auxiliares ou por alguém para o efeito designado, conferência dos estoques do almoxarifado e das existências nas secções de produção, sendo elaborados os respectivos inventários.

Esses inventários são operações importantes e absolutamente necessárias, pelas suas repercussões contábeis e fiscais. Para uma boa informação de gestão, os inventários periódicos são também necessários, pois permitem manter os movimentos de estoque, registrados de acordo e avaliar o montante imobilizado para o efeito.

Por outro lado, permitem a verificação de erros ou fugas e a existência nas secções de produção. As oscilações dos números finais, alertam o diretor ou o gerente, para o excesso de requisições, feitas pelos responsáveis.

  Custos dos estoques

 Não vamos ser repetitivos. Já falamos tantas vezes neste tema, que a sua inclusão, aqui, obedece apenas à necessidade de currículo e enquadramento na sequencia própria, de um item que afinal nunca é demais valorizar.

 O que Armazenar (Ou Não)

 Falamos no custo dos estoques, no valor do dinheiro e da inflação, na necessidade de manter estoques baixos e no que custa um controle e manuseio de estoques, razões mais que suficientes para justificarem uma preocupação com este sector, fundamental ao funcionamento das unidades.

Depois de tantas questões respondidas, uma ainda se põe, em relação a manter os estoques com um valor global o mais baixo possível. Para chegar a conclusões, o responsável deve elaborar uma lista de todos os itens em estoque, tendo em conta dois pontos:

 1º Qual a intervenção percentual do item em análise, no consumo?

2º Qual a intervenção percentual, do mesmo item, no valor final do inventário?

 Ao fazer esta análise, o responsável encontrará itens cujo peso no movimento é de 20% por exemplo e nos estoques de 20 ou 25%, enquanto outros, pesam 1% ou 1,5%, nas duas colunas em análise. Se levarmos em conta, a perda de tempo para consultas a fornecedores, compra, manuseio, etc., verificamos que, 50, 60 ou mais itens dos  inventários, influem em menos de 10%, nos valores deste, enquanto os 20 ou 30 restantes, são responsáveis pelos 90% da diferença.

Parece-nos que uma tomada de posição não será difícil. Detectados esses 60 ou 70 itens de baixo custo, ainda que de pouca procura, faz-se deles um estoque que evite constantes perdas de tempo com compra continuada e toda a atenção deve concentrar-se nos itens restantes que, pelos valores envolvidos, representam o verdadeiro peso na gestão.

Para esses, teremos os cuidados anteriormente apontados de: estoque mínimo, consulta a vários fornecedores, etc. Todo o tipo de trabalho que, exaustivamente descrevemos.

 Cuidar da armazenagem

 

E Evitar o Desperdício

 


 Continuaremos em próxima Postagem

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