sábado, 23 de setembro de 2023

 

Ler nas Entrelinhas


Como Tudo Começou

Saber ler nas entrelinhas é usado para designar alguém que sabe ouvir e ficar calado.

Mas também para tentar compreender os reais sentimentos ou intenções de alguém a partir do que ele diz ou escreve: encontrar significados intencionais, mas que não são expressos diretamente em algo dito ou escrito:

Se você ler nas entrelinhas, entenderá o que alguém realmente quer dizer, ou o que realmente está acontecendo em uma situação, mesmo que não seja dito abertamente.

Esta expressão deriva de uma forma simples de criptografia, na qual um significado oculto era transmitido secretando-o entre linhas de texto. Originou-se em meados do século XIX e logo passou a ser utilizado para se referir à decifração de qualquer forma de comunicação codificada ou pouco clara, escrita ou não; por exemplo, pode-se dizer "Ela disse que estava feliz por ir à festa, mas não pareceu preocupada quando ela foi cancelada. Lendo nas entrelinhas, acho que ela não queria ir em primeiro lugar".

Ler nas entrelinhas, às vezes variando o “como ler nas entrelinhas”, é uma expressão comum sobre a interpretação do significado além do que alguém diz ou faz na superfície. E de facto, é uma frase ideal para pessoas nas fases iniciais de aprendizagem – porque envolve uma metáfora de aprendizagem através da leitura.

De onde veio?

O uso desta frase remonta aos velhos tempos da escrita de cartas. Ainda no século XVIII, o envio de cartas pelo correio era a principal forma de comunicação entre pessoas que viviam a qualquer distância uma da outra. As cartas traziam informações sobre acontecimentos diários, acontecimentos sociais, trabalho, e dramas familiares entre outros.

Como as cartas demoravam tempo para chegar ao seu destino (muitas vezes cruzando oceanos) e passavam por tantas mãos no caminho, os correspondentes nem sempre podiam ter certeza de sua privacidade. Especialmente em tempos de guerra ou de convulsão política, as cartas corriam o risco de serem interceptadas e utilizadas para implicar pessoas em atos de traição ou conspiração. Assim, para garantir a segurança, os escritores codificariam os significados literalmente entre as linhas do texto – de modo que a mensagem seria importante para o leitor pretendido e pareceria sem importância para todos os outros. A expressão, cuja origem indicava uma tática de evasão, logo entrou no vernáculo para significar qualquer mensagem oculta.

O primeiro exemplo que podemos encontrar da frase impressa é do The New York Times, agosto de 1862: “Quando se trata de habilidades essenciais, ser capaz de ler nas entrelinhas é definitivamente uma prioridade”.

Dado que hoje em dia existem muitos fatores que influenciam uma conversa, ser capaz de avaliar a extensão do que alguém está a dizer é sempre essencial. Além disso, damos adiante razões importantes que comprovam porque ler nas entrelinhas é uma ferramenta intelectual essencial. “Ela disse que poderia pagar, mas lendo nas entrelinhas não acho que ela tenha dinheiro suficiente”.

Gestos manuais são usados ​​para reforçar uma mensagem ou para provocar fortemente o público. O gesto da mão com 3 dedos levantados, criando espaços entre cada dedo é a implicação simbólica para ler nas entrelinhas. É um gesto poderoso que pretende provocar o público.

Ler nas entrelinhas ajuda você a expandir a sua perspectiva, e pode ajudá-lo muito a expandir a sua base de conhecimento. Quando você começa a olhar as coisas com mais detalhes, você começa a entender as emoções e, às vezes, o verdadeiro significado por trás do que as pessoas estão tentando dizer. Isso permite que veja além do que está sendo dito e também ajuda a analisá-lo. A imaginação é algo que sempre o ajudará a se destacar na multidão. Pessoas que tendem a ler nas entrelinhas são consideradas bastante imaginativas porque isso exige que se pense em várias perspectivas. Para cada palavra e cada frase, pode haver significados alternativos e descobrir isso pode ajudá-lo a expandir a sua imaginação. Exige que você deixe de lado o que sabe e olhe além do que está sendo dito.

Muitas vezes, as coisas acabam se perdendo. Nem todos podem se comunicar tão livremente ou tão bem quanto outros. Quando se consegue ler nas entrelinhas, ganha-se a capacidade de superar as barreiras e compreender melhor outrem. Isso, por sua vez, permite que se tenha uma conversa mais tranquila e compreensiva.

Ensina a importância de prestar atenção.

Na maioria das vezes, há pequenas coisas nas palavras das pessoas que tendemos a ignorar. Quer tenha sido uma emoção ou alguém enfatizando uma palavra específica, ela pode se perder na conversa. Quando você lê nas entrelinhas, fica mais fácil entender essas coisas. Você presta mais atenção não apenas à conversa, mas também à linguagem corporal, ao tom e às expressões faciais de uma pessoa. Quanto mais você começa a prestar atenção, mais você começa a observar as sutilezas.

O uso das entrelinhas foi criado e usado séculos atrás pelos monges escribas, para facilitar a leitura da Bíblia, esclarecendo pontos que poderiam ser mal interpretados pelos utentes, menos familiarizados ou menos capacitados para ler os textos sagrados. E também para ajudar a recitar os textos, pois as passagens da Bíblia eram recitadas melodicamente em massa desde o início da liturgia cristã, numa prática que provavelmente surgiu das tradições judaicas de recitar a Torá. Musicalmente simples e estereotipados, os textos recitados raramente eram fornecidos com notação musical completa. Na verdade, a maioria dos manuscritos medievais de leituras da Bíblia para a missa, conhecidos como lecionários, não contém qualquer música.

No entanto, aproximadamente a partir do século XI, marcas ocasionais foram inseridas acima de palavras específicas em alguns lecionários para ajudar a esclarecer o padrão de recitação melódica para o leitor. Estes pequenos sinais não só permitem reconstruir a recitação, mas também dão uma indicação de como tais livros foram utilizados e as prioridades de quem os utilizou.

Na missa, as leituras da Bíblia eram recitadas principalmente em uma única nota, mas as palavras finais de uma frase eram cantadas em uma cadência, ou padrão melódico, para concluir uma frase. Diferentes padrões foram usados para marcar o final de uma frase, uma pergunta, uma pausa dentro de uma frase ou o final de uma leitura. As cadências ajudavam os ouvintes a agrupar palavras em frases e assim compreender a sintaxe, a estrutura e o significado da leitura.

Somente no século IV dC é que o mundo medieval foi introduzido na vida monástica, na forma de um devoto cristão egípcio chamado Pacômio, que achou uma boa ideia ter um espaço isolado para ser humildemente miserável e adorar a Deus ao mesmo tempo. Seu conceito se espalhou rapidamente por todo o Império Romano Oriental e, com ele, sua expectativa de que todos os monges fossem alfabetizados. Cerca de duzentos anos depois, em 529 dC, Bento XVI fundou Monte Cassino, um mosteiro italiano que logo se tornaria famoso, perto de Roma e Nápoles, e levou a alfabetização um passo além dos seus antecessores. A sua Regra de São Bento fornece algumas diretrizes para a vida monástica em Monte Cassino, incluindo uma seção chamada “Sobre o Trabalho Manual Diário”, onde a leitura é uma das atividades obrigatórias incorporadas na agenda muito regulamentada de um monge. Logo depois, Cassiodoro fundou o Vivarium no sul da Itália e pressionou por mais do que apenas ler textos ociosamente – ele fez da cópia deles mais uma tarefa obrigatória. De repente, conforme a adoção popular do livro de regras dos Institutos de Cassiodoro, copiar textos de todos os tipos tornou-se uma parte importante (e altamente pretensiosa) da vida nos mosteiros. Ele via a cópia de textos bíblicos como uma forma de espalhar a mensagem da religião cristã e de “lutar com caneta e tinta contra as armadilhas ilegais do diabo”, o que parece um propósito tão nobre quanto qualquer outro para monges devotos realizarem diariamente como parte do seu árduo trabalho manual. E deve ter sido cansativo.

 O PROCESSO

O processo de reprodução medieval, por mais bíblico ou sagrado que fosse, era altamente desgastante. A atitude excessivamente entusiasmada de Cassiodoro em relação à cópia da boa palavra, certamente não era compartilhada pelos escribas que realmente faziam a transcrição nos mosteiros, mas esse era de fato o objetivo do trabalho manual. Cassiodoro se debruça sobre técnicas de cópia corretas e precisas e sugestões sobre como melhorar sua gramática e ortografia nos Institutos, mostrando o quão detalhada e sistemática a cópia se tornou durante esse período. Por causa desses detalhes, copiar textos exigia grande habilidade e muito treinamento por parte do escriba, e terminar uma única cópia poderia levar semanas, mesmo com longas horas dedicadas apenas à escrita. Um escriba monástico trabalharia pelo menos seis horas por dia, e os melhores trabalhariam mais do que isso; Cassiodoro isenta especificamente os melhores dos melhores das orações diárias para que tenham mais tempo para trabalhar. Esses escribas especiais de 24 horas por dia também receberam graciosamente uma abundância de velas e um relógio, para que pudessem trabalhar depois do pôr do sol e observar sua vida passar lentamente enquanto trabalhavam. Uma única sala do mosteiro, chamada scriptorium, funcionava como oficina dos escribas e geralmente era isolada, obrigatoriamente silenciosa e pouco confortável. Os monges que trabalhavam sob estas condições sofriam frequentemente de acídia, uma “frouxidão inaceitável” que fazia com que os afetados agissem ansiosos, apáticos e sem esperança, “como se o sol demorasse a pôr-se” – por outras palavras, depressão clínica (Greenblatt).  Frequentemente, os escribas expressavam sua angústia nas margens de um manuscrito que copiavam, na forma de pequenos pedidos de misericórdia. Alguém até escreveu, no final do roteiro: “Agora escrevi tudo. Pelo amor de Deus, dê-me de beber”.

OS PROBLEMAS INEVITÁVEIS

A extensão do texto estava longe de ser o único problema para os monges medievais encarregados de copiar. Como todos os manuscritos eram copiados à mão, algumas formas de erro humano sempre os corrompiam, seja por pular palavras (ou talvez linhas inteiras), erros ortográficos, interpretações falsas ou hipercorreções. Mesmo o melhor dos escribas poderia facilmente sucumbir a qualquer um desses erros por acidente, corrompendo seu manuscrito sem saber, contribuindo para a confusão dos estudiosos atuais que tentariam descobrir o que o manuscrito original dizia. Devido à semelhança desses erros, o exemplar do qual o monge copiaria seu próprio manuscrito poderia conter falhas importantes, inevitáveis ​​em sua própria escrita, mesmo que ele próprio não cometesse erros. É claro que os mosteiros fizeram o possível para evitar todas as corrupções, implementando uma regra segundo a qual os monges só deveriam copiar o que viam na página (e não tentar corrigir os erros que pudessem ou não ter visto no seu exemplar), mas isto não protegia de toda corrupção, especialmente quando as barreiras linguísticas frequentemente separavam um monge do seu exemplar. Um monge que fala latim pode ser solicitado a copiar um texto grego, mas mesmo que o texto fosse em latim, era uma forma de latim muito diferente daquela com a qual ele estaria acostumado. Na Idade Média, a língua latina regionalizou-se e evoluiu para algo que não se parecia em nada com o latim arcaico da Roma Antiga, tanto na gramática como na sintaxe, muito parecido com a diferença entre o português moderno e o português arcaico. Algumas pessoas pensaram que isso era o melhor; Poggio, uma figura importante (e entusiasta) na cópia da cultura durante o Renascimento, acreditava que a compreensão do texto não era favorável, pois introduziria a possibilidade de mais erros de hipercorreção porque os monges se sentiriam mais confortáveis ​​corrigindo a sua própria linguagem. Isto tornaria os manuscritos mais precisos na sua leitura, mas poderia ser perigoso, se um escriba não fosse capaz de reconhecer se ele próprio cometeu um erro grave ao copiar uma língua estrangeira.

Alguns textos eram adaptados para ser lidos publicamente nos serviços de culto, e tais arranjos influenciavam a própria transmissão do texto. O exemplo mais claro é o da Oração do Senhor (Mateus 6. 9-13), cuja doxologia “pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém.”, foi acrescentada para o uso litúrgico, mas acabou sendo incorporada no texto de muitos manuscritos.

Correção ortográfica, gramatical e estilística - A maioria das alterações ortográficas nos manuscritos bíblicos ocorreu devido à falta de qualquer padronização oficial e à influência de vários dialetos, pelo que inúmeros termos gregos acabaram tendo formas diversas na soletração, principalmente os nomes próprios.

Correção histórica e geográfica - Alguns escribas tentaram harmonizar o relato do Evangelho de João da cronologia da Paixão de Cristo com a de Marcos, mudando a “hora sexta” (João 19.14) para a “hora terceira” (Marcos 15.25).

Correção exegética e doutrinária - Algumas vezes o copista se deparava com uma passagem de difícil interpretação, e tentava completar-lhe o sentido, tornando-a mais exata, menos ofensiva ou obscura.

Uso das entrelinhas – Para facilitar a compreensão de leitores menos ilustrados, muitos escribas usaram este procedimento para intercalar explicações.

Interpolação de notas marginais, complementos naturais e traduções ­- A inclusão de textos marginais ao corpo textual como apontamentos, correções, interpretações, reações pessoais e mesmo informações gerais quanto ao texto era comum.

Mesmo assim, por alguma razão, os monges continuaram copiando. Desde o início do boom nas práticas de cópia no século IV dC, os clássicos míticos e literários gregos e latinos foram os textos predominantemente copiados até cerca do século VI, quando os textos cristãos começaram a substituí-los devido à ascensão da religião cristã. Aqui, a “idade das trevas” da literatura grega e latina desceu sobre manuscritos antigos, negligenciados nas prateleiras das bibliotecas dos mosteiros, para não serem copiados devido ao recente desinteresse por eles em comparação com os textos cristãos.

Este foi o Renascimento Carolíngio, quando o primeiro Sacro Imperador Romano Carlos Magno revigorou o espírito de aprendizagem nos mosteiros de todo o império. Ele recrutou importantes figuras acadêmicas e poetas de todo o mundo para se reunirem em seu palácio, que se tornou um centro de estudos com a vasta biblioteca do próprio Carlos Magno. As bibliotecas monásticas floresceram mais uma vez e a cópia de clássicos gregos e latinos foi reiniciada neste  reinado, desta vez numa escala sem precedentes. A iluminação entrou em uso, embora muito arcaica (literalmente emprestando motivos da antiguidade), a princípio com cores limitadas, mas rompendo em desenhos elaborados vistos em tabelas canônicas em cópias da Bíblia e iniciais coloridas para iniciar as linhas principais de um texto.

As Escrituras sempre desempenharam um papel importante na vida de oração da Igreja Católica e dos seus membros. Para o católico comum dos séculos anteriores, a exposição às Escrituras era passiva. Eles ouviam a leitura em voz alta ou oravam em voz alta, mas não a liam. Uma razão simples: séculos atrás, a pessoa média não conseguia ler nem comprar um livro. A leitura popular e a propriedade de livros começaram a florescer somente após a invenção da imprensa.


 


O sistema de marcas de leitura melódicas facilitou a leitura pública da Bíblia nas missas nas igrejas, tanto em contextos monásticos como também em catedrais seculares onde uma congregação leiga estaria presente, como as igrejas inglesas seguindo a liturgia da Catedral de Salisbury (ver o Sarum Lecionário evangélico acima com suas marcas melódicas vermelhas).

Sem dar alturas precisas, a notação marcava onde e como a voz deveria seguir a cadência melódica para diferentes tipos de frase, indicando a direção do movimento pelo formato do sinal. Mesmo que não fosse uma necessidade (pois não eram encontradas em todos os lecionários), estas marcas foram claramente consideradas suficientemente úteis para justificarem a sua cópia. A leitura das aulas em massa exigia preparação e prática - as marcas melódicas das aulas removiam uma camada de ambiguidade e auxiliavam os leitores nesse processo de preparação.

Qual é o significado desses sinais? A sua presença fornece muito mais informações do que simplesmente quando iniciar cada cadência. Em primeiro lugar, indicam que foi utilizado um manuscrito para leitura em voz alta. Não haveria necessidade de marcar um livro que não fosse usado para leitura pública. Isso ajudava a colocar o objeto em seu contexto original e a compreender a sua função.

Com o tempo, o sistema tornou-se mais sofisticado, com um número crescente de sinais inseridos para especificar onde o movimento cadencial deveria ocorrer, como exemplificado em um lecionário francês do final do século XII ilustrado abaixo, e ainda mais no lecionário do Evangelho de Sarum acima, de c. 1508. Os leitores parecem ter se tornado cada vez mais dependentes da anotação, talvez indicando uma situação em que as leituras eram lidas à primeira vista com pouca ou nenhuma prática prévia.

Depois de quase 500 anos de história do texto do Novo Testamento e das mais de mil edições surgidas desde o século XV com Erasmo, e dos vários estudos, os editores críticos de um modo geral concordam com o texto crítico moderno e apenas um grupo bem pequeno de variantes é contestado. E mesmo que surja uma edição nova com muitas variantes, já está mais ou menos claro que o Novo Testamento grego está muito próximo dos textos primitivos originais. O chamado Texto Recebido foi abandonado pela maioria dos estudiosos, que o defendiam como a forma mais próxima do original.

Apesar dos erros dos copistas, a integridade do texto foi mantida. Sua coerência interna é uma evidência muito forte. A Crítica Textual tem demonstrado que a Palavra de Deus fala hoje com a mesma eloquência que falava no período apostólico. Podemos pegar a Bíblia sem medo e dizer seguramente que é a Palavra de Deus transmitida na sua essência através dos séculos.

Mas o “Saber ler nas Entrelinhas” Ganhou Força como símbolo de uma capacidade interpretativa.

 


quinta-feira, 21 de setembro de 2023

 

Açúcar e Adoçantes

 


Histórico do Açúcar

O açúcar é, talvez, o único produto de origem agrícola destinado à alimentação que, ao longo dos séculos, foi alvo de ambições e disputas, mobilizando homens e nações. A planta que lhe dá origem, encontrou o seu lugar ideal no Brasil, e durante o Império, o país dependeu basicamente do cultivo da cana e da exportação do açúcar. Calcula-se que naquele período da história, o seu comércio rendeu ao Brasil cinco vezes mais que as divisas proporcionadas por todos os outros extratos agrícolas destinados ao mercado externo.

Foi na Nova Guiné que o homem teve o seu primeiro contacto com a cana-de-açúcar. De lá, a planta foi para a Índia e no Atharvaveda, o livro dos Vedas, há um trecho curioso sobre ela: "Esta planta brotou do mel; com mel a arrancamos; nasceu a doçura... Eu te enlaço com uma grinalda de cana-de-açúcar, para que me não sejas esquiva, para que te enamores de mim, para que não me sejas infiel".

Desconhecida no Ocidente, a cana-de-açúcar foi no entanto citada por alguns generais de Alexandre, o Grande, em 327 a.C, que a notaram nos campos indianos e mais tarde, durante as Cruzadas, os árabes introduziram o seu cultivo no Egipto. No século X espalhou-se pelo Mediterrâneo, para Chipre, a Sicília e a Espanha. Credita-se aos egípcios o desenvolvimento do processo de clarificação do caldo da cana, e a produção de um açúcar de alta qualidade, para a época.

O açúcar era consumido pela aristocracia europeia, comprado de mercadores monopolistas, que mantinham relações comerciais com o Oriente, a fonte de abastecimento do produto. Por ser base de energia para o organismo, os médicos forneciam açúcar em grãos para a recuperação ou alívio dos moribundos. No início do século XIV, há registos de comercialização de açúcar por quantias que hoje seriam equivalentes a € 80,00/kg. Por essa razão, quantidades de açúcar eram registadas em testamento, pelos potentados que a ele tinham acesso.

No Renascimento, a Europa rumou para uma nova fase histórica, com a ascensão e desenvolvimento de todas as atividades. O comércio passou a usar as vias marítimas, como forma de escapar à usura dos senhores feudais, que cobravam altos tributos pelas caravanas que atravessavam as suas terras, ou incentivavam o saque de mercadorias para partilhar do lucro final. Portugal, pela sua frota de transporte e pela sua posição geográfica, tornou-se ponto obrigatório para os negócios, com as naus sempre carregadas de mercadorias. A introdução da cana-de-açúcar na Ilha da Madeira, foi um laboratório para desenvolver o conhecimento sobre a cultura de cana e de produção de açúcar, tendo sido muito útil para a expansão que se deu mais tarde, com a descoberta do Brasil e da América.

 Cristóvão Colombo, genro de um grande produtor de açúcar na Ilha da Madeira, introduziu o plantio da cana na América, na sua segunda viagem ao continente, em 1493, onde hoje é a República Dominicana. Quando os espanhóis descobriram o ouro e a prata das civilizações Azteca e Inca, no início do século XVI, o cultivo da cana e a produção de açúcar foram esquecidos, mas os portugueses fizeram dela, uma das grandes riquezas das terras de Vera Cruz.

 Oficialmente, foi Martim Affonso de Souza quem em 1532 levou a primeira muda de cana para o Brasil, e iniciou o seu cultivo na Capitania de São Vicente. Lá, ele próprio construiu o primeiro engenho de açúcar. Mas foi no Nordeste, principalmente nas Capitanias de Pernambuco e da Bahia, que os engenhos de açúcar se multiplicaram.

O açúcar é uma das formas possíveis de carboidratos (as outras formas são amido, celulose e alguns outros compostos encontrados nos seres vivos) e a sua condição mais comum consiste em sacarose no estado sólido e cristalino. O açúcar promove uma alteração no sabor dos alimentos e bebidas, tornando-os mais agradáveis ao paladar humano. É produzido comercialmente a partir de cana-de-açúcar ou de beterraba.

 


Açúcar de Beterraba

No início do século XIX, Napoleão dominava a Europa, mas os seus inimigos, os ingleses, promoveram o bloqueio continental em 1806, impondo o seu maior poder naval. Impedido de receber o açúcar das suas colónias ou de outros lugares além-mar, Napoleão incentivou a produção de açúcar a partir da beterraba, graças à técnica desenvolvida por Andrés Marggraf, químico prussiano, em 1747.

Com essa decisão, a França ficaria aparentemente livre da importação de açúcar de outros continentes. A plena revolução industrial, o uso de novas máquinas, técnicas e equipamentos, possibilitaram às indústrias nascentes, tanto de beterraba como de cana, um patamar tecnológico de produção e eficiência, impossível de ser atingido pelos engenhos tradicionais.

Aliado a esses fatores, o fim da escravatura sepultava definitivamente o modelo de produção que durara quatro séculos. Enquanto as modernas fábricas se multiplicavam e novas regiões produtoras surgiam, na África do Sul, Ilhas Maurícias e Reunião, na Austrália e nas colónias inglesas, francesas ou holandesas, no Brasil os engenhos tradicionais persistiram, ainda que agonizantes. Somente na metade do século XIX é que medidas para reverter essa situação começaram a ser tomadas. O consumo de açúcar aumentou muito, bem como a sua procura a nível mundial.

 A sacarose, normalmente conhecida como açúcar de mesa, é um tipo de glicídio formado por uma molécula de glicose e uma de frutose, produzida pela planta ao realizar o processo de fotossíntese. O amido, outra fonte de carboidratos, não se transforma em sacarose ao ser digerido, ele origina apenas, maltose.

Encontra-se em abundância na cana-de-açúcar, frutas e beterraba, mas está também amplamente distribuída entre as plantas superiores.

O açúcar, como a sacarose é mais conhecida, é normalmente encontrado no estado sólido e cristalino. É usado para alterar (adoçar) o gosto de bebidas e alimentos e é produzido comercialmente a partir da cana-de-açúcar ou da beterraba. Pelo menos metade da energia necessária para um indivíduo viver o seu dia-a-dia, pode ser encontrada na natureza, sob a forma de açúcares e amidos.

                                                                                                                                        Etimologia

O açúcar é considerado um tempero, e a sua designação nos idiomas latinos tem origem no termo árabe al zukkar, embora em outros, sobretudo no inglês, possa também ter derivado de shakkar, açúcar em sânscrito, antiga língua da Índia.

Tipos de açúcar

Açúcar branco.

Monossacarídeos:

 


Dissacarídeos:

   Sacarose                                             Maltose                                          Lactose

Trissacarídeos:

Rafinose - trissacarídeo formado de galactose, frutose e glucose.

 Políssacarídeos:

Amido

Polissacarídeo sintetizado pelos vegetais para ser utilizado como reserva energética. A sua função é, portanto, análoga à do glicogénio nos animais. No Brasil e em algumas outras poucas regiões do mundo, o amido difere da fécula. De acordo com a Legislação Brasileira, o amido é a porção extraída da parte aérea das plantas e a fécula é a fração amilácea retirada de tubérculos, rizomas e raízes.

Glicose

Todos conhecem este termo, pois ela tem um papel fundamental no corpo e na diabetes. A glicose, glucose ou dextrose, um monossacarídeo, é o carboidrato mais importante na biologia. Na corrente sanguínea, o açúcar circula em todos os órgãos e a maior parte do açúcar no corpo humano está sob a forma chamada glicose. Outras incluem frutose, o açúcar encontrado nas frutas e a ribose, um açúcar contido nos cromossomos que carregam informações genéticas.

A Glicose recebeu o seu nome do grego glykys (γλυκύς), que significa "doce", adicionado do sufixo ose, indicativo de açúcar. Tem como função principal fornecer energia ao organismo e participa das vias metabólicas, além de ser precursora de outras importantes moléculas.

O organismo transforma a glicose e liberta energia, água e dióxido de carbono transformando-a num combustível disponível utilizado por quase todos os tecidos do corpo, e é o único combustível que o cérebro pode utilizar. O cérebro pode sobreviver por pouco tempo sem glicose, pelo que este dirige o organismo no sentido de proteger os níveis de glicose sanguíneos, garantindo que eles não baixem muito. Quando as pessoas falam de açúcar sanguíneo, estão falando da glicemia (nível de glicose no sangue) que é afetado pela diabetes.

As células usam-na como fonte de energia e intermediário metabólico, mas ela é também um dos principais produtos da fotossíntese e inicia a respiração celular em procariontes e eucariontes. É um cristal sólido de sabor adocicado, de formula molecular C6H12O6, encontrado na natureza na forma livre ou combinada. Juntamente com a frutose e a galactose, é o carboidrato fundamental de outros carboidratos maiores, como sacarose e maltose. Amido e celulose são polímeros de glucose. É encontrada nas uvas e em vários frutos, e é obtida industrialmente a partir do amido.

No metabolismo, a glucose é uma das principais fontes de energia e fornece quatro calorias de energia por grama. A glucose hidratada (como no soro glicosado) fornece 3,4 calorias por grama. A sua degradação química durante o processo de respiração celular, dá origem a energia química (armazenada em moléculas de ATP - aproximadamente 30 moléculas de ATP por molécula de glucose), gás carbónico e água.

Glicogénio

É a forma de armazenamento dos carboidratos, no fígado e no tecido muscular, nos seres humanos e nos animais, sendo importante no metabolismo, pois ajuda a manter níveis de açúcar normais durante períodos de jejum, como durante o sono e é combustível imediato para contracções musculares. Apesar da sua presença no tecido animal, a carne e outros produtos animais não contêm quantidade apreciável de glicogénio, pois devido à Epinefrina e a outros hormónios de stress libertados na matança, os conteúdos de glicogénio são esgotados.

O glicogénio é especialmente abundante no fígado, onde constitui até 7% do peso húmido deste órgão. Neste caso é denominado glicogénio hepático, sendo encontrado em grandes grânulos, agregados por sua vez a outros menores, compondo uma massa molecular média de vários milhões. A principal função do glicogénio armazenado no fígado é alimentar as necessidades energéticas das células cerebrais.

Formas de apresentação da sacarose

· Açúcar mascavo ou açúcar mascavado (açúcar bruto): é o açúcar petrificado, de coloração variável entre o caramelo e o castanho, resultado da cristalização do “mel-de-engenho”, ainda com grande teor de melaço.

· Açúcar demerara: açúcar granulado de coloração amarela, resultante da purgação do açúcar mascavo, ainda com teor de melaço na sua composição, mais utilizado para exportação.

· Açúcar refinado granulado: puro, sem corantes, sem humidade ou empedramento e com cristais bem definidos e granulometria homogénea. Este tipo de açúcar é muito utilizado na indústria farmacêutica, em confeitos, xaropes de excepcional transparência, e misturas secas em que são importantes o aspecto, o escoamento e a solubilidade.

· Açúcar refinado amorfo: com baixa cor, dissolução rápida, granulometria fina e brancura excelente, o refinado amorfo é utilizado no consumo doméstico, em misturas sólidas de dissolução instantânea, bolos e confeitos, caldas transparentes e incolores.

· Glaçúcar: é o conhecido "açúcar de confeiteiro", com grânulos bem finos e cristalinos, produzido sem refino e destinado à indústria alimentícia, que o utiliza em massas, biscoitos, confeitos e bebidas.

A granulação do açúcar de confeiteiro é mais fina que a do açúcar refinado, podendo ou não ter como aditivo algum tipo de amido ou fosfato de cálcio para lhe dar maior leveza. A sua minúscula constituição favorece a sua fixação sobre pães e doces após o preparo, bem como a confecção de coberturas. Pode ser feito domesticamente, moendo açúcar comum num moedor de café ou num processador.

· Açúcar invertido: é um ingrediente utilizado pela indústria alimentícia que consiste num xarope quimicamente produzido a partir do açúcar comum, a sacarose. É usado principalmente na fabricação de rebuçados, doces e sorvetes, para evitar que o açúcar cristalize durante a produção e dê ao produto final uma desagradável consistência arenosa.

Além de conferir textura adequada aos produtos em que é utilizado como matéria prima, o açúcar invertido também auxilia na formação de cor e de aroma, através da chamada “Reação de Maillard” ou escurecimento não enzimático.

O termo “invertido” decorre de uma característica física da sacarose, que se altera durante o processo de hidrólise: originalmente, um raio de luz polarizada que incide sobre a sacarose é desviado para a direita, ou seja, a sacarose é uma molécula dextrógira (D, +). Após o processamento de inversão, a glicose (D, +) e a frutose (L, -) resultantes têm a propriedade conjunta de desviarem a luz para a esquerda; ou seja, o açúcar invertido é levogiro.

Uma substância natural, com características semelhantes ao açúcar invertido industrialmente produzido, é o mel de abelhas. As abelhas secretam a enzima invertase, que transforma grande parte da sacarose contida no néctar proveniente dos vegetais em glicose e frutose.

· Açúcar líquido ou Xarope simples: transparente e límpido, é uma solução aquosa, usada quando é fundamental a ausência de cor, caso de bebidas claras, rebuçados, doces e produtos farmacêuticos.

· Açúcar orgânico: produto de granulação uniforme, produzido sem nenhum aditivo químico, tanto na fase agrícola como na industrial. Pode ser encontrado nas versões clara e dourada. O seu processamento segue princípios internacionais da agricultura orgânica e é anualmente certificado pelos órgãos competentes. Na produção do açúcar orgânico, todos os fertilizantes químicos são substituídos por um sistema integrado de nutrição orgânica para proteger o solo e melhorar as suas características físicas e químicas. Evitam-se as doenças pelo uso de variedades mais resistentes e combatem-se as pragas (como a broca-da-cana) com os seus predadores naturais – vespas, por exemplo.

Adoçantes

Adoçantes ou edulcorantes são substâncias de baixo ou nulo valor energético que proporcionam a um alimento o gosto doce. Além da sacarose (açúcar natural mais difundido mundialmente), são largamente utilizados para esse fim a sacarina, o ciclamato e a taumatina, moléculas divergentes dos glicídios naturais, e que estudos apontam como uma das causas do aumento da acne.

Os adoçantes podem ser classificados em: artificiais ou sintéticos, que englobam a sacarina sódica, os ciclamatos e outros sem valores calóricos, e naturais, como a frutose, o sorbitol, etc., que também possuem menos calorias que a glicose, presente na sacarose.

Estudos indicam que os adoçantes artificiais são, em muitos casos, nocivos e insalubres, mesmo quando em concentrações preconizadas pelos órgãos de saúde.

                                                           Tipos de adoçantes

Naturais

Extraídos diretamente de plantas ou produzidos por via biotecnológica.

Glicose

Componente da sacarose e, basicamente, o glicídio mais utilizado metabolicamente para a produção de energia.

Isomaltose (iso+maltose): Dissacarídeo xaroposo, C12H22O11, isomérico com maltose que se apresenta na cerveja, urina, sangue, mel de abelha, fígado e outras substâncias naturais, e é obtido pelo tratamento de glicose com ácidos fortes, pela ação de maltose sobre glicose ou de dextrano por hidrólise ácida.

Manitol

Tipo de açúcar que pode ter várias utilizações:

·      Na fabricação de condensadores eletrolíticos secos, usados em rádios, videocassetes e televisores, podendo por isso tais aparelhos ser atacados por insectos, em particular formigas.

·      Em alimentos dietéticos.

·      No fabrico de resinas e plastificantes.

·      Como diurético.

·      Como adoçante.

·      Em diversas doenças.

·      Pode ser usado num acidente vascular cerebral agudo, para diminuir a pressão intracraniana (a sua administração nos vasos sanguíneos aumenta a pressão osmótica dos vasos, o que leva à passagem de líquido do sistema nervoso para o sistema circulatório, drenando a caixa craniana).

Maltitol

Um açúcar do grupo do álcool (um poliol) usado como adoçante. Ele possui entre 75 e 90% da doçura da sacarose (açúcar comum) e propriedades aproximadamente idênticas, excepto para escurecimento e caramelização. É utilizado como adoçante, pois possui menos calorias, não causa cáries e tem um efeito menor no nível de glicose sanguínea.

Quimicamente, o maltitol é conhecido como “4-O-α-glucopyranosyl-D-sorbitol”. Comercialmente, é desenvolvido com os nomes de Maltisorb e Maltisweet.

Sacarose ou açúcar de mesa

Obtida da beterraba (onde o seu conteúdo é de 15%) ou da cana-de-açúcar (com 25% de sacarose).

Lactose

Açúcar encontrado no leite, com baixo potencial dulçor. É utilizada como insumo inerte em preparações homeopáticas.

 Flavonoides

Frutose

Conhecida como “açúcar para diabéticos” e comumente encontrada em frutos, é utilizada para a fabricação de produtos para diabéticos, mas o seu consumo deve ser controlado, já que pode se converter em glicose. A frutose metaboliza-se mais lentamente que outros similares.

Steviosídeos

Extraídos da Stevia rebaudiana, um adoçante natural rejeitado por muitos pelo seu sabor característico, mas que vem se popularizando nos centros urbanos.

Xilitol

Adoçante parecido com o “sorbitol”, pouco utilizado devido ao seu custo de produção, mas usado em gomas de mascar de valor mais elevado.

Sintéticos ou artificiais

Os produzidos através de processos industriais específicos.

Acesulfame-k

Não é metabolizado pelo organismo e tem poder adoçante 200 vezes maior que a sacarose.

Aspartame

É um dos mais recentes, e o seu poder adoçante aproxima-se da sacarina, sendo 200 vezes superior ao da sacarose, ou seja, uma dose 200 vezes menor que a de açúcar, produz os mesmos efeitos. O seu consumo é, no entanto, interdito aos portadores de fenilcetonúria[1] e perde o sabor quando submetido a temperaturas superiores a 120°C, ou menores, mas de forma prolongada.

Ciclamato

É 50 vezes mais doce que o açúcar, mas segundo a Organização Mundial da Saúde pode produzir cancro e mutações. Produz também alergias. Os ciclamatos estão proibidos nos Estados Unidos, Japão, Inglaterra e França, e o seu uso é contraindicado para mulheres grávidas.

Lactitol

Adoçante artificial pobre em calorias. É empregado para a confecção de doces de baixas calorias e recomendável aos diabéticos. É menos doce que a sacarose, porém mais estável que o aspartame.

Lisozima

Preparada e usada na forma de hidroclorido, é um pó sem odor, branco, levemente adocicado. Extraída da clara de ovo, é um produto natural, um polipeptídeo formado por 129 aminoácidos. É uma proteína de carácter básico.

Neo-hesperidina, di-hidrocalcona

Elaborado da laranja amarga.

Neotame

Produzido pela mesma empresa que fabrica o aspartame, está autorizado desde 2002, e é o adoçante mais potente que existe. Está a ser utilizado em produtos alimentares (comidas e bebidas) em todo o mundo. No entanto, o seu uso, aparentemente, tem sido de certa forma limitado.

O neotame é um produto derivado do aspartame, e a julgar pelos componentes usados na sua manufatura é, aparentemente, ainda mais tóxico do que o próprio aspartame. Os defensores do neotame, no entanto, dizem que tal toxidade não representa qualquer problema, porque apenas uma pequena quantidade é necessária para obter o efeito desejado.

Polidextrose

Adoçante utilizado pelas suas propriedades gelificadoras e espessantes, normalmente usado para a produção de sobremesas.

Sacarina

Proibido na França e no Canadá. Nos Estados Unidos, embora permitido é obrigatório que as embalagens deste aditivo façam constar nos rótulos que ele é nocivo à saúde. Acredita-se que doses inferiores a 2,5 gramas ao dia não são tóxicas. Mas não é aconselhável o seu uso por mulheres grávidas.

Sorbitol ou álcool de açúcar

Tem as mesmas vantagens e inconveniências que a frutose, mas pode, porém, causar diarreia, se for consumido em excesso. É o adoçante geralmente utilizado nas gomas de mascar "sem açúcar". No fígado pode ser transformado em glicose e frutose.

Sucralose

Açúcar modificado com átomos de cloro, 600 vezes mais potente que o açúcar comum.

Taumatina

A “taumatina” é uma proteína natural utilizada como edulcorante e modificador de sabor. Obtém-se do Katemfe (Thaumatococcus danielli), um arbusto típico das florestas húmidas do oeste da África, descoberto para o mundo ocidental em 1840 por W.F. Danielli, um médico da armada britânica, que observou que os nativos utilizavam o fruto do Katemfe para aumentar o sabor e mascarar os paladares desagradáveis das frutas ácidas e do vinho de palma.

O núcleo da fruta onde se encontra a “taumatina” é conhecido como aril. Para extraí-lo, é feito um primeiro processamento do fruto recém-colhido, no lugar de origem. O aril é extraído e rapidamente congelado, para posterior envio para as fábricas, onde se obtém o princípio ativo por extração aquosa e sucessivas clarificações. A concentração final é conseguida por ultrafiltração, que elimina também qualquer bactéria presente e permite um concentrado estéril.

 


[1]A fenilcetonúria é uma desordem do metabolismo, herdada, que causa problemas intelectuais e de desenvolvimento se não for tratada. Na fenilcetonúria o corpo não consegue processar uma porção da proteína chamada fenilalanina, a qual está em quase todos os alimentos. Se o nível de fenilalanina ficar muito alto, o cérebro pode ser danificado.

domingo, 17 de setembro de 2023

 

Inconstâncias da Hotelaria


Visão e Pontos de Vista

 Há alguns dias atrás, a minha atenção foi alertada por um artigo muito bem escrito, apontando as vicissitudes que atormentam uma gestão, pela forma como desmotivam os funcionários, tais como trabalho noturno, folgas, salários baixos, etc., e complicam a administração de pessoal, causando o abandono da indústria por uma grande parte dos seus profissionais, que acabam trocando esta, por outras formas de trabalho. Isso me recordou um artigo que eu próprio escrevi há cerca de 50 anos sobre o mesmo tema, quando inaugurei um hotel em Luanda (Angola). E me indicou que o autor deste artigo deve ser um profissional em início de carreira, pois eu mudei muito desde então, e acho que ele também vai mudar ao longo dos tempos que virão, pois a hotelaria, apesar de todas as modernizações e acertos encontrados desde então, continua sofrendo dos mesmos contratempos e dificuldades que eu apontei, e que ele está citando. Mas eles irão continuar, da mesma forma que outras indústrias terão também os seus inconvenientes, apesar dos esforços dos seus responsáveis para tentar evitá-los.

A solução parcial do problema, aparece na necessidade imposta às Gerências e serviços de RH, de valorizarem o futuro profissional aos interessados, quanto às possibilidades de atingirem cargos de maior responsabilidade, onde os salários serão mais de acordo com as suas pretensões, e à perspectiva futura de manterem os empregos, pois a Hotelaria é uma indústria em pleno crescimento e, portanto, com garantia de estabilidade profissional para os que por ela optarem. Ajudando-os a cultivar uma mentalidade de crescimento, e obtendo o maior conhecimento possível sobre este conceito, para poderem não só aceitá-lo, como transmiti-lo, estarão facilitando o seu próprio trabalho e cumprindo uma obrigação social.

A mentalidade é resultado de cultura, e a mudança neste campo é uma escolha. Pessoas com mentalidade construtiva – que optam por acreditar que o talento e a capacidade podem crescer – experimentam melhor desempenho, foco e sucesso. Todos têm o poder de mudar a sua mentalidade. A chave é aprender como fazer a mudança. Quer você tenha 15 ou 50 anos! É importante cultivar uma mentalidade construtiva se você deseja viver, trabalhar ou aprender de uma forma mais gratificante.

Quando se acredita que nossos talentos e habilidades são fixos e não podem mudar com trabalho árduo (fruto de uma mentalidade fixa), será menos provável que se tentem coisas novas – especialmente quando elas são desafiadoras. Com o tempo, essa incapacidade de desafiar irá impedir o desenvolvimento de habilidades em muitas áreas importantes da vida. Você pode até perder a confiança em sua capacidade de alcançar seus objetivos para o futuro. Por outro lado, as pessoas que adotam uma mentalidade construtiva continuarão lutando pelo sucesso, não importa quantas vezes falhem. Eles não desistem; eles apenas continuam a se esforçar e tentar novamente.

Uma mentalidade construtiva é uma abordagem de vida que sustenta que o talento ou a habilidade podem ser desenvolvidos. Indivíduos com mentalidade construtiva assumem tarefas desafiadoras em vez de terem medo de falhar. O crescimento acontece por meio de trabalho árduo, não de sorte. Se concordar comigo, tente analisar o problema e a possível solução, passando a usar isso no trato com o pessoal sob sua condução.

Os cérebros humanos estão programados para perceber mais diferenças do que semelhanças. E isso às vezes significa que não vemos nosso próprio potencial ou a possibilidade de melhorar. Na verdade, a maioria das pessoas acredita que talento e habilidade são coisas com as quais se nasce, e que não há muito que se possa fazer para mudar sua inteligência ou “talentos naturais”.

É importante fazer as pessoas perceber que seus cérebros são como os de qualquer outro ser humano. Quais habilidades mentais cada um usa todos os dias? Foco? Atenção? Entendimento? Curiosidade? Todos nós usamos conjuntos de habilidades semelhantes, apenas variando de indivíduo para indivíduo, não importa qual seja o nosso nível de inteligência naquele momento.

Quando percebemos esse tipo de coisa, isso nos ajuda a reconhecer que temos muito mais potencial do que parece, com base em qualquer momento específico. E isso nos dá confiança e motivação para mudar nossa mentalidade, de fixa para uma de crescimento.

Como se passa de uma mentalidade fixa para uma mentalidade de crescimento?

 
O primeiro passo é estar consciente de seus próprios pensamentos sobre você e os outros. Depois, começar a praticar novas formas de pensar que apoiem o seu sucesso em todas as áreas da vida: na escola, no trabalho ou em casa com os filhos e familiares. Pensar por exemplo, em suas habilidades como algo que pode crescer através do esforço – em vez de vê-las como algo imutável que você tem ou não.

“Não importa o que alguém me diga sobre minha ‘habilidade’ ou nível de talento em fazer alguma coisa, se eu estiver disposto a desenvolver uma mentalidade construtiva”. Einstein uma vez disse: “Todo mundo é um gênio. Mas se você julgar um peixe pela sua capacidade de subir em uma árvore, ele viverá a vida toda acreditando que é estúpido.”

Dê às pessoas que trabalham consigo, crédito por qualquer tipo de mudança positiva que tenha sido feita e cultive o sentimento de satisfação que acompanha o sucesso. Até mesmo pensar em si próprio como uma pessoa que muda e cresce, aumenta a probabilidade de seguir em frente. Esteja convicto de que encontrar apoio social aumenta nas pessoas o sentimento de busca por acerto e êxito.

Reflita sobre os momentos em que também duvidou de si mesmo (ou até mesmo pensou “Não sou capaz o suficiente”) e como, especificamente, mudou sua mentalidade para superar as limitações percebidas, ao ser reconhecido. Que estratégias funcionaram bem, e como podem ser usadas para incentivar eles?

Pense que as pessoas sob seu comando ou orientação são seres humanos iguais a você, com os mesmos valores e defeitos, embora possam ter menos conhecimentos, e é nisso que você poderá ajuda-los. Reserve um momento para considerar o papel da repetição na construção de novos hábitos e na mudança de mentalidades. Onde você pode precisar fazer mais repetições? Como você poderia garantir o sucesso fazendo isso? (Dica: pense em como nosso ambiente desempenha um papel importante na formação de nossa mentalidade!)

Lembre-se sempre de que as pessoas que duvidam de suas próprias habilidades geralmente são ainda mais duras consigo mesmas do que as outras pessoas. Seja paciente com eles – e seja especialmente indulgente se eles levarem mais tempo do que os outros para verem a luz!

Lembre-se: você não precisa manter uma mentalidade fixa! Não há vergonha em tentar e falhar; apenas veja isso como mais uma coisa com a qual você pode aprender. E que pode ensinar a eles.

Lembre-se também de que o medo do fracasso (ou da rejeição) não é motivo para não agir. Aja de qualquer maneira; dê pequenos passos se necessário, mas certifique-se de agir em direção aos seus objetivos todos os dias. Isso dará ao seu cérebro a oportunidade de praticar e se reconectar em direção à mudança.

No longo prazo, esse processo pode parecer desconfortável, estranho ou até mesmo assustador. Se sim, tudo bem! Dê a si mesmo crédito por enfrentar o que é difícil para você, em vez de fugir desses sentimentos. Lembre-se: o crescimento pode ser desconfortável, mas é a única maneira de melhorar! E passe esses ensinamentos à sua equipe.

Se você alguma vez disse ou pensou “Eu simplesmente não consigo mudar minha mentalidade”, pergunte-se: o que há de tão assustador em mudar uma mentalidade? Talvez você esteja preocupado com o fato de que, ao abandonar suas concepções de mentalidade fixa, você será julgado de alguma forma como sendo “menos inteligente” do que outros. O que poderia acontecer se as pessoas lhe dissessem que você é menos inteligente depois de verem todas as maneiras como você mudou e cresceu ao longo do tempo? Se você está preocupado em ser julgado, vale a pena perguntar o quanto você está dando valor às opiniões de outras pessoas. Esses pensamentos correspondem aos seus valores fundamentais sobre quem você deseja ser e o que deseja defender? E use o resultado das suas decisões nesses pontos, para criar novos conceitos no seu grupo de trabalho.

No final, lembre-se: você pode mudar suas opções sempre que quiser. Sua mentalidade é sua e somente sua; ninguém mais tem palavra a dizer sobre se você cresce e se desenvolve ou não. O mesmo acontece com os seus subordinados, mas você pode ajudá-los com o seu exemplo e a sua crença nos resultados.

As equipes normalmente, absorvem os conceitos dos seus chefes ou supervisores. Apenas deve ser criada uma liderança que permita isso.

Uma aparente falta de capacidade é simplesmente uma questão de mentalidade; pode ser devido a alguém nos ter dito que não éramos bons o suficiente. Podemos trabalhar para mudar essas suposições – e desenvolver novas habilidades e impulso para alcançar metas – aplicando persistência positiva:

E essa estratégia funciona melhor quando enquadra o “nós” em vez de “eu”. Dessa forma, se você ou sua equipe estão enfrentando algum tipo de desafio, a solução se torna plural: você não apenas lidará com seus próprios medos e dúvidas pessoais (porque, veja! ver outros admitir medo do desafio é uma ótima maneira de nos lembrarmos de que somos todos humanos!), e você também será capaz de enfrentar os medos e dúvidas com as pessoas ao seu redor.

E o que é melhor do que trazer novos comportamentos para sua vida? Mudar a mentalidade de outras pessoas sobre habilidade também! Lembre-se: quando se trata de nossos objetivos e desafios, a persistência positiva não se trata apenas de alcançar alturas que nunca pensamos serem possíveis para nós mesmos. Trata-se também de transformar as mentalidades fixas dos outros em mentalidades de crescimento – e, por sua vez, ajudá-los a alcançar os seus próprios objetivos.

Por fim, lembre-se também: existem inúmeras maneiras de aplicar a persistência positiva. A chave não é aperfeiçoar alguma técnica ou método; trata-se apenas de tentar todos os dias mudar uma teoria ou comportamento. Dessa forma, você poderá praticar a persistência positiva repetidamente – e tornar seu cérebro mais forte do que nunca.

Avance e experimente algo novo hoje! Talvez seja desconfortável no início; mas tenha em mente que o desconforto pode levar a algumas de nossas maiores conquistas. Quem sabe? Ao se esforçar hoje, talvez amanhã, ou na próxima vez que alguém lhe disser, que sempre será difícil para você, você pode olhar para trás e dizer: “De jeito nenhum”.


 


 

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