domingo, 10 de setembro de 2023

 

O Boi  na Culinária e na Gastronomia


Sua divisão açougueira

 O boi, animal sagrado na Índia e em algumas das civilizações do passado, considerado e venerado pelos egípcios como a expressão mais completa da divindade, é um dos mamíferos mais úteis ao homem e um dos luxos de alimentação que as gerações presentes ainda se permitem, mas que não poderá de forma alguma ser mantido no futuro, quando a Terra se encontrar superpopulada e houver problemas de nutrição.

Pertence à subordem dos ruminanteae e encontra-se, tal como os ovídeos e caprinos, na divisão dos ruminantes de chifres ocos. Será interessante referir, que a subordem dos ruminantes é classificada de acordo com as características dos chifres, embora inclua animais desprovidos desses apêndices, caso dos camelos e dos lhamas.

A girafa constitue, por si própria, dentro da subordem, o género conhecido como camelopardalos, e os gamos, que mudam de chifres anualmente, são interessantes espécimes da ordem a que pertencem. Os antílopes, rangíferes, touros, cabras e ovelhas, sendo todos eles, animais de chifres ocos, encontram-se na mesma classe zoológica, embora sejam diferentes uns dos outros.

O gado vacum europeu, enquadra-se num grupo distinto do sector dos bovidae,  que inclui, entre outros:

 Os bisões ou bisontes - boi selvagem dos Estados Unidos,

Os iaques,

Os gour - bisão indiano,

Os goyal - vaca indiana,

Os búfalos, bois asiáticos de chifres chatos,

Os zebus, animais da Ásia, caracterizados por  uma bossa no cachaço,

Todas as raças de bovídeos europeus.

 As sete raças acima apresentadas não são a totalidade existente, mas servem para demonstrar, como os bovídeos têm uma posição predominante no reino animal em relação a outras espécies.

Portugal não é de forma alguma um pais produtor de gado; as poucas raças nativas, entre as quais se destacam os arouqueses, barrosões, mertolengos e mirandeses, que, com a holandesa e a turina, produtoras de leite, são as mais destacadas, não podem, de forma alguma, competir com as dezanove raças de bom gado vacum existentes só nas ilhas Britânicas e, nada são, entre as 55 que Moff e Gayot nos descrevem no seu admirável trabalho “La Connaissance General  Du Boeuf".

Países de imensas pradarias, como a Austrália, Canadá, Argentina, Brasil e Estados Unidos, produzem anualmente grande parte da carne consumida no mundo.

A Grã-Bretanha sempre foi, desde remotos tempos, famosa pelas raças de gado apresentadas, o que é bastante natural, pois o solo e o clima, demonstraram, ser bastante favoráveis para o seu desenvolvimento. Entre as mais conhecidas destas raças, destacam-se as shorthorns, herefords, devons, sussex, galloways, aberdeen-angus, west highlanders e pembrokes.

Em Portugal a produção de Bovinos de Carne é um subsetor com uma importância significativa no contexto agroalimentar português, pois a Carne de Bovino é o terceiro tipo de carne mais consumido pelos Portugueses (cerca de 214.000 toneladas por ano, ficando apenas atrás da carne de suíno e de animais de capoeira. Representou em 2021 cerca de 11,3% do total de Carne produzida em Portugal (102.954 toneladas de bovino, produzidas face à produção total de carnes de 911.360 toneladas).

O saldo da Balança Comercial da Carne de Bovinos continua a revelar-se bastante negativo, sendo revelador do facto de Portugal ainda se encontrar longe de ser autossuficiente na produção deste tipo de carne.

Em termos de explorações agrícolas nas quais existe presença de Bovinos, a análise aos últimos 20 anos do setor, permite constatar que atualmente existe apenas um terço do total de explorações que existia há 20 anos. Em contraponto, as explorações dos dias de hoje detêm uma dimensão média muito superior àquela que existia há 20 anos, quer em número de efetivo animal, quer em exploração do negócio.

A União Europeia (UE) fechou 2021 com uma população pecuária estimada em 142 milhões de suínos, 76 milhões de bovinos, 60 milhões de ovinos e 11 milhões de caprinos, mas Portugal continua a figurar pouco acima do meio da tabela no que toca à criação de gado das duas principais espécies.

Dados publicados  pelo Eurostat, mostram que o principal contributo vem de Espanha, com o país vizinho a ser responsável por 24% do total de porcos da UE, por 9% do de bovinos, por 25% do de ovinos e por 23% do de caprinos. Segue-se França onde se criavam 9% dos suínos e 23% dos bovinos, 12% dos ovinos e dos caprinos do bloco dos 27, num pódio que se fecha com a Alemanha.

A vaca alentejana é criada em extensivo. Em liberdade tal como sucede com o Porco Preto, alimenta-se do que a natureza oferece. Da sua alimentação resulta uma carne da mais elevada qualidade comercializada através da Carnalentejana DOP, agrupamento composto pelos criadores da raça.

No Bovino português, a raça Barrosã é considerada a mais bela mundo entre todos os bovinos e tem registros de sua existência pelo menos há mais de dez mil anos. Alguns autores informam que a origem da raça é do norte da África, pois animais de características parecidas, principalmente no tamanho e na espessura dos chifres já existiam por lá no passado. O gado migrou para a península ibérica e a expansão da raça aconteceu posteriormente no Planalto Barroso, norte de Portugal, local que deu origem ao nome.

A região agrária com o maior efetivo bovino em Portugal é a do Alentejo. No que respeita ao Entre Douro e Minho, no ano de 2021 o efetivo bovino nela existente (255.000 cabeças) era composto por cerca de 56,9% de bovinos de carne, 31% de vacas leiteiras e 12,1% por outras vacas.

Na atualidade, o Monte do Pasto apresenta-se como "líder na criação de bovinos de ar livre, em Portugal e na Península Ibérica", com capacidade para produzir por ano cerca de 40 mil cabeças de gado (16 de jan. de 2022).

No Brasil, o desenvolvimento da pecuária no período colonial aconteceu com o próprio processo de colonização, quando os portugueses trouxeram as primeiras reses para a realização da tração animal, consumo local e o transporte de cargas e pessoas. Com o passar do tempo, o aumento dessa população bovina gerou um problema aos plantadores de cana, pois o gado acabava ocupando um espaço que era originalmente reservado a desenvolver a economia açucareira.

Com o passar do tempo, foi tentada uma solução e a criação de gado passou a ocupar regiões do interior do território que não interferissem na produção de açúcar do litoral, tendo tal experiência, ocorrido principalmente na região Nordeste, o que fez com que os primeiros criadores de gado adentrassem o território e rompessem com os limites do Tratado de Tordesilhas. No século XVIII, essa experiência foi potencializada por um decreto da Coroa Portuguesa que proibia a criação de gado em uma faixa de terras de oitenta quilômetros, da costa até ao interior.

Seguindo o fluxo de diferentes rios, os criadores de gado adentravam o território e, consequentemente, expandiam involuntariamente as possessões coloniais. Ao mesmo tempo em que favorecia o alargamento das fronteiras, a atividade pecuarista desenvolvia relações sociais e econômicas que se distanciavam dos padrões tradicionalmente ditados pelas plantações agroexportadoras e esclavagistas do litoral brasileiro.

Geralmente, os trabalhadores ligados à pecuária eram brancos, mestiços, índios e escravos alforriados. A existência de escravos era minoritária e grande parte desses trabalhadores – na qualidade de vaqueiros e peões – recebiam uma compensação financeira, considerada regular, pelos seus serviços. Os vaqueiros, que coordenavam as atividades junto ao gado e comandavam os peões, recebiam um quarto das crias do rebanho nascidas ao longo de um período de quatro ou cinco anos.

Por meio desse sistema, vemos que a pecuária colonial também era marcada por interessante mobilidade social, que permitia que os vaqueiros se tornassem donos do seu próprio rebanho. Paralelamente, vemos que a pecuária colonial destoava das políticas econômicas privilegiadas pela Coroa Portuguesa. Ao invés de produzir riqueza visando à conquista do mercado externo, a pecuária desse tempo concentrava-se no abastecimento das cidades e outros povoamentos do território brasileiro.

Através da consolidação da economia mineradora, observamos que a pecuária passava também a atingir a região Sul do nosso território. As condições do relevo e da vegetação desse espaço motivaram a fundação de fazendas de gado voltadas para o abastecimento de vários centros urbanos, formados nesse período. Além do charque, um tipo de carne seca, os pecuaristas dessa região também lucravam com a exportação de couro e animais de transporte.

Com a crise mineradora, notamos que a pecuária se espalhou por outras regiões do território brasileiro, como, Goiás, Minas e Mato Grosso. Nesse momento, a pecuária já ocupava uma posição sólida no desenvolvimento da economia. Além de contar com características próprias, a pecuária nos revela traços de nossa colonização que extrapolam os limites do interesse metropolitano e da exploração voltada para as grandes potências.

Hoje, o Brasil tem mais cabeças de gado do que população. Como mostrou o Censo 2022, o país tem 203.062.512 de habitantes, enquanto o rebanho bovino é de 224.602.112, segundo dados compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados agora oficializados, permitem analisar algumas curiosidades sobre o país. A pecuária, por ser uma atividade geralmente mais distante de grandes centros urbanos, leva ao curioso fato de alguns estados terem quase dez vezes mais cabeças de gado do que pessoas.

O estado de Mato Grosso lidera o número de cabeças de bovinos, com 32,7 milhões de animais, um crescimento de 2,3%. Em seguida vem Goiás, com 23,6 milhões de cabeças de gado, alta de 3,5%. Pará está em terceiro lugar, com 22,3 milhões, crescimento de 6,3%. Em quarto lugar fica Minas Gerais, com 22,2 milhões de animais.

Rondônia tem a maior diferença entre pessoas e gado, com uma população de 1.581.016 e um rebanho bovino de 15.110.301, uma relação de quase 9,5 vezes. O Mato Grosso vem logo em seguida, com 2.756.700 pessoas vivendo no estado, e um total de 18.608.503 cabeças de gado.

De todas as raças, selecionadas para alimentação humana, as shorthorns,(chifres curtos) são sem dúvida as mais famosas; de origem holandesa, provavelmente têm tido da parte dos criadores, através de gerações, um carinho que lhes proporcionou tanto reputação como categoria, inatacáveis. A qualidade da carne dos bovídeos, depende parcialmente da raça, mas também, e bastante, da idade, sexo e modo de alimentação. A melhor carne é sem duvida a dos novilhos ou machos castrados ate três anos de idade. A vitela ou bezerra, pode considerar-se igualmente boa, mas a carne de vaca ou de touro é verdadeiramente inferior.

Quanto à alimentação, a que mais pode beneficiar a carne, é aquela baseada na erva fresca e viçosa dos prados. A boa carne de vaca tem uma cor vermelho-vivo, laivada ou intercalada de pequenos filamentos de gordura, muito finos e intermitentes.

O quarto traseiro de uma rês é sempre superior ao dianteiro; cachaço, abas e pás, são carne de baixo preço, enquanto as melhores peças se retiram da região lombar e das pernas.

Para se poder avaliar o valor gastronómico ou culinário de uma peça de carne, deve-se conhecer a sua colocação no corpo do animal e, bem assim, as funções que desempenha no organismo.

A quantidade de tecidos, nervos, gorduras ou peles, podem determinar o valor da peça, razão por que foram criados sistemas de corte que, obedecendo a regras pré-estabelecidas e fiscalizadas, estabelecem as regiões demarcadas para esta ou aquela categoria de carne.

Nem todos os cortes são iguais. No mesmo país, por vezes, esses cortes variam. É bem interessante nesse campo, o trabalho do Prof. Doutor Ivo Cruz “DEFINIÇÃO ANATÓMICA DAS PEÇAS DE TALHO" (Portugal), pelo que ajuda os estudiosos ou interessados no problema.

Como esclarecimento do que dizemos e para elucidar aqueles que nos lêem, faremos uma descrição dos cortes normalmente utilizados em Portugal (Lisboa), França (Paris) e Inglaterra (Londres), bem como apresentaremos o corte normalmente utilizado no Brasil.

 

DESCRIÇÃO CORRENTE DAS PEÇAS DE TALHO EM PORTUGAL



A VACA - CORTE  BRASILEIRO PARA CONSUMO

 



CORTE OFICIAL (LISBOA)

 

 


 - a) Lagarto; b) Chambão; c) Escápula;  d) Agulha; e) Sete; f) Cheio; g) Espelho ou Coberta.

Cachaço

Constituida por toda a região adjacente às vertebras cervicais e englobando sete das mesmas, esta peça subdividi-se em: a) Volta do Cachaço;  b) Noz

Acém

Compreende 12 Vértebras Dorsais e as correspondentes Costelas, tendo, inteiro, uma forma trapezoidal.

Dele se retiram: Acém comprido; Acém Redondo; Coberta do Acém.

Aba carregada ou Aba das costelas

É uma peça triangular, obtida por um corte na extensão das costelas do acem, com vista a beneficiar o mesmo, aliviando-o do excesso de osso. Situa-se entre o acém e o peito

Dela se retira a coberta da aba carregada, única parte aproveitável.

Peito 

a) maçã do peito; b) peito alto; c) prego do peito, são as peças em que se pode seccionar esta parte do animal.

O quarto posterior que como já dissemos é o mais aproveitável e de maior valor gastronómico, era outrora apresentado inteiro, nos banquetes da corte dos reis normandos, grande senhores da velha Albion

 

Quarto posterior: depois de retirada a rilada, constituida pelos rins e gorduras aderentes, este quarto secciona-se em: aba descarregada, rosbife, alcatra, chã de fora, pojadouro, rabadilha, chambão da perna e rabo as quais dão a seguinte subdivisão:

Aba descarregada

a) Aba Grossa; b) Aba Delgada.

Rosbife

Depois de desossada, esta peça subdivide-se em duas outras, bastante conhecidas pela sua larga utilização em Culinária:

Lombo e vazia.

No primeiro, são vulgarmente encontradas quatro partes distintas:

Cabeça – de onde se retira o famoso Chateaubriand.

Meio- normalmente utilizado para os Tournedós.

Rabo - com o qual se confeccionam os famosos Filés Mignons.

Ponta do Rabo – de onde se aproveitam cubos para guisados e Strogonoff.


Na Vazia, a parte que realmente se pode considerar valiosa é a superior, constituída pelo Músculo Longo Dorsal.

Alcatra

Situada na região sacra do animal, esta peça de carne sem osso, subdivide-se em: a) ponta ou lagarto; b) cheio; c) folha. A origem da palavra Alcatra vem do árabe Al katra e significa nesse idioma (pedaço ou bocado).

Chã de fora

Desta peça retira-se uma outra, bastante conhecida pelas suas possibilidades culinárias, mas que no entanto se considera uma subsecção na divisão açougueira, o ganso redondo.

Pojadouro

Vendida sem osso, esta peça normalmente não é seccionada. Tem porém dois músculos que, quando separados em conjunto, se designam por Coberta do Pojadouro.

Rabadilha

Pode, depois de desossada, subdividir-se em: a) Coberta; b) Cheio

Chambão da perna

Constituída pelos músculos flexores do pé e músculo peroneal, com a  tíbia, esta peça não se secciona senão para fins culinários. ela está na base dos famosos guisados ditos "osso-bucco"

Rabo

Porção caudal constituída pelas seis primeiras vértebras da cauda, tendo anexa parte da carne pertencente aos músculos sacro-caudais.

 

O CORTE FRANCÊS

Para dar aos nossos leitores possibilidades de comparação, visto que grande parte das ementas são, por vezes, elaboradas em francês, apresentamos descrição do corte da vaca, tal como se pratica em França.

Verificamos que a sensibilidade gastronómica dos franceses, os levou a uma selecção mais rigorosa das partes aproveitáveis, com maiores possibilidades culinárias.

 

O CORTE INGLÊS

Os ingleses, por praticarem uma cozinha simples, quase sempre baseada em assados e grelhados, o que não quer dizer que por vezes um guisado não apareça também, procuraram classificar e aproveitar o corte, pelas peças com mais possibilidades de se adaptarem a esse género de culinária.

Podemos notar assim que é mais sobre a região dorsal e o quarto trazeiro que se detiveram as atenções dos classificadores britânicos. O peito, aba e chambão, raramente são preparados na cozinha inglesa. Vendidos a baixo preço, são quase sempre utilizados em sopas ou molhos base, entrando de vez em quando num stew ou pie, os famosos guisados e pastelões ingleses. Os pés e as tripas são vendidos para uso industrial.

Em constraste, verificamos que o rabo, considerado iguaria delicada e base da famosa “ox-tail soup”, é quase sempre vendido a preço elevado.

 

Como a  utilização da nomenclatura inglesa, poderá ser insuficiente para alguns dos nossos leitores, vamos, dá-la em português.

 




 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 


 

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

 

GESTÃO DE EQUIPES


Facilitar a Vida Para Todos

Uma boa gestão de equipes assenta na capacidade de compreender o que impulsiona o sucesso delas e de o apoiar, quer se esteja a tentar assumir o papel de gestor pela primeira vez ou a tentar melhorar as nossas competências, um bom sistema de gestão de equipamentos ajudá-lo-á a tornar-se mais eficiente, mais eficaz e mais humano.

O que distingue um bom gestor de um mau gestor? não se trata da quantidade de trabalho que se faz, ou da quantidade de trabalho que a equipe consegue suportar. Os bons gestores colocam a sua equipe em primeiro lugar, e acima de tudo apoiam os membros desta a todo o custo e encorajam-nos a dar o seu melhor, o que pode levá-lo ao topo, independente do sector em que se encontre.

Um bom chefe de equipe é reconhecido pela eficácia dos métodos que utiliza para gerir. Como todas as competências humanas, a gestão de equipes não é algo que possa ser improvisado.

 É uma competência da qual decorrem outras, incluindo supervisão, solução de problemas, resolução de problemas de inteligência  emocional, empatia, escuta ativa, comunicação e trabalho grupal. Para se tornar um gestor capacitado, é necessário desenvolver as competências  ditas complementares, e  ouvir mais atentamente a sua equipe.

Gestão de equipes e projetos

A gestão de projetos é o processo de organização, gestão e execução de projetos especiais. Os bons Gestores de projetos, reúnem todas as informações necessárias para o seu trabalho num espaço acessível a todos os membros da equipe, de modo a que as funções e os prazos de cada um sejam claros. Os chefes de projeto são responsáveis pela execução dos projetos, mas não assumem necessariamente o papel de gestor ou de chefe de equipe.

A gestão de equipes, por outro lado, baseia-se no apoio e na coordenação de uma equipe. Dependendo da estrutura da sua organização, você pode ser chamado a gerir os projetos em que a sua equipe está a trabalhar. Mesmo que a sua função seja liderar ou simplesmente implementar um projeto, o seu objetivo enquanto gestor é, antes do mais, apoiar os membros da sua equipe.

Gestão e coesão da equipe

As atividades de coesão ou team building incentivam a colaboração, o sentido de camaradagem e um clima de confiança entre os membros da equipe. Além disso, os membros da equipe ficam a conhecer-se e melhoram a sua capacidade de trabalhar em equipe a longo prazo.

Os bons gestores organizam atividades baseadas na coesão para facilitar o trabalho em equipe. Algumas organizações sugerem mesmo o reforço das ligações entre departamentos e o incentivo aos membros de equipes  multifuncionais, a conhecerem-se uns aos outros.

  Gestão de equipes e de tarefas

A gestão de tarefas permite acompanhar a evolução do trabalho de A a Z. Um software de gestão de tarefas eficaz ajuda-o a organizar as suas prioridades, a acompanhar e controlar as tarefas que  tem de  completar e cumprir os seus prazos.

Para capacitar os membros da equipe, os gestores podem utilizar ferramentas de gestão de tarefas para definir claramente as funções e organizar o trabalho. No entanto, a gestão de tarefas nem sempre é da responsabilidade do chefe de equipe. Dependendo da forma como a sua empresa está organizada, a gestão de tarefas pode ser confiada ao gestor do projeto e não ao chefe de equipe.

Porque é que a gestão de equipes é importante?


Uma boa gestão de equipes beneficia toda a equipe e abre novas possibilidades.

Um bom gestor de equipe :

Quer esteja a assumir  este  papel  pela  a primeira vez ou se pretende aperfeiçoar as suas competências de gestão de equipes, siga as dicas que damos a seguir para se tornar mais eficaz:

1. Transparência

Para ajudar a sua equipe a ter sucesso, não há melhor maneira do que dar-lhes acesso fácil a todas as informações de que necessitam para atingir os seus objetivos. Ao manter a sua equipe informada em tempo real, cada membro pode acompanhar em pormenor o progresso das tarefas dos seus colegas de equipe.

Pode consegui-lo criando e atualizando diariamente um espaço centralizado que reúna todas as informações de que a sua equipe necessita. Organize as tarefas para que cada membro da sua equipe saiba o que fazer, porquê e como. Não só todos podem acompanhar o seu progresso como também é possível acompanhar e partilhar prioridades para que todos possam trabalhar com eficiência e bom desempenho.

Para criar uma comunidade inclusiva e digitalmente acessível, a transparência total é essencial. Trabalhar em vários fusos horários com equipes cujos horários variam, requer uma ferramenta que permita a todos acompanhar as tarefas em curso e o progresso dos projetos.

2. Estabelecer bons hábitos de comunicação

Em média, os trabalhadores do conhecimento passam 60% do seu tempo a "trabalhar sobre o trabalho", ou seja, a procurar informações, a obter aprovações ou a atualizar constantemente o estado dos projetos. o "trabalho sobre o trabalho" irá poluir o desempenho da sua equipe e distraí-la dos seus principais objetivos.

Para remediar esta situação, ajude a sua equipe a ver as coisas com mais clareza, dando-lhes acesso rápido à informação de que necessitam. comece por criar um espaço partilhado, designado como uma fonte de referência fiável, que reúna todos os dados relativos ao seu projeto. É também essencial definir claramente o âmbito de cada uma das ferramentas de comunicação que pretende utilizar. Para o efeito, pode ser útil elaborar um plano de comunicação especial.

3. Dar e receber conselhos

Ser capaz de dar a sua opinião, mas também de aceitar a dos outros, é uma competência essencial na gestão de equipes. Enquanto gestor, terá de dominar a arte da crítica construtiva, no interesse da sua equipe e dos objetivos a atingir, mas além disso, submeter-se às opiniões dos outros e saber aceitar as críticas é uma excelente forma de melhorar as suas capacidades de gestão.

Nestas situações, é preferível uma discussão cara a cara (ou por videoconferência) para evitar mal-entendidos. Mesmo quem trabalhe à distância, pode desde já familiarizar-se com algumas práticas excelentes de resolução de conflitos e facilitar a compreensão mútua da sua equipe.

4. Apoiar-se no trabalho de equipe

A colaboração é o que torna uma equipe ainda melhor, no entanto, esta forma de trabalhar nem sempre é evidente. Ser capaz de criar  um espaço de colaboração dentro de um  grupo é uma competência de gestão muito importante.

A melhor forma de criar simbiose numa equipe é valorizar a colaboração. Incentive os comportamentos que gostaria de ver mais nos membros da sua equipe, encorajando-os a partilhar as suas impressões, promovendo o trabalho de equipe e a co-criação. A colaboração nem sempre é sinónimo de sinergia perfeita dentro de uma equipe. Pelo contrário, os desacordos são os primeiros sinais disso, uma vez que resultam da partilha ativa de ideias de cada membro da equipe.

Quanto mais uma organização se desenvolve, mais falhas aparecem na comunicação e esta é outra área em que precisamos sempre melhorar.

Enquanto líder de uma equipe, as suas ações e palavras têm um efeito considerável nesta. Para criar confiança, dê o exemplo o melhor que puder e seja o modelo do comportamento que gostaria de ver implantado. Isto significa participar no trabalho em curso, fazer perguntas quando necessário e ser flexível, dependendo das necessidades da equipe.

Para dar o exemplo, faça com que a sua equipe saiba que tem toda a sua confiança e comporte-se de uma forma que gostaria que todos os empregados se comportassem. Há muitas formas de dar o exemplo mas, para começar, pode:

·       dar aos membros da equipe a oportunidade de participarem no processo de tomada de decisões

·       descubra quais as competências que os membros da sua equipe gostariam de desenvolver e, em seguida delegue  tarefas nesse sentido

·       esclareça as expectativas em termos de gestão do tempo de trabalho, ou seja, as horas em que os membros da sua equipe devem estar em linha e disponíveis. Cumpra também estas expectativas

·       modelar as práticas de comunicação e colaboração que gostaria de aplicar na sua equipe

6. Encontrar um equilíbrio e evitar o excesso de trabalho

Burnout é o sentimento de exaustão emocional, física ou mental que ocorre como resultado de excesso de trabalho. Em 2020, 71% dos trabalhadores do conhecimento afirmaram tê-lo experimentado pelo menos uma vez. Como líder de equipe, cabe-lhe a si apoiar a sua equipe e limitar o risco de burnout.

Em qualquer ambiente de trabalho, o esgotamento ocorre quando os membros da equipe estão sobrecarregados de trabalho durante demasiado tempo. Para evitar que isso aconteça e promover o equilíbrio, assuma a liderança na gestão da carga de trabalho, utilize ferramentas que lhe permitam gerir a capacidade, tais como ferramentas de planejamento de gestão da capacidade,  e para ter uma boa ideia da quantidade de trabalho que cada pessoa tem de fazer, pode criar um plano  de gestão de  recursos, para esclarecer quais as tarefas que os membros da equipe estão a realizar e para garantir que ninguém fique demasiado sobrecarregado. Pode ser necessário redistribuir as tarefas para evitar o excesso de trabalho.

7. Desenvolver o seu próprio estilo de gestão de equipes

A liderança de uma equipe pode ser feita de mil maneiras diferentes. À medida que vai ganhando experiência como gestor, vai-se orientando para diferentes preferências e práticas. mesmo que já tenha uma boa ideia do tipo de gestão de equipes que gostaria de implementar, é importante nomear e identificar o seu estilo de gestão para que possa tirar o máximo partido dele.

8. Estabelecer normas de grupo

As normas do grupo são as regras explícitas, mas muitas vezes implícitas, que regem as suas interações profissionais. Cada equipe age de acordo com as suas próprias normas de grupo, mesmo que nunca tenha ouvido falar delas.

Enquanto líder de uma equipe, é essencial não deixar que as normas do grupo se desenvolvam por si próprias pois isto pode levar a uma má dinâmica de equipe em que, por exemplo, os membros não se atrevem a exprimir-se livremente ou a tirar férias. Para evitar esta situação, desenvolva as suas próprias normas de grupo que reflitam a sua cultura  organizacional.

9. Incentivar a motivação intrínseca

A forma como motiva a sua equipe é crucial. Existem dois tipos de motivação: intrínseca e extrínseca. A motivação extrínseca baseia-se em recompensas ou castigos externos, enquanto a intrínseca baseia-se na satisfação interna, independentemente da recompensa.

Parte do desenvolvimento das suas competências  em matéria de gestão  de equipes é aprender a favorecer a motivação intrínseca em detrimento da motivação extrínseca e, na medida do possível, privilegie a motivação intrínseca, mesmo que este tipo de motivação seja mais difícil de desenvolver. Isto deve-se ao facto de recorrer a conceitos como a resolução de problemas, a criatividade e a curiosidade.

10. Dar uma visão global

As equipes são capazes de dar o seu melhor quando compreendem a importância do seu trabalho, mas  no entanto, muitas vezes as tarefas são compartimentadas e desligadas dos objetivos gerais.

Uma competência essencial, mas muitas vezes negligenciada pelos líderes, é dar à sua equipe uma visão holística de como realizar as suas tarefas diárias. ao estarem conscientes do impacto do seu trabalho em objetivos mais amplos, e os membros da sua equipe podem estabelecer prioridades de forma eficaz. Para começar, experimente utilizar uma ferramenta de acompanhamento de objetivos, para que possa relacionar de forma prática o trabalho da sua equipe com os objetivos da empresa.

“ Na ausência de uma gestão centralizada do trabalho e de responsabilidades claras, tudo parece ser uma prioridade máxima. Isto abre a porta ao stress e à ansiedade".

Uma gestão de equipes eficaz exige tempo e esforço, mas é a forma de apoiar e motivar os membros e facilitar a vida para todos.

 



domingo, 3 de setembro de 2023

 

Cognição e Criticismo


O Saber não Ocupa Lugar

Dentre todas as dificuldades pelas quais passa a educação no Brasil, destaca-se, atualmente, um desinteresse por grande parte das pessoas por qualquer atividade de aprendizado. Frequentam as aulas por obrigação, sem contudo participar das atividades básicas.

Para começar, o que é o bloqueio nos estudos? Bem, nada mais do que aquela situação na qual você, por algum motivo, simplesmente não consegue evoluir no aprendizado de um assunto. Ou não reúne concentração suficiente para prosseguir em suas atividades acadêmicas.

Qual a diferença entre cognição e capacidade cognitiva?

Cognição é uma palavra associada ao processo de aprendizado e elaboração do conhecimento. É a partir do processo cognitivo que o ser humano consegue desenvolver suas capacidades intelectuais e emocionais, como linguagem, pensamento, memória, raciocínio, capacidade de compreensão, percepção etc. De acordo com o criticismo em suma, pode-se dizer que tudo aquilo que está na inteligência é resultante da experiência dos sentidos, apesar de nem todo o conhecimento resultar daquilo que se percebe através dos sentidos. Conhece-se algo quando são aplicadas as faculdades intelectuais ao objeto do conhecimento: aquilo que se conhece, desta forma, tem a sua origem no objeto conhecido, mas também numa estrutura intelectual (composta pelas formas de percepção, entendimento e razão).

O que é percepção cognitiva?

É o processo que permite interpretar o ambiente com os estímulos que recebemos através dos órgãos sensoriais. Esta importante habilidade é essencial para a vida cotidiana porque permite compreender o ambiente.

Segundo Kant[i], o processo de conhecimento é o resultado obtido entre a interação do sujeito com o objeto e deve partir desse sujeito a vontade de aprender. Ou seja, o sujeito é a peça principal nessa interação.

E para que se obtenha resultado, é necessário que o sujeito possua condição para a obtenção dessas informações, as quais são encaminhadas ao intelecto e em seguida são organizadas, articuladas, etc.

Note que Kant questionava a possibilidade do conhecimento (característica do ceticismo), mas em nenhum momento ele negava essa possibilidade. Ou seja, ele acreditava nessa possibilidade, embora também ressaltasse que ela deveria ser analisada.

Podemos assim determinar, que o principal objetivo de Kant era estabelecer os limites do intelecto humano para enfrentar, de um lado, o ceticismo de quem subestima o poder da mente humana e, de outro lado, o dogmatismo de quem tem um apreço exagerado pela capacidade da mente humana.

Os mecanismos de pensamento para obter resultados têm a mesma estrutura, seja nos esportes, ou na gestão, para ganhar dinheiro e para construir uma família. Se você sabe como pensar da maneira certa, você vence. Se não, você perde – tal como os tipos de pessoas que citamos. Cada um de nós, dependendo das circunstâncias, pode tornar-se temporariamente este tipo de pessoa. Mas se permanecermos conscientes destes aspectos, aceitaremos a mentalidade construtiva de sucesso.

Existe um modelo na teoria da comunicação chamado “Quadrante da Responsabilidade”. Ele nos ensina que a responsabilidade pode ser dividida em quatro elementos: eu, você, a situação, e um poder superior.

 


Aqueles que tomam a responsabilidade para si são mais eficazes, pois essa perspectiva permite-lhes abordar a realidade de forma proativa. Se algo não está funcionando em suas vidas, eles consideram todas as coisas que podem mudar e tomam imediatamente o controle da situação. Eles não culpam os outros ou as circunstâncias, e não culpam Deus por seu próprio destino. São os mestres dele e têm a capacidade de influenciá-lo. No entanto, um de seus defeitos pode ser a tendência para dominar os outros, a falta de humildade e o egocentrismo.

Aqueles que transferem a responsabilidade para os outros, ensinarão a auto responsabilidade como sendo mais eficaz, pois isso irá ajudá-los a evitar assumir a culpa, pelo processo educativo (se pais) ou num processo organizacional (delegação de tarefas na sua empresa), perante a desabilidade usada por parte dos seus filhos ou funcionários. Mas se transferirem a responsabilidade em situações onde eles devem tomá-la, eles se tornam vítimas de forças externas, perdem eficácia, e tornam-se subordinados às ações de outras pessoas, começando a pensar de forma reativa em vez de criar um futuro melhor. Eles só conseguirão um momento presente negativo, e repetir os mesmos erros seguidamente. Você pode identificá-los, pelas frases que  usam: Se minha esposa…, então eu poderia ser feliz; Eu não estou ganhando o suficiente porque o meu patrão é ganancioso; Eu não aprendi, porque tinha um professor terrível; e assim por diante.

Aqueles que transferem a responsabilidade pela situação, são tipicamente conscientes do seu ambiente. Eles podem prever as tendências do mercado no mundo dos negócios; percebem a estrada durante a condução; têm boa consciência espacial enquanto caminham pela rua; e quando  estão aprendendo algo, levam em conta as correntes atuais do desenvolvimento. Eles são adaptáveis porque entendem o quão poderosas as influências ambientais podem ser. Mas, assim como o segundo tipo de pessoa, eles podem entrar no papel de “vítima” e se queixarem de que o acidente de carro foi causado pelo mau tempo (e não por sua pobre habilidade de condução), que não fazem dinheiro suficiente por causa das políticas governamentais e assim por diante.

O último grupo é constituído por aquelas pessoas que acreditam em uma força superior, expressa (conforme a cultura)  por nomes como: Deus, Mente Universal, Destino, Carma, Sorte, Talento, Consciência Maior, e assim por diante. Sua vantagem é serem humildes e entenderem suas próprias fraquezas e falta de conhecimento (algo que o primeiro grupo não fará devido ao desejo de controlar tudo). A parte negativa, tal como nos exemplos anteriores, é a sua capacidade de transferir a responsabilidade para um elemento alheio a si próprio. Alguém assim vai dizer: Eu não posso falar um idioma estrangeiro, porque eu não tenho “talento” para isso (mas ninguém sabe o que esse “talento” realmente significa), em vez de dizer: Eu não comprei um único livro que pudesse me ajudar a aprender o idioma. Tive pouca sorte, em vez de: Eu estava sendo preguiçoso e não fiz esforço algum para aprender as habilidades necessárias.

Há muitas pessoas na sociedade que funcionam sob a narrativa dominante de “vítima”. Por suas próprias fraquezas eles muitas vezes culpam o governo, o seu país, ou as pessoas que têm mais recursos (as pessoas ricas). As “vítimas” nunca alcançam o sucesso, porque  nunca agem e apenas culpam os outros pela sua situação. A partir deste ponto de vista, realmente não importa se o governo (aqui entendido como um fator externo) de um determinado país realmente suporta os seus cidadãos ou não. Tudo o que importa é o nível real que a eficácia assume quando prestamos atenção ao que podemos controlar e quando ignoramos tudo o que está fora de nosso controle.

Uma das palavras-chave do iluminismo[ii] é precisamente “descompromisso”, distanciamento entre sujeito e mundo, termos correlativos de objetivismo. Ao objetivar uma determinada visão do mundo, ou um sistema de teorias que a expliquem, essa visão do mundo, ou essas possíveis teorias não fazem parte da nossa vida, nem da nossa experiência, nem sequer do nosso modo habitual de pensar; ou melhor, não são propriamente tidas nos nossos atos originários e vitais de pensar pelos quais orientamos o nosso agir. Daí que o sujeito se liberte, se distancie de qualquer interferência, quer seja normativa, quer seja reguladora ou formativa desse mundo ao qual o acesso lhe está vedado, ou pelo menos lhe surge num horizonte demasiado longínquo. Nesta situação, o sujeito pode assumir duas atitudes: ou viver de costas voltadas para o mundo, ou renunciar, desinteressar-se por explorar, indagar sobre esse mundo e refugiar-se confortavelmente no seu próprio mundo, no qual se sente seguro e dentro do qual não entra o espectro da dúvida e da incerteza; ou uma vez que o mundo das teorias e das ideias se interpõe como um “filtro” entre os seus próprios sentidos, as impressões nas quais confiava para interpretar a sua própria experiência, e as coisas mesmas, toda essa gama de impressões e experiências sensíveis será remetida para o estatuto de meras aparências ilusórias.

O objetivismo[iii], ao libertar-nos de toda a responsabilidade pela adesão às nossas próprias crenças, permite que estas se possam expandir em sistemas de pensamento e teorias das quais a responsabilidade da pessoa humana é totalmente eliminada. Os atos internos, subjetivos, de crença, juízos e opiniões, não comprometem a pessoa que assim crê, julga ou pensa. São como atos anónimos, sem sujeito que responda por esses mesmos atos; estes ocorrem simplesmente. O “sujeito” é eliminado, ou melhor, isolado do mundo em que vive, separado dele por uma barreira intransponível, de tal modo que tudo o que se passa fora dele não lhe diz respeito, não depende dele e por isso não pode ser-lhe atribuída qualquer responsabilidade. Por outro lado, o que se passa na intimidade da sua própria consciência, desligada de qualquer ligação com o exterior, não tem consistência alguma, apenas flutua na corrente da consciência interna, levada pela indefinida variedade de experiências, emoções, estados de espírito, impressões. Neste sentido, o sujeito idealmente desenraizado, livre e racional, distingue-se e isola-se totalmente do mundo natural e social; o objetivismo liberta-o de toda a responsabilidade na defesa das suas crenças, convicções, que podem integrar e dar origem a sistemas de pensamento que lhe são totalmente alheios e dos quais não assume nem a autoria nem a responsabilidade.

 


[i] Immanuel Kant (1724-1804) foi um filósofo alemão, fundador da “Filosofia Crítica” - sistema que procurou determinar os limites da razão humana. Sua obra é considerada a pedra angular da filosofia moderna. Sua obra-prima “Crítica da Razão Pura” deu início a grande era da metafísica alemã

[ii] Também conhecido como Século das luzes, teve como principal característica defender o uso da razão (luz) relativamente ao uso da fé. O Iluminismo também teve impacto nos contextos político, social e econômico, pois teceu críticas ao absolutismo e aos privilégios da nobreza e do clero.

[iii] De acordo com a concepção objetivista, o sentido é objetivo e existe independentemente do entendimento humano. Ele não é jamais aquilo que alguém entende sobre alguma coisa, pois o sentido objetivo exclui quaisquer aspectos considerados subjetivos, isto é, contexto, cultura, emoções ou modo de compreensão particular. O Objetivismo é totalmente secular e absolutista; ele não é de esquerda, não é conservador e tampouco uma mescla dos dois. Ele reconhece e ressalta a origem e a natureza secular dos princípios e fundamentos morais de uma sociedade livre e plenamente civilizada.

Do ponto de vista moral, o Objetivismo defende as virtudes do autointeresse racional – tais como o pensamento independente, a produtividade, a justiça, a honestidade e a autorresponsabilidade. Do ponto de vista cultural, o Objetivismo defende o avanço científico, o progresso industrial, a educação objetiva (oposto à “progressista” ou à baseada na fé), a arte romântica – e, acima de tudo, a reverência pela faculdade que torna todos esses valores possíveis: a razão. Do ponto de vista político, o Objetivismo defende o puro capitalismo laissez-faire – o sistema social dos direitos individuais e do governo estritamente limitado – junto com toda a estrutura moral e filosófica da qual ele depende.

  TERMOS DE COZINHA E GASTRONOMIA  - SUA DEFINIÇÃO - A branco ( A Blanc ) Cozinhar “a branco” é cozinhar em caldo, sem quaisquer con...