Cognição
e Criticismo
O
Saber não Ocupa Lugar
Dentre todas as
dificuldades pelas quais passa a educação no Brasil, destaca-se, atualmente, um
desinteresse por grande parte das pessoas por qualquer atividade de
aprendizado. Frequentam as aulas por obrigação, sem contudo participar das
atividades básicas.
Para começar, o que é
o bloqueio nos estudos? Bem, nada mais do que aquela situação na qual você, por
algum motivo, simplesmente não consegue evoluir no aprendizado de um assunto.
Ou não reúne concentração suficiente para prosseguir em suas atividades acadêmicas.
Qual a diferença
entre cognição e capacidade cognitiva?
Cognição é uma
palavra associada ao processo de aprendizado e elaboração do conhecimento. É a
partir do processo cognitivo que o ser humano consegue desenvolver suas
capacidades intelectuais e emocionais, como linguagem, pensamento, memória,
raciocínio, capacidade de compreensão, percepção etc. De acordo com o
criticismo em suma, pode-se dizer que tudo aquilo que está na inteligência é
resultante da experiência dos sentidos, apesar de nem todo o conhecimento
resultar daquilo que se percebe através dos sentidos. Conhece-se algo quando
são aplicadas as faculdades intelectuais ao objeto do conhecimento: aquilo que
se conhece, desta forma, tem a sua origem no objeto conhecido, mas também numa
estrutura intelectual (composta pelas formas de percepção, entendimento e
razão).
O que é percepção
cognitiva?
É o processo que
permite interpretar o ambiente com os estímulos que recebemos através dos
órgãos sensoriais. Esta importante habilidade é essencial para a vida cotidiana
porque permite compreender o ambiente.
Segundo Kant[i], o processo de conhecimento é o
resultado obtido entre a interação do sujeito com o objeto e deve partir desse
sujeito a vontade de aprender. Ou seja, o sujeito é a peça principal nessa
interação.
E para que se obtenha
resultado, é necessário que o sujeito possua condição para a obtenção dessas
informações, as quais são encaminhadas ao intelecto e em seguida são organizadas,
articuladas, etc.
Note que Kant
questionava a possibilidade do conhecimento (característica do ceticismo), mas
em nenhum momento ele negava essa possibilidade. Ou seja, ele acreditava nessa
possibilidade, embora também ressaltasse que ela deveria ser analisada.
Podemos assim determinar,
que o principal objetivo de Kant era estabelecer os limites do intelecto humano
para enfrentar, de um lado, o ceticismo de quem subestima o poder da mente
humana e, de outro lado, o dogmatismo de quem tem um apreço exagerado pela
capacidade da mente humana.
Os mecanismos de
pensamento para obter resultados têm a mesma estrutura, seja nos esportes, ou na
gestão, para ganhar dinheiro e para construir uma família. Se você sabe como
pensar da maneira certa, você vence. Se não, você perde – tal como os tipos de
pessoas que citamos. Cada um de nós, dependendo das circunstâncias, pode
tornar-se temporariamente este tipo de pessoa. Mas se permanecermos conscientes
destes aspectos, aceitaremos a mentalidade construtiva de sucesso.
Existe um modelo na
teoria da comunicação chamado “Quadrante da Responsabilidade”. Ele nos ensina
que a responsabilidade pode ser dividida em quatro elementos: eu, você, a
situação, e um poder superior.
Aqueles que tomam a responsabilidade para si são mais eficazes, pois essa perspectiva permite-lhes abordar a realidade de forma proativa. Se algo não está funcionando em suas vidas, eles consideram todas as coisas que podem mudar e tomam imediatamente o controle da situação. Eles não culpam os outros ou as circunstâncias, e não culpam Deus por seu próprio destino. São os mestres dele e têm a capacidade de influenciá-lo. No entanto, um de seus defeitos pode ser a tendência para dominar os outros, a falta de humildade e o egocentrismo.
Aqueles que
transferem a responsabilidade para os outros, ensinarão a auto responsabilidade
como sendo mais eficaz, pois isso irá ajudá-los a evitar assumir a culpa, pelo
processo educativo (se pais) ou num processo organizacional (delegação de
tarefas na sua empresa), perante a desabilidade usada por parte dos seus filhos
ou funcionários. Mas se transferirem a responsabilidade em situações onde eles
devem tomá-la, eles se tornam vítimas de forças externas, perdem eficácia, e tornam-se
subordinados às ações de outras pessoas, começando a pensar de forma reativa em
vez de criar um futuro melhor. Eles só conseguirão um momento presente negativo,
e repetir os mesmos erros seguidamente. Você pode identificá-los, pelas frases
que usam: Se minha esposa…, então eu
poderia ser feliz; Eu não estou ganhando o suficiente porque o meu patrão é
ganancioso; Eu não aprendi, porque tinha um professor terrível; e assim por
diante.
Aqueles que
transferem a responsabilidade pela situação, são tipicamente conscientes do seu
ambiente. Eles podem prever as tendências do mercado no mundo dos negócios;
percebem a estrada durante a condução; têm boa consciência espacial enquanto
caminham pela rua; e quando estão
aprendendo algo, levam em conta as correntes atuais do desenvolvimento. Eles
são adaptáveis porque entendem o quão poderosas as influências ambientais podem
ser. Mas, assim como o segundo tipo de pessoa, eles podem entrar no papel de “vítima”
e se queixarem de que o acidente de carro foi causado pelo mau tempo (e não por
sua pobre habilidade de condução), que não fazem dinheiro suficiente por causa
das políticas governamentais e assim por diante.
O último grupo é
constituído por aquelas pessoas que acreditam em uma força superior, expressa (conforme
a cultura) por nomes como: Deus, Mente
Universal, Destino, Carma, Sorte, Talento, Consciência Maior, e assim por
diante. Sua vantagem é serem humildes e entenderem suas próprias fraquezas e
falta de conhecimento (algo que o primeiro grupo não fará devido ao desejo de controlar
tudo). A parte negativa, tal como nos exemplos anteriores, é a sua capacidade
de transferir a responsabilidade para um elemento alheio a si próprio. Alguém
assim vai dizer: Eu não posso falar um idioma estrangeiro, porque eu não tenho
“talento” para isso (mas ninguém sabe o que esse “talento” realmente
significa), em vez de dizer: Eu não comprei um único livro que pudesse me
ajudar a aprender o idioma. Tive pouca sorte, em vez de: Eu estava sendo
preguiçoso e não fiz esforço algum para aprender as habilidades necessárias.
Há muitas pessoas na
sociedade que funcionam sob a narrativa dominante de “vítima”. Por suas
próprias fraquezas eles muitas vezes culpam o governo, o seu país, ou as
pessoas que têm mais recursos (as pessoas ricas). As “vítimas” nunca alcançam o
sucesso, porque nunca agem e apenas culpam
os outros pela sua situação. A partir deste ponto de vista, realmente não
importa se o governo (aqui entendido como um fator externo) de um determinado
país realmente suporta os seus cidadãos ou não. Tudo o que importa é o nível
real que a eficácia assume quando prestamos atenção ao que podemos controlar e
quando ignoramos tudo o que está fora de nosso controle.
Uma das
palavras-chave do iluminismo[ii] é precisamente “descompromisso”,
distanciamento entre sujeito e mundo, termos correlativos de objetivismo. Ao
objetivar uma determinada visão do mundo, ou um sistema de teorias que a
expliquem, essa visão do mundo, ou essas possíveis teorias não fazem parte da
nossa vida, nem da nossa experiência, nem sequer do nosso modo habitual de
pensar; ou melhor, não são propriamente tidas nos nossos atos originários e
vitais de pensar pelos quais orientamos o nosso agir. Daí que o sujeito se
liberte, se distancie de qualquer interferência, quer seja normativa, quer seja
reguladora ou formativa desse mundo ao qual o acesso lhe está vedado, ou pelo
menos lhe surge num horizonte demasiado longínquo. Nesta situação, o sujeito
pode assumir duas atitudes: ou viver de costas voltadas para o mundo, ou
renunciar, desinteressar-se por explorar, indagar sobre esse mundo e
refugiar-se confortavelmente no seu próprio mundo, no qual se sente seguro e
dentro do qual não entra o espectro da dúvida e da incerteza; ou uma vez que o
mundo das teorias e das ideias se interpõe como um “filtro” entre os seus
próprios sentidos, as impressões nas quais confiava para interpretar a sua
própria experiência, e as coisas mesmas, toda essa gama de impressões e
experiências sensíveis será remetida para o estatuto de meras aparências
ilusórias.
O objetivismo[iii], ao libertar-nos de toda
a responsabilidade pela adesão às nossas próprias crenças, permite que estas se
possam expandir em sistemas de pensamento e teorias das quais a
responsabilidade da pessoa humana é totalmente eliminada. Os atos internos,
subjetivos, de crença, juízos e opiniões, não comprometem a pessoa que assim
crê, julga ou pensa. São como atos anónimos, sem sujeito que responda por esses
mesmos atos; estes ocorrem simplesmente. O “sujeito” é eliminado, ou melhor,
isolado do mundo em que vive, separado dele por uma barreira intransponível, de
tal modo que tudo o que se passa fora dele não lhe diz respeito, não depende
dele e por isso não pode ser-lhe atribuída qualquer responsabilidade. Por outro
lado, o que se passa na intimidade da sua própria consciência, desligada de
qualquer ligação com o exterior, não tem consistência alguma, apenas flutua na
corrente da consciência interna, levada pela indefinida variedade de
experiências, emoções, estados de espírito, impressões. Neste sentido, o sujeito
idealmente desenraizado, livre e racional, distingue-se e isola-se totalmente
do mundo natural e social; o objetivismo liberta-o de toda a responsabilidade
na defesa das suas crenças, convicções, que podem integrar e dar origem a
sistemas de pensamento que lhe são totalmente alheios e dos quais não assume
nem a autoria nem a responsabilidade.
[i] Immanuel Kant (1724-1804) foi um filósofo alemão,
fundador da “Filosofia Crítica” - sistema que procurou determinar os limites da
razão humana. Sua obra é considerada a pedra angular da filosofia moderna. Sua
obra-prima “Crítica da Razão Pura” deu início a grande era da metafísica alemã
[ii] Também
conhecido como Século das luzes, teve como principal característica defender o
uso da razão (luz) relativamente ao uso da fé. O Iluminismo também teve impacto
nos contextos político, social e econômico, pois teceu críticas ao absolutismo
e aos privilégios da nobreza e do clero.
[iii] De acordo com a
concepção objetivista, o sentido é objetivo e existe independentemente do
entendimento humano. Ele não é jamais aquilo que alguém entende sobre alguma
coisa, pois o sentido objetivo exclui quaisquer aspectos considerados
subjetivos, isto é, contexto, cultura, emoções ou modo de compreensão
particular. O Objetivismo é totalmente secular e absolutista; ele não é de
esquerda, não é conservador e tampouco uma mescla dos dois. Ele reconhece e
ressalta a origem e a natureza secular dos princípios e fundamentos morais de
uma sociedade livre e plenamente civilizada.
Do
ponto de vista moral, o Objetivismo defende as virtudes do autointeresse
racional – tais como o pensamento independente, a produtividade, a justiça, a
honestidade e a autorresponsabilidade. Do ponto de vista cultural, o
Objetivismo defende o avanço científico, o progresso industrial, a educação
objetiva (oposto à “progressista” ou à baseada na fé), a arte romântica – e,
acima de tudo, a reverência pela faculdade que torna todos esses valores
possíveis: a razão. Do ponto de vista político, o Objetivismo defende o puro
capitalismo laissez-faire – o sistema social dos direitos individuais e do
governo estritamente limitado – junto com toda a estrutura moral e filosófica
da qual ele depende.
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