Orgulho
Uma Barreira Que Nos Limita
O
orgulho é uma concepção complexa, às vezes conceituada positivamente (como uma
reação emocional esperançosa a um sucesso pessoal) e muitas outras vezes veiculada
negativamente (como exibição de sentimentos, opiniões e conceitos arrogantes ou
vaidosos). Com base nesta dicotomia, Tracy e Robins (2007) citaram que o
orgulho se apresenta em duas facetas: orgulho autêntico (AP) e orgulho
arrogante (HP) e por mais de uma década, estes pesquisadores usaram esse modelo
de duas facetas para investigar semelhanças e diferenças desta dicotomia,
apresentando resultados de saúde mental, elevação de status social e tendências
de atribuição, mostrando que AP e HP são construtos que muitas vezes se alinham
de maneiras opostas com a personalidade e variáveis relacionadas, com AP
exibindo associações que sugerem melhor saúde psicológica do que HP.
É
visto tanto como uma emoção autoconsciente quanto como uma emoção social. Estas
categorias não são mutuamente exclusivas, mas trouxeram ideias diferentes sobre
o orgulho como algo que gira em torno do eu[i],ou do relacionamento de alguém com
os outros. As medidas atuais de orgulho não incluem elementos intrapessoais,
mas as comparações sociais, que normalmente causam experiências de orgulho,
contêm três elementos: o eu, a relação entre o eu e outra pessoa e a outra
pessoa. Os dados revelaram consistentemente que a exibição do orgulho é
caracterizada pela supervalorização pessoal, e não pelo distanciamento nem pela
desvalorização do outro. O indivíduo usa o orgulho para se supervalorizar,
buscando aparecer superior a terceiros que não lhe reconhecem a superioridade.
Palavras-chave:
Orgulho; orgulho autêntico; experiência emocional; fenomenologia;
supervalorização pessoal; comparação Social.
Como
vimos pela parte inicial deste texto, o orgulho tem muitas facetas. Por esta
razão, ter uma boa opinião sobre si próprio, deve ser tratado com ponderação e
continência. A sua posição, suas habilidades, e suas realizações, são coisas
que se avaliadas em condições que ultrapassem o aceite como amor próprio, podem
subir à cabeça, destruir o bom senso, e transformar o indivíduo em um idiota. O
orgulho forma uma combinação poderosa com Ambição, Ganância, Megalomania e
Insanidade, e esses pecados capitais derrubaram mais heróis e vilões do que
Homero poderia citar. Como uma falha humana fatal ou um “calcanhar de Aquiles”,
é um clássico mais antigo que o feudalismo e provavelmente não desaparecerá tão
cedo. Há uma razão pela qual este é um (e também o pior) dos Sete Pecados
Capitais, e porque um personagem muito secundário na Mitologia Clássica é o
Nomeador comum para o Transtorno Narcisista.
Um
indivíduo pode “destruir-se” com orgulho, ego e arrogância, por aparecer e agir
acima do que realmente é. E esta atitude pode tornar-se altamente tóxica para a
sua convivência social, para a família e amigos, e para as relações comerciais
ou de trabalho.
A
autoglorificação é o mantra das pessoas orgulhosas: “Olhe para mim, veja quem
eu sou, veja como eu faço as coisas”.
O perigo do orgulho
O
orgulho é a única doença conhecida pelo homem que deixa todos doentes pelo
contato, exceto aquele que o tem, e o orgulho arrogante é uma marca registrada
comum entre a maioria dos políticos. Aqueles que se entregam a isso tendem a
ser narcisistas, arrogantes e manipuladores e são essencialmente agressores.
Sempre assumindo que sabem mais, e que sabem melhor do que ninguém, o seu
comportamento reflete uma presunçosa justiça própria e a crença vangloriosa de
que “só eles” têm as soluções, a força e a superioridade para estar no controle
da vida dos outros.
Um indivíduo pode ser
vítima do orgulho por vários motivos:
1.
Egocentrismo
2.
Insegurança
profunda e sentimentos de inadequação
3.
Imaturidade
e incapacidade de lidar com responsabilidades
4.
Personalidade
narcisista
5.
Incapacidade
de lidar com bens, posses, posição e sucesso
Quando um espírito de
orgulho governa, acreditamos que estamos sempre certos e que somos mais
importantes e melhores do que as outras pessoas. O orgulho nunca admite seus
fracassos. Em vez disso, a pessoa orgulhosa culpa os outros e busca continuar
avançando, pensando cegamente na autogratificação.
Sinais de alerta
específicos nos dizem quando um espírito de orgulho governa nossas vidas.
Embora a lista seja longa, certamente inclui as seguintes características
óbvias:
·
Arrogância
·
Auto-engrandecimento
·
Autopromoção
·
Fixação
em ser o número um ou o primeiro
·
Senso
superinflado de auto-importância
·
Presunção
·
Sentimentos
de superioridade e comportamento esnobe
·
Recusa
em aceitar ou ouvir conselhos de outras pessoas
·
Espírito
de rebelião
·
Necessidade
obsessiva de ser o centro das atenções
·
Sentido
pessoal de direito
·
Disposição
para “usar pessoas” e tirar vantagem dos outros
O orgulho está na
raiz de todo pecado de acordo com a Bíblia (Isaías 14:12-14), e não é por acaso
que “eu” está no centro da palavra “pecado”. O orgulho de uma pessoa leva-a a
fazer afirmações exageradas e a garantir que seja reconhecida, honrada e celebrada
pelo que faz.
O
orgulho é exibido abertamente por alguém que está “empolado” ou “ensoberbado”, e
se posiciona num pedestal criado por si próprio, colocando-se acima dos outros.
Está sempre em busca de poder, prestígio, posição e glória própria.
Não
é de admirar que o professor da Bíblia britânico, John Stott, tenha dito uma
vez: “O orgulho é o seu maior inimigo, a humildade é o seu maior amigo”. Esta
declaração vai direto ao cerne do que a Bíblia ensina sobre a raiz mortal dos
nossos pecados, problemas e dificuldades.
Citações sobre o Orgulho
-
Lucas 18:11-12 (TLB) O fariseu orgulhoso e hipócrita fez esta oração: “Graças a
Deus, não sou um pecador como todos os outros, especialmente como aquele
coletor de impostos ali! Pois nunca trapaceio, não cometo adultério, jejuo duas
vezes por semana e dou a Deus um décimo de tudo que ganho”.
-
Lucas 14:11 (NCV) Jesus disse: “Todos os que se engrandecem sairão humilhados”.
-
William Shakespeare: “Quem é orgulhoso come a si mesmo: o orgulho é o seu
próprio copo, a sua própria trombeta, a sua própria crónica!”
-
Mais do que qualquer outra coisa, Deus não gosta do orgulho arrogante e acabará
por derrubá-lo. Considere o exemplo bíblico de três Reis…
-
Daniel 5:20 (MSG) Nabucodonosor desenvolveu uma cabeça grande e um espírito
duro. Então Deus deixou que caísse de seu cavalo e despojou-o de sua fama.
-
Atos 12:23 (MSG) Deus achava exagerada a arrogância de Herodes e enviou um anjo
para ajudá-lo. O rei Herodes não deu crédito a Deus por nada. Ele Caíu. Podre
até a medula, ele morreu.
Deus
é muito específico. Ele não aceita o orgulho. Na verdade, está no topo da lista
dos pecados que Ele mais despreza:
-
Provérbios 8:13 (NLT) Deus diz: “Evitem o orgulho e a arrogância, a corrupção e
a linguagem perversa!”
-Ann
Landers: “Não aceite a admiração do seu cachorro como prova conclusiva de que
você é maravilhoso!”
-
O Revivalista Jonathan Edwards chamou o orgulho de “a pior víbora que há no
coração” e “o maior perturbador da paz e da busca pela felicidade”. Ele
classificou o orgulho como o pecado mais difícil de erradicar e “o mais oculto,
secreto e enganoso de todos os desejos”.
-
O orgulho foi o primeiro pecado que entrou no universo e a razão da
transformação de Lúcifer em Satanás (Isaías 14:12-15). De todos os pecados
listados na Palavra de Deus, o orgulho é o mais destrutivo.
Conclusão
Uma
demonstração de Orgulho, pode ser uma simples e despretensiosa efusão de
alegria, por ter conseguido algo que o deixou satisfeito, o que é uma atitude
plenamente aceitável.
Ou
pode ser uma doentia demonstração de Arrogância e Presunção, que o coloca numa
situação de presumível doente mental, com perigo de nefasta intervenção social.
Que cada um se cuide e faça a sua análise pessoal.
Orgulho não é grandeza, mas inchaço. E o
que está inchado parece grande, mas não é sadio.
Santo
Agostinho
[i] Conceito de Eu
(psicanálise)
A palavra “eu” pode ter vários pontos de vista. Em
primeiro lugar, a palavra se refere à individualidade pessoal, a primeira
pessoa do singular que acompanha um verbo. O “eu” é importante na vida das pessoas, uma vez que
cada ser humano está acostumado a observar a realidade a partir do seu próprio
ponto de vista.
O excesso do uso da palavra “eu” pode mostrar um
individualismo exagerado por parte daquele que se fecha em si mesmo e não vê
além dos limites do seu ego. São pessoas que tendem em ocupar grande parte do
seu tempo em conversas com amigos para falar de si mesmas. Colocar limites no
ego também é um gesto de inteligência emocional para estabelecer boas relações
pessoais, uma vez que todo vínculo afetivo parte da igualdade entre duas
pessoas.
Do ponto de vista psicológico, o conceito Eu
está dentro da teoria da psicanálise fundamentada por Freud que remete a
relação da realidade de uma pessoa através do Eu. A partir deste ponto
de vista, esta parte da personalidade é expressa através do princípio da
realidade. O “eu” exerce um trabalho conciliador
entre o ego e o superego. Então, no que consiste o trabalho de mediação? O “eu”
dá equilíbrio aos desejos do ego que podem não encaixar em suas expectativas
realistas e em sua própria realidade.
O “eu” também se refere à própria ética em ajustar os
desejos aos valores pessoais. Deste modo, enquanto o ego busca o prazer de
forma desmedida, pelo contrário, também persegue o prazer dentro de um critério
lógico e uma ordem realista. Do ponto de vista da psicanalise, a mente humana
está composta por três pilares fundamentais que mostram uma harmonia entre si:
o eu, o ego e o superego.
Por outro lado, e ego contém todos os instintos sexuais e agressivos. Como aspecto, vale ressaltar a teoria psicanalista de que o ego é o único componente da personalidade presente na mente humana desde o momento do nascimento,que se desenvolve ao longo da vida. O ego exacerbado pode remeter ao plano inconsciente. E, o inconsciente... é incontrolável...
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