O
Uso das Palavras
E o contexto das Ações
Ignorância,
Arrogância, Teimosia, Estupidez
A falta de razão em
nossas ações e no uso das palavras, muitas vezes nos causa problemas, que
poderiam muito facilmente ser contornados ou evitados. A intolerância é um mal
que nos atinge interiormente, e o que sobra são péssimos sentimentos e revides
negativos. A convivência tem seus tributos e devemos pagá-los sem arrogância ou
desdém, pois vivemos num Mundo partilhado. É importante prestarmos atenção aos
atos e atitudes que nos apresentam para terceiros como uma demonstração do
nosso caráter e de nossas ações. Se não tivermos cuidado, estes podem tornar-se
uma parte da nossa identidade social. Por outro lado, se as nossas aspirações
apontam para cargos de responsabilidade no futuro, devemos estar conscientes de
que existe uma contra-mão, e admitir que os seres humanos aceitam naturalmente
os seus valores, devendo ser nós como responsáveis, os facilitadores do
convívio e da harmonia na coexistência para o trabalho ou para o contato
social.
A teimosia, por
exemplo, é uma qualidade ruim, pois o apego obstinado às próprias ideias,
gostos etc., impede-nos de perceber quando desistir, e que essa decisão pode
representar a libertação de um comportamento em que se perde um tempo precioso,
e que muitas vezes traz infelicidade, mágoas, exaustão emocional, estresse
psicológico e até depressão. As pessoas por vezes confundem obstinação ou persistência
com teimosia e dizem: “foi isso que lhe garantiu aquele emprego”, ou: “o atleta
superou suas dificuldades, provando que a sua teimosia não tem limites”.
Mas isso é
resiliência.[i] Pessoa persistente é aquela que:
Não desiste diante de obstáculos; reavalia e insiste, ou muda seus planos para
superar objetivos;
Confundir
persistência com teimosia é um grande equívoco. Persistir é manter seus
objetivos sempre no foco, mesmo nas maiores dificuldades ou enfrentando
obstáculos que poderiam se tornar intransponíveis, é você resistir e continuar.
Ser resiliente tem a ver com resistir e recuperar. Já ser persistente tem a ver
com insistir. Portanto, podemos entender que resiliência é a capacidade de
superar um obstáculo, se recuperar e voltar à sua mesma forma. Por outro lado,
a persistência é a capacidade de se manter firme e insistir no objetivo. Que
tem a capacidade de recuperar após um revés ou de superar situações de crise,
adversidade ou infortúnio;
Como a história tem
demonstrado, as pessoas podem fazer a coisa certa permanecendo firmes nas suas
crenças. É conhecido o caso do General Charles de Gaulle, que se recusou a
admitir a derrota depois que a Alemanha nazista invadiu a França. Contra todas
as probabilidades, ele convenceu os franceses de que acabariam por prevalecer.
A sua crença inabalável na grandeza do seu país ajudou-o a transformar a sua
visão em realidade. A persistência, quando usada como um sentimento de
insistência na obtenção de objetivos, pode até ser um valoroso auxiliar.
A teimosia porém, quando
se combina com a arrogância e a ignorância torna-se tóxica, pois estas duas são
qualidades negativas que deveríamos eliminar do nosso armazém de atitudes e, os
que têm responsabilidades de Gerencia ou Supervisão, do seu arsenal de
liderança. A arrogância é um senso exagerado da importância ou das habilidades
de alguém. Ignorância é a falta de informação, conhecimento, compreensão ou
educação.
Muitas vezes, arrogância
e ignorância andam de mãos dadas. A arrogância pode levar uma pessoa a ignorar
algo importante, e a ignorância das habilidades e talentos dos outros, também
pode tornar uma pessoa arrogante.
Ao procurar a mistura
certa para exercer a liderança, a ignorância e a arrogância devem ser removidas,
para permitir a quantidade certa de consistência das atitudes.
Somos os donos do
nosso estilo de liderança e, como todos os grandes cozinheiros, precisamos de
usar os ingredientes certos nas quantidades perfeitas.
Embora a ignorância e
a estupidez sejam frequentemente usadas de maneiras semelhantes, elas têm
nuances diferentes. A ignorância pode ser apenas falta de informação, mas pode
significar falta de conhecimento, seja em geral ou sobre um assunto ou tema
específico. Uma Ignorância intencional (não aprender porque acha que já sabe) é
o mesmo que estupidez!
Qual é a diferença
entre ignorância e ignorante?
A ignorância é por
vezes caracterizada como falta de conhecimento, e descrita como um estado de desinformação.
Não saber por impossibilidade ou circunstância, não significa necessariamente
uma incapacidade de aprender ou de saber. Mas ser ignorante por escolha –
existir num estado de ignorância – não é necessariamente uma condição de estado
estacionário, precisamos admitir.
A ignorância
intencional coloca uma ênfase particular na educação. Se você tem acesso à
informação e capacidade de processá-la, mas escolhe ignorá-la, você é estúpido.
Se lhe falta acesso à informação e, portanto, capacidade para processá-la, você
pode ser ignorante; mas você não é estúpido. Estupidez refere-se à falta de um
nível normal de inteligência, sagacidade ou rapidez mental.
Há muitos anos, em
início de carreira, tive uma conversa passageira com um colega, que me deixou
obcecado com o significado de estúpido. Fiz uma declaração sarcástica: “Ele não
disse nada abertamente, mas eu me desculpei, dizendo: desculpe, acho que errei,
mas não quis ser estúpido!” Meu colega concordou amigavelmente. Sentindo-me
envergonhado, acrescentei: “Tenho muitas outras falhas de caráter, pois ainda
não aprendi a me controlar”. Meu colega me corrigiu: “A estupidez não é uma
falha de caráter”, comentou, “é apenas genética”. Passamos para outros tópicos,
mas continuo pensando se ele estava correto ou não.
Considero estupidez,
uma ignorância intencional. Por esta definição, a estupidez é uma falha de
caráter. Numa rápida pesquisa de dicionários on-line, porém, meu colega parece
ser a maioria. As definições apresentadas citam lentidão para processar
informações ou apreender conceitos.
Na verdade, lembro-me
de proibir meus filhos de chamar alguém de estúpido. Tratei isso como o seu
equivalente de seis letras, idiota. Mantenho minha proibição, já que tais
xingamentos nunca ajudaram nos relacionamentos entre irmãos - ou entre pessoas.
Na época, eu disse a eles que poderiam dizer que alguém fez algo estúpido, mas
não deveriam chamar a pessoa em questão de estúpida.
Se eu aplicasse minha
definição atual, permitiria que acusassem um irmão irritante de um ato de
ignorância intencional, mas não de um estado contínuo de ignorância
intencional. Lembro-me claramente do meu mantra: “ninguém nesta família é
estúpido!” Em retrospecto, eu quis dizer que eles tinham bons cérebros e podiam
aplicá-los para um bom uso: uma definição diferente.
Tendo percebido a
minha própria inconsistência, pergunto-me o que está em jogo na definição? A
ignorância intencional coloca uma ênfase particular na educação. Se você tem
acesso à informação e capacidade de processá-la, mas escolhe ignorá-la, você é
estúpido. Se lhe falta acesso à informação e portanto, capacidade para
processá-la, você pode ser ignorante; mas você não é estúpido.
Como alguém
profundamente empenhado no acesso à educação, penso que deveríamos identificar
aqueles que correspondem à minha definição de estupidez – a ignorância
intencional. Aqueles que têm acesso à educação nos níveis mais elevados, mas
optam por ignorar o conhecimento disponível, sugam recursos daqueles que
anseiam desesperadamente por informação e pela oportunidade de aumentar a sua
função cognitiva (independentemente do ponto de partida) através da prática e
da adaptação criativa.
Em vez de despendermos os nossos esforços para discernir quem é “suficientemente inteligente” para merecer o nosso investimento educacional, procuremos quem quer aprender. Para moldar nossos programas e sistemas educacionais de acordo, e usar os meios ao nosso dispor, para difundir conhecimento e ajudá-los na sua luta por uma carreira decente.
Aqueles que nunca
procuraram alargar, aprofundar e aguçar as suas mentes, e ratificar a sua
capacidade inata com um pedaço de papel e um emprego bem remunerado,
demonstrariam a ignorância deliberada das vantagens académicas.
Eles são estúpidos,
NÃO por falta de capacidade mental, mas como resultado da sua recusa inaceitável,
em empregar as habilidades que possuem.
O Idiota e o Imbecil que citamos
Ficaram ainda por
analisar os termos Idiota e Imbecil que não são “em si” termos próprios de
xingamento, ainda que muitas vezes sejam empregados para afrontar mesmo.
Estas palavras designam
debilidades intelectuais graves, sendo o idiota pior que o imbecil, pois não
elabora a mais primária faculdade intelectual, que é a de perceber, sem embargo
de que a imbecilidade, ou impossibilidade de interpretar, também a segue como grave.
O idiota é aquele que
não vê o sentido, e não percebe a objetividade exterior a si mesmo. Pode estar
diante de uma coisa sem a perceber. Normalmente, há que se lhe falar várias
vezes para que ele “perceba” que lhe estão falando, e ainda mais várias vezes
para “perceber o que lhe estão dizendo”.
A percepção em si, é o
acolhimento da realidade, a qual, para ser propriamente recebida, necessita de
um processo ativo/atento do recebedor. O idiota recebe-a passivamente (muitas
vezes disperso) o que leva a que várias insistências, repetições, reiterações,
ênfases, etc. … precisem lhe ser feitas.
Outra característica inerente
ao idiota, é ele achar que aquilo que ele não alcança (ou de que nunca teve
conhecimento) não existe em boa verdade.
O imbecil, percebe a
alteridade, mas capta-a em níveis de superfície. Tem insegurança para penetrar
mais fundo que a camada das aparências, o que lhe exigiria interpretar
sentidos, mas ele se “afasta” disso, razão porque fica estacionado nos degraus iniciais
da compreensão.
A etimologia latina
de imbecil vem de “sem apoio”, indicando alguém que entende algo, mas é fraco,
desapoiado, e não sabe medir as coisas, não fica de pé por si só, optou por ficar
como iniciante. Ele não “se representa”, e não interpreta porque interpretar
exige decidir, caso em que ele passaria a ser ele próprio. O seu esquema de
debilidade consiste em submeter todo o seu “eu” na ordem, no comando e na
instrução, a um esquema de dependência quase vital. Não raro, o imbecil assume
ares circunspectos de sisudez orgulhosa em seu rigor para com a literalidade.
Idiota do grego
"idiotes" significava "pessoa leiga, sem habilidade
profissional", por oposição àqueles que desenvolviam algum trabalho
especializado. Na acepção grega original, idiota designava literalmente o
cidadão afastado e longe dos outros, alguém que se dedicava apenas aos assuntos
particulares, em oposição ao cidadão que ocupava algum cargo público ou
participava dos assuntos de ordem pública. O escritor russo Leon Tolstoi,
escreveu um livro com este título, onde o personagem principal está magnificamente
apresentado.
O termo evoluiu de
forma depreciativa para caracterizar uma pessoa ignorante, simples, sem
educação e significa hoje, tolo ou pateta. Popularmente, um idiota é um
indivíduo tolo, imbecil, desprovido de inteligência e de bom senso. Idiotice é
o produto daquele que é idiota, e o afastamento deixou de ser uma opção,
tornando-se uma razão de necessidade
Na Psiquiatria, o
idiota é aquele que sofre de "idiotia", o diagnóstico atribuído ao
indivíduo mentalmente deficiente, com grau avançado de atraso mental, ligado a
lesões cerebrais. No estado de idiotia profunda, o portador desta patologia tem
suas capacidades vitais reduzidas a um estado semelhante ao coma.
“A ignorância e a estupidez se disfarçam sob o nome de simplicidade e inocência”
“A
verdade deve ser dita com amor, mas o amor nunca pode impedir a verdade de ser
dita”.
A
nossa perfeição consiste em saber, que não somos perfeitos.
A
verdade é como um leão; você não precisa defendê-la. Deixe-a solta, e ela se
defenderá a si mesma.
Santo
Agostinho
[i] Muito usada para descrever o
comportamento do ser humano, a palavra resiliência significa que a pessoa
supera seus problemas com mais tranquilidade, passando por eles com leveza e
sabedoria. Para a Psicologia, uma pessoa resiliente tem maior resistência e
equilíbrio frente às adversidades.
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