terça-feira, 26 de setembro de 2023

 

Analisando a Depressão


E Como Superá-la

 A depressão pode ser grave e alterar a vivência, afetando a qualidade de vida e a felicidade de quem convive com ela, sendo uma condição comum. Algumas das referencias que damos no texto, podem parecer repetitivas, mas são feitas deliberadamente, para levar o máximo de conhecimento sobre o tema aos nossos leitores.

De acordo com estudo epidemiológico, o Brasil é o país com mais pessoas ansiosas na América Latina, e a prevalência de depressão ao longo da vida no nosso país, está em torno de 15,5%. Segundo a OMS, a primazia de depressão na rede de atenção primária de saúde é 10,4%, isoladamente ou associada a um transtorno físico. Na América, afeta cerca de 15 milhões de americanos todos os anos.

É uma doença caracterizada por tristeza persistente e perda de interesse nas atividades de que normalmente se gosta, acompanhada da incapacidade de realizar as agendas diárias, durante pelo menos duas semanas, sendo uma patologia diferente das mudanças regulares de humor e dos sentimentos da vida cotidiana.

A depressão nasce ou é ocasionada?

Num caso da depressão, a hereditariedade é provavelmente de 40 a 50%, e pode ser superior para depressão grave. Isto pode significar que na maioria dos casos de depressão, cerca de 50% da causa é genética e em cerca de 50% não está relacionada com genes (fatores psicológicos ou físicos).

Em alguns casos, é possível prevenir a depressão, mesmo que já tenha havido um episódio anterior. Existem muitas mudanças no estilo de vida e técnicas de controle do estresse que podem ser usadas para prevenir ou evitar a depressão. Existem também certos gatilhos que podem nos levar a episódios depressivos. Embora os gatilhos possam ser diferentes para cada pessoa, damos abaixo algumas das melhores técnicas que podem ser usadas para prevenir ou evitar a recaída da depressão.

Maneiras de evitar a depressão

·      Exercitar-se. Praticar exercícios regularmente é uma das melhores coisas que se podem fazer pela saúde mental.

·      Reduzir o tempo nas redes sociais. ...

·      Construir relacionamentos fortes. ...

·      Minimizar as escolhas das ocupações diárias. ...

·      Reduzir o estresse. ...

·      Manter o plano de tratamento quando ele existe. ...

·      Dormir bastante. ...

·      Ficar longe de pessoas tóxicas.

 


Nem sempre é possível prevenir a depressão, mas pode-se conseguir reduzir o risco:

·      Mantendo uma rotina de sono saudável.

·      Gerenciando o estresse com mecanismos de enfrentamento saudáveis.

·      Praticar atividades regulares de autocuidado, como exercícios, meditação e Yoga.

A pesquisa que citámos no início, sugere que a depressão não surge simplesmente do excesso ou da falta de certas substâncias químicas cerebrais. Existem muitas causas possíveis para a depressão, incluindo regulação deficiente do humor pelo cérebro, vulnerabilidade genética e eventos estressantes da vida.

As principais causas da depressão são:

·      Abuso. O abuso físico, sexual ou emocional, pode aumentar o grau de vulnerabilidade à depressão mais tarde na vida.

·      Idade. Pessoas idosas correm maior risco de depressão. ...

·      Certos medicamentos. ...

·      Conflito. ...

·      Morte ou perda. ...

·      Gênero. As mulheres estão mais vulneráveis a este tipo de distúrbio psíquico.

·      Genes. ...

·      Eventos importantes.

·      Genética: estudos com famílias, gêmeos e adotados indicam a existência de um componente genético. Estima-se que esse componente represente 40% da suscetibilidade para desenvolver depressão;

·      Bioquímica cerebral: há evidencias de deficiência de substancias cerebrais, chamadas neurotransmissores. São eles Noradrenalina, Serotonina e Dopamina que estão envolvidos na regulação da atividade motora, do apetite, do sono e do humor;

·      Eventos vitais: eventos estressantes podem desencadear episódios depressivos naqueles que tem uma predisposição genética a desenvolver a doença.

·      Histórico de família. Embora não existam genes específicos que possamos citar ou rastrear para a depressão, se os membros da sua família tiveram depressão, é mais provável que você também sofra de depressão. ...

·      Doenças e problemas de saúde. ...

·      Medicamentos, drogas e álcool. ...

·      Personalidade.[i]

A época comum do aparecimento é o final da 3ª década da vida, mas pode começar em qualquer idade. Estudos mostram prevalência ao longo da vida em até 20% nas mulheres e 12% para os homens. A depressão é uma condição que dura a vida toda, pois não há cura. No entanto, isso não significa necessariamente que afetará o portador todos os dias de sua vida. Com um plano de tratamento correto, a remissão é possível. O plano de tratamento pode precisar de ajustes ao longo da vida, mas é uma das condições de saúde mental mais aceitáveis. Entre 80% e 90% das pessoas com depressão respondem bem ao tratamento, o que significa que observam uma melhoria nos seus sintomas ou os sintomas desaparecem.

Fatores de risco

·      Histórico familiar;

·      Transtornos psiquiátricos correlatos;

·      Estresse crônico;

·      Ansiedade crônica;

·      Disfunções hormonais;

·      Dependência de álcool e drogas ilícitas;

·      Traumas psicológicos;

·      Doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias entre outras;

·      Conflitos conjugais;

·      Mudança brusca de condições financeiras e desemprego.

Sintomas

·      Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Acreditar que perdeu, de forma irreversível, a capacidade de sentir prazer ou alegria. Tudo parece vazio, o mundo é visto sem cores, sem matizes de alegria. Muitos se mostram mais apáticos do que tristes, referindo “sentimento de falta de sentimento”. Julgam-se um peso para os familiares e amigos, invocam a morte como forma de alívio para si e familiares. Fazem avaliação negativa acerca de si mesmo, do mundo e do futuro. Percebem as dificuldades como intransponíveis, tendo o desejo de pôr fim a um estado penoso. Os pensamentos suicidas variam desde o desejo de estar morto até planos detalhados de se matar. Esses pensamentos devem ser sistematicamente investigados;

·      Retardo motor, falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, lentificação do pensamento, falta de concentração, queixas de falta de memória, de vontade e de iniciativa;

·      Insônia ou sonolência: A insônia geralmente é intermediária ou terminal. A sonolência está mais associada à depressão chamada Atípica;

·      Apetite: geralmente diminuído, podendo ocorrer em algumas formas de depressão aumento do apetite, com maior interesse por carboidratos e doces;

·      Redução do interesse sexual;

·      Dores e sintomas físicos difusos como mal estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito, taquicardia, sudorese.

Diagnóstico

O diagnóstico da depressão é clínico, feito pelo médico após coleta completa da história do paciente e realização de um exame do estado mental. Não existem exames laboratoriais específicos para diagnosticar depressão.

 

Subtipos de Depressão:

Distimia: É um quadro mais leve e crônico. As alterações estão presentes na maior parte do dia, todos os dias, por, no mínimo, dois anos. Podem ocorrer oscilações, mas prevalecem às queixas de cansaço e desânimo durante a maior parte do tempo. Geralmente, se mostram como pessoas excessivamente preocupadas, que apresentam um sentimento persistente de preocupação. As alterações de apetite, libido e psicomotoras não são frequentes, é mais comum sintomas como letargia e falta de prazer pelas coisas que antes eram prazerosas. Na maioria dos casos, se inicia na adolescência ou no princípio da idade adulta;

Depressão endógena: Caracteriza-se pela predominância de sintomas como perda de interesse ou prazer em atividades normalmente agradáveis, piora pela manhã, falta de reatividade do humor, lentidão psicomotora, queixas de esquecimento, perda de apetite importante e perda de peso, muita desanimo e tristeza;

Depressão Atípica: Apresenta uma inversão dos sintomas: aumento de apetite e/ou ganho de peso, dificuldade para conciliar o sono ou sonolência, sensação de corpo pesado, sensibilidade exagerada à rejeição, responde de forma negativa  aos estímulos ambientais;

Depressão sazonal: Caracteriza-se pelo início no outono/inverno e pela remissão na primavera, sendo incomum no verão. A prevalência é maior entre jovens que vivem em maiores latitudes. Os sintomas mais comuns são: apatia, diminuição da atividade, isolamento social, diminuição da libido, sonolência, aumento do apetite, “fissura” por carbohidratos e ganho de peso. Para diagnóstico esses episódios devem se repetir por dois anos consecutivamente, sem quaisquer episódios não sazonais durante esse período;

Depressão psicótica: É um quadro grave, caracterizado pela presença de delírios e alucinações. Os delírios são representados por ideias de pecado, doença incurável, pobreza e desastres iminentes. Pode apresentar alucinações auditivas;

Depressão secundária: Caracterizada por síndromes depressivas associadas ou causadas por doenças medico-sistêmicas e/ou por medicamentos;

Depressão Bipolar: A maioria dos pacientes bipolares inicia a doença com um episódio depressivo, enquanto mais precoce o início, maior a chance de que o indivíduo seja bipolar. História familiar de bipolaridade, de depressão maior, de abuso de substâncias, transtorno de ansiedade, são indícios de evolução bipolar.

Depressão recorrente: É comum que uma pessoa com depressão experimente episódios depressivos entre períodos mais longos de remissão, nos quais não apresenta sintomas.

E nem todas as pessoas que se recuperam da depressão precisarão de tratamento contínuo, mas aquelas que o fazem, podem ter um episódio depressivo se interromperem o tratamento.

PREVENÇÃO

Embora o indivíduo possa não apresentar sintomas de depressão durante anos, um período de estresse, uma mudança significativa na vida ou luto, podem desencadear um episódio depressivo.

Os gatilhos da depressão não são previsíveis, mas algumas pessoas podem observar os eventos, sentimentos e situações que ocorrem pouco antes de um episódio depressivo, e isso as ajuda a identificar uma possível causa. Estar ciente de seus gatilhos pode ajudar a evitar episódios depressivos e após um deles, a pessoa afetada deve rever seu plano de tratamento, pois medicação, terapia ou suporte podem precisar de ajustes.

O estresse é um gatilho comum para a depressão. Gerenciar o estresse pode ajudar a prevenir os sintomas.

Algumas sugestões para gerenciar o estresse incluem:

·      beber muitos líquidos

·      manter uma dieta saudável

·      repousar dormindo o suficiente

·      conversar com família ou amigos

·      limitar o consumo de álcool e cafeína

·      cuidar, praticando atenção plena aos sintomas

·      assumir menos responsabilidades no trabalho

Nem sempre é possível evitar o estresse. Mudar de casa, um período agitado no trabalho ou dificuldades de relacionamento, fazem parte da vida, mas se um evento estressante é previsível num futuro próximo, um planejamento cuidadoso pode ajudar a diminuir o risco de desencadear um episódio depressivo.

Uma boa organização e planejamento para mudanças na vida, podem ajudar, pelo que conversar com familiares e amigos sobre apoio e estratégias de enfrentamento pode ser benéfico, tal como fazer uma pausa no trabalho sempre que possível, ou reservar tempo nos fins de semana para relaxar.

Tratamento

Cerca de 15,7 milhões de adultos nos Estados Unidos sofreram de depressão, mas apenas cerca de um terço destes indivíduos procuraram tratamento.

Evitar procurar tratamento é originado porque se pensa que o problema não é grave, que a depressão é vergonhosa ou uma fraqueza, ou que podemos tratá-la sozinhos, mas a depressão é uma condição médica séria que pode ser leve, moderada ou grave, e  precisa de tratamento profissional.

·      depressão leve tem algum efeito na vida diária

·      a depressão moderada tem um impacto significativo na vida diária

·      depressão grave pode tornar a vida diária impossível

O plano de tratamento dependerá da gravidade e do tipo dos sintomas e do que a pessoa deseja do tratamento. Um profissional médico pode ajudar a elaborar um plano de tratamento, o qual pode incluir terapia, medicação e medidas de estilo de vida.

Para depressão leve, exercícios, autoajuda e terapia podem funcionar bem. Para depressão moderada, um médico pode recomendar medicamentos. A depressão grave geralmente requer uma combinação de terapia e medicação.

Terapia

Duas formas de psicoterapia que os profissionais comumente usam para tratar a depressão são a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia interpessoal (TIP).

A TCC pode ajudar a compreender seus pensamentos, sentimentos e comportamentos. Pode ajudar a superar pensamentos negativos e a construir uma visão mais positiva de si mesmos.

O TIP concentra-se nas relações pessoais. Pode ajudar uma pessoa cuja depressão está associada a dificuldades de relacionamento ou comunicação.

O Instituto Nacional de Saúde Mental oferece conselhos sobre como encontrar um terapeuta.

Tratamento

Um antidepressivo é um medicamento que trata a depressão ajustando os níveis químicos no cérebro. Muitos tipos diferentes de antidepressivos estão disponíveis. Os sintomas e o histórico médico de uma pessoa podem ajudar a informar a prescrição.

Os antidepressivos podem ter alguns efeitos colaterais, mas estes tendem a diminuir em gravidade quanto mais tempo a pessoa toma o medicamento. Não se deve parar de tomar antidepressivos antes de consultar um profissional médico, pois só ele pode aconselhar sobre como reduzir a dose com segurança ao longo do tempo.

 




[i] Personalidade limítrofe. Trata-se de um problema de saúde que envolve as áreas de psicologia e psiquiatria, muito difícil de ser diagnosticado. As pessoas que têm esse tipo de transtorno alternam atitudes de forma impulsiva, podendo ter surtos de ódio e, em casos extremos, até tentar o suicídio.

No geral, os surtos relacionados ao “borderline” referem-se a relações interpessoais após situações de crise no trabalho, pressão da família e brigas com amigos, aponta o dr. Sérgio Hototian, psiquiatra no Hospital Sírio-Libanês “O ambiente muda muito o humor dessas pessoas, que, em geral, reagem mal quando são contrariadas”, “Quando a crise é acompanhada de forte paranoia, elas podem chegar a cometer violências físicas contra terceiros”.

Uma característica marcante desta síndrome é a idealização da imagem de algumas pessoas, que pode ir de amor intenso ao ódio. “É comum elas gritarem e ofenderem amigos e familiares, por exemplo, mas na sequência comportarem-se como se nada tivesse ocorrido”, comenta o médico.

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