Analisando
a Depressão
E Como Superá-la
De
acordo com estudo epidemiológico, o Brasil é o país com mais pessoas ansiosas
na América Latina, e a prevalência de depressão ao longo da vida no nosso país,
está em torno de 15,5%. Segundo a OMS, a primazia de depressão na rede de
atenção primária de saúde é 10,4%, isoladamente ou associada a um transtorno
físico. Na América, afeta cerca de 15 milhões de americanos todos os anos.
É uma
doença caracterizada por tristeza persistente e perda de interesse nas
atividades de que normalmente se gosta, acompanhada da incapacidade de realizar
as agendas diárias, durante pelo menos duas semanas, sendo uma patologia diferente
das mudanças regulares de humor e dos sentimentos da vida cotidiana.
A
depressão nasce ou é ocasionada?
Num caso
da depressão, a hereditariedade é provavelmente de 40 a 50%, e pode ser superior
para depressão grave. Isto pode significar que na maioria dos casos de
depressão, cerca de 50% da causa é genética e em cerca de 50% não está
relacionada com genes (fatores psicológicos ou físicos).
Em
alguns casos, é possível prevenir a depressão, mesmo que já tenha havido um
episódio anterior. Existem muitas mudanças no estilo de vida e técnicas de
controle do estresse que podem ser usadas para prevenir ou evitar a depressão.
Existem também certos gatilhos que podem nos levar a episódios depressivos.
Embora os gatilhos possam ser diferentes para cada pessoa, damos abaixo algumas
das melhores técnicas que podem ser usadas para prevenir ou evitar a recaída da
depressão.
Maneiras
de evitar a depressão
· Exercitar-se. Praticar
exercícios regularmente é uma das melhores coisas que se podem fazer pela saúde
mental.
· Reduzir o tempo
nas redes sociais. ...
· Construir
relacionamentos fortes. ...
· Minimizar as
escolhas das ocupações diárias. ...
· Reduzir o
estresse. ...
· Manter o plano de
tratamento quando ele existe. ...
· Dormir bastante.
...
· Ficar longe de
pessoas tóxicas.
Nem sempre é possível prevenir a depressão, mas pode-se conseguir reduzir o risco:
· Mantendo uma
rotina de sono saudável.
· Gerenciando o
estresse com mecanismos de enfrentamento saudáveis.
· Praticar
atividades regulares de autocuidado, como exercícios, meditação e Yoga.
A
pesquisa que citámos no início, sugere que a depressão não surge simplesmente
do excesso ou da falta de certas substâncias químicas cerebrais. Existem muitas
causas possíveis para a depressão, incluindo regulação deficiente do humor pelo
cérebro, vulnerabilidade genética e eventos estressantes da vida.
As
principais causas da depressão são:
· Abuso. O abuso
físico, sexual ou emocional, pode aumentar o grau de vulnerabilidade à
depressão mais tarde na vida.
· Idade. Pessoas
idosas correm maior risco de depressão. ...
· Certos
medicamentos. ...
· Conflito. ...
· Morte ou perda.
...
· Gênero. As
mulheres estão mais vulneráveis a este tipo de distúrbio psíquico.
· Genes. ...
· Eventos
importantes.
· Genética: estudos
com famílias, gêmeos e adotados indicam a existência de um componente genético.
Estima-se que esse componente represente 40% da suscetibilidade para
desenvolver depressão;
· Bioquímica
cerebral: há evidencias de deficiência de substancias cerebrais, chamadas
neurotransmissores. São eles Noradrenalina, Serotonina e Dopamina que estão
envolvidos na regulação da atividade motora, do apetite, do sono e do humor;
· Eventos vitais:
eventos estressantes podem desencadear episódios depressivos naqueles que tem
uma predisposição genética a desenvolver a doença.
· Histórico de
família. Embora não existam genes específicos que possamos citar ou rastrear
para a depressão, se os membros da sua família tiveram depressão, é mais
provável que você também sofra de depressão. ...
· Doenças e
problemas de saúde. ...
· Medicamentos,
drogas e álcool. ...
· Personalidade.[i]
A
época comum do aparecimento é o final da 3ª década da vida, mas pode começar em
qualquer idade. Estudos mostram prevalência ao longo da vida em até 20% nas
mulheres e 12% para os homens. A depressão é uma condição que dura a vida toda,
pois não há cura. No entanto, isso não significa necessariamente que afetará o
portador todos os dias de sua vida. Com um plano de tratamento correto, a
remissão é possível. O plano de tratamento pode precisar de ajustes ao longo da
vida, mas é uma das condições de saúde mental mais aceitáveis. Entre 80% e 90%
das pessoas com depressão respondem bem ao tratamento, o que significa que
observam uma melhoria nos seus sintomas ou os sintomas desaparecem.
Fatores
de risco
· Histórico
familiar;
· Transtornos
psiquiátricos correlatos;
· Estresse crônico;
· Ansiedade crônica;
· Disfunções
hormonais;
· Dependência de
álcool e drogas ilícitas;
· Traumas
psicológicos;
· Doenças
cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias entre outras;
· Conflitos
conjugais;
· Mudança brusca de
condições financeiras e desemprego.
Sintomas
· Humor depressivo:
sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Acreditar que
perdeu, de forma irreversível, a capacidade de sentir prazer ou alegria. Tudo
parece vazio, o mundo é visto sem cores, sem matizes de alegria. Muitos se
mostram mais apáticos do que tristes, referindo “sentimento de falta de
sentimento”. Julgam-se um peso para os familiares e amigos, invocam a morte
como forma de alívio para si e familiares. Fazem avaliação negativa acerca de
si mesmo, do mundo e do futuro. Percebem as dificuldades como intransponíveis,
tendo o desejo de pôr fim a um estado penoso. Os pensamentos suicidas variam
desde o desejo de estar morto até planos detalhados de se matar. Esses
pensamentos devem ser sistematicamente investigados;
· Retardo motor,
falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, lentificação do pensamento,
falta de concentração, queixas de falta de memória, de vontade e de iniciativa;
· Insônia ou
sonolência: A insônia geralmente é intermediária ou terminal. A sonolência está
mais associada à depressão chamada Atípica;
· Apetite:
geralmente diminuído, podendo ocorrer em algumas formas de depressão aumento do
apetite, com maior interesse por carboidratos e doces;
· Redução do
interesse sexual;
· Dores e sintomas
físicos difusos como mal estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito,
taquicardia, sudorese.
Diagnóstico
O
diagnóstico da depressão é clínico, feito pelo médico após coleta completa da
história do paciente e realização de um exame do estado mental. Não existem
exames laboratoriais específicos para diagnosticar depressão.
Subtipos
de Depressão:
Distimia:
É
um quadro mais leve e crônico. As alterações estão presentes na maior parte do
dia, todos os dias, por, no mínimo, dois anos. Podem ocorrer oscilações, mas
prevalecem às queixas de cansaço e desânimo durante a maior parte do tempo.
Geralmente, se mostram como pessoas excessivamente preocupadas, que apresentam
um sentimento persistente de preocupação. As alterações de apetite, libido e
psicomotoras não são frequentes, é mais comum sintomas como letargia e falta de
prazer pelas coisas que antes eram prazerosas. Na maioria dos casos, se inicia
na adolescência ou no princípio da idade adulta;
Depressão
endógena: Caracteriza-se
pela predominância de sintomas como perda de interesse ou prazer em atividades
normalmente agradáveis, piora pela manhã, falta de reatividade do humor,
lentidão psicomotora, queixas de esquecimento, perda de apetite importante e
perda de peso, muita desanimo e tristeza;
Depressão
Atípica: Apresenta uma inversão dos sintomas: aumento de apetite e/ou ganho de
peso, dificuldade para conciliar o sono ou sonolência, sensação de corpo
pesado, sensibilidade exagerada à rejeição, responde de forma negativa aos estímulos ambientais;
Depressão
sazonal: Caracteriza-se
pelo início no outono/inverno e pela remissão na primavera, sendo incomum no
verão. A prevalência é maior entre jovens que vivem em maiores latitudes. Os
sintomas mais comuns são: apatia, diminuição da atividade, isolamento social,
diminuição da libido, sonolência, aumento do apetite, “fissura” por
carbohidratos e ganho de peso. Para diagnóstico esses episódios devem se
repetir por dois anos consecutivamente, sem quaisquer episódios não sazonais
durante esse período;
Depressão
psicótica: É
um quadro grave, caracterizado pela presença de delírios e alucinações. Os
delírios são representados por ideias de pecado, doença incurável, pobreza e
desastres iminentes. Pode apresentar alucinações auditivas;
Depressão
secundária: Caracterizada por síndromes depressivas associadas ou causadas por
doenças medico-sistêmicas e/ou por medicamentos;
Depressão
Bipolar: A
maioria dos pacientes bipolares inicia a doença com um episódio depressivo,
enquanto mais precoce o início, maior a chance de que o indivíduo seja bipolar.
História familiar de bipolaridade, de depressão maior, de abuso de substâncias,
transtorno de ansiedade, são indícios de evolução bipolar.
Depressão
recorrente: É
comum que uma pessoa com depressão experimente episódios depressivos entre períodos
mais longos de remissão, nos quais não apresenta sintomas.
E nem
todas as pessoas que se recuperam da depressão precisarão de tratamento
contínuo, mas aquelas que o fazem, podem ter um episódio depressivo se
interromperem o tratamento.
PREVENÇÃO
Embora
o indivíduo possa não apresentar sintomas de depressão durante anos, um período
de estresse, uma mudança significativa na vida ou luto, podem desencadear um
episódio depressivo.
Os
gatilhos da depressão não são previsíveis, mas algumas pessoas podem observar
os eventos, sentimentos e situações que ocorrem pouco antes de um episódio
depressivo, e isso as ajuda a identificar uma possível causa. Estar ciente de
seus gatilhos pode ajudar a evitar episódios depressivos e após um deles, a
pessoa afetada deve rever seu plano de tratamento, pois medicação, terapia ou
suporte podem precisar de ajustes.
O
estresse é um gatilho comum para a depressão. Gerenciar o estresse pode ajudar
a prevenir os sintomas.
Algumas
sugestões para gerenciar o estresse incluem:
· beber muitos
líquidos
· manter uma dieta
saudável
· repousar dormindo
o suficiente
· conversar com
família ou amigos
· limitar o consumo
de álcool e cafeína
· cuidar, praticando
atenção plena aos sintomas
· assumir menos
responsabilidades no trabalho
Nem
sempre é possível evitar o estresse. Mudar de casa, um período agitado no
trabalho ou dificuldades de relacionamento, fazem parte da vida, mas se um
evento estressante é previsível num futuro próximo, um planejamento cuidadoso
pode ajudar a diminuir o risco de desencadear um episódio depressivo.
Uma
boa organização e planejamento para mudanças na vida, podem ajudar, pelo que
conversar com familiares e amigos sobre apoio e estratégias de enfrentamento
pode ser benéfico, tal como fazer uma pausa no trabalho sempre que possível, ou
reservar tempo nos fins de semana para relaxar.
Tratamento
Cerca
de 15,7 milhões de adultos nos Estados Unidos sofreram de depressão, mas apenas
cerca de um terço destes indivíduos procuraram tratamento.
Evitar
procurar tratamento é originado porque se pensa que o problema não é grave, que
a depressão é vergonhosa ou uma fraqueza, ou que podemos tratá-la sozinhos, mas
a depressão é uma condição médica séria que pode ser leve, moderada ou grave, e
precisa de tratamento profissional.
· depressão leve tem
algum efeito na vida diária
· a depressão
moderada tem um impacto significativo na vida diária
· depressão grave
pode tornar a vida diária impossível
O
plano de tratamento dependerá da gravidade e do tipo dos sintomas e do que a
pessoa deseja do tratamento. Um profissional médico pode ajudar a elaborar um
plano de tratamento, o qual pode incluir terapia, medicação e medidas de estilo
de vida.
Para
depressão leve, exercícios, autoajuda e terapia podem funcionar bem. Para
depressão moderada, um médico pode recomendar medicamentos. A depressão grave
geralmente requer uma combinação de terapia e medicação.
Terapia
Duas
formas de psicoterapia que os profissionais comumente usam para tratar a
depressão são a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia interpessoal
(TIP).
A
TCC pode ajudar a compreender seus pensamentos, sentimentos e comportamentos.
Pode ajudar a superar pensamentos negativos e a construir uma visão mais
positiva de si mesmos.
O TIP
concentra-se nas relações pessoais. Pode ajudar uma pessoa cuja depressão está
associada a dificuldades de relacionamento ou comunicação.
O
Instituto Nacional de Saúde Mental oferece conselhos sobre como encontrar um
terapeuta.
Tratamento
Um
antidepressivo é um medicamento que trata a depressão ajustando os níveis
químicos no cérebro. Muitos tipos diferentes de antidepressivos estão
disponíveis. Os sintomas e o histórico médico de uma pessoa podem ajudar a
informar a prescrição.
Os
antidepressivos podem ter alguns efeitos colaterais, mas estes tendem a
diminuir em gravidade quanto mais tempo a pessoa toma o medicamento. Não se deve
parar de tomar antidepressivos antes de consultar um profissional médico, pois
só ele pode aconselhar sobre como reduzir a dose com segurança ao longo do
tempo.
[i]
Personalidade limítrofe. Trata-se de um problema de saúde que envolve as
áreas de psicologia e psiquiatria, muito difícil de ser diagnosticado. As
pessoas que têm esse tipo de transtorno alternam atitudes de forma impulsiva,
podendo ter surtos de ódio e, em casos extremos, até tentar o suicídio.
No geral, os surtos
relacionados ao “borderline” referem-se a relações interpessoais após
situações de crise no trabalho, pressão da família e brigas com amigos, aponta
o dr. Sérgio Hototian, psiquiatra no Hospital Sírio-Libanês “O ambiente muda
muito o humor dessas pessoas, que, em geral, reagem mal quando são
contrariadas”, “Quando a crise é acompanhada de forte paranoia, elas podem
chegar a cometer violências físicas contra terceiros”.
Uma característica marcante
desta síndrome é a idealização da imagem de algumas pessoas, que pode ir de
amor intenso ao ódio. “É comum elas gritarem e ofenderem amigos e familiares,
por exemplo, mas na sequência comportarem-se como se nada tivesse ocorrido”,
comenta o médico.
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