O VINHO
Sua História Linhagens e Atributos
Do latim (vinu), estabelece-se como vinho um líquido
alcoólico resultante da fermentação do suco da uva, ou de outros frutos, embora
com as mesmas características. Diz-se que foi Dionísio, deus na mitologia grega, (do
vinho e da vegetação) que ensinou aos mortais como cultivar a videira e como
fazer vinho. São muitas as citações sobre a bebida e uma delas, a mais famosa,
consta da Odisséia e descreve Ulisses e os seus companheiros fabricando vinho
para embebedar o gigante Polifemo e assim conquistarem a sua liberdade.
O vinho é produzido há milhares de anos e a evidência mais
antiga de vinho é da região do Cáucaso na atual Geórgia (6.000 aC), mas também
na Pérsia (5.000 aC), Itália e Armênia (4.000 aC). O vinho do Novo Mundo tem
alguma ligação com as bebidas alcoólicas feitas pelos povos indígenas das
Américas, mas está principalmente ligado às tradições ibéricas dos colonizadores
posteriores. Mais tarde, à medida que o vinho do Velho Mundo desenvolveu
técnicas de viticultura, a Europa abrangeria três das maiores regiões produtoras
de vinho. Hoje, os cinco países com as maiores regiões produtoras de vinho
estão na Itália, Espanha, França, Estados Unidos e China.
O vinho sempre desempenhou um papel importante na religião.
O vinho tinto era associado ao sangue pelos antigos egípcios e era usado tanto
pelo culto grego de Dionísio quanto pelos romanos em suas bacanais. O Judaísmo
também o incorpora no Kiddush, e o Cristianismo na Eucaristia. As culturas
vinícolas egípcia, grega, romana e israelense ainda estão ligadas a essas
raízes antigas. Da mesma forma, as maiores regiões vinícolas da Itália, Espanha
e França têm heranças relacionadas ao vinho sacramental, e da mesma forma, as
tradições da viticultura no sudoeste dos Estados Unidos começaram na Nova
Espanha quando frades e monges católicos produziram vinhos pela primeira vez no
Novo México e na Califórnia.
Algumas noções sobre o
vinho e suas variedades
O vinho é um corpo e, como tal, tem vida. Nasce, cresce, vive e morre. Pode ser novo e
envelhece. É fraco ou forte. Espesso ou encorpado. Leve ou pesado. Branco,
Tinto ou Rosé. Tem ainda o vinho palhete ou o carrascão. Não importa, porém, o
momento da sua vida ou a forma como se apresente, ele é sempre um grande
companheiro e como tal deve ser considerado e tratado. O vinho deve ser sempre
servido à temperatura adequada e no copo próprio, de acordo com o seu tipo.
Isso lhe dá dignidade. E não devemos nunca tirar dignidade a um amigo. Outra
coisa que nunca se deve fazer é adulterar o vinho, sobretudo o vinho de marca
ou de qualidade. Misturar qualquer outro líquido ou bebida a um bom vinho é um
sacrilégio. Para a confecção de bebidas compostas existem vinhos de menor
qualidade e com menos dignidade. Todo o bom garçon (empregado de mesa), deve
estar consciente deste ponto.
Vinho de Abacaxi – as cascas de abacaxi quando deixadas de infusão em água por mais de 30 dias originam uma fermentação e produzem uma bebida com o aspecto do vinho branco, muito agradável de beber.
Vinho Abafado - vinho cuja fermentação se suspendeu por
meio do álcool ou do ácido sulfuroso. O vinho guarda um maior teor de açúcar e
fica doce.
Vinho Botado - vinho que perdeu a cor. Isto acontece com
os vinhos tintos que ficam longo tempo em depósito sem ser movimentados e nos
quais o tanino adere à garrafa, deixando o vinho com a cor alourada do vinho
branco.
Vinho Carrasco - vinho áspero ao paladar, grosso e travoso.
Também chamado de “carrascão”.
Vinho de Dendê - bebida alcoólica de sabor agradável,
preparada com o líquido do tronco do dendezeiro.
Vinho de maçã - bebida que se fabrica com o suco fermentado
das maçãs; Sidra.
Vinho de mesa - o
que se costuma tomar nas refeições a acompanhar os pratos fortes, carnes peixes
etc., antes da sobremesa.
Vinho doce - vinho de uva muito madura e com qualidades
muito sacarinas. Pode ser natural, como o Moscatel, mas pode também ser tratado
como se diz para o Vinho Abafado.
Vinho fino - forma corrente de designar o vinho que se
bebe à sobremesa, normalmente de qualidade superior, como o Porto e o Moscatel,
mais velho e mais alcoólico.
Vinho generoso - vinho de grande força alcoólica, de longa
formação e duração que com o tempo vai apurando as suas qualidades. São Vinhos
Generosos, todos os vinhos do Porto, Moscatel, Madeira, etc.
Vinho moscatel - o que é feito de uva moscatel.
Vinho palhete - vinho tinto muito leve, pouco corado e muito
transparente.
Vinho seco - vinho muito forte, pouco açucarado, de boa
qualidade.
Vinho surdo - dá-se esta designação aos vinhos que são
adicionados para dar força aos vinhos fracos, por terem muito álcool.
Vinho tinto - vinho cuja coloração é mais ou menos escura
ou vermelha, em razão da cor da uva com que foi fabricado.
Vinho verde - de sabor ácido mas muito leve e
deliciosamente refrescante, existe a crença de que seria feito de uvas colhidas
antes da maturação. Nada disso. O nome foi-lhe dado pelos portugueses, porque é
um vinho que, devido às suas características não consegue envelhecer e,
portanto, deve ser bebido jovem, logo nos verdes anos.
Para se poder
conversar sobre vinho deve-se, antes de tudo, saber algo sobre vinho.
Estudá-lo,
prová-lo, conhecê-lo portanto. Ao fazer-se a degustação, devem-se analisar as
várias sensações que o vinho provoca, o que exige uma certa concentração.
O resultado
dessas sensações, deve ser arquivado na memória, para as podermos analisar e
transmitir, no momento em que desejarmos falar sobre vinho.
Por outro lado,
uma conversa exige termos convenientes ou apropriados. Vamos proporcionar
alguns termos que se podem utilizar quando se desejar conversar sobre vinho:
- Sobre a
constituição do vinho – (O seu corpo em relação ao paladar).
Se desejamos dizer bem, usaremos termos como: encorpado, sólido, forte
ou vigoroso, de categoria ou de qualidade, acabado (“É um vinho acabado!”),
cheio, leve, substancial, aveludado, macio, delicado, fino, apetitoso, inteiro,
puro.
Para significar que o vinho não é bom, podemos dizer, de acordo com as
circunstâncias: fraco, pobre, frouxo, pouco encorpado, aguado, pastoso, áspero,
acerbo, adstringente, desiquilibrado, pesado, carrascão, travoso, rascante.
- Sobre a cor do
vinho
Se desejamos dizer bem: bela, clara, ambarina, brilhante, sumptuosa,
cintilante, rubi ou rubica, purpúrea.
Para dizer mal (se for caso disso): turva, toldada, murcha, desbotada,
carregada.
- Sobre a vinosidade
(ou teor alcoólico)
Para gabar o vinho, podemos dizer que é: vivo, nervudo, generoso,
forte, capitoso, espirituoso.
Se desejamos demonstrar desagrado, diremos: brando, fraco, frouxo,
frio, vulgar, pastoso.
- Sobre o conteúdo
de açúcar
Quando satisfaz, diz-se: seco ou doce, suave, delicado, licoroso,
sedoso.
Quando é desagradável, diz-se, buscando o termo adequado: áspero,
pastoso, insípido, adocicado.
- Sobre o bouquet ou aroma
Quando este agrada: perfumado, “fruité” (com sabor a
fruto), fino, aromático, oloroso.
Quando não agrada: vulgar, sensaborão, desagradável, “bouchonné” (sabor a rolha).
-
Quando o vinho está
estragado, diz-se: azedo, avinagrado, voltado, toldado, passado.
Tentámos resumir os elementos essenciais, permitindo ao profissional desejoso de evoluir, encontrar o mínimo necessário à sua aprendizagem. Não tivemos a pretensão de escrever para os mestres.
Esses
encontrarão muitas lacunas neste nosso trabalho. Um manual no entanto, não é um
tratado.
Para os que se
iniciam na profissão, vai toda a nossa simpatia. Já percorremos o mesmo
caminho, estando, portanto, aptos a saber o que lhes será útil, e o que vai ao
encontro dos seus anseios.
Mais tarde, os
seus conhecimentos serão aprofundados através do recurso a outras fontes. Nessa
altura, esperamos que os seus conhecimentos possam ser transmitidos aos que
lhes sucederem, com a mesma boa vontade que nos levou, a escrever este texto.
E digamos como Bossuet: “Le vin a le pouvoir
de remplir l’âme de toute vérité, de tout savoir et philosophie”.
Traduzindo: “O
vinho tem o poder de encher a alma de toda a verdade, de todo o saber e de toda
a filosofia”.
Esperamos que assim seja!...
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