segunda-feira, 17 de julho de 2023

O VINHO


Sua História Linhagens e Atributos

Do latim (vinu), estabelece-se como vinho um líquido alcoólico resultante da fermentação do suco da uva, ou de outros frutos, embora com as mesmas características. Diz-se que foi Dionísio, deus na mitologia grega, (do vinho e da vegetação) que ensinou aos mortais como cultivar a videira e como fazer vinho. São muitas as citações sobre a bebida e uma delas, a mais famosa, consta da Odisséia e descreve Ulisses e os seus companheiros fabricando vinho para embebedar o gigante Polifemo e assim conquistarem a sua liberdade.

 

O vinho é produzido há milhares de anos e a evidência mais antiga de vinho é da região do Cáucaso na atual Geórgia (6.000 aC), mas também na Pérsia (5.000 aC), Itália e Armênia (4.000 aC). O vinho do Novo Mundo tem alguma ligação com as bebidas alcoólicas feitas pelos povos indígenas das Américas, mas está principalmente ligado às tradições ibéricas dos colonizadores posteriores. Mais tarde, à medida que o vinho do Velho Mundo desenvolveu técnicas de viticultura, a Europa abrangeria três das maiores regiões produtoras de vinho. Hoje, os cinco países com as maiores regiões produtoras de vinho estão na Itália, Espanha, França, Estados Unidos e China.

O vinho sempre desempenhou um papel importante na religião. O vinho tinto era associado ao sangue pelos antigos egípcios e era usado tanto pelo culto grego de Dionísio quanto pelos romanos em suas bacanais. O Judaísmo também o incorpora no Kiddush, e o Cristianismo na Eucaristia. As culturas vinícolas egípcia, grega, romana e israelense ainda estão ligadas a essas raízes antigas. Da mesma forma, as maiores regiões vinícolas da Itália, Espanha e França têm heranças relacionadas ao vinho sacramental, e da mesma forma, as tradições da viticultura no sudoeste dos Estados Unidos começaram na Nova Espanha quando frades e monges católicos produziram vinhos pela primeira vez no Novo México e na Califórnia.

 Caxias do Sul, deteve durante muito tempo, a primazia de ser o maior centro produtor de vinhos do Brasil. Hoje, no entanto, como resultado dos esforços do Ministério da Agricultura para desenvolver esse tipo de produção, existem no país outros centros produtores de uva, sobretudo em Jundiaí, São Paulo e no Estado da Baía.


Algumas noções sobre o vinho e suas variedades

O vinho é um corpo e, como tal, tem vida. Nasce, cresce, vive e morre. Pode ser novo e envelhece. É fraco ou forte. Espesso ou encorpado. Leve ou pesado. Branco, Tinto ou Rosé. Tem ainda o vinho palhete ou o carrascão. Não importa, porém, o momento da sua vida ou a forma como se apresente, ele é sempre um grande companheiro e como tal deve ser considerado e tratado. O vinho deve ser sempre servido à temperatura adequada e no copo próprio, de acordo com o seu tipo. Isso lhe dá dignidade. E não devemos nunca tirar dignidade a um amigo. Outra coisa que nunca se deve fazer é adulterar o vinho, sobretudo o vinho de marca ou de qualidade. Misturar qualquer outro líquido ou bebida a um bom vinho é um sacrilégio. Para a confecção de bebidas compostas existem vinhos de menor qualidade e com menos dignidade. Todo o bom garçon (empregado de mesa), deve estar consciente deste ponto.

 Vinho de Abacaxi – as cascas de abacaxi quando deixadas de infusão em água por mais de 30 dias originam uma fermentação e produzem uma bebida com o aspecto do vinho branco, muito agradável de beber.

Vinho Abafado - vinho cuja fermentação se suspendeu por meio do álcool ou do ácido sulfuroso. O vinho guarda um maior teor de açúcar e fica doce.

Vinho Botado - vinho que perdeu a cor. Isto acontece com os vinhos tintos que ficam longo tempo em depósito sem ser movimentados e nos quais o tanino adere à garrafa, deixando o vinho com a cor alourada do vinho branco.

Vinho Carrasco - vinho áspero ao paladar, grosso e travoso. Também chamado de “carrascão”.

Vinho de Dendê - bebida alcoólica de sabor agradável, preparada com o líquido do tronco do dendezeiro.

Vinho de maçã - bebida que se fabrica com o suco fermentado das maçãs; Sidra.
Vinho de mesa - o que se costuma tomar nas refeições a acompanhar os pratos fortes, carnes peixes etc., antes da sobremesa.

Vinho doce - vinho de uva muito madura e com qualidades muito sacarinas. Pode ser natural, como o Moscatel, mas pode também ser tratado como se diz para o Vinho Abafado.

Vinho fino - forma corrente de designar o vinho que se bebe à sobremesa, normalmente de qualidade superior, como o Porto e o Moscatel, mais velho e mais alcoólico.

Vinho generoso - vinho de grande força alcoólica, de longa formação e duração que com o tempo vai apurando as suas qualidades. São Vinhos Generosos, todos os vinhos do Porto, Moscatel, Madeira, etc.

Vinho moscatel - o que é feito de uva moscatel.

Vinho palhete - vinho tinto muito leve, pouco corado e muito transparente.

Vinho seco - vinho muito forte, pouco açucarado, de boa qualidade.

Vinho surdo - dá-se esta designação aos vinhos que são adicionados para dar força aos vinhos fracos, por terem muito álcool.

Vinho tinto - vinho cuja coloração é mais ou menos escura ou vermelha, em razão da cor da uva com que foi fabricado.

Vinho verde - de sabor ácido mas muito leve e deliciosamente refrescante, existe a crença de que seria feito de uvas colhidas antes da maturação. Nada disso. O nome foi-lhe dado pelos portugueses, porque é um vinho que, devido às suas características não consegue envelhecer e, portanto, deve ser bebido jovem, logo nos verdes anos.

                                  SABER CONVERSAR SOBRE VINHO

Para se poder conversar sobre vinho deve-se, antes de tudo, saber algo sobre vinho.

Estudá-lo, prová-lo, conhecê-lo portanto. Ao fazer-se a degustação, devem-se analisar as várias sensações que o vinho provoca, o que exige uma certa concentração.

O resultado dessas sensações, deve ser arquivado na memória, para as podermos analisar e transmitir, no momento em que desejarmos falar sobre vinho.

Por outro lado, uma conversa exige termos convenientes ou apropriados. Vamos proporcionar alguns termos que se podem utilizar quando se desejar conversar sobre vinho:

 

-  Sobre a constituição do vinho – (O seu corpo em relação ao paladar).

Se desejamos dizer bem, usaremos termos como: encorpado, sólido, forte ou vigoroso, de categoria ou de qualidade, acabado (“É um vinho acabado!”), cheio, leve, substancial, aveludado, macio, delicado, fino, apetitoso, inteiro, puro.

 

Para significar que o vinho não é bom, podemos dizer, de acordo com as circunstâncias: fraco, pobre, frouxo, pouco encorpado, aguado, pastoso, áspero, acerbo, adstringente, desiquilibrado, pesado, carrascão, travoso, rascante.

-  Sobre a cor do vinho 

Se desejamos dizer bem: bela, clara, ambarina, brilhante, sumptuosa, cintilante, rubi ou rubica, purpúrea.

Para dizer mal (se for caso disso): turva, toldada, murcha, desbotada, carregada.

-  Sobre a vinosidade (ou teor alcoólico)

Para gabar o vinho, podemos dizer que é: vivo, nervudo, generoso, forte, capitoso, espirituoso.

Se desejamos demonstrar desagrado, diremos: brando, fraco, frouxo, frio, vulgar, pastoso.

-  Sobre o conteúdo de açúcar

Quando satisfaz, diz-se: seco ou doce, suave, delicado, licoroso, sedoso.

Quando é desagradável, diz-se, buscando o termo adequado: áspero, pastoso, insípido, adocicado.

-  Sobre o bouquet ou aroma 

Quando este agrada: perfumado, “fruité” (com sabor a fruto), fino, aromático, oloroso.

Quando não agrada: vulgar, sensaborão, desagradável, “bouchonné” (sabor a rolha).

-  Quando o vinho está estragado, diz-se: azedo, avinagrado, voltado, toldado, passado.

Tentámos resumir os elementos essenciais, permitindo ao profissional desejoso de evoluir, encontrar o mínimo necessário à sua aprendizagem. Não tivemos a pretensão de escrever para os mestres.

Esses encontrarão muitas lacunas neste nosso trabalho. Um manual no entanto, não é um tratado.

Para os que se iniciam na profissão, vai toda a nossa simpatia. Já percorremos o mesmo caminho, estando, portanto, aptos a saber o que lhes será útil, e o que vai ao encontro dos seus anseios.

Mais tarde, os seus conhecimentos serão aprofundados através do recurso a outras fontes. Nessa altura, esperamos que os seus conhecimentos possam ser transmitidos aos que lhes sucederem, com a mesma boa vontade que nos levou, a escrever este texto.

E digamos como Bossuet: “Le vin a le pouvoir de remplir l’âme de toute vérité, de tout savoir et philosophie”.

Traduzindo: “O vinho tem o poder de encher a alma de toda a verdade, de todo o saber e de toda a filosofia”.

Esperamos que assim seja!...

 



 

 

 

 

 

  



Nenhum comentário:

Postar um comentário

  TERMOS DE COZINHA E GASTRONOMIA  - SUA DEFINIÇÃO - A branco ( A Blanc ) Cozinhar “a branco” é cozinhar em caldo, sem quaisquer con...