segunda-feira, 26 de junho de 2023

 

BEBIDAS DESTILADAS XAROPOSAS

 Licores

 

As bebidas alcoólicas destiladas e açucaradas conhecidas pelo nome genérico de “licores”, destinam-se a ser tomadas em pequenas doses, devido ao seu alto teor alcoólico.

Os licores podem ser obtidos por fermentação prévia, infusão ou, pela simples mistura de açúcar, álcool ou aguardente e uma substância aromática e sápida.

Quando o licor tem, na sua composição, leite ou ovos, é também designado por “creme”.

Aqueles que têm como base a aguardente obtida  pela fermentação dos próprios frutos que lhe dão paladar, são conhecidos por brandys, caso do cherry brandy.

As variedades e denominação das diversas bebidas deste género, são inumeráveis. Apresentaremos a seguir, uma descrição das mais conhecidas ou mais frequentemente usadas, em receitas de bebidas de bar:

Abricotine

Licor muito doce, aromatizado com essência de damasco, tendo como base aguardente de vinho.

Absinto

Obtido através da maceração em álcool das folhas e bagas de absínto ou losna (variedade de artemísia), com anis, hissopo, e funcho, o absinto é um dos licores de mais alto teor alcoólico. Proibido em diversos países, entre os quais os Estados Unidos e Brasil, sob fundamento de que a planta base (também usada como vermífugo para crianças) provoca o vício em seu uso contínuo e leva à insânia e esterilidade.

O mais conhecido é o Pernod, da firma Pernod Fils-França. Estes fabricantes arranjaram um substituto à base de anis, o Pernod 45, a fim de poderem abastecer os mercados onde se verifica a proibição, os quais incluem a Suíça e a França.

Serve-se com gelo picado (Absinto Frappé), ou com água e um pouco de açúcar.

Advocaat

Mistura espessa e pesada de aguardente de vinho, ovos e açúcar. Esta bebida é um tónico excelente, aconselhando-se a servir simples. Não é de grande utilidade em coquetéis, ainda que seja indicada em algumas receitas.

Alkermés

Antigo licor francês, que esteve bastante em voga no passado. Tem uma cor avermelhada, obtida através do kermés (quermes: pequeno insecto que vive na região mediterrânea, o qual, seco ao sol, dá uma substância tintorial de cor avermelhada), de onde lhe vem o nome e é aromatizado com noz-moscada, canela, louro e cravinho. A infusão de todos estes aromáticos é destilada e misturada com açúcar. (Produto não comercial).

Allasch Doppel

Variedade de kümmel feita na Bélgica.

Amaretto

Licor com sabor de amêndoas.

Anis

Licor, bastante doce, claro e muito aromático, obtido da semente da badiana ou anis- estrelado. Fabricado por quase todas as casas da especialidade, encontra-se de todas as marcas. Os mais conhecidos são: Domus (seco, meio seco e mel-de-damas), em Portugal e Delmono, fabricado em Tarragona, Espanha.

Anis Escarchado

Licor de anis, de alto teor alcoólico e muito seco.  A garrafa é, normalmente, enfeitada no interior com um ramo de anis verde ou erva-doce, coberto de açúcar cristalizado. Excelente substituto do absinto, quando servido com água.

Anisette

Derivado do anis, com sabor um pouco mais adocicado e menos forte.

Apricot Liqueur

O mesmo que Abricotine, sendo apenas que, este, é um nome registado para o licor de damasco.

Apry

O mesmo que Abricotine ou Apricot Liqueur. O Apry é marca registada por Marie Brizard, sendo tido como o melhor de entre estes licores.

Arrack Punsch

Licor muito doce e algo enjoativo, com base no Batavia Arak, rum da Ilha de Java, feito de melaço.

Bacardi Elixir

Cordial com base e aroma de rum cubano puro.

Barack Palinka

Brandy excelente, feito de pêras, amoras e damascos, que não deve ser considerado licor, embora seja um excelente digestivo. Fabricado por Zwack & Co.

Bandana

Creme de bananas, fabricado em Havana.

Barbados

Creme de limão, laranja, amêndoas e noz moscada, aromatizados com cravinho, canela, massis e coentros.

Benédictine

Um dos mais antigos e melhores licores. É altamente aromático, sendo fabricado com o melhor cognac e plantas, que os monges Beneditinos de Fécamp guardaram secretas, até aos nossos dias.

O Benédictine actual é feito sob fórmulas originais pela Benédictine Society, em Fécamps, França.

As letras D.O.M, tão conhecidas dos consumidores e que se encontram impressas no rótulo, não tem qualquer ligação com a bebida e significam, em latim, Deo Optimo Maximo (Deus Omnipotente e Bom). É, nos nossos dias, uma das poucas bebidas que não foram alteradas pelo aumento do consumo, continuando a manter as suas características e envelhecimento como sempre.  Poucos licores se lhe podem comparar.

Beranger

Licor feito de miolo de caroço de damasco, amêndoa amarga, sassafraz e hortelã- pimenta.

Blackberry Liqueur

Licor de amoras silvestres, tendo como base aguardente do mesmo fruto, por vezes misturado com vinho tinto.

Bosoli

Licor italiano com sabor a tangerina, bastante conhecido e com renome.

Carlshmamm’s Punch

O mesmo que Arrack Punch.

Cassis, Creme de

Licor feito à base de groselhas da espécie denominada “cassis”, ao qual também se dá o nome de “ratafia”. (Não confundir com o “Vin de Cassis”, magnífico vinho da região de Cassis (Bouches-du-Rhône), delimitada por decreto ministerial francês).

Certosa

Algo similar à Chartreuse, este licor italiano que também é preparado por uma ordem religiosa, apresenta-se de diversas cores e paladares. (Receita Particular).

Chambord

Licor de framboesas, de origem francesa.

Chartreuse

Emanando de outra grande ordem religiosa, a dos Padres Cartuxos, este licor é como o Benédictine, grande e de velhas tradições. Embora não tão antigo como aquele, a sua fórmula, ciosamente guardada, continua a ser preparada pelos religiosos que lhe deram o nome, os quais, tendo sido forçados a sair da França, por duas vezes, estabeleceram uma segunda destilaria em Tarragona, com enorme prazer de seus consumidores. A Chartreuse feita em Espanha tem escrito na etiqueta “Liqueur fabriqué à Tarragona par les Pères Chartreux” e apresenta-se em duas cores: verde e amarelo, sendo o verde o de maior graduação alcoólica, (55º), contra (45º) do amarelo, mais seco, mais aromático e, decididamente, o melhor dos dois.

Além do conhecido Chartreuse, existe também o Elixir Chartreuse, de 75º a 80º, o qual é, contudo, menos conhecido.

Cherry-Brandy

Também designado por “sherry-brandy”, este licor é normalmente feito de ginjas ou cerejas bravas, com base em aguardente de vinho. É um licor generoso e tónico, ainda que algo pesado. Os melhores deste tipo são o famoso Cherry Heering, fabricado por Peter F. Heering, em Copenhaga, seguido do de Rocher Frères, também óptimo.

C.L.O.C

Licor dinamarquês, com ligeiro sabor a alcarávia ou funcho, preparado pelos fabricantes do Aalborg Akvavit. É usualmente designado por “CLOC”, união das iniciais do seu nome que é, “Cuminum Liquidum Optimum Castelli”.

Coffee Southern

Licor americano à base de café, produzido pelos mesmos fabricantes do Southern Confort, que adiante citamos.

Cointreau

Conhecido e bastante famoso licor francês, à base de citrinos, fabricado por Cointreau S.AR.L.,de Angers, França.

É claro como o anis e com 40º de graduação alcoólica, tem como base o cognac seleccionado.

Cordial Médoc

Fabricado em França por J. A. Gourde, Bordéus, este licor é uma mistura de aromas: curaçau de laranja, creme de cacau e cognac. Nele, o cacau toma um papel aromático tão preponderante que dificilmente se conseguirá fazê-lo alinhar no grupo dos licores citrinos.

Creme de Ananás

Licor adocicado, de base alcoólico-cremosa, aromatizado com ananás.

Creme de Bananas

Idem, com aroma de bananas (Ver também Bandana).

Creme de Baunilha

Dito em francês “creme de vanille”, é um licor muito doce, aromatizado com vagens de baunilha.

Creme de Cacau

Licor bastante doce e muito axaropado, com a cor do chocolate e aroma de cacau.

Creme de Café

Semelhante ao Creme de Cacau, mas aromatizado com café. (Veja Coffee Southern).

Creme de Cassis

Licor escuro, levemente adocicado, com aroma de groselha e cerca de 40° de graduação alcoólica. (Veja Cassis ).

Creme de Hortelã-Pimenta

Licor do tipo creme, com base de hortelã-pimenta. O mesmo que creme de menta. (Veja Pippermint ).

Creme de Menta

Em francês: “crème de menthe”. É um licor pouco doce, de sabor acentuado e acre, bastante aromático pela acção de várias espécies de hortelã, sobretudo hortelã-pimenta. Apresenta-se normalmente em duas cores, branco e verde, este último corado artificialmente.

O branco é geralmente mais seco, sendo o preferido dos verdadeiros conhecedores. A marca Freezomint, preparada por Cusenier, é geralmente apresentada como a melhor, embora se apresentem dúvidas.

Creme de Moca

Variedade de creme de café.

Creme de Noyaux

Licor francês, feito do miolo de caroço de frutos, com um sabor amargo, semelhante ao da amêndoa.

Creme de Rosas

Licor bastante doce, aromatizado com baunilha e óleo de pétalas de rosas.

Creme de Violetas

Licor com aroma de violetas, bastante adocicado.

Creme Yvette

O mesmo que o anterior.

Csaszar

Licor de pêra “creme de poire” feito pela casa Zwack, de Budapeste.

Curaçau

Licor citrino, feito a partir das cascas de laranja azeda, cultivada na ilha de Curaçau, Antilhas, (Índias Ocidentais Holandesas), de onde a bebida é originária. Os curaçaus holandeses são estupendos, mas um dos mais famosos é fabricado por Rocher Fréres em França. Esta bebida é apresentada nas cores branca e vermelha.

Damiana

Cordial francês pouco conhecido, ao qual se atribuem propriedades afrodisíacas.

Danziger Goldwasser

Este licor, que ser diz ser quatro séculos mais antigo que o Benédictine, é originário da Alemanha. Bastante seco e aromático, é um licor citrino incolor e bastante agradável, ao qual as pequenas partículas de ouro contidas no líquido, dão um certo atractivo, sobretudo se houver o cuidado de agitar um pouco a garrafa no momento de servir.

Drambuie

Licor escocês que há mais de duzentos anos faz as delícias dos seus apreciadores; é um óptimo digestivo, seco e bastante aromático. Feito à base do melhor whisky da Escócia, tem como principal ingrediente o mel, de acentuado sabor a urze. Ele é, sem dúvida, o melhor licor para misturar com whisky, nos coquetéis.

Duziko

Nome dado, na Grécia, ao raki feito com semente de anis. O nome, usa o radical eslavo “duz”, que quer dizer “semente de anis”.

Eduardino

Licor português de fabrico particular, algo anisado e um tanto doce, que pode muito bem ser servido num bar português, sobretudo a estrangeiros, sempre em busca de algo novo e que muitas vezes solicitam licores nacionais (referindo-se a licores típicos nacionais e não a bebidas de fabrico nacional).

Évora, Aguardente de

Aguardente, ligeiramente adocicada e com paladar a amêndoa, de sabor agradável. (Veja o que dizemos em Eduardino sobre licores portugueses).

Falernum

Esta bebida quase não pode ser considerada licor, pois o seu teor alcoólico não ultrapassa os 10º. Como, no entanto, o álcool também não permite a sua classificação como xarope, incluímo-la aqui.

É uma bebida esbranquiçada e axaropada, cuja base se obtém na destilação do rum. Bastante aromática e com um leve paladar a amêndoa, é excelente em bebidas à base de rum, sobretudo quando adicionadas de suco de lima.

Fior D´Alpe

Licor algo doce e muito aromático, quase incolor e de fabrico italiano. No interior da garrafa, tem um pequeno ramo de planta, coberto com açúcar cristalizado (seguindo o processo utilizado no anis escarchado). Quando a garrafa fica durante longo tempo num lugar de temperatura elevada, o açúcar derrete, o que não altera a qualidade da bebida.

Fioretto de Florença

Variedade de licor aromatizado com cardamona, moscada, infusão de íris e flor de laranjeira.

Forbidden Fruit (Fruto Proibido)

Licor cítrico, de fabrico particular, inventado por Louis Bustanoby. Tem como base a aguardente de vinho e como agente principal do aroma, uma variedade de toranja das Índias Ocidentais, que os ingleses denominam “shaddock”.

Framboisette

Variedade de Creme de Framboesa.

Framboise

Líquido destilado da framboesa e que se apresenta mais como uma aguardente do que como um licor.

Frangelico

Licor italiano, feito com sabor de avelãs.

Galliano

Licor italiano, feito com mistura de diversas ervas e especiarias.

Ginger Liqueur

O mesmo que King´s Ginger Liqueur. (Veja adiante).

Ginjinha

Licor obtido pela maceração de ginjas em boa aguardente de vinho, muitas vezes apresentada em garrafas com os próprios frutos. (Veja o que dizemos em Eduardino sobre licores portugueses).

Ginja de Alcobaça

Excelente licor do tipo Cherry Brandy. Existem duas marcas de grande prestígio: MSR e Campião. (Veja o que dizemos em Eduardino sobre Licores Portugueses).

Godiva

Licor à base de chocolate.

Goldwasser

O mesmo que Danzinger Goldwasser ou Licor  de Ouro.

Grand Marnier

Excelente licor de fabricação francesa, considerado superior ao Benédictine e ao Chartreuse. Cítrico, bastante aromático e muito seco, é feito à base do melhor cognac da região demarcada. Por ser tão antigo como o Goldwassser e sem ter credenciais monásticas como as bebidas já citadas, é no entanto considerado o rei de todos os licores conhecidos; o seu magnífico sabor dificilmente será ultrapassado. Mistura excelente para coquetéis, é usado em muitos molhos de sobremesa, sobretudo nos famosos Crepes Suzette.

Guignolet

Aguardente francesa de cerejas negras, levemente adocicada. Muito parecida com a ginginha portuguesa.

Himbeergeist

Excelente brandy destilado de medronhos por Zwack & Co. de Budapeste. Não é um licor, mas pode ser considerado um excelente digestivo.

Honey-Flowers

Licor bastante adocicado, feito com extractos de jasmim e tuberosa, numa infusão de baunilha, benjoim, almíscar e âmbar, com essência de rosas, cravinho e bergamota.

Irish Cream

Licor cremoso, com base de whisky.

Irish Mist

Licor feito à base dos famosos whiskys irlandeses, tendo como ingrediente principal mel com aroma de urze, tal como o Drambuie.

Jagermeister

Licor à base de menta.

Kahlua

Espécie de licor de café, ou creme de café, preparado no México.

King´s Ginger Liqueur

Licor aromatizado com gengibre, feito na Holanda, à base de cognac.

Kirsch

Ao contrário do que se possa supor, o Kirsch (kirschwasser, como lhe chamam os alemães), não é um licor, mas sim uma aguardente ou brandy destilado de cerejas silvestres, sobretudo na região dos Vosges em França e da Floresta Negra na Alemanha. O Kirsch de Zug, na Suíça, é também famoso. Apresenta-se como um líquido branco e, por vezes, com um ligeiro tom amarelado. (Citamos aqui esta bebida, como aliás já fizemos com outras das mesmas características, apenas para facilitar a consulta ao leitor menos elucidado. Insistimos, porém, que este não é um licor).

Krupnik

Licor caseiro, de origem russa ou polaca, fácil de preparar. Receita base: 5 partes de álcool a 40º, 3 partes de mel, 2 de água, 2 a 3 de açúcar. Ferver em uma parte de água, 30 cravos da Índia, 1/8 de noz moscada e canela em pau. Passar por um pano fino. Deixar esfriar, juntar ½ pau de baunilha e uma porção de cascas de limão durante 15 dias. Filtrar e engarrafar.

Kümmel

Bastante aromática, muito seca e incolor, esta bebida origina controvérsias, porquanto ainda que alguns a classifiquem como licor, outros afirmam que ela é uma aguardente. Tendo origem russa, no século XII, fabrica-se actualmente em quase todos os países e, tem uma graduação alcoólica, que varia entre 40º e 50º. É obtida pela destilação de sementes diversas, misturadas com cominhos, coriandro e alcarávia, que lhe dão o aroma e o paladar tão característicos. O Allasch Kümmel, feito na Bélgica e o Bolskuemmel, da Holanda, são excelentes.

Licor de Anis

O mesmo que Anis.

Licor Beirão

Excelente licor cítrico, de tom amarelado e um pouco doce, fabricado em Portugal (Beira Litoral), por Carranca Redondo, sob fórmula secreta. É um excelente digestivo e uma óptima base de coquetéis. (Veja o que dizemos em Eduardino sobre licores portugueses).

Malibu

Licor à base de rum, com sabor de coco.

Maraschino

Licor, com sabor de cerejas.

Mastika

Bebida grega, que é uma mistura de raki, com uma espércie de goma. (Veja Raki).

Melissa

Licor de erva-cidreira.

Menta (Menthe)

(Veja Creme de Menta ou HHortelã Hortelã Pimenta).

Midori

Licor japonês, com sabor de melão.

Mirabelle

(Veja Quetsch e Slivovitz).

Nectar of Toquay

Licor aromático e levemente doce, muito parecido com o Liqueur Strega, até mesmo na garrafa. É fabricado por Zwack & Co, Budapeste.

Orange Liqueur

Licor cítrico, algo doce, tendo como base a aguardente de vinho e aromatizado com laranjas.

Ouso (ou Ouzo)

Licor anisado, de fabricação grega, o Ouzo é produto da ilha de Lesvos (Lesbos) e, conquistou toda a Grécia, tornando-se a bebida nacional.

Tem a sua origem na Antiguidade, simbolizando a luta do homem na busca por bebidas destiladas, seja usando ervas perfumadas, frutas, raízes, flores ou sementes. No começo, dessa luta surgiram, o extracto e a fermentação; depois, chegou a vez da destilação.

A finalidade inicial dessa busca era encontrar algo para prazer e relaxamento, mas acabou, no entanto, levando a produtos que causavam embriaguez.  Como corolário dessas tentativas, alguns conseguiram, enfim, destilar produtos que se impuseram no mundo árabe, entraram na cultura bizantina de Constantinopla (Istambul) e foram aprovados e absorvidos pelo elemento grego de Alexandria e Smirna.

Os obreiros do cobre da Arménia e do Héliponto, que conceberam os recipientes, enfeitados e agradáveis à vista que permitiram a destilação, ficaram famosos em todo o império bizantino.

Essa dádiva do destino encontrou terreno favorável da Ásia Secundária à Trácia, onde era corrente a produção de uvas e figos, e adicionou a estes, na Grécia, o material que faltava, aproveitando-se do cultivo da erva-doce, em Lesbos e Limnos e à produção de mastic em Chios, elementos primordiais para a produção do “raki”.

Os artesãos deste trabalho, chamados rakitzides, por produzirem a bebida chamada“raki”, faziam as destilações de uvas com anis e erva-doce, mas usavam também ervas perfumadas e mastic. Quando, após um período de interdição de bebidas na Turquia, essa novidade conquistou a classe bem-afortunada do império otomano, dando aos rakitzides privilégios especiais, o sucesso foi rápido.

A aceitação da bebida foi  imediata, apesar de, após a proibição de álcool, terem aparecido outras soluções para os consumidores, seja de produtos destilados franceses, seja do chamado “álcool limpo”, russo. Um problema administrativo, porém, surgiu na Grécia, para o “raki”, visto que, por ser misturado com água, o produto final não era considerado um destilado, mas sim uma mistura.

Os portos de Esmirna e Constantinopla criaram problemas de importação e isto forçou os produtores a rever a forma de comercialização da bebida, o que conduziu à mudança do nome desta, para ouzo, pois “raki”, seu nome original, havia perdido valor nas ilhas gregas. O novo nome nasceu de uma corruptela do termo alfandegário giouzo, o qual significa “para uso” e se crê ser originado pela expressão italiana “ouzo massalia” que quer dizer, “para uso em Massalia” onde as primeiras cargas se destinavam. Aquela inscrição passou a acompanhar todas as embalagens de raki que se destinavam a áreas, fora dos limites do império otomano.

A destruição de Minos, na Ásia, obrigou muitos rakitzides a se refugiarem na Grécia onde, principalmente em Lesbos, as companhias destiladoras cresceram rapidamente.

A emulação entre os refugiados e os destiladores locais, criou um grande desenvolvimento na produção e consumo do Ouzo, tornando-o uma bebida famosa, com grande numero de consumidores, não só na Grécia mas no mundo inteiro.

O destilador (ou alambique) satisfatório, porém, só foi conseguido em 1932, quando os trabalhadores de cobre, da Virgem Maria de Chalkeon, em Tessalónica, encontraram solução para o problema. Sendo aquele o melhor material para a destilação do Ouzo, pois permite o aquecimento uniforme, do álcool com erva-doce, e sendo o modo de destilação um factor determinante, pois o calor não pode influir nas superfícies internas, estes deram o passo definitivo para a expansão da bebida.

O destilador tradicional, clássico, consiste em três partes. O tronco principal (um recipiente onde se coloca álcool puro, erva-doce e outras ervas para destilação), e o arco (um corredor por onde o vapor passa) que se dirige a uma panela refrescante (um tubo externo, com o mesmo diâmetro do arco, contendo água fria e um tubo interior, onde o vapor liquidificado, se transforma ou destila).É um processo longo, que exige paciência e grandes meios.

Fatos sobre o Ouzo

Durante um período algo turbulento nas ilhas gregas, o Ouzo foi companheiro dos camponeses e homens costeiros, transmitindo-lhes força, felicidade, coragem e esperança num futuro melhor. Assim, o Ouzo adquiriu o direito a ser evocado como símbolo e parceiro alentador da revolução, liberdade e disciplina. Isso reflete-se, no respeito à bebida, sentimento que os gregos sempre observam na hora de bebê-lo, tornando-o a bebida nacional.

Só há pouco mais de quatro anos, porém, através da acção esforçada, de algumas entidades, se conseguiu que o ouzo, o tsipouro, o tsikoudia e a destilação da groselha coríntia, fossem considerados produtos gregos exclusivos.

Um Ouzo bom e equilibrado, pode ter um conteúdo até 46% de álcool, o que lhe permite viajar no mundo inteiro, sem ser afetado pelo clima, mantendo o seu aroma e sabor.

Ao adicionarmos, ao ouzo um pouco de gelo ou um pouco de água, observamos que a sua cor fica branca como leite. Este fenómeno, provocado pelo anithole, substância aromática da erva-doce, considera-se como prova da boa qualidade do produto. O óleo de erva-doce dissolve-se e fica invisível quando misturado com álcool convencional, mas, logo que o conteúdo de álcool seja reduzido, os óleos essenciais transformam-se, em cristais brancos, invisíveis, o que provoca aquela coloração.

Esta bebida grega, clássica,  cuja origem vem de uma combinação precisa de uvas, ervas e bagas, entre as quais semente de anis, alcaçuz, hortelã, wintergreen, funcho e avelã, é normalmente bebida pura ou com gelo, acompanhada com nozes ou, o que é mais corrente, acompanhada dos tradicionais “maze”, como aperitivo. Mas o Ouzo pode também ser usado em coquetéis, pois é excelente e substitui, sem prejuízo, o absinto, o Pernod ou o pastis.

Pertence à Categoria dos licores e, quando puro, tem álcool na percentagem de 40.0% (80% proof).

Os produtos congéneres ou, similares, são: Anis, Anisete, Pastis e Pernod.

É usado, pelo menos, nas 20 bebidas seguintes:

 Parfait Amour

Variedade do Creme de Violeta que já atrás citamos. Existe outro licor com este nome, fabricado em princípio no sul dos Estados Unidos, Louisiana, com limão, maçãs e aroma de coentros.

Peach Liqueur

Algo semelhante ao Apricot, diferencia-se daquele por ser feito de pêssego em vez de damascos. Existe também uma aguardente de pêssego, dita “Pêche”.

Peppermint ou Pippermint

A grande diferença entre o peppermint, o licor de menta e o creme de menta é que, enquanto aqueles são de alto teor alcoólico, este é apenas um xarope destinado a ser tomado com água ou gelo e, nunca, simples.

Muito embora nas receitas de coquetéis se possam usar indistintamente um e outro, visto que se utilizam apenas pelo seu paladar e não pelo álcool que possam conter, as suas características são diferentes. (Fazemos inclusão desta bebida, neste capítulo, pelo interesse que poderá ter este esclarecimento).

Pernod

Existem dois tipos de bebidas com este nome, ambas fabricadas por Pernod Fils. O Pernod propriamente dito, com aroma de absinto e 60º de graduação alcoólica, e o Pernod 45, com aroma de anis e 45º de graduação como o seu nome indica.

Persicot

Licor adocicado, aromatizado com amêndoa e miolo de caroços de pêssego.

Pineapple Cordial

Creme de Ananás, fabricado em Cuba por José Arechavala, S.A., Cardenas. (cubano)

Ponche

Tipo de licor bastante açucarado, usado como um cordial e preparado com melaço, aguardente ou vinho generoso, limão e diversos aromáticos que variam consoante a marca.

Prunella ou Prunelle

Escuro, doce e tendo como base a aguardente de vinho, este licor tem como agente principal do seu aroma os abrunhos frescos.

Quetsch

Veja o que dizemos em Slivovitz.

Raki

Bebida nacional turca, o Raki tem bastantes semelhanças com o ouzo grego, no qual parece originado ou, vice-versa. (Veja o que dizemos, sobre este assunto em Ouzo).    

Quando falamos sobre bebidas na Turquia ou nos turcos, somos sempre levados a ele. Embora não se saiba exactamente onde ou quando esta bebida foi inventada, o certo é que a história do raki não deve ir tão longe, no passado da Humanidade, quanto a do vinho ou da cerveja. Há muitas conjecturas sobre o raki que se tornou a bebida turca tradicional, após um período de proibição de bebidas alcoólicas neste país. Sendo preparado em diferentes regiões com diferentes frutas, as uvas, figos e ameixas são, no entanto, os elementos principais.

Nos países do Próximo e Médio Oriente, bebidas conhecidas por nomes diferentes, como: “araka”, “araki” ou “ariki”, têm, obviamente, a mesma origem.

Alguns, insinuam que o raki é assim chamado por ter origem iraquiana, tendo sido feito, primeiro, neste país, de onde se espalhou para as outras regiões. Outros dizem que obteve o nome das uvas razaki, usadas para produzi-lo. Ambas as teorias são aceitáveis. Mas, outra teoria é que arak, em arábico, significa “suor” e, araki "o que faz suar". Se beber muito raki, não há dúvida que a pessoa sua e como durante a destilação o raki também cai gota a gota como suor, talvez o nome possa ter vindo do árabe. Nos países limítrofes da Turquia, existem tipos diferentes de raki, com nomes diferentes.

Na Grécia, uma espécie de goma, chamada "mastika", é acrescentada à bebida. Duziko, que vem da palavra eslava “duz” quer dizer “raki com semente de anis”. Na Turquia, o raki feito de engaço de uva, era chamado “düz raki” ou “feno raki”.

O raki de Zahle tirou este nome da cidade de Zahle, no Líbano, onde era feito. Não sendo uma bebida de fermentação, como o vinho ou a cerveja, mas sim uma bebida de destilação, a produção do raki demanda, não só mais técnica como equipamentos especiais.

Nas Índias Orientais, produz-se uma bebida da destilação do suco de cana-de-açúcar fermentado, a qual é chamada “arak”, o mesmo nome é dado no Ceilão e Malásia, a uma bebida alcoólica feita pela destilação do suco de certas palmeiras, enquanto no Irã, uma bebida feita com uvas e tâmaras tem também, o nome de arak. Verificamos assim que, mais do que uma definição de produtos, os nomes são, na maior parte das vezes, fruto da tradição e da lingüística local.

A bebida feita na Anatólia e conhecida como raki turco, tem uma história de cerca de 300 anos. A arte da destilação, que se pensa ter  começado no mundo árabe e que se espalhou pelos países vizinhos, foi implementada quando as pessoas pensaram em fazer uso do açúcar existente nos resíduos do processo vinícola. Com a adição da semente de anis, os raki assumiram a sua característica turca.

O famoso viajante turco Evliya Çelebi listou os artesãos de Istambul no seu primeiro livro de viagens, escrito em 1630. Entre esses artesãos, mencionou os fazedores de arak, explicando que aquele arak era feito de muitos tipos de plantas.

Ao mencionar a palavra raki, porém, anotou que era pecador todo aquele que bebesse, nem que fosse uma só gota desta bebida, pois ela era altamente intoxicante.

Estima-se que, naquele tempo, havia em Istambul cerca de 300 pessoas em 100 locais diferentes, ocupadas na produção e venda desta bebida. Evliya Çelebi falou mal dos guardiões-de-taverna como os denominou e disse que havia tavernas por toda a parte, em Istambul, sobretudo em Samatya, Kumkapi, Balikpazari, Unkapani, Fener, Balat e nas duas costas do Bósforo. Usando a palavra “gálata” para dizer “tavernas”, Evliya Çelebi registou os tipos de vinho que vendiam, bem como os de raki; de que existiam vários tipos: raki de vinho, raki de banana, raki de mostarda, raki de tília, raki de canela, raki de cravo-da-índia, raki de romã, raki de feno e, raki de semente de anis.

O raki começou a ser produzido com engaço de uvas, após a fabricação de vinho, mas uma escassez desse material obrigou a que outros espíritos fossem importados do estrangeiro e processados com a semente de anis, situação que se manteve até à Primeira Guerra Mundial, quando passaram a ser usadas passas e, às vezes até, mesmo figos e amoras, para a produção de raki.

Durante a proibição de bebidas alcoólicas na Turquia, os produtores inescrupulosos não perderam tempo, dando passos no sentido de iludir a lei. As autoridades, admi- nistrativas, especialmente em cidades pequenas, fizeram vista-grossa à produção ilegal de raki, que passou a ser produzido às escondidas, deixando de lado as regras e os cuidados técnicos. Moedores de carne eram usados para picar os ingredientes e bacias grandes, antes usadas para as lavagens diárias, foram usadas para fermentar as uvas, enquanto latas de óleo eram convertidas em aparatos de destilação. Mas esses tempos passaram e hoje são apenas história.

Hoje, em Istambul, beber raki tem os seus próprios rituais, tradicionais. O mais importante deles é com quem se partilha esse momento. Queijo branco é o “mezeacompanhamento principal e, inalterável, do raki.

A melhor maneira de saborear a bebida nacional turca, também conhecida como “leite de leão”, é com copos estreitos, cilíndricos e bem gelado (aproximadamente 8/10 graus centígrados). Pode ser bebido puro ou com água, refrigerante, ou água mineral, acompanhado de, frutas e sobremesas. O tipo de fruta, não importa; pode ser qualquer um, dependendo da estação. O favorito dos turcos, no entanto, para acompanhar raki, é a combinação de melão e queijo-feta.

Raspail

Bastante conhecido e apreciado, este licor, francês assemelha-se bastante ao Benédictine, não tendo, no entanto, uma origem monástica.

Ratafia

A ratafia é um licor mais ou menos de fabrico caseiro, obtido por infusão ou maceração em álcool dos elementos seleccionados. Pode-se preparar facilmente e pode ter variados aromas: limão, laranja, baunilha, cereja, lucia-lima, caroços de frutos, nozes, etc.

Receita Base – 1 litro de álcool a 22º ou uma boa aguardente vínica, 500gr. de açúcar, 250gr. de agente aromático (no caso da baunilha, 3 vagens). Deixar macerar o agente aromático dois meses ou mais. No caso da laranja, espreme-se e corta-se em juliana. Junta-se o açúcar, um pouco de canela e coriandro. Filtrar e engarrafar.

Rock and Rye

Preparação caseira, licorosa e que tem como objectivo principal o tratamento da gripe e tosse. Mistura de 50% de whisky com 50% de sucos de frutos e açúcar em ponto de rebuçado.

Rosolio

Licor o italiano fabricado em Torino, aromatizado com essências várias.

Sambuca

Licor italiano, de infusão de ervas.

Slivovitz

Tal como o Quetsch  ou o Mirabelle, que alguns insistem em chamar licores, mas que são apenas óptimos digestivos, esta bebida só pode ser como tal considerada. É uma aguardente de ameixas bravas, que se diz de origem judaica e muito apreciada pelos israelitas, apesar de ter um gosto enjoativo. (Deixamo-la aqui apenas como informação).

Sloe Gin

Pesado e bastante aromático, este licor (?) é bastante semelhante ao quetsch ou mirabelle, sendo preparado com ameixas silvestres.

Southern Comfort

Excelente licor americano de fórmula secreta, mas na qual se sabe entram o bom whisky rye e o pêssego. Tem cerca de 50º de graduação e é bastante seco. Parece ser a réplica dos americanos aos famosos licores da Escócia e Irlanda, com base no whisky.

Strega

Veja Liqueur Strega.

Swedish Punch

Veja Arrack Punch.

Tangerine Dolfi

Licor cítrico, semelhante ao mandarine ou ao curaçau, mas que tem um gosto específico, algo peculiar.

Tia Maria

Licor jamaicano, à base de rum, com sabor de café.

Trapistini

Licor originário da Bélgica, pertencendo a receita ao padres Trapistas. Tem como agentes aromáticos o absinto, cardamona, angélica, hortelã, mirra e canela, entre outros.

Triple Séc

Licor à base de cascas de laranja de tripla destilação, a fim de corrigir a graduação alcoólica e que se diz ser uma imitação do Cointreau.

Tríplice

O mesmo que Triple Sec.

Van Der Hum

Excelente e muito aromático licor cítrico, obtido, através das cascas de tangerina, na Cidade do Cabo, África do Sul.

Vieille Cure

Óptimo licor, bastante aromático, preparado pela Abbaye de Cenon, Bordeaux, França. Com o Benédictine e Chartreuse, forma a trilogia dos licores monásticos, os melhores e mais apreciados do mundo.

Yukon Jake

Licor canadiano com sabor de limão.

 



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