COMO
GERENCIAR UM RESTAURANTE - 2
Tivemos
ocasião de abordar sob vários ângulos a questão economia, sem contudo
aprofundar o tema. Verificámos porém, que a economia do restaurante é bastante
sensível, pois as margens são muito estreitas e os resultados, facilmente
absorvidos por pequenas falhas de gestão.
Analisaremos
as percentagens dos vários custos, normalmente conseguidos em exploração de alimentação
e bebidas. Uma pequena variação em qualquer custo, vai influenciar a
rentabilidade e portanto, os resultados finais de gestão.
Porque
Restaurantes em Hotéis podem ser deficitários
Ainda
que muitos hotéis apresentem exploração proveitosa na área de A&B, devemos
aceitar que podem haver outros, onde essa exploração seja deficitária.
Muitas
vezes, essa falta de lucros pode ser atribuída a um mau gerenciamento da área,
mas outras razões podem conduzir a essa situação. Elas estão identificadas e
podem, em alguns casos, ser corrigidas.
Os
restaurantes de hotel, precisam manter um nível de serviço constante – mesmo
durante períodos de baixa ocupação - de forma a satisfazer as expectativas dos
hóspedes.
Um
baixo volume de vendas nos períodos de pouca procura, nem sempre é suficiente
para cobrir os custos da operação. Ajuste na distribuição do pessoal nesses
períodos, pode ajudar a resolver o problema.
Café
da Manhã com baixo preço, ou lanches servidos a preço irrisório nos horários
ociosos, podem ser causas de menor rentabilidade. Mas, um bom controle de
Compras e a escolha dos itens para vender promocionalmente, podem ajudar a
vencer este obstáculo.
Procurar
satisfazer uma vasta clientela, com gostos diferentes, através de uma grande
variedade de pratos, pode ser ineficiente. Muitas vezes, um planejamento
adequado, com coordenação das ementas e o uso dos mesmos ingredientes para
confecção de pratos diferentes, pode ser uma boa solução.
A
complexidade da área de A&B, criou a necessidade de pessoal capacitado nos
diversos cargos, o que aumenta o custo dos salários, ao selecionar empregados
qualificados. Ainda que o custo dos salários não possa ser evitado, deve pelo
menos ser reduzido o custo de uma grande rotatividade e treinamento, através de
uma boa seleção e incentivos.
Um
marketing mal dirigido, pode ser razão de maus resultados em A&B. Se as
instalações permitirem, a busca de clientes externos deve ser encorajada.
Muitos hotéis, hoje, competem com sucesso nesta área, usando os mesmos métodos
dos restaurantes independentes. Decoração cuidada; Ementas selecionadas;
serviço de qualidade e, se possível, alguma atracção extra.
Noções
de Economia
Segundo
o léxico, economia é a boa administração dos bens. Ou a ciência de harmonizar a
produção com o consumo dos bens. Aplicando este conceito, verificamos que
economia em restaurante é a forma de manter, em boa harmonia e com resultados
finais favoráveis, as receitas e as despesas.
O
grande auxiliar do gestor para conseguir essa harmonia é a contabilidade.
Numa
empresa hoteleira, a existência de contabilidade organizada, constitui peça
fundamental para uma gestão racional e eficaz.
Para
além da necessidade de cumprir um preceito legal, a existência de um sistema,
através do qual se obtenham os meios indispensáveis à tomada de decisões, é um valioso
auxiliar.
A
contabilidade permite ainda, em qualquer momento se necessário, demonstrar a
terceiros, a situação em que a empresa se encontra.
Atualmente,
não existe um sistema uniforme de contabilidade hoteleira a nível nacional,
embora alguns hoteleiros se venham batendo por isso e tenham aparecido, algumas
publicações que procuram sistematizar conceitos e práticas, de contabilidade
uniformizada, nos hotéis. Duma forma geral, cada empresa ajusta a sua contabilidade
ao grau de informação que dela pretende obter.
O
sistema usado nos Estados Unidos, o “uniform account” é ainda o mais
seguido e a grande vantagem que se pode tirar de um sistema uniforme é a
possibilidade de comparar resultados entre estabelecimentos, do mesmo tipo e do
mesmo nível, para avaliação de como está andando a nossa gestão, em relação aos
demais.
Para
o hoteleiro ou, no nosso caso, proprietário de um restaurante, é importante
conhecer a cada momento a estrutura de proventos e custos da empresa, por
departamentos operacionais (ou áreas de produção), de forma a controlar os
eventuais desvios, em relação aos objetivos de exploração, podendo a tempo,
tomar as medidas estratégicas que visem minimizar esses desvios.
Para
obter a informação inerente às necessidades acima indicadas, processa-se a
chamada contabilidade analítica de exploração, a qual no que diz respeito a
custos e proventos, deve ser tão desdobrada e exaustiva quanto possível, em
relação a cada um dos centros de produção: restaurante / cozinha; restaurante /
cave; bar; compras e outros, se houver.
Devem
ser considerados, tantos centros de custos quanto os de proventos. Aqueles que
eventualmente não tenham receitas diretas, devem ser analisados do mesmo modo,
embora os seus valores sejam depois, distribuídos equitativamente pelos centros
de venda, caso de: confeitaria, lavanderia e, alimentação de pessoal.
Ao
encontrar a relação, custo / venda, apuram-se os rácios ou quocientes de
eficiência, os quais como se disse acima, são um elemento de gestão da unidade
e possibilitam melhor orçamento para o ano seguinte.
Para
que uma contabilidade analítica sirva os fins em vista, ela deve ser
apresentada ao gestor sem atrasos, quinzenal ou mensalmente, com um máximo de
dez dias após o término do período analisado.
O
resumo diário dos movimentos, não é uma informação completa, mas serve para
preencher as necessidades informativas da gerência, no ínterim. Este resumo,
deve conter a informação inerente ao espaço anterior de 24 horas e, se
possível, um acumulado do mês (do ano, se achado viável).
O
balancete analítico mensal (ou quinzenal), deve conter todas as estatísticas e
rácios, ou percentagens referentes aos sectores em análise e, bem assim, ser
enriquecido com comentários e observações do responsável pela contabilidade.
Falaremos
mais adiante no que se convencionou chamar controle, mas podemos já verificar
aqui, que a contabilidade, por si própria e funcionando no timing (a tempo) é
já um excelente elemento de controle, permitindo detectar as áreas onde
eventualmente existam desperdícios ou fugas.
Duas
das tradicionais obrigações do gestor, têm ligação direta com a contabilidade e
podem ser baseadas, ou ajudadas, por esta: planejamento e controle.
As
cinco responsabilidades da gerência são, já que falamos nelas, prever,
planejar, organizar, dirigir e controlar. Ainda que sejam apresentadas em
linha, podemos dizer que elas representam um círculo que, ao fechar-se,
condensa em si os bons resultados de uma gestão.
Poderíamos
ainda alongar-nos sobre outros conceitos aliados à contabilidade ou dependendo
dela, além do planejamento e controle, tais como orçamento, previsões
financeiras e outras. Mas preferimos falar de orçamento e previsões, ainda que
pareça redundância, visto que orçamento já é previsão; achamos assim
necessário, um pequeno esclarecimento:
Orçamento
– é a análise preliminar, a maior prazo (1 ano); digamos que é uma definição de
estratégia.
Previsão
– é um esquema táctico, a curto prazo (semanal, quinzenal ou mensal), indicando
as operações que necessitam de decisão imediata e efetiva.
O
orçamento, abrange uma área maior, de previsões e cálculos.
A
previsão, permite aos vários departamentos, operarem a determinado nível de
custo, antecipando o provável volume de negócios.
Ambos
necessitam de um bom sistema de comunicação entre os responsáveis pela sua
aplicação, sendo até aconselháveis, reuniões para o efeito. Incapacidade da equipe
em atingir continuadamente as metas propostas, é caso para preocupação do
responsável, pois as causas podem ir desde uma supervisão defeituosa, até
equipamento obsoleto.
Previsões
com êxito, dependem da real função que este instrumento sugere: controle e
supervisão.
Cada
passo da previsão, ou pré-controle, deve ser cauteloso e bem estudado, pois ele
é crucial ao fim em vista.
O
fator principal “a estimativa”, depende da colaboração de todos, razão porque
os chefes devem intervir na elaboração
das previsões e dos orçamentos.
Como
se pode depreender do que atrás dissemos, as previsões podem ser feitas para
todos os sectores e departamentos:
-
previsão de salários
-previsão de pagamentos
-
previsão de receitas
-
previsão de vendas/compras;-etc.
Poupar
e Economisar / Esbanjar e Investir
Verificamos
que um restaurante ou uma exploração de Alimentos e Bebidas tem economia
sensível e que o responsável, através da contabilidade, controla essa mesma
economia, mantendo o equilíbrio do binómio receitas/ despesas.
Mas,
a frieza dos números pode, subtilmente, esconder pequenas armadilhas, que serão
prejudiciais, ao gerente menos experiente.
Os
números dizem tudo! Esta é uma grande verdade. Mas o balancete analítico,
condensa no seu todo, centenas de pequenas transações, cada uma delas uma
pequena história, à qual o gerente ou responsável ficará alheio, se não
acompanhar o dia-a-dia do seu estabelecimento.
O
lucro pode ser o desejado. Mas a clientela não sai satisfeita. O futuro do
negócio está em perigo.
O
lucro é menor do que o previsto. Mas a clientela tão pouco sai satisfeita. Há
mau controle ou mau serviço de compras. O dinheiro está sendo mal gasto.
O
lucro é menor, mas a clientela sai satisfeita. Óptimo por este lado! Mas, não
poderá conseguir-se comprar melhor, aumentando o lucro, sem prejudicar a
clientela?
Ou,
não se estará gastando demais, em desnecessários.
O
responsável não pode deixar-se envolver
pelo turbilhão do poupar/ economizar/ poupar a qualquer custo. Os gastos
devem ser inteligentes, bem como as poupanças. Há despesas que são
esbanjamentos, mas há poupanças que o são, de igual modo.
Há
despesas que são investimentos e como tal devem ser analisados.
Hotelaria
é “a arte de aplicar o bom senso”. Deve poupar-se cada real onde for possível,
para gastar dez onde for necessário.
Tabelas
de Aproveitamentos e Capitações
Um
estabelecimento organizado, mantém um ficheiro de pratos, com todos os
ingredientes e custos dos mesmos, o qual é atualizado a cada mudança do preço
da compra ou de venda.
Essa
ficha, permite avaliar a evolução do preço e, bem assim, as quantidades
vendidas desse prato, a cada vez que ele figurar na ementa, de forma a analisar
as tendências da clientela.
Para
poder avaliar os custos finais, deve ter-se uma ideia do uso no Cardápio ou aproveitamento
possível, de cada item que se compra, o qual é, aproximadamente, o que
apresentamos nas tabelas a seguir.
A
forma mais simples de acompanhar o custo das matérias primas num restaurante de
pequeno porte, é incluir no boletim de movimento diário, o valor da compra e
requisições e o valor das vendas, com uma coluna de “até hoje” e outra de
“acumulado mensal”.
Claro
que no dia-a-dia serão encontradas flutuações por vezes de certa monta;
contudo, o total acumulado, permitirá estabelecer um padrão com certo valor
informativo. Os valores mensais, depois de ajustados com os totais dos
inventários na abertura e no fecho, darão a imagem final dos custos. Mas, até
que essas análises cheguem ao responsável pelo estabelecimento, este pode, com
a prática, estabelecer um paradigma informativo, com muito interesse para o
acompanhamento do negócio.
A
fórmula utilizada para análise dos comparativos mensais, é através dos rácios
de eficiência de que falamos atrás, os quais são apurados, através das várias
percentagens.
As
mais utilizadas são:
Custo
de matérias primas x vendas = dividir a despesa desses itens pelas vendas
Salários
X vendas = idem como acima
Custo
de água e energia x vendas = idem como acima
Lucro
em relação às vendas = percentagem final do total de receitas
Claro
que outras análises podem ser feitas, dependendo do responsável decidir o que
mais lhe interessa.
É
comum também, analisar os vários fatores em relação ao mês ou ao ano anterior
para, tendo em conta a evolução da inflação ou do mercado no respectivo
período, verificar o comportamento da exploração, comparativamente.
Automação
de processos e softwares de gestão
A
automação de processos consiste em transferir a responsabilidade de uma pessoa
para uma máquina ou programa. Nos restaurantes, a automação pode reduzir os
custos de mão de obra e também de custos operacionais.
Além
das máquinas serem mais eficientes, elas permitem a diminuição e até mesmo a
eliminação completa de erros, que se existentes, geram prejuízos!
A
adoção de sistemas de pedido com smartphones pelos garçons também é uma forma
de garantir mais agilidade e redução de erros na produção causada por pedidos
equivocados, assim como os cardápios digitais interativos, em que o próprio
cliente realiza seu pedido.
Com
o uso de softwares de gestão, os pequenos empresários tem em tempo real quais
itens estão com giro baixo. Manter esses produtos em estoque aumenta o custo,
por estarem ocupando espaço no estoque e pela possível perda por prazo de
validade vencida.
Tente
usar o marketing digital
O
Marketing digital é um meio rápido e econômico de atrair e fidelizar novos
clientes. As pessoas buscam na Internet, todo tipo de informação, e isso inclui
em qual restaurante vão jantar ou passar alguns momentos com amigos e
familiares.
Na
instalação ou renovação, compre móveis que durem mais
Continuaremos
em próxima Postagem
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