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Como Supervisor de Hotelaria (texto 3)
Saiba
onde se situa na Organização
O primeiro passo a
dar no caminho de uma organização, é estabelecer um organograma que fixe um
lugar de direção e designe, em seguida, os colaboradores diretos da gerencia e
os seus representantes nas várias secções do hotel com poder de comando. Esses
representantes, os chefes de secção, merecem uma seleção especial, e devem ser
objeto de boa formação e de uma delegação cuidada.
Os chefes devem ter
perfeito conhecimento dos objetivos da diretoria, do modo como esta se propõe
atingi-los, bem como os graus, ou etapas, em que o processo se desenvolverá.
Uma vez que vão ser
responsáveis pelas suas secções, cabe ao
gerente delegar neles, o conhecimento, a responsabilidade e a autoridade
que lhes permitam desempenhar cabalmente a sua missão.
Como a distribuição
de tarefas de autoridade e de responsabilidades difere de hotel para hotel, é
útil que os organogramas, além de gerais sejam também setoriais, pois isso
permite que cada empregado saiba exatamente a sua posição na empresa, conheça o
seu superior imediato e tenha conhecimento das pessoas de quem pode receber
ordens.
Ao montar o seu grupo
de trabalho, o chefe deve também estar consciente da sua necessidade de delegar
responsabilidade nos seus subalternos e da forma como essa delegação deve ser
feita com eficácia.
Compete ao gerente,
criar um ambiente de compreensão que permita uma perfeita delegação de
responsabilidade, até aos níveis hierárquicos inferiores. O empregado em quem
se delega responsabilidade, sente uma maior afinidade com os destinos do
estabelecimento, partilhando os seus problemas e os seus sucessos. Criam-se,
por este processo, bons e fiéis colaboradores.
Seja qual for o tipo
de organização escolhida, é tarefa do gerente mantê-la dinâmica e em pleno
rendimento através dos Supervisores. As decisões tomadas hoje, e as ordens hoje
dadas podem já não se adaptar às necessidades do estabelecimento dentro de
alguns meses. Todo o pessoal deve ser mantido ao corrente das alterações
introduzidas no sistema de gestão, na organização ou no quadro geral do hotel.
Deve pois existir um bom sistema de informação, com eficiente e incisiva
capacidade de comunicação, e os Supervisores são o veículo através do qual isso
pode ser conseguido.
Conheça
o seu papel na comunicação
Para muitos dos que
têm responsabilidades na gestão de empresas hoteleiras, o problema da
comunicação passa despercebido e tende a ser subvalorizado.
O que é, afinal,
comunicação?
• É o elo de ligação entre a Gerencia e
o seu pessoal.
• É o meio de fazer com que todos os
componentes de um grupo se interessem pelo resultado final de um trabalho em
que participam juntos.
• É a forma de preencher o vazio que,
em certas empresas, existe entre a gerencia e o seu pessoal.
• É a maneira de identificar o
trabalhador com um projeto aparentemente ambicioso da gerencia, dando-lhe conta
de como a sua contribuição aparentemente modesta, pode influenciar
positivamente o resultado final.
• É a forma de dinamizar a gestão,
tornando-a participativa.
• É o meio mais eficaz de congregar os
esforços dispersos dos trabalhadores, fazendo-os compreender as vantagens do
trabalho em grupo coeso.
• É um processo eficaz, de promover a
formação e a valorização dos profissionais.
• Quando bem aproveitada, é a base para
o sucesso de uma gestão.
Sistemas
de comunicação
Tal como todos os
sistemas de que se pretenda tirar real proveito, a comunicação só será
eficiente se for organizada. Não podem ser elaboradas e enviadas comunicações,
instruções, ordens de serviço, etc., de modo indistinto e sem um esquema
previamente organizado que permita prever os resultados da comunicação. Os
circuitos de comunicação podem ser:
- verticais:
descendente (da gerencia ao pessoal)
ascendentes
(do pessoal à gerencia),
- horizontais: entre
as diversas secções.
Comunicação
descendente
Este tipo de
comunicação inclui a informação pura e simples, tendo em vista identificar o
pessoal com determinada situação, temporária ou permanente. É a ordem de serviço
com carácter obrigatório com vista a disciplinar, corrigir ou alterar,
determinado tipo de atuação.
A maior parte das
mensagens internas são ordens de serviço.
Deve haver o maior
cuidado na sua redacção. A linguagem deve ser simples, acessível e nada
empolada, para ser compreendida. Se a ordem não for compreendida por todos, não
terá havido comunicação. Se não houver comunicação, haverá interpretação errada
da ordem recebida e, consequentemente, mau cumprimento da mesma - sem que a
causa seja imputável ao empregado.
Se dissermos ao
empregado “Hoje vai ser um dia diferente.”, sem o informar da razão, ele poderá
interpretar a informação â sua maneira ou, se não encontrar uma explicação
satisfatória, não dará grande atenção ao que lhe foi dito. Poderá perguntar-se
“Diferente porquê? Por haver mais clientela e mais trabalho? Por que não vai
chover? Por que o patrão foi beneficiado na lotaria? Por que o chefe está
zangado? Por onde optar entre tantas hipóteses? A comunicação deve, pois, ser
clara e concisa, - caso contrário não haverá, efetivamente, comunicação. Esta
só se estabelece, quando as duas partes dão a mesma interpretação à mensagem. É
à parte emissora que cabe a tarefa de tornar a mensagem decifrável pela parte receptora, a fim de a
tornar válida, de modo a estabelecer comunicação efetiva.
Comunicação
ascendente
Embora do pessoal não
possam subir à gerencia, nem objetivos a atingir, nem ordens a cumprir, não
deve porém ser menosprezada a efetividade deste circuito. A sua utilização deve
mesmo ser encorajada.
As ideias e sugestões
que os empregados podem levar até à mesa da gerencia, podem constituir uma
ajuda direta à gestão, dando ao gerente uma ideia de como as suas diretrizes
estão a ser interpretadas. A elaboração de relatórios periódicos sobre estas
sugestões, permite avaliar o grau de apuramento das secções e tomar
conhecimento das suas insuficiências, ou necessidades. Utilizadas como sistema
de orientação, são válidas, e o gerente deve encorajá-las o mais possível,
exigindo-as em alguns casos.
O hábito de utilizar
o sistema de comunicação para chegar à gerencia, leva a que os empregados
utilizem esse meio para fazer ali chegar as suas queixas ou agravos, dando
oportunidade de sanar pequenos nadas que, na maior parte das vezes, complicam o
serviço e fazem emperrar toda a máquina.
Comunicação
direta
O peso da comunicação
recai sobre o gerente. Ele é o responsável pela maior parte das comunicações
que preenchem os circuitos internos. A ele compete utilizar, com pleno
conhecimento, a facilidade que este meio proporciona de chegar até ao seu
pessoal. Pode assim dizer-se, que o gerente é quem mais fala e o pessoal quem
mais escuta.
Por vezes, porém, o
empregado entra em comunicação direta e verbal com o gerente, caso em que se
criam situações como as que definimos a seguir:
O gerente escuta: Em
muitos casos, senão quase sempre, o facto de estar frente a frente com a pessoa
que expõe determinado problema, cria uma sensação de insegurança, por não se
saber a resposta a dar, ou não estar preparado para dá-la.
O gerente deve,
porém, ouvir sempre o seu colaborador até ao fim, sem o interromper. Há maus
interlocutores, que interrompem constantemente; cortam a palavra, e procuram
adivinhar o que o outro tem para dizer, etc. No final, dizem que não compreenderam,
ou negam ter ouvido determinada informação. É um mau procedimento, que cria
ressentimentos no empregado.
Quando este se dirige
ao gerente, pessoalmente, espera ao menos ser ouvido atentamente. É um direito
que lhe assiste e que não deve ser-lhe negado. Mesmo que a resposta ou a
solução não sejam imediatas.
Um grande hoteleiro
disse: “Quer ouvir os seus clientes? Pois ouça os seus empregados!”
O gerente fala:
Quando for necessário transmitir ordens de viva voz, deve-se habituar o
empregado a não recebê-las calado. Uma pequena conversa esclarece, na maior
parte das vezes, a forma como as ordens foram recebidas e interpretadas.
Essas ordens, mesmo
que sejam boas, resultarão mal, se forem mal executadas. O prejuízo e
consequente descrédito, recairão sobre o responsável pelas instruções dadas.
Será pretensão
desnecessária pensar que todas as ordens de um gerente ou de um supervisor são indiscutíveis: elas podem efetivamente
por vezes, estar erradas. Se o empregado tiver sido habituado a executar ordens
e a ficar calado, ficará calado, mesmo que verifique antecipadamente o erro.
Não está habituado a que considerem os seus conhecimentos válidos. Em vez de
estabelecer, com a sua opinião, a comunicação de modo útil, dirá para consigo:
“Ele é quem manda! É assim que ele quer!” (e o gerente ou o supervisor terá,
como resultado, “aprender à sua custa”).
Não basta montar um
bom sistema de comunicação; é preciso fazê-lo funcionar. A melhor resposta para
este problema está na atuação do próprio gerente, criando uma atmosfera que
encoraje a pergunta necessária ou a crítica construtiva, ainda que este
critério possa ir um pouco contra a estrutura da hierarquia.
Continuaremos na Próxima Postagem
Obrigado
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