domingo, 17 de outubro de 2021

 


A Hospitalidade no Antropoceno (Texto 3)

Estes textos só poderão interessar a Hoteleiros interessados na Mudança

 “Antes de avançar com o texto escolhido, baseado noutros que encontrei, gostaria de explicar que Antropoceno foi um termo formulado por Paul Crutzen, Prêmio Nobel de Química de 1995, já falecido. O prefixo grego “antropo” significa humano; e o sufixo “ceno” denota as eras geológicas. Este é, portanto, o momento em que nos encontramos hoje: a Época dos Humanos”.

O que significa ser responsável?

 A responsabilidade, em funções de hospitalidade, é a forma de aceitar as diferenças, tanto de colegas como de clientes e ao mesmo tempo manter a qualidade das ações seja qual for a complexidade apresentada pelo acolhimento. Ser hospitaleiro é ser puxado em duas direções diferentes: primeiro, ser levado à obrigação ética de receber bem como anfitrião; segundo, ser inerentemente cauteloso e neutro como responsável da casa. A responsabilidade existe no locus desta tensão e complexidade. Como a responsabilidade aborda a atração irreconciliável entre o que alguém sente e o que faz, é especialmente pertinente para as discussões de ética.

Ser responsável é seguir as diretrizes aprendidas para o cumprimento das suas funções, de forma a não prejudicar a sequência do trabalho dos que estão à sua volta, ou no prosseguimento do seu serviço

Pode-se dizer que a responsabilidade é a condição permanente de uma ética incondicional, para que seja possível oferecer um acolhimento sustentado e perfeito, Derrida (2005) determina que é na tentativa de cumprir essa obrigação, na luta pelo horizonte impossível, que podemos começar a demonstrar responsabilidade. De acordo com o conceito de hospitalidade, e em congruência com a discussão futura sobre o tempo e o lugar da hospitalidade, a responsabilidade não é estática nem contínua. A responsabilidade não é dada à sociedade por dever ou lei (Derrida, 2000), nem é um gesto de gentileza ou filantropia para com o “outro”. Em vez disso, a responsabilidade é uma obrigação, uma ação no momento que reconhece a tensão entre bem-vindo (anfitrião) e rendição (refém do outro), no sentido de cumprir todas as incumbências e disposições inerentes à Hospitalidade. Derrida (2000) descreve a dificuldade lógica do acolhimento como necessária para a responsabilidade: “Minha hipótese ou tese seria que essa dificuldade lógica..não é negativa; e que sem essa contradição, a responsabilidade da hospitalidade ... não teria chance de acontecer ”(p. 13). Como tal, a responsabilidade é melhor entendida como a “persistência repetida” do momento da saudação, quando o eu é questionado a mando do aparecimento do “outro”.

A responsabilidade é caracterizada pela humildade e pelo desejo de aprender e erncontrar o caminho para “o certo”. Ao encontrar o outro, a pessoa é chamada a receber a novidade como um presente - novos olhos para ver o mundo existente - em vez da atitude defensiva inerente a um mestre (anfitrião) com algo a preservar. A responsabilidade requer o sacrifício da garantia e da conservação. Ele abre o eu, o estabelecimento e o mundo para a incerteza da mudança que o recém-chegado apresenta. Ele não possui ou merece, como hospedeiro, o direito de explorar e determinar unilateralmente as condições para o outro ser. Em vez disso, é chamado a compreender a própria responsabilidade como o âmbito da ação em que se pode engajar para responder ao outro, preservando a liberdade dele. A responsabilidade é agir sem domínio, arrogância ou autopreservação em resposta ao “outro”. 


 Como tal, a única ação aceitável é o reconhecimento da responsabilidade única do ser humano pela abolição do preconceito, como um preceito para o encontro na hospitalidade. Embora Derrida observe que a hospitalidade perfeita é inatingível, a responsabilidade não é. Ele aconselha que a pessoa aja com responsabilidade quando localiza o ímpeto para a ação no contexto do momento transitório de boas-vindas. Dito de outra forma, Derrida (2000) determina que “é em nome da hospitalidade incondicional [que dá sentido a todo acolhimento do estrangeiro] que devemos procurar determinar as melhores condições, ou seja, alguns limites legislativos particulares, e especialmente uma aplicação particular das leis do acolhimento”(p. 7). A hospitalidade torna-se o processo pelo qual o mundo aborda as questões-chave do Antropoceno, incluindo: Qual será o futuro? Como devemos conduzir os negócios, trabalhar e viver? Qual será o papel da tecnologia nisso? Quais as formas de produção e comunicação do conhecimento adequadas para o Antropoceno? Finalmente, que explicações precisamos para entender melhor o papel planetário dos humanos como atores que afetam todo o sistema terrestre? (Trischler, 2016, p. 322)

Na sociedade e na educação para a plena participação na cidadania, a hospitalidade torna-se o meio de uma mediação constante entre o eu e o “outro”, guiada pela dificuldade absoluta e animada pela humildade. Este ato de mediação, embora em si mesmo imperfeito, é responsabilidade; e se torna o terreno fértil para leis, políticas e ações éticas.

 Continuaremos

 


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