terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Direcção e Gestão em Hotelaria





DIRECÇÃO E GESTÃO em hotelaria - 1


Sendo certo que os dois vocábulos com que encabeçamos este capítulo têm, em princípio, um significado semelhante, utilizá-los assim parece redundante. Em hotelaria contudo, é hábito designar-se por ‘direcção’, o conjunto de pessoas sobre quem recai a responsabilidade da gestão do emprendimento. A direcção é normalmente representada pelo director, mas pode englobar um ou mais subdirectores, ou directores assistentes, secretariado, um director administrativo, etc.
Da qualidade do trabalho desenvolvido pela direcção, da melhor ou pior gestão do empreendimento, provêm os resultados, bem como os dividendos para os accionistas, ou os lucros para os proprietários, além da satisfação pessoal para os intervenientes.
O produto para venda na indústria da hospitalidade é, antes de mais, o serviço. Serviço é algo abstracto e embora seja fácil detectá-lo ou sentir a sua falta, não é tão fácil conseguí-lo e tê-lo pronto para venda. Daí o facto de nem todos os estabelecimentos hoteleiros fornecerem ao seu cliente o que lhe propuseram.

Elaborar as estruturas que permitam criar um serviço e obter, em consequência, produto para venda, é a tarefa que cabe à direcção de um hotel;.
Para atingir esse objectivo, o primeiro passo é criar a direcção, a partir da qual se constitui a pirâmide composta pelos vários escalões e respectivas responsabilidades.
Entre os atributos requeridos para um bom director de hotel, a capacidade de delegar vem primeiro. Criar subalternos à altura, Chefes e Supervisores. Um bom chefe constrói-se, não nasce pronto. Quando está apto, deve assumir as suas responsabilidades e colaborar na gestão do estabelecimento.
A direcção de um hotel implica dinamismo, que se transforma em resultados. Os grandes conhecimentos técnicos, por si só, não têm qualquer valor para auxiliar na Gestão. Para que eles produzam rendimentos, o director dinâmico aplica-os e transmite-os, fazendo-os multiplicarem-se. Todo o chefe que sabe mas não ensina os seus subordinados, nem os leva a aplicar os seus conhecimentos, é improdutivo e prejudicial, tanto para aqueles, como para a própria empresa.
A natureza produtiva do bom director, aparece com o sucesso do empreendimento que dirige, colocando-o em vantagem sobre os que, tendo ao dispor as mesmas fontes e recursos, não souberam aproveitá-los por falta de dinamismo ou incapacidade na aplicação. Um dos grandes problemas que por vezes se apresentam a quem dirige um hotel é o de saber até que ponto a pessoa se pode deixar imbuir pela rotina, sem perder o controlo da gestão.
Muitos dirigentes de estabelecimentos hoteleiros, em vez de utilizarem o seu tempo para desmpenhar as suas verdadeiras funções (prever, planear, organizar, dirigir e controlar, ou supervisionar), desperdiçam-no a realizar tarefas que não lhes cabem. Uma boa organização depende muito do sistema de informação e comunicação utilizado. O rendimento do pessoal depende tanto da formação que lhe é dada, como da informação que lhe é prestada. Quando o responsável diz que ”prefere fazer a mandar fazer”, está a descer na escala da hierarquia e a falhar numa das suas missões principais a delegação, que consiste na formação, treinamento e responsabilização dos seus subordinados. Em muitos casos, esta atitude é ditada por um distanciamento total das funções de gestão, ou pela incapacidade de entender o que merece prioridade: desempenhar a tarefa de um empregado, ou usar o tempo para criar estruturas que permitam a execução rápida e perfeita do serviço, sem a sua intervenção.
Na segunda parte deste nosso trabalho, faremos um esquema de organização de serviços que, sem estar de forma alguma completo, pode servir como ponto de partida para outros mais aperfeiçoados. O bom chefe nunca deve estar satisfeito com os resultados atingidos. Deve querer sempre mais e melhor, tanto para o estabelecimento que dirige, como para si próprio e, sempre que possível, aumentar os seus conhecimentos.
A autoridade de um director deriva, não tanto da sua posição hierárquica, mas do respeito que possa conquistar do seu pessoal. De uma maneira geral, os empregados gostam de fazer parte de uma equipa cujo líder se prestigia e se impõe pela postura e pelos seus conhecimentos técnicos. Isso dá-lhes confiança, o que é útil às relações e ao próprio trabalho.  Se o pessoal for confiante, renderá mais e produzirá mais, conduzindo à principal finalidade de uma boa gestão: rendimento satisfatório e condizente ao investimento efectuado.

SUBSÍDIOS PARA ENTENDER A GESTÃO

 

Definição de Gestão

Embora não se tenha encontrado ainda uma definição universalmente aceite para o conceito de gestão e apesar deste ter evoluído muito ao longo do último século, existe no entanto algum consenso relativamente a que este inclui, obrigatoriamente, um conjunto de tarefas que procuram garantir o uso eficaz dos recursos disponibilizados pela organização, afim de serem atingidos os objectivos pré-determinados.
Apresentado de uma forma mais objectiva, podemos dizer que gestão é o processo através do qual se usa o que se tem, para fazer o que se pretende (ou o que é necessário).
O que se tem são os recursos, o que se pretende (ou aquilo que é necessário), é atingir os objectivos da empresa e as suas metas.
Os recursos são os meios (bens ou activos da empresa) colocados à disposição. Dividem-se, basicamente, em sete categorias:

-          pessoas,
-          dinheiro,
-          tempo,
-          métodos e padrões de procedimentos,
-          força eléctrica ou energia.
-          materiais (roupas, géneros alimentares,etc.),
-          equipamentos.

Os recursos são sempre limitados. Nunca, em nenhum lugar, encontrei um director ou supervisor satisfeito com o total dos meios de que dispunha. Do mesmo modo, nunca nenhum deles teve à sua disposição todos os meios de que necessitava.
Portanto, o primeiro desafio que o gerenciamento apresenta, é determinar a melhor maneira de utilizar os recursos colocados à disposição, para atingir os objectivos da empresa.

Objectivos da empresa

(o que se pretende ou aquilo que é necessário)

Os ojectivos em qualquer empresa, dividem-se em duas classes:
·      Os objectivos comuns,
·      Os objectivos comerciais ou de exploração.

Como objectivos comuns podemos distinguir:
·      Comprometimento - A pessoa está empenhada. Lutará para que os objectivos se realizem. Aceita e cumpre as directrizes que se fizerem necessárias.
·      Participação - A pessoa compartilha. Fará o que for necessário para que os objetivos sejam atingidos tal como planeado.
·      Obediência genuína - Atinge os benefícios do objectivo. Colabora como é esperado. Segue as instrucções ao pé da letra, “bom colaborador”.
·      Obediência formal -     De maneira geral, dá-se conta dos benefícios do objectivo. Faz o que é esperado mas apenas isso, “colaborador razoável”.
·      Obediência relutante - Não alcança os benefícios do objectivo. Mas também não quer perder o emprego. Faz o que lhe compete, constrangido, mas não esconde a sua falta de interesse.


Objectivos comerciais ou de exploração mais usuais :
·         Conseguir lucros compatíveis com o investimento (melhores vendas, aos mais baixos custos)
·         Definir e atingir padrões de qualidade satisfatórios, para produtos e serviços (boa formação, moral elevada e espírito de equipa).
·         Criar e manter uma boa imagem no mercado (clientes satisfeitos)

De uma maneira geral, os objectivos comerciais da empresa são estabelecidos pela administração, ou negociados com os seus componentes, mas eles não fogem muito de uma linha geral em hotelaria, pois são definidos sobre uma base incontestável: a necessidade de gerar lucros que garantam a existência e a continuidade da operação.

Ao fazer um Planeamento Estratégico, devem ser estabelecidos objectivos específicos dos factores relevantes para a empresa, como:
          Vendas,
          % de ocupação
          Participação de mercado,
          Lucros,
          ROI - retomo sobre investimento
          Crescimento
          Rentabilidade
          Produtividade
          Qualidade
          Inovação.
          Nível de satisfação do cliente

Indicadores de Desempenho

Além da selecção dos objectivos, é importante definir também Indicadores de Desempenho que permitam a avaliação dos resultados alcançados. Isso pode ser feito em relação a outros estabelecimentos do mesmo tipo, em relação ao mercado em geral, ou em relação ao desempenho próprio, em meses anteriores ou anos anteriores. Ou ainda tendo em conta, todos esses pontos de referência.

Resultados obtidos
  Actual
  Planeado
  Anterior
  Do mercado
  Da concorrência

Crescimento
  Actual
  Planeado
  Anterior
  Do mercado
  Da concorrência

Faturamento ou Produção
  Rentabilidade
  Receita Líquida/ Lucro Líquido
  Produtividade



Outros objectivos particulares, podem variar de hotel para hotel, ou de empresa para empresa mas, em qualquer lugar, os directores e supervisores que sabem interpretar os objectivos e lutar por eles, têm sempre um cargo tranquilo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

  TERMOS DE COZINHA E GASTRONOMIA  - SUA DEFINIÇÃO - A branco ( A Blanc ) Cozinhar “a branco” é cozinhar em caldo, sem quaisquer con...