sexta-feira, 21 de maio de 2021

 


 

RELAÇÕES HUMANAS

EM HOTELARIA OU NO QUOTIDIANO

(Veja também em “Decisões e Tomada de Decisões”, mais algum material sobre este assunto)

 

O sucesso das relações humanas resume-se a procedimentos simples, de valorização do ser humano, e de respeito pelo mandamento cristão: “Não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti”. No caso da hotelaria, podemos ainda acrescentar, “Dá aos teus clientes, o tratamento que tu mesmo gostarias de receber”.

O ciclo das relações humanas na hotelaria, começa com os empregados e termina nos clientes, ou vice-versa. É um círculo compacto, que os directores,gerentes e supervisores devem saber manejar muito bem e com muito cuidado, pois tanto os resultados de gestão como o sucesso do empreendimento dependem disso.

Em “Gestão de Pessoal”, abordámos vários pontos relacionados com este assunto, com ênfase no pessoal.

O cliente, contudo, é também muito importante. Ele é um ser humano igual aos que o servem, ou que o atendem. Tem os mesmos defeitos e virtudes, as mesmas necessidades e os mesmos desejos. É errado julgar ou criticar um indivíduo pelas suas atitudes, sem antes tentar entendê-lo e compreendê-lo. Da mesma maneira que se contraem doenças pelo contacto com germes, sem que disso se seja culpado, também se adquirem hábitos, gostos ou mesmo defeitos, pelo contacto prolongado com pessoas portadoras dos mesmos.

Esse contacto chama-se convivência, mas também  pode passar pela educação. Cada país, cada região ou até mesmo cada comunidade, tem os seus hábitos e procedimentos próprios, que são transmitidos aos indivíduos que a compõem e não há nada de errado disso. O seu funcionário ou o seu cliente, podem estar no número dessas pessoas, sem que algo de errado possa ser-lhes apontado. Não somos todos iguais e não há como contornar esse facto.

O ser humano tem traços de carácter congénitos, mas a parte principal do seu comportamento é fruto da sua formação como indivíduo, tanto na educação como na convivência com terceiros.

Quando algo vai mal no nosso relacionamento com alguém, devemos sempre começar por analizar o nosso próprio comportamento, antes de criticar o dos outros. Onde é que eu errei? O que foi que fiz de errado? Um mea culpa pode ser o melhor princípio para abrandar tensões, em vez de começar logo com:” Vejam como é que ele está me tratando!” ou “ Ele é uma pessoa sem nível!”.

Antes de classificar alguém como impossível ou intratável, devemos sempre começar por um pequeno diálogo, pois esta postura, na maior parte dos casos, coloca as coisas nos lugares onde sempre deveriam ter estado.

Quanto mais difíceis considerarmos as pessoas, mais tacto devemos usar, e juntar a este, a boa vontade e a paciência, que conduzem a um bom resultado. Devemos ter sempre em mente, que não poderemos modificar aqueles com quem convivemos, mas também não poderemos nos tornar eremitas. A modificação das pessoas é possível, mas requer tempo e muito trabalho. É sempre muito mais fácil e produtivo nos modificarmos a nós próprios, para tentarmos conviver com o mundo à nossa volta.

Um indivíduo educado, compreensivo e atento ao seu semelhante, é sempre um ser humano digno de admiração, que todos respeitam e consideram. Para isso, não é necessário abdicar dos seus valores, antes pelo contrário. Cristo deu-nos um belo exemplo disso, ao expulsar os vendilhões do templo, não obstante todas as suas pregações e doutrina.

Para se ter sucesso em relações humanas, deve-se estar bem com o mundo e gostar de pessoas. È necessário uma grande personalidade. E a personalidade não é o que nós cultivamos no nosso alterego, mas sim o que nós exibimos para os outros ou que eles vêem em nós. Ainda que todos tenhamos, felizmente, o nosso sentimento de auto-estima e pensemos que somos os melhores, isso não significa que devamos ser orgulhosos, uma vez que nós somos, efectivamente, o que a nossa imagem reflecte perante aqueles com quem convivemos.

Também a saúde é importante para um bom relacionamento. Um indivíduo cansado, sonolento, irritadiço, com stress, derrotado pelos sintomas de uma noite mal dormida, ou pelo excesso de álcool ingerido, não tem de forma alguma, tendência a gostar do mundo ou das pessoas, que no seu conceito, não o entendem e só o perturbam.

A idade não é preponderante, desde que exista alegria de viver e o desejo de ser útil.

 

SIGNIFICADO DE RELAÇÕES HUMANAS

 

Melhorar as relações entre as pessoas é uma necessidade cada vez mais sentida. A despersonalização da sociedade em que vivemos, isola o indivíduo, desliga-o do seu semelhante, desenvolve nêle o egocentrismo e desumaniza- o.

Quanto maiores são as empresas, maior é o afastamento em que vivem os seus componentes, e os vários sectores vivem desligados uns dos outros; por vezes criam-se grupos antagónicos, pelo que se vai cavando um fosso, entre estes e a direcção.

Tendo em conta todos estes factores, encontramos a razão da importância que para os responsáveis em todo o mundo adquire o estudo das pessoas e das relações destas entre si. Razões religiosas e morais, podem estar na base deste movimento, mas não podemos pôr de parte as razões económicas que o desenvolveram.

Todo o indivíduo tem os seus próprios direitos, o seu carácter, a sua educação, a sua cultura e os seus princípios. Nem sempre os padrões são idênticos, pelo que as relações entre as pessoas podem ser fáceis ou complexas. Compete ao mais responsável encontrar o modo de fazer coincidir as idéias e tirar partido dos resultados.

É tarefa do encarregado de gestão fazer um uso eficiente de todos os recursos postos à sua disposição: as pessoas fazem parte desses recursos.

As técnicas de relações humanas devem ser transmitidas a todos os chefes de secção, o que permitirá a sua aplicação em relação aos subordinados, e até entre estes e os clientes.

Não podemos de forma alguma, fazer neste nosso trabalho, que consideramos de iniciação, um estudo profundo destas técnicas que se inscrevem num curso completo, aconselhável a todos os gestores.

Podemos, no entanto, apresentar os seus pontos principais, que analisaremos em conjunto.

 

Relacionamento e Cultura

As pessoas têm o direito de expressar as suas opiniões, e nós temos o direito de escolher as nossas respostas, mas devemos ter também a força de vontade para seleccionar aquelas que não sejam ofensivas ou maldosas. Podemos sempre escolher se queremos paz ou conflito.  As diferenças culturais são uma possibilidade a considerar, tanto para a previsão de conflito como para a solução de conflitos. Culturas são como rios subterrâneos que transcorrem através das vidas e relacionamentos das pessoas, pois moldam e conduzem estas nas suas percepções, atribuições, sentenças, ideias e valores. A reacção cultural é inconsciente, e influencia tanto a colisão como as tentativas de evitar o choque, de forma imperceptível.  Grupos culturais podem compartilhar raça, etnia ou nacionalidade, mas também resultam de clivagens de geração, classe socioeconómica, orientação sexual, capacidade intelectual, etc.

Não existe nenhuma abordagem padronizada para a solução de crises, quando a cultura é um factor preponderante, mas fluência cultural é uma competência essencial para aqueles que se posicionam em locais de possível argumentação, ou simplesmente desejam agir eficazmente nas suas acções e situações. Fluência cultural significa reconhecer e actuar com respeito pelas diferenças culturais das pessoas, e ter conhecimento de que a comunicação, formas de expressão, enquadramento na sociedade e percepção das situações, papéis e identidades, variam de significado entre culturas.

 

A Competência cultural inclui quatro componentes:

(a) Consciência da cosmovisão cultural própria,

(b) Atitude para com as diferenças culturais,

(c) O conhecimento das diferentes práticas culturais e visões de mundo e habilidades transculturais.

(d) Desenvolver competência cultural com alcance e capacidade de compreender, comunicar-se e interagir efectivamente com pessoas, através das diferentes culturas.

 

Conflitos e adversidades fazem parte inevitável da vida. Tentar solucionar contratempos e crises sem as estratégias certas é praticamente impossível. Talvez alguém consiga, mas terá de enfrentar muito stress e inúmeros riscos. E é bem provável que fracasse. As culturas desenvolvem sentimentos próprios, mas por vezes acentuam em alguns indivíduos, outros que sendo comuns a todas as culturas, aumentam por exacerbado amor-próprio.

Vejamos alguns desses sentimentos que causam atritos:

 

Orgulho

Uma pessoa orgulhosa é arrogante, antipática e impositiva, achando que está sempre certa e tendente a fazer tudo sozinha sem pedir ajuda, não porque se ache melhor que os outros, mas porque não quer dar o braço a torcer.

A pessoa orgulhosa envereda deliberadamente pelo caminho da reprovação geral, quando poderia ser respeitada se mantivesse alguma humildade nos relacionamentos. 

Raiva

As discussões geralmente começam porque uma das partes fica enraivecida. E o mais comum é que essa raiva nada tenha a ver com a discussão.  O indivíduo colérico cria problemas por nada, mas se em vez disso usasse a compreensão e a paciência, evitaria problemas e dissabores. “Não levo desaforo para casa!”, é um resquício de coronelismo que não tem mais aplicação nos dias de hoje.

 

Palavra dura ou acintosa

Basta uma única afirmação ríspida ou algumas palavras cruéis, para iniciar ou intensificar um conflito. “A resposta branda aplaca a ira, a palavra ferina atiça a raiva”, é uma citação bíblica aplicável neste caso.

 

Reações impulsivas

A maioria das discussões é iniciada impulsivamente. Acalme-se e reflita, sempre, antes de tomar uma decisão crítica. Quanto mais atiçar uma discussão, maior ela se torna e mais danos causa. O indivíduo sempre pronto a criar conflito, pode encontrar-se, repentinamente, perante uma situação extrema ou sem saída.

Guardar rancor

O respeito e a brandura superam todos os erros. Saber colocar cordialidade nos relacionamentos e reconhecer que precisamos uns dos outros é um dom, mas também pode ser aprendido, se assim for desejado. Não poderemos modificar os outros, mas devemos modificar-nos ao ponto de saber conviver sem atritos ou contendas.

Tratar os outros como gostaríamos de ser tratados, é um mandamento bíblico bastante acertado. Se estamos em dúvida sobre a melhor forma de proceder com as pessoas, devemos pensar em como gostaríamos que agissem connosco naquele momento ou naquela circunstância, e seguir o que a nossa consciência nos ditar. Procurar ser um bom filho, um bom amigo, um bom colega e um bom cidadão, certamente ajudará a vencer as desinteligências que surgirem na trajectória de qualquer um!

Os empregados de hotelaria devem estar conscientes de que as pessoas portadoras das peculiaridades atrás apontadas, são pessoas sofredoras que carregam um peso difícil de transportar. Se não puderem encontrar dentro de si a capacidade para as ajudar, devem pelo menos evitar tratá-las acintosamente e desculpar, até onde isso for possível, essas reacções negativas.

 

Por que devemos controlar as nossas respostas?

·      Com atitudes negativas só podemos ferir-nos a nós próprios, pois magoar ou ofender alguém rancorosamente “é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”. Ao reagir com negativismo, estamos a criar, mentalmente, sofrimento para nós mesmos.

·      O negativismo é, quase sempre, um reflexo do estado interior de um indivíduo, manifestado externamente. Não é pessoal, então por que devemos carregá-lo pessoalmente?

Para resumir: porque o nosso ego gosta de problemas e conflitos?

·      A reação do Ego, quando respondemos impulsivamente, é uma resposta natural e honesta. No entanto, será a coisa certa a fazer? O que se resolve ao fazê-lo? A resposta é: NADA.

·      Raiva alimenta raiva. Negativismo alimenta negativismo. Raramente algo de bom pode vir do reagir contra alguém que está num estado negativo. Apenas se pode criar uma espiral negativa.

·      A energia gasta para alimentar negativismo é energia que pode ser usada para o nosso bem-estar pessoal.

·      O negativismo espalha-se e, quando estamos num estado negativo ou guardando rancor contra alguém, carregamos essa energia para onde vamos e em tudo o que fazemos. Podemos perder de vista a clareza e reagir inconscientemente em outros assuntos ou em outras áreas das nossas vidas, desnecessariamente.

 

Culturas

 

As organizações hoteleiras são um dos pontos onde os vários tipos de culturas têm maior convergência e os profissionais desta indústria estão expostos às consequências das diferenças culturais, pelo que não é despropositado indicar um bom conhecimento desta realidade, como forma de se preparar para as situações que eventualmente aconteçam. As diversidades culturais aparecem tanto entre os próprios empregados, como entre estes e os clientes, pelo que algumas ocorrências podem causar situações de desconforto, para as quais é muito importante estar preparado.

Culturas[1] não se compõem apenas de linguagem, trajes e gastronomia. Incluem também valores, crenças, propósitos, princípios, mitos, lendas, e normas que definem como as pessoas pensam, ao decidir e ao executar.

Grupos culturais podem compartilhar raça, etnia ou nacionalidade, mas também resultam de diferenças de geração, classe socioeconómica, orientação sexual, capacidade e deficiência, filiação política ou religiosa, idioma, ou entre homens e mulheres - para citar apenas alguns. 

Duas coisas importa conhecer sobre culturas: que elas estão sempre a mudar, e que se relacionam com a dimensão simbólica da vida, ou seja, o lugar onde estamos no tempo, Mensagens culturais dos grupos a que pertencemos, podem nos dar referências sobre o que é importante ou significativo sobre a nossa presença no mundo e em relação aos outros - a nossa identidade.

Dado o papel importante da cultura nas controvérsias, o que podemos fazer para conhecer a forma de melhor se conduzir, e incluir esse conhecimento nos planos de resposta? As reações culturais são como as de crianças temperamentais: complicadas, indescritíveis e difíceis de prever. A menos que se desenvolva um conhecimento confortável das diferenças culturais como forma de minimizar as possibilidades de conflito, poderemos nos perder no emaranhado da sua rede de complexidades, e na limitação imposta pela nossa própria visão cultural.

Fluência cultural é uma ferramenta essencial para destrinçar e gerenciar conflitos de classes culturais.  Significa familiaridade com culturas: a sua natureza, como elas funcionam e de que forma se entrelaçam com os nossos relacionamentos em tempos de conflito ou de harmonia. Fluência cultural significa consciência das várias dimensões da cultura, incluindo a comunicação, terminologias e vocabulário.

A Cultura de uma empresa pode levar a tensões organizacionais, as quais são uma situação de discórdia causada pela oposição real ou percebida, de necessidades, valores e interesses entre as pessoas que trabalham juntas. O atrito assume muitas formas nas organizações. Há o inevitável conflito entre a autoridade formal e os indivíduos e grupos afectados. Há controvérsias sobre como as gorjetas devem ser divididas, como o trabalho deve ser feito e quanto tempo ou com que afinco as pessoas devem trabalhar. Existem desacordos jurisdicionais entre os indivíduos, os departamentos e entre os sindicatos e o gerenciamento. Existem formas mais delicadas de conflito, envolvendo rivalidades, ciúmes, confrontos de personalidade, definições de função e lutas de poder e favores. Há também conflito dentro de indivíduos, e entre demandas e necessidades de concorrência — para cada uma destas situações, há maneiras diferentes de reagir.

O conflito tem quase sempre um efeito destrutivo sobre os indivíduos e grupos envolvidos. Mas em certas ocasiões, no entanto, o conflito pode aumentar a capacidade das pessoas afectadas, e melhorar a sua capacidade para lidar com problemas.

Muitas dificuldades nesta área estão além do escopo do gestor e mais no âmbito de um conselheiro profissional, mas existem alguns aspectos do conflito pessoal que os gestores devem entender e que podem eventualmente ajudar a remediar.

Conflito social designa as diferenças interpessoais, intragrupo e intergrupais.

Não há uma base conhecida de incompatibilidade entre a autoridade e a estrutura das organizações formais e a personalidade individual. Mas o comportamento humano não pode ser separado da cultura que o rodeia, pelo que é importante criar uma cultura de empresa, baseada no respeito, na ética e na dignidade do indivíduo, com defesa dos direitos deste.

Embora algumas pessoas pareçam ter nascido com competência cultural, o resto de nós precisará de um esforço adicional para desenvolvê-la. Isto significa analisar e abolir muitos dos nossos preconceitos e atender ao desenvolvimento de competências interculturais. Competência cultural requer que as pessoas e as organizações tenham um conjunto definido de valores e princípios e demonstrem comportamentos, atitudes, políticas e estruturas que lhes permitam trabalhar eficazmente no campo dos relacionamentos.

 

Conhecimento

A pesquisa social indica que os nossos valores e crenças sobre igualdade podem ser inconsistentes com os nossos comportamentos, e ironicamente temos conhecimento disso.

A psicologia social torna o componente “conhecimento” uma parte importante do desenvolvimento das competências culturais. Independentemente de saber se a nossa atitude para com as diferenças culturais coincide com os nossos comportamentos, podemos colher alguns benefícios, ao melhorar a nossa eficácia transcultural. Um objectivo comum aos profissionais da diversidade é criar sistemas inclusivos que permitam aos membros de uma équipa trabalhar em harmonia, com níveis de produtividade máxima, sem se aterem a julgamentos preconcebidos de diferenças culturais.

 

Aptidão

O componente “aptidão” sugere a prática da competência cultural com perfeição.

A ferramenta fundamental para interacção das pessoas nas organizações é a comunicação. Isso inclui gestos e outros tipos de comunicação não verbal que podem variar de cultura para cultura.

É pois, importante, dedicar também algum tempo a analisar a comunicação e a melhorá-la onde necessário, como forma de atingir uma boa qualidade no relacionamento e uma acção recíproca produtiva.

 

Ponto de Vista

Ainda que ponto de vista possa ser apresentado como a “opinião” da pessoa que faz o relato de um facto ou de uma ocorrência, em meu entender ficará mais claro se “ponto de vista” for interpretado como “perspectiva”, pois reflecte sempre o posicionamento de cada indivíduo em relação ao acontecimento em si, tendo em conta não só a sua posição no momento, mas também a sua forma de pensar, os seus valores e a sua capacidade de avaliar o episódio ou acção, baseado na significância que este possa ter, perante a sua cultura.

Sempre que uma conversa ou reunião ameace entrar em impasse, é importante fazer uma avaliação dos pontos de vista dos interlocutores ou integrantes do grupo, para avaliar o quanto os “pontos de vista” são divergentes. Acontece que muitas vezes as pessoas estão a falar do mesmo assunto, mas com enfoques diferentes, o que deturpa a sua análise pessoal e consequentemente a sua capacidade de encontrarem um denominador comum.

Dois amigps passeiam no alto da serra e um diz: “Como o mar está lindo!” e o outro responde: “Que mar, é uma cidade maravilhosa!”. Ambos têem razão, apenas estão olhando para lados diferentes. Num grupo falando sobre rosas, uns acham que são flores lindas, e outros que têem muitos espinhos. O problema será acertar a melhor forma de usar as rosas sem machucar as mãos.

Muitas boas conversas degeneram em peleja por falta de uma boa análise dos pontos de vista de cada um dos interlocutores, ou da percepção destes do que está sendo debatido.

 

Solução de Consenso

Sempre que os pontos de vista forem divergentes e se torne necessário encontrar um resultado, deve-se partir para a solução de consenso ou aquiescência, na qual cada um dos participantes cede um pouco na rigidez das suas avaliações, para que se consiga atingir uma solução satisfatória.

 

   OPINIÃO E RELACIONAMENTO                                                                                                                                                                                                                                                    

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    

“Não concordo consigo e não vou concordar nunca! Mas defenderei até à morte o seu direito de expor livremente a sua opinião!” Voltaire, político e escritor francês, em discurso na Assembleia Francesa.

 

“Eu tenho direito à minha opinião” é um argumento impressionante, apresentado com frequência em debates e reuniões, como se por si só tivesse algum mérito.

Direito. O que as pessoas querem dizer quando afirmam ter direito a uma opinião? O termo é ambíguo, embora seja legal. Em todos os países democráticos é reconhecido às pessoas o direito à liberdade de expressão e ao livre pensamento. Isso significa que elas podem dar qualquer opinião que desejem, pois este direito legal não faz distinção entre a opinião válida e a opinião inválida. Significa, simplesmente, que todos têm direito a uma opinião, não importa o quão certa ou errada ela possa estar. Mas as opiniões precisam ser justificadas para serem aceites, e isso cria distinção entre a opinião válida e a inválida. O significado de ‘direito’ apresenta-se assim com divergências, neste caso. Na verdade, com uma dupla possibilidade de interpretação no seu entendimento final. Afirma que temos o direito de acreditar em qualquer coisa sem procurar saber se é verdade, mas mostra que só temos direito a impor opiniões que possamos justificar, o que significa ter que buscar os motivos ou as razões para mantê-las. A reivindicação desse direito não ajuda pois, absolutamente nada, a uma discussão. É uma completa irrelevância para resolver um desacordo. Todos os interlocutores podem também afirmar o seu direito de opinião e, se os pontos de vista são diferentes, um ou até mais podem estar errados. Se duas pessoas afirmam ter direito à sua opinião, embora diferente, como pode o argumento ser resolvido?

Conclusão: "Eu tenho direito a uma opinião" é usado frequentemente em debates e reuniões como apoio a uma crença ou posição sobre um assunto. Mas é inútil como uma tática de debate, pois só terá valor através da apresentação de argumentos sólidos com o apoio de evidências. O direito a uma opinião, não faz com que essa opinião seja relevante ou definitiva. É necessário crédito ou valimento. Somerset Maugham fazia palestras com frequência e um dia foi interpelado por um dos seus ouvintes, que lhe apontou o facto de seis meses antes ele ter defendido uma posição contrária ao que afirmava naquele momento. Somerset Maugham respondeu: “Há um direito do qual eu não abdico! O de estar em contradição comigo próprio! Estudo muito, para que a minha opinião seja coerente, válida e aceite. O que lhe estou dizendo agora, é a minha opinião atual, e é aquilo em que deve acreditar, se assim o desejar.”

 

Uma opinião é uma crença, impressão, julgamento ou parecer prevalecente apresentado por uma pessoa. A opinião pública é o conjunto de atitudes individuais ou crenças seguidas pela população. A opinião pública também pode ser definida como o conjunto complexo de opiniões de muitas pessoas diferentes e a soma de todos os seus pontos de vista.

O que é pois opinar:  

·        Dar uma noção ou convicção, fundada na evidência conhecida;

·        Expor um sentimento ou crença mais forte do que impressão, .mas menos forte do que o conhecimento positivo;

·        Fazer um julgamento, estabelecido em relação a qualquer ponto do conhecimento ou ação.

 

Em geral, uma opinião é uma crença subjectiva, ou resultado da emoção ou interpretação dos factos sabidos. Uma opinião pode ser suportada por um argumento, embora as pessoas possam tirar opiniões opostas do mesmo conjunto de factos.

Pode ser fundamentado, que uma opinião é mais bem apoiada pelos factos do que outra, ao analisar os argumentos de apoio. Em uso casual, o significado do termo pode designar uma perspectiva pessoal, compreensão ou entendimento, nomeadamente sentimentos, crenças e desejos. Pode referir-se a informações não consolidadas, em contraste com conhecimento e crenças baseadas em factos. Historicamente, a demarcação entre conhecimentos comprovados e parecer, foi articulada pelos filósofos gregos antigos. Hoje, a analogia de Platão da linha dividida, é uma ilustração bem conhecida da distinção entre conhecimento e opinião, ou conhecimento e crença, na terminologia habitual da filosofia contemporânea. A opinião pode até não corresponder à realidade, mas deve, no entanto, ser pelo menos verosímil, para merecer uma análise ou aceitação para debate. Opiniões podem ser convincentes, mas só as afirmações baseadas em factos que possam ser analisados, para concluir se são verdadeiras ou falsas, terão probabilidades de aceitação.  

Ao arrazoar com qualquer interlocutor, é importante para conduzir a troca de impressões, estar consciente de que as opiniões raramente mudam, a menos que novos argumentos convincentes sejam produzidos e aceites pelo indivíduo.

Se for desejado apresentar opiniões que sejam escutadas e provavelmente aceites, deve-se ter o cuidado de estudar bem o assunto e reunir argumentos de suporte que apoiem o parecer que se pretende impor.

Esse é o maior ‘direito’ da opinião: Impor-se pela validade do seu conteúdo.

 

Respeito e Convivência

 

Muitas pessoas relacionam respeito com obediência, submissão, ou aceitação de imposições e valores inerentes a terceiros, em função de educação, atenção, civilidade ou hierarquia.

O dicionário define respeito como admiração, ou seja: alta opinião, estima, valor, reverência e atenção. O oposto é desrespeito, desconsideração ou desprezo.

Confúcio dizia: “Respeite-se a si mesmo e os outros irão respeitá-lo”.

Respeito é uma obrigação que devemos aos outros, mas, como tudo na vida deve sempre ser analisado em função de nós próprios e não dos outros, comece por se fazer algumas perguntas:

·      Qual é a sua definição de respeito?

·      Qual das versões apresentadas acima representa melhor a forma como você se vê?

·      Você tem admiração, ou uma alta opinião e respeito por si próprio?

·      Você mostra isso nas suas ações?

Auto-respeito não significa aquilo que fazemos, mas “quem somos”. É a valorização própria dos nossos sentimentos. É ser capaz de permanecer erecto e sentir orgulho genuíno da sua pessoa, com uma razão para justificar a própria existência. Ser capaz de gostar de nós mesmos, para nós mesmos, pelo que somos. O auto-respeito é a pedra angular sobre a qual muitos outros atributos são construídos, tais como honestidade, integridade, confiança, dignidade e honra. O nosso senso de respeito e valor legítimo, começa no nascimento e é forjado ao longo da infância. É através das atenções e carinho dos nossos pais que se cria o nosso senso de valor próprio. Ao longo da vida, este sentimento tem um forte impacto sobre nós, e nos força a tomar decisões que nos levem ao lídimo respeito. Se conseguirmos sempre tratar com estima o nosso “eu” autêntico, vai ser sempre grande a perspectiva de manter alto esse aprazimento! O nosso senso natural é determinado pela forma como absorvemos os impactos e contusões da vida, pela nossa natureza optimista ou pessimista, e pela nossa flexibilidade perante todas as situações que se apresentem. Se usarmos ressentimentos, falsidade, desonestidade e mentiras, não é difícil prever que a nossa análise de auto-respeito, infelizmente, será prejudicada. Embora os outros possam mostrar respeito por nós, não podemos obter deles o auto-respeito, pois ele vem do nosso interior, e deve ser conhecido e vivenciado como a nossa própria verdade. Ele vem da nossa consciência.

Quando se busca uma existência mais autêntica, descobre-se que ao reprimir ressentimentos, e ao usar a compreensão, reconhecendo e aceitando as nossas próprias culpas, se ganha também um sentido mais claro do nosso respeito próprio e das nossas necessidades. E o que pode parecer um paradoxo é que, quando praticamos o auto-respeito, ganhamos também maior respeito pelos outros.

E como nós sabemos se estamos no caminho certo?

Podemos fazer um pequeno exame pessoal, com estas perguntas:

·      Será que eu respeito os meus valores?

·      As minhas opiniões são pautadas em conhecimento?

·      As minhas acções seguem a moral e têm um cunho legal?

·      As minhas intenções são integras ou manipulantes?

·      A minha motivação é real ou movida por orgulho e ambição?

·      Qual é o significado de respeito para mim?

·      Onde posso fazer ajustes para que me tornar mais autêntico comigo próprio?

Respeito e confiança não são valores adquiridos. São atributos que precisam ser comprovados e recebem reciprocidade no comportamento dos outros. Se sentirmos que não temos o respeito de outras pessoas e nos preocuparmos com isso, talvez cheguemos à conclusão de que não mostrámos a elas muito respeito por nós próprios. Se nos sentirmos desrespeitados, uma análise do nosso comportamento neste processo, sempre nos levará à conexão necessária para uma compreensão. Ou estamos a aceitar de terceiros um comportamento medíocre para obter a aprovação deles, ou não tratamos as pessoas de acordo com o esperado. Uma vez que se consiga encontrar a causa raiz, e se fizerem as correcções necessárias, o respeito e a confiança mútuos serão geralmente restaurados, pois esses sentimentos somam-se ao conceito poderoso de respeito. Quando mostramos respeito a outro ser humano, adicionamos uma experiência maior à sua vida além de outras perspectivas, mas também somos beneficiados pelos seus efeitos. O respeito é um presente que damos aos outros. Não é algo que se pode exigir.

Respeito significa muita coisa, para muita gente diferente.

 

Respeito e Obediência

 

O respeito precede a obediência. É evidente que se pode obter a obediência usando medo, mas neste caso não é realmente obediência. Quando as pessoas obedecem por receio, sem respeito, não vão obedecer a longo prazo, nem procurarão esforçar-se por atingir os objectivos. Farão apenas o que tem de ser feito, por algum tempo, mas ficam a aguardar a primeira oportunidade que se apresentar para quebrar essa regra. Ou vão encontrar alguma forma enganosa, na tentativa de fazer o que quiserem sem serem apanhados. A obediência baseada no medo de ser punido, perder o emprego ou outra atitude semelhante, sempre produzirá ressentimento que, por sua vez, irá criar uma barreira de longo prazo na colaboração produtiva. Não se pode exigir respeito e resultados, sem cooperação e confiança mútua.  Quando se respeita alguém, esse sentimento é natural e voluntário. É uma questão de confiança. O respeito é ganho através de uma relação que duas ou mais pessoas estabelecem entre si, com interacção baseada na compreensão, na estima e na opinião positiva mútua. A pessoa no escalão abaixo, aprende a confiar nas opiniões da pessoa acima dela. A pessoa acima, seja chefe supervisor ou outro, consegue seguidores muito mais dispostos a fazer o que lhes é indicado, pois estes o fazem por desejo próprio de agradar.

 

Respeito e Liderança

 

Em nosso entender, respeitar é uma das principais obrigações de liderança, e aprendi isso com muitos exemplos positivos e negativos que vi demonstrados por dirigentes ao longo da minha carreira.

Demonstrar respeito como um líder, significa tratar a todos com o mesmo grau de consideração, independentemente da posição, título, cargo ou mandato. Ninguém tem que "ganhar o respeito do chefe" embora possa sim, perdê-lo. Não se demonstra respeito a ninguém, mantendo-o afastado e chamando-o apenas para cumprir ordens.  Pedir às pessoas opiniões ou ideias e ouvi-las é uma demonstração de respeito. Valores apresentados apenas como palavras em uma placa não significam nada, é necessário que cada líder deixe claro à sua équipa o que isso realmente significa, e o demonstre no seu comportamento do dia-a-dia. Cada um tem as suas próprias interpretações, mas os exemplos é que conquistam as pessoas. É sempre importante dar uma manifestação visível de que valores são parte integrante de uma organização tal como as normas e as regras, e não apenas parágrafos de um folheto de recrutamento. Quando o pessoal vê isso acontecer, especialmente entre os altos dirigentes da organização, sabe que eles levam a sério os valores que anunciam como válidos para os seus empregados. 

A questão coloca-se pois, em como poderemos considerar um gestor como líder eficaz.

As pessoas em posições de liderança que só exigem, não têm a correcta noção do que é comandar.

Várias coisas definem os líderes eficazes.

Eles não podem ser tensos. Precisam estar abertos para mudar as suas mentes, ainda que com cuidado para não parecerem inseguros.

Devem aceitar que as pessoas cometem certos erros, desde que aprendam com eles. Acima de tudo, o líder eficaz procura ajudar as pessoas a melhorar no que estão a fazer. Como consequência, prepara auxiliares úteis o que é singularmente gratificante.

Eu ainda pertenço ao grupo desses rústicos antiquados que acreditam em obrigações e responsabilidades. Obediência e respeito andam de mãos dadas.

 

Autoridade, medo e respeito

 

A autoridade parece ter dois pilares onde se apoia: medo e respeito. No entanto, podemos ver que a fonte da autoridade de um gestor é quase sempre apresentada como uma combinação de quanto é temido, com o quanto é respeitado.  Muitas vezes, os que ocupam posições de autoridade esperam, e tentam exigir, que os outros abaixo mostrem sentido de conjunto e organização. Mas não se preocupam em ganhar respeito primeiro, mostrando-se interessados nos sentimentos e necessidades dos seus subordinados. Com essa atitude, podem apenas demonstrar que o seu poder é realmente baseado no medo, e os resultados que aparecerão mais tarde podem deixá-los frustrados, impotentes, confusos e ressentidos. A confusão entre respeito, obediência e medo, abrange da mesma forma, gestores, professores e pais, que muitas vezes acreditam ao ouvir "Sim, Senhor / não, Senhor," estarem a ser plenamente respeitados. É de certo modo perigoso, qualificar medo como respeito: o medo é intoxicante.

§  Medo destrói a autoconfiança. O respeito cria-a.

§  O medo é fatal. O respeito reforça a convivência.

§  O medo é forçado. O respeito é ganho.

§  O medo é assimilado. O respeito é conquistado.

§  Confundir os dois cria problemas graves. 

O facto de que uma pessoa ocupa uma posição de autoridade, não significa que exerça poderes de forma a merecer estima. O facto de nos submetermos a certas autoridades designadas, não significa que somos obrigados a dar-lhes o nosso respeito.

Obediência e respeito não são sinónimos. Obedecemos porque a nossa civilidade nos leva a isso e acreditamos no estado de direito, embora ele seja imperfeito.

 

De Onde vem o Respeito

Já vimos que respeito é algo que se conquista. O respeito do outro, vem voluntariamente e aparece como sentimentos, impulsos e pensamentos positivos, em relação à pessoa em consideração.  O respeito assemelha-se a um boomerang, no sentido de que se deve enviá-lo e esperar que ele volte.

O respeito não pode ser exigido ou forçado, embora às vezes, pessoas acreditem que sim, erroneamente. Para ganhar o respeito de alguém, é preciso respeitar os seus sentimentos e a sua pessoa. Tentar entender as suas crenças, os seus valores e as suas necessidades, dando-lhe a oportunidade de resolver os seus problemas sem o subestimar.

Evitar dizer-lhe o que “necessita” ou “deve fazer”, dar-lhe conselhos não solicitados, sermões e palestras.

Se os que estão em posições de poder e autoridade, não respeitam as carências e os sentimentos daqueles que comandam, não ganharão nunca o seu respeito. 

 

Crítica e Razão

 

Aristóteles dizia que “a crítica é um sentimento inerente à própria humanidade” [2]. Embora concordemos plenamente com o douto mestre, em nossa opinião o sentido crítico deveria ser sempre usado com discernimento, pois na maior parte dos casos é disparado sem embasamento ou conhecimento suficiente das matérias tratadas, servindo apenas para descarregar o ego daqueles que se sentiram ofendidos por alguém ousar defender pensamentos conflitantes com as suas opiniões. As pessoas têm tendencia a esquecer que, ao aceitarem um cargo e uma responsabilidade numa empresa, aceitam também, tacitamente, as directrizes desta, desde que, evidentemente, estas não sejam  abusivas ou cerceadoras dos direitos fundamentais. O crítico inconveniente, esquece que, para se fazer um julgamento válido, deve-se ter conhecimento de todas as vertentes do processo, sem as quais qualquer avaliação carece de fundamento.

É hábito corrente criticar os colegas, os chefes, os diretores e todos os que, em luta pela sobrevivência, são obrigados a se posicionar, diariamente, para fazer funcionar uma unidade hoteleira.

Parece-nos que este tipo de atitude, além de uma demonstração de pouca capacitação cívica, conflita com as teses académicas, de que a crítica (quando construtiva), ajuda a melhorar a capacidade individual, seja de um profissional, um artista, um político ou de outra ocupação. Mas a crítica negativa, por afrontosa e imoral, desmerece e desclassifica os seus patrocinadores.

Como ajuda para os que estiverem interessados em encaminhar a sua capacidade crítica numa direcção produtiva e de resultados positivos, ajudando a manter uma cultura optimista e terminante nos lugares onde trabalhem, daremos um pequeno texto de iniciação que poderá ser complementado com outros estudos sobre o assunto.

 

Crítica

1. Análise, feita com maior ou menor profundidade, de qualquer produção intelectual (de natureza artística, científica, literária, etc.) ou dos actos e acções de terceiros. = APRECIAÇÃO

2. Capacidade de julgar.

3. [Figurado] Opinião desfavorável. = CENSURA, CONDENAÇÃO

 

Razão

(do latim ratio, - onis, cálculo, consideração, livro de contas, relação, inteligência, raciocínio, motivo).

s. f.

1. O conjunto das faculdades intelectuais. = COMPREENSÃO, INTELIGÊNCIA

2. Fonte do raciocínio.

3. Capacidade para decidir, para formar juízo ou para agir de acordo com um pensamento. =

 

DISCERNIMENTO, JUÍZO, LUCIDEZ

4. Comportamento ou pensamento que se considera justo, legítimo ou correcto. = LEGITIMIDADE

5. Justiça, dever, equidade.

6. Raciocínio que conduz a outro ou a uma conclusão. = ARGUMENTO

7. Aquilo que explica alguma coisa ou que faz com que algo exista ou aconteça. = CAUSA, MOTIVO

8. Prova, fundamento.

 

A palavra “crítico” tem a sua origem no grego Kritikos, aquele que discerne, e surge a partir da antiga krités também grega, que significa: pessoa que oferece julgamento fundamentado ou análise, juízo de valor, interpretação ou observação. Os críticos modernos, que incluem tanto profissionais como amadores, dedicam-se a julgar ou interpretar desempenhos e outros trabalhos e, normalmente, publicam as suas observações em periódicos, estações de rádio ou de TV. Críticos são numerosos em determinados campos, incluindo arte, cinema, música, teatro, gastronomia, e publicações científicas. A crítica nestes casos é o estudo, avaliação e interpretação da literatura, movimentos sociais, cinema, artes e objectivos semelhantes ou eventos relacionados, com a análise dos méritos e lacunas da obra ou acções de um indivíduo ou de um grupo, por uma terceira parte (o crítico). Criticar não implica necessariamente encontrar falhas, mas a palavra é muitas vezes entendida por preconceito, como sendo uma expressão de objecção ou desaprovação. O objectivo principal da crítica é analisar e descrever o trabalho ou evento mais detalhadamente, de forma a que ele seja entendido pelo grande público.

Uma crítica lógica e factual é geralmente considerada importante ao assegurar e dar coerência, autenticidade e previsibilidade à informação, para criar um sentido apropriado de comportamento, e orientar de forma eficaz as escolhas comportamentais.

 

DIFERENÇAS CRÍTICAS

Crítica negativa

Significa manifestar oposição a algo, apenas com o propósito de mostrar que está errado, falso, equivocado, sem sentido, desagradável ou de má reputação. Críticas negativas são também muitas vezes interpretadas como um ataque pessoal (ad hominem).

Crítica construtiva

Tem como objectivo mostrar que a intenção ou propósito de alguma coisa seria melhor se fosse usada uma abordagem alternativa. Neste caso, a crítica não é necessariamente considerada errada, e o seu propósito é respeitado, ao alegar que o mesmo objectivo poderia ser melhor alcançado, através de um caminho diferente.

Tanto as críticas negativas, como as construtivas, têm os seus usos adequados, mas muitas vezes é considerado necessário o uso combinado de ambas.

Seria sempre importante e altamente construtivo, que aqueles que apontam as falhas, apresentassem também uma opção correcta para os erros indicados, embasando assim a sua crítica, com alguma capacidade criativa.

 

Críticas prática e teórica

Criticas práticas, são objecções a algo que não funciona na sua realidade prática, devido a alguma razão ou causa. As pessoas usam dizer, "pode ser óptimo na teoria, mas na prática não funciona" ou “na prática a teoria é outra”. Crítica prática geralmente usa uma experiência prática relevante, para indicar uma prática equivocada. A crítica teórica preocupa-se com o significado de ideias, incluindo aquelas em que uma prática se baseia. Preocupa-se com a coerência ou significado de uma teoria, a sua correspondência com a realidade, a validade da sua finalidade, e as limitações do ponto de vista que ela oferece. Teorias podem ser criticadas a partir do ponto de vista de outras teorias.

 

Crítica moral

A Crítica Moral é basicamente preocupada com os erros e acertos de valores, de ética ou normas que as pessoas defendem, ou das condições que as pessoas enfrentam. Existem muitas formas de crítica moral, tais como: Mostrar que as acções tomadas são inconsistentes ou incompatíveis com certos valores a serem respeitados, ou apresentar valores considerados desejáveis. Contrapor um conjunto de valores a outro, com a alegação de que esse conjunto é melhor. Argumentar que certos valores são intrinsecamente censuráveis, independentemente de algo que neles possa ser relevante. Argumentar que certos valores devem ser adoptados, ou rejeitados, por algum motivo.

 

A psicologia da crítica

A psicologia da crítica está principalmente preocupada com a motivação ou a intenção que as pessoas têm ao fazer críticas. Essa motivação pode ser racional ou não racional, ser arbitrária, ou pode ainda ser saudável ou não.

Indivíduos com transtorno de personalidade dependente, estão prontamente dispostos a se "autocorrigir" em resposta às críticas e perdem a sua capacidade de auto conduta, bamboleando ao sabor das críticas que recebem.

Na crítica construtiva, o foco está em melhorar o conteúdo de uma obra ou comportamento de uma pessoa, evitando atacar a fonte do trabalho ou do comportamento. Essa crítica é cuidadosamente enquadrada na linguagem dos politicamente sensíveis, reconhecendo muitas vezes que o crítico também pode ter uma perspectiva total ou parcialmente equivocada. As ofensas, provocações ou a linguagem abertamente hostil são evitadas, e a crítica construtiva ideal deve ser entremeada com frases como "eu sinto...", "É do meu entendimento que..." e assim por diante.

Os críticos deveriam sempre tentar se colocar na posição da pessoa criticada, e seguir uma arte de crítica verdadeiramente construtiva: Ser bem-intencionado, não é uma condição necessária nem suficiente para criticar de forma construtiva, já que se pode ter boas intenções, mas apresentá-las de forma pouco correcta, ou intenções egocêntricas mas colocadas de forma apropriada. Uma noção consistente e central é a de que a crítica deve ter o objectivo de melhorar uma situação, algo que geralmente é obstruído se for usada uma linguagem hostil ou ataques pessoais.

Um estilo de crítica construtiva emprega o método "entremeado", em que cada crítica potencialmente severa é acompanhada por alguns elogios. A ideia é ajudar a pessoa criticada a se sentir mais confortável, e mostrar que a perspectiva do crítico não é totalmente negativa. É uma formula que goza do maior conceito, a que defende uma crítica focada na manutenção de relações saudáveis ​​e que fica atenta ao positivo, assim como ao negativo 

Hipercriticismo ou exagero crítico é uma característica de certos tipos de personalidade, coloquialmente conhecidos como provocativos ou irritantes. Agressividade crítica é infelizmente trivial, mas desnecessária e injustificada. Reclamar por ironia ou constantemente apontar falhas, fazer críticas ou censuras inapropriadas, são atitudes reprováveis.

Hipocriticismo é a crítica por alguém hipócrita que censura terceiros, mas não o mesmo que a pessoa a quem está criticando. A hipocrisia envolve embuste e falsidade aos outros, sendo uma forma de mentira.

A autocrítica define o acto de apontar erros próprios importantes, cometidos contra as suas próprias crenças, pensamentos, acções, comportamentos ou resultados, e pode fazer parte da reflexão privada e pessoal ou de um grupo de discussão, acompanhado ou não de terapeuta credenciado. A maioria das pessoas consideram a autocrítica como uma forma de análise tão saudável quanto necessária.

 

CONHECER O “HOMEM” (O SER HUMANO)

 

Sigmund Freud, Carl Jung, Carl Rogers e outros pesquisadores da mente humana, contribuíram para a análise e compreensão do comportamento, com os seus estudos e as suas teorias.

Sendo a hotelaria uma indústria de pessoas, por pessoas, para pessoas, é importante conhecer e analisar os trabalhos destes estudiosos, como orientação para melhorar o relacionamento entre os intervenientes neste triangulo. Freud acreditava que a psique humana é inconsciente, e que os impulsos são a causa de determinados comportamentos. Apoiava a psicanálise, método que é usado para investigar a mente e reunir informações sobre esta.

Acreditava também que a identidade pessoal se compunha de três partes, o id, o ego e o superego, e que os impulsos e propensões dentro de uma pessoa são os responsáveis pelo comportamento destas. O princípio do prazimento baseia-se no facto de que o comportamento é condicionado pela necessidade de evitar a dor ou o desconforto, e aumentar o prazer ou a satisfação. Freud acreditava também que as pessoas utilizam mecanismos de defesa para lidar com os pensamentos e emoções indesejados, e que o estudo desses mecanismos pode indicar a personalidade de um indivíduo e como ele reage numa determinada situação.  O carácter é inato, mas a personalidade é influenciada e podemos até dizer, formada, nos vários estágios do crescimento humano, pela convivência. Para conduzir a comportamentos positivos, os estágios (que são cientificamente apresentados como três), devem ter uma consecução equilibrada entre si, ao longo das suas alterações e desenvolvimento.

A identidade pessoal (que muitos chamam personalidade),estrutura-se através da informação recebida de três fontes, ao longo da sua formação: A Família, a Escola e Os grupos sociais onde o indivíduo se insere.

 

Da família, o individuo recebe noções sobre:

·        Medo ou destemor,

·        Preconceito ou tolerância,

·        Crenças ou cepticismo,

·        Noções de educação e convivência,

·        Juízos de Valor (positivos ou negativos),

·        Bases para um estilo de vida,

·        Dependência ou independência,

·        Ânimo ou fraqueza,

·        União ou discórdia,

·        Respeito ou desobediência,

·        Arrogância ou humildade,

·        Rigidez ou flexibilidade,

·        Modelo de virtudes (paterno ou materno), entre outros.

 

Na escola, obtém-se:

·        Boa ou má instrução,

·        Socialização (positiva ou negativa),

·        Confiança no grupo, ou insegurança em relação a este,

·        Admiração ou aversão à autoridade,

·        Gosto de aprender, ou repulsa à aprendizagem,

·        Identificação positiva ou negativa com o mestre,

·        Sentimento de cidadania.

 

Os grupos sociais onde o indivíduo se insere transmitem:

·        Modelos comportamentais (positivos ou negativos),

·        Liderança (positiva ou negativa),

·        Cooperação ou individualismo,

·        Agressividade (construtiva ou destrutiva).

 

Neste encadeamento de matrizes, o indivíduo desenvolve a capacidade de entender e participar construtivamente do contexto social em que está incluido, num processo que evolui, tanto pela vontade própria como pela habituação, e conduz à formação da identidade pessoal ou personalidade.

·        Modelos

.

 

Rápida Incursão no Campo dos Sentimentos e Emoções Humanas

 

Não pretendo, de forma alguma, tornar este meu textu uma bíblia comportamental, mas acho que muitos dos problemas enfrentados, tanto no trabalho como na vida, são originados por erros ou deficiências no relacionamento entre as pessoas, pelo que, a meu ver, tudo que possa ser feito no sentido de melhorar essa lacuna, é um esforço que merece ser empreendido, tendo em vista que a hotelaria e o turismo estão centrados no relacionamento. Procuro apresentar os assuntos que, a meu ver, podem ajudar nesse propósito, deixando aos interessados a busca do desenvolvimento destes, através de um estudo mais aprofundado.

Presenciei, muitas vezes, com apreensão e não menos constrangimento, situações de risadinhas e comentários maldosos nas costas dos hóspedes, apenas porque eles tinham tido solicitações, gestos, atitudes ou palavras que não se enquadravam nos padrões sociais dos funcionários.

Com estes comportamentos de despreparo profissional, eles julgavam estar a apresentar uma atitude superior, quando afinal apenas demonstravam espírito tacanho e falta de um pensamento universal, o que limitava o seu mundo, aos seus restritos conhecimentos.

Uma grande parte das pessoas tem tendência a analisar ou avaliar os outros, usando como base comparativa dessa avaliação, a sua persona, os seus valores ou as suas bases morais, o que é uma atitude errada e pode caracterizar preconceito, estereotipo, ou egocentrismo, sentimentos rejeitáveis como base de relacionamento social.

Do mesmo modo que nunca devemos nos aferir por comparação com terceiros que eventualmente admiramos, também nunca devemos avaliar os outros colocando-nos como padrão.

Cada pessoa tem a sua própria maneira de ser, baseada em caracter, temperamento, educação ou convivência, pelo que é importante compreender as formas diferentes como as pessoas reagem a diferentes situações, pois isso pode ajudar a comunicação com elas. Pessoas educadas, normalmente resguardam os seus sentimentos negativos, a menos que sejam extremamente temperamentais, quando não conseguem pôr essa capacidade em prática, por motivos alheios a si próprios.

O ser humano age de acordo com o seu caracter, e reage através de emoções e sentimentos, que de certo modo também são comandados por aquele.

Devido à sua complexidade, a psicologia não conseguiu, até hoje, determinar a linha divisória entre as emoções e os sentimentos, mas podemos, no entanto, fazer uma distinção empírica entre uns e outros, usando a nossa capacidade de análise.

Emoção é criar ou antecipar uma ação. Sentimentos são a expressão da emoção interna, e diferentes das sensações corporais ou estados: "sentir frio" ou "sentir-se deprimido". A emoção “está por trás” ou “vem antes” do sentimento. Por vezes gera este, que se manifesta como resultado secundário ou terciário da emoção. A origem comum dos sentimentos aparece sempre como efeito directo de uma situação. Ao conseguir a atenção ou a aprovação de alguém, a pessoa sentirá prazer, alegria e felicidade. Se ficar sozinho por algum tempo, o indivíduo vai começar a sentir solidão. Se alguém lhe disser que não gosta de si, você vai se sentir rejeitado e reprovado.

Emoções, por outro lado, são uma resposta secundária ou indirecta ao ambiente que nos rodeia, com base nas análises do nosso interior aos processos que nele vivencia. Uma combinação de pensamentos em conflito, entre si ou com a realidade, produz uma reacção mental, com sensação geralmente desagradável, que chamamos emoção. Emoções típicas são medo, raiva, ansiedade e culpa, embora o notável professor e psicólogo Robert Plutchik tenha listado seis tipos de emoções, como sendo os básicos ou principais: medo, alegria, amor, tristeza, surpresa e raiva. Um sentimento não está ligado a nenhum pensamento e, num aspecto geral, é o que podemos sentir em qualquer parte do nosso corpo. Podem ser sensações do corpo, como quente ou frio, dor, um toque, ou podem ser sentimentos associados às emoções, como amor ou ódio, alegria ou raiva.  Sentimentos gerados por meios extracorpóreos são chamados “sensações do corpo” ou simplesmente 'sensações'.  Emoções, por outro lado, são sentimentos ou reações sobre alguém ou algo e geralmente envolvem0 o nosso ego. Estamos com raiva de alguém, medo de algo, ou amor por alguém.

Identificar os estilos pessoais é uma chave para melhor entender os outros, pois as pessoas tendem a relacionar-se com o mundo em torno de si de variadas maneiras. Os quatro estilos mais apontados, que no fundo indicam as virtudes ou qualidades particulares de cada indivíduo[3], são: observador, amável, expressivo e impulsor, com as características correspondentes.

Conhecê-los e ligá-los ao comportamento pessoal de cada um à nossa volta, observando também as emoções e os sentimentos exibidos nas ocasiões correspondentes, é um passo importante para facilitar a convivência e um bom ambiente, tanto de trabalho, como social ou familiar.

 

 

Características Negativas de Algumas Pessoas

 


afectação

ambição

apatia

arrogância

autoritarismo

avareza,

cobardia

complacência

crueldade

desrespeito

desonestidade

distanciamento

egocentrismo

egoísmo

ganância

hipocrisia

hostilidade

imaturidade

impensado

implacabilidade

irreverencia

indecisão

indelicadeza

indisciplina

indiferença

inflexibilidade

ingratidão

insatisfação

insegurança

insensibilidade

insinceridade

intolerância

inveja

irreflexão

irreverência

irritação

malícia

manipulação

má vontade,

mentira

mesquinhez

não cooperação

ódio

pessimismo

preguiça

pretenciosismo

prodigalidade

rancor

rebeldia

rigidez

recalcitrância

relutância

ressentimento,

maldade

rudeza

tacanhez

teimosia,

temeridade

vaidade

violência


 

Embora não seja preponderante, é importante também considerar, quando se trata do relacionamento entre pessoas, o vasto campo das emoções, sobretudo na análise e tomada de posição, nos problemas do dia-a-dia. A palavra “emoção” engloba uma ampla gama de sentimentos, comportamentos e mudanças, tanto no corpo como na mente.

Estas emoções por sua vez, geram efeitos secundários ou mesmo terciários, numa continuidade do processo inicial. Uma pessoa pode, por exemplo, sentir-se envergonhada ou culpada depois de experimentar a emoção primária de tristeza, ou de raiva. As emoções básicas, tal como os sentimentos subsequentes, secundários e terciários, são quase sempre responsáveis pelo comportamento dos indivíduos, pelo que vale a pena dissecá-las para um melhor conhecimento.

 

Medo

O medo é a resposta ao pressentimento de perigo iminente. É um mecanismo de sobrevivência ou uma reacção a algum estímulo negativo. Pode ser um sinal leve, ou uma fobia extrema. Se o medo é leve toma o nome de receio, mas se o perigo parece grande, é um "medo real". Uma emoção secundária nesta categoria é o “nervosismo”, e os vários sentimentos terciários são:


           ansiedade

           apreensão

           angústia

           pavor

           tensão

           mal-estar

           preocupação


 

Como emoção secundária aparece ainda o "horror" e, como emoções terciárias:


           alarme

           susto

           temor

           histeria

           mortificação

           pânico

           choque

           terror


 

Alegria

Alegria ou felicidade estão ligadas a satisfação e prazer. Conduzem a uma sensação de bem-estar interior, paz, amor, segurança e contentamento.

A primeira emoção secundária é “regozijo”. Este compreende uma série de emoções terciárias como:


           divertimento

           êxtase

           euforia

           bem-aventurança

           exaltação

           deleite ou enlevo

           felicidade

           júbilo


 

O “estímulo” inclui-se aqui como sentimento secundário, pois ele é gerado pela satisfação e abrange diferentes emoções terciárias como:


           entusiasmo

           excitação

           alegria

           emoção


Outras emoções abarcadas nesta categoria são: contentamento, alívio, optimismo, orgulho e fascínio.

 

Amor

Pessoalmente, não acredito no amor tal como ele é descrito e difundido, mas acredito e valorizo uma boa e sincera amizade. No relacionamento intersexual, acho que o amor é apenas atracção física, que se caracteriza melhor por carinho, afecto, atenção ou ternura. Faço excepção ao amor maternal, única forma que aceito como verdadeira deste sentimento. O amor, segundo a psicologia, nasce de um sentimento de unidade profunda. Pode ser platónico, romântico, religioso ou familiar, com algumas nuances em relação ao amor gerado por ligação, amizade, altruísmo e filantropia. De acordo com a definição da psicologia, amor é transmitir autoestima para terceiros. Nele há três sentimentos secundários – afecto, desejo, e concupiscência.

 

Afecto inclui os seguintes sentimentos terciários:


           carinho

           atracção

           adoração

          sentimentalidade

           cuidado


 

O desejo engloba sentimentos como:


           ânsia

           tentação

           avidez

           aspiração


 

A concupiscência está relacionada a diferentes emoções terciárias, tais como:


           excitação

           fanatismo

           paixão

           obcecação

           obsessão

           lascívia


 

Tristeza

Tristeza está sempre associada a um sentimento de perda ou desvantagem. Se esta sensação sufoca o indivíduo, pode levá-lo a um estado de depressão. Quando uma pessoa fica apática, menos enérgica e interiorizada, pode-se inferir que a tristeza existe. Tal indivíduo geralmente tem o corpo inclinado, e uma aparência abatida. Directamente relacionadas à tristeza, as seguintes emoções terciárias podem ser apresentadas:

 


  depressão  • infelicidade  • desgosto   • melancolia  • tristeza  • desespero


O “sofrimento”, emoção secundária, inclui dor, agonia e angústia. A “decepção” compreende emoções terciárias como desânimo e desagrado. “Vergonha” é uma emoção secundária que pode ser ligada a sentimentos terciários como culpa, remorso e arrependimento. “Descuido” ou “desmazelo” aparecem como emoção secundária, que pode ser gerada pelos seguintes sentimentos.

 

• insegurança  • alienação  • nostalgia  • constrangimento  • humilhação

 

Sentimentos de “simpatia” e “compaixão” também estão incluídos nesta categoria.

 

Surpresa

Surpresa significa encontrar-se perante um resultado ou situação inesperada. Quando se experimenta a surpresa, algumas alterações ocorrem, como elevação das sobrancelhas e das linhas horizontais na testa, boca aberta, e grandes olhos abertos. Dependendo da intensidade, a boca pode não abrir, mas apenas a mandíbula cai. Uma alteração momentânea das sobrancelhas é a evidência mais comum da surpresa. Emoções terciárias relacionadas são:

 

  espanto    assombro    estupefacção • sobressalto

 

Raiva

A raiva é gerada por situações ligadas à injustiça, conflito, humilhação, negligência ou traição. Se a raiva é activa, o indivíduo ataca o alvo, verbalmente ou fisicamente. Se a raiva é passiva, a pessoa silenciosamente amua, e sente tensão e hostilidade. Muitas vezes, porém, numa empatia com terceiros, a raiva pode ser exibida. Se o objectivo da fonte de dor é conhecido, a magnitude da raiva é alterada. Emoções ligadas à "raiva" aparecem como terciárias, sendo:

 • fúria    • ira   • amargura   • repugnância  •ressentimento   • ódio

 

“Frustração” e “exasperação” são tipos similares de emoções terciárias, enquanto que “irritação”, envolve emoções diferentes como:

• agitação • investida  mau humor

 

“Desgosto”, emoção secundária, desenvolve sentimentos terciários como:

• antipatia     aversão   • asco     revulsão  • desprezo

 

Alguns outros sentimentos terciários incluem “ciúme” e “tormento”.

 

Sentimentos humanos mais conhecidos

 


aceitação

afecto

agressão

ambivalência

amor

ansiedade

apatia

arrependimento

culpa

compaixão

confusão

constrangimento

desprezo

depressão

duvida

empatia

esperança

euforia

êxtase

frustração

gratidão

horror

hostilidade

nostalgia

histeria

interesse

inveja

lamentação

necessidade

ódio

orgulho

paranoia

pena

perdão

prazer

raiva

remorso

simpatia

sofrimento

solidão

tédio

tristeza

vergonha


 

Devido à vastidão e complexidade envolvidas, é difícil definir com precisão e anotar, todas as emoções e

sentimentos vividos pelos seres humanos. Eles são subjectivos, baseados na percepção e únicos para cada

indivíduo. Algumas pessoas podem ter mais do que outras, sendo designadas como “emotivas”. Diz-se

 também, que quanto mais emoções se experimentam mais colorida fica a vida. As emoções e os sentimentos

ajudam os humanos a se comunicarem, ao transmitirem o que sentem em relação a certas situações, pessoas

ou coisas, e ao lidar com ocorrências da vida quotidiana.

As emoções agem como um telégrafo, do qual apenas se torna necessário conhecer o código. Os sentimentos

exprimem o estado de espírito do indivíduo.

A criatividade no relacionamento interpessoal é uma saída activa para dar significado à nossa vida, e a cordura é um elo importante entre ambos. Esta combinação conduz à satisfação, alegria e felicidade na vida, e prepara-nos para o entusiasmo no nosso local de trabalho.

 

 

Análise do Sentimento de Humilhação

 

Porque já assisti também a muitas situações desagradáveis, criadas por pessoas que se diziam humilhadas decidi incluir aqui um pequeno texto sobre o assunto, para ajudar nesta questão.

Em princípio, gostaria de dizer que, na maior parte das vezes, as pessoas não são humilhadas, mas apenas se sentem humilhadas, porque o seu ego não aceitou algum tipo de situação que lhe pareceu agressivo.

Humilhação é um ataque directo ao orgulho, afronta, ultraje, vergonha, vexame, amesquinhamento, apoucamento, ou rebaixamento, que cria a mortificação ou leva a um estado de aviltamento, humildade forçada ou submissão.

Mas muitas situações de humilhação podem acontecer no dia-a-dia, sem serem tomadas como tal, ou sem que as pessoas lhes deem o mesmo valor que dão às vezes a um acto ou palavra menor, em momentos de excitação ou de descontrolo. Devemos estar preparados para identificar e punir a humilhação real, mas criar defesas que nos permitam enfrentar situações do quotidiano que nada têm a ver com este sentimento, e são apenas criadas por egos excessivamente valorizados, ou pouco calejados nas emoções do contacto diário.

Vejamos alguns exemplos de situações possivelmente humilhantes:

 

  • Ser ignorado, com o tratamento do silêncio, ou ter que esperar desnecessariamente.
  • Rejeição, sendo mantido distante, ignorado ou isolado.
  • Recusa do reconhecimento, ou manipulação do reconhecimento.
  • Negação de comodidades básicas sociais, das necessidades, ou da dignidade humana.
  • Ser manipulado ou tratado como objecto.
  • Ser tratado de forma injusta.
  • Dominação, controlo, manipulação, abandono.
  • Ameaças ou abuso, verbal, físico, psicológico ou sexual.
  • Assalto, ataque, ou lesão.
  • Redução na classificação, na responsabilidade, no título, no poder posicional, ou na autoridade.
  • Traição, ser enganado, ou defraudado.
  • Ser ridicularizado, escarnecido, provocado, ou feito aparecer como estúpido ou tolo.
  • Ser vítima de uma brincadeira de mau gosto.
  • Falsa acusação ou insinuação.
  • Vergonha pública, desrespeito, menosprezo.
  • Nudez forçada.
  • Estupro ou incesto,
  • Desonra.
  • Pobreza, desemprego, maus investimentos, dívida, falência, prisão, falta de moradia, punição, impotência.
  • Ser depreciado ou desdenhado nos seus valores, crenças, herança patriótica, raça, género, aparência, características, ou filiação.
  • Dependência, especialmente em pessoas mais fracas.
  • Ser forçado a submeter-se.
  • Ter violados, negados ou suprimidos, os seus direitos básicos.
  • Perder liberdades básicas pessoais, mobilidade de acesso ou autonomia; sendo controlado, dominado, explorado, ou manipulado.
  • Competência diminuída, em resultado de deficiência, ou imobilização.
  • Ser enganado, enfraquecido, aprisionado, ter seus objectivos frustrados, oposição sistemática, sabotagem, ou ser deixado de lado.
  • Recursos diminuídos por roubo, fraude, esbulho, expulsão, ou privação de privilégios, ou direitos.
  • Segurança reduzida por intimidação ou ameaça.
  • Ser tratado como um igual, por pessoa de menor estatura social.

 

Considerando que a humildade pode ser encarada como um meio de tirar ênfase ao ego, a humilhação envolve sempre outras pessoas, embora não necessariamente directa ou voluntariamente. Agir para humilhar pode também estar ligado a uma crença pessoal (como a mortificação da carne, em algumas religiões).

E apesar de que vergonha e humilhação são sentimentos humanos universais, as circunstâncias particulares e os casos que ocasionam humilhação podem também variar de uma cultura para outra. Um evento aceitável numa cultura pode causar grande ofensa, vergonha e humilhação noutra.

As vítimas de humilhação podem encontrar uma solução através de dois caminhos. Reavaliar a experiência humilhante de uma forma que restabeleça a sua capacidade de lidar com uma situação difícil, pois esta abordagem aumenta a autoconfiança e diminui o receio de ocorrência idêntica, ou como segunda opção, deixar o ambiente degradante e encontrar outro mais compatível com o seu direito a usar plenamente a sua dignidade humana.

A humilhação é actualmente um tema de pesquisa activa, e é visto como um importante e complexo núcleo dinâmico das relações humanas, tendo implicações intrapessoais, interpessoais, institucionais e internacionais. O bullying está sendo atacado em todas as áreas, por ser considerado uma das formas mais vis e baixas do sentimento humano.

 

A Ofensa

A ofensa é sempre uma provocação dolorosa, mas antes de entrar num círculo vicioso de vingança e revide, é importante resolver na sua própria mente, até que ponto o agravo o prejudica. O que ele representa para si.

 

Avaliar se é um ataque injustificado que não diminui o seu prestígio pessoal ou profissional, nem diminui a sua autoimagem, ou se a sua repercussão mancha a sua imagem pública e reputação; ou ainda, se ele é embasado e como tal pode ter reflexos negativos em todos os aspectos analisados.

Em seguida, reflectir e considerar o que a sua imagem representa para si. Se decidir que a ofensa é injustificada, pode simplesmente ignorá-la e solicitar ao seu agressor um pedido de desculpas. Mas o insulto pode ser uma retaliação por atitudes suas de arrogância, e pode conter uma mensagem importante que o ajudará a aprender. Se o agravo se justifica, pode fazer com que sinta vergonha e se decida a rever a sua autoimagem para melhor alinhamento com o seu prestígio pessoal. Qualquer provocação, porém, nunca se justifica se for uma tentativa de reduzir a importância do indivíduo, abaixo do limiar da dignidade humana.

 

Vingança é frequentemente procurada como uma retaliação para a humilhação, talvez impulsionada pela frase “proteger a honra” como justificação. Mas a vingança não pode ser um remédio eficaz para a humilhação, porque não faz nada para aumentar a dignidade da pessoa que a usa.

 

 

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[1] As culturas não se desenvolvem por raças, nacionalidades, etnias ou procedências, mas entre grupos de pessoas em convivência permanente. Os povos do Norte, têm uma cultura própria, tal como os Paulistas ou os Rtograndenses têm a sua, enquanto no Rio, os cariocas têm cultura diferente dos cearenses, ou os pescadores e povos ribeirinhos em relação aos serranos. Nas grandes cidades, os grupos de jovens desenvolvem as gangs, e criam a sua cultura própria, diferente umas das outras.

 

[2] Entenda-se como Natureza Humana.

[3] É importante notar que estou colocando aqui para serem observadas, apenas qualidades positivas dos indivíduos, contrapondo este posicionamento ao habitual entre as pessoas, que começam sempre por examinar os pontos negativos de alguém para classificá-lo. Todos temos defeitos. É importante por isso que nos habituemos a começar pelo aceitável das pessoas, antes de passar ao negativo, para ajudar a corrigir este se tal for possível.

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