Extratos do meu Livro Introdução à Hotelaria
DIRECÇÃO E GESTÃO em hotelaria -
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Comportamentos de Liderança
Desenvolvimento de habilidades de liderança e estilo
Habilidades de liderança por si só não fazem
os líderes - estilo e comportamento, fazem. Mas quem estiver interessado
na formação e desenvolvimento em liderança, deve começar por analisar o real comportamento de liderança, pois a
maior parte das habilidades estão ligadas a esse aspecto gerencial.
·
Integridade
- o requisito mais importante; sem ele todo o resto equivale a nada.
·
Nunca
ficar emocionalmente negativo com as pessoas - não gritar ou resmungar, mesmo
que se sinta muito aborrecido ou irritado.
·
Liderar
pelo exemplo - ser visto sempre como um trabalhador mais diligente e mais
incisivo do que qualquer outro.
·
Estar
ao lado do seu pessoal, pronto para ajudar quando eles precisarem.
·
Equidade
- tratar a todos igualmente e no mérito.
·
Ser
firme e claro para lidar com o mau comportamento ou o gesto antiético.
·
Ouvir
e realmente entender as pessoas, e mostrar-lhes que as compreende (isso não
significa que tem que concordar com todos - entender é diferente de concordar).
·
Partilhar
sempre a responsabilidade pela culpa ou por erros do seu pessoal, desde que eles
não sejam motivados por atitudes pessoais ou de retaliação.
·
Dar
sempre aos seus liderados o crédito pelos seus sucessos.
·
Nunca
fazer a autopromoção. Aparecer apenas pelo apoio dado ao seu pessoal.
·
Ser
visto como tomando sempre decisões justas e equilibradas. Mesmo que a decisão
seja delegada ou não se venham a tomar outras providencias, se for caso disso.
·
Pedir
a opinião das pessoas, mas manter-se neutro e esclarecido.
·
Ser
honesto, mas sensível na maneira de dar uma má notícia ou fazer uma crítica.
·
Fazer
sempre o que prometeu que iria fazer - manter as suas promessas.
·
Trabalhar
duro para tornar-se especialista no que faz, tanto tecnicamente como na
compreensão das pessoas, das suas habilidades técnicas e desafios.
·
Incentivar
as pessoas a crescer, a aprender e a assumir, tanto quanto quiserem, mas a um
ritmo que possam manter.
·
Acentuar
sempre o lado positivo do falar (“fazer assim”, em vez de “não fazer assim”).
·
Sorrir
e incentivar os outros a serem felizes e usufruírem do seu dia-a-dia.
·
Relaxar
- rompendo as barreiras e o temor da liderança - e dando ao seu pessoal
momentos para se conhecerem e respeitarem uns aos outros.
·
Tomar
notas e manter bons registos.
·
Planeamento
e priorização.
·
Gerir
bem o tempo e ajudar os outros a fazê-lo também.
·
Envolver
o seu pessoal no seu pensamento, e especialmente na gestão da mudança.
·
Ler
bons livros, e procurar bons conselheiros, para o ajudarem a desenvolver a sua
compreensão de si próprio, e nomeadamente do seu pessoal e dos problemas que
envolvem o negócio; ter em conta que alguns dos melhores livros de
liderança não são sobre o negócio - eles são sobre pessoas que triunfaram
sobre a adversidade .
·
Realização
das tarefas da empresa e obtenção dos objectivos, mantendo a sua integridade, a
confiança do seu pessoal, e um equilíbrio entre os metas empresariais e as
necessidades do mundo à sua volta.
Análise histórica da Liderança
A
Liderança é normalmente apresentada como um processo de influência social
através do qual uma pessoa pode mobilizar a ajuda e o apoio de outras pessoas
na realização de uma tarefa comum mas, através dos tempos, surgiram outras
definições mais abrangentes partidas de várias fontes.
Alan
Keith declarou que "Liderança, em ultima instancia, é a criação de um
sentimento que leve as pessoas a contribuir para fazer algo extraordinário
acontecer."
Tom
DeMarco, disse que a liderança deve ser identificada pela postura ou atitude de
um individuo em relação ao grupo.
Estudantes
da liderança produziram teorias que envolvem traços situacionais como
interacção, função, comportamento, visão e valores, carisma e inteligência,
entre outros.
A
busca das carácterísticas ou traços que definam os líderes, está em curso há
muitos séculos através da História, e tem grande análise tanto nos escritos
filosóficos da Republica de Platão
como em Vidas de Plutarco, ambos
explorando a questão "Que qualidades distinguem um indivíduo como um
líder?”
Essa
busca levou ao reconhecimento da importância da liderança, e ao pressuposto de
que ela está enraizada nas carácterísticas pessoais de certos indivíduos, pelo
que, perfilhando esta idéia de que a liderança se baseia em atributos
individuais, foi criado um guia base, conhecido como “teoria da liderança.”
Este
ponto de vista sobre liderança e a correspondente teoria, foram profundamente
explorados em um número de obras no século passado, sendo notáveis os escritos
de Thomas Carlyle e Francis Galton, cujas obras sintetizaram décadas de
pesquisas anteriores. Em Heroes e Hero Worship (1841), Carlyle identifica
os talentos, habilidades e carácterísticas físicas dos homens que subiram ao
poder. Em Genius Hereditários, Galton
(1869) examinou as qualidades de liderança nas famílias de homens poderosos, e
depois de mostrar que o número de parentes eminentes caia quando se fazia a
análise a partir do primeiro grau para os parentes de segundo grau, Galton
concluiu que a liderança era herdada. Em outras palavras, os lideres eram
natos, e não desenvolvidos.
Durante
espaços longos de tempo, essa perspectiva serviu de base e dominou todos os
trabalhos empíricos e teóricos sobre liderança. Usando técnicas da pesquisa
inicial, os pesquisadores realizaram mais de uma centena de estudos, propondo
uma série de características que podem distinguir os lideres dos não-líderes:
inteligência, dominância, persistência na adaptabilidade, integridade, status
sócio-económico e autoconfiança, para citar apenas alguns.
No
final dos anos 1940 e início dos anos 1950, porém, uma série de análises
qualitativas desses estudos feitas por (Bird, 1940; Stogdill, 1948 e Mann, em
1959) levaram a que os pesquisadores tivessem uma visão radicalmente diferente
das forças motrizes da liderança.
Fazendo
revisão da literatura existente, Stogdill e Mann descobriram que enquanto
algumas carácterísticas eram comuns em toda uma série de estudos, as provas
globais sugeriam que pessoas que são líderes em uma situação podem não ser,
necessariamente, líderes em outras situações.
A
partir dessa nova visão, a liderança não poderia mais ser carácterizada como um
traço individual permanente, visto que os indivíduos podem ser eficazes em
certas situações, mas não em outras, e esta abordagem dominou grande parte da
teoria da liderança e a pesquisa nas décadas seguintes.
Até
então, a liderança tinha sido analisada sob o aspecto político e da condução de
massas, mas com a evolução da economia e o progresso da gestão de grandes
negócios e empreendimentos, os estudiosos do tema passaram a analisá-la tendo
em conta as capacidades de liderança aliadas à gestão e ao management. Hoje, podemos
aceitar que a capacidade de liderar é inerente a certos tipos de
individualidades, mas que certas qualidades necessárias à liderança podem ser
desenvolvidas e trabalhadas com resultados satisfatórios.
Visões históricas
sobre liderança
A
literatura sânscrita identifica dez tipos de líderes. Definir e explicar as
carácterísticas desses dez tipos de líderes, com exemplos, tem sido o trabalho
da história e da mitologia.
Pensadores
da nobreza postularam que a liderança depende de sangue azul ou genes de
linhagem nobre: a monarquia tem uma visão extrema da mesma idéia, e procura
sustentar a sua afirmação contra as reivindicações dos aristocratas simples,
invocando divina sanção, apresentada como o direito divino dos reis.
Teóricos
democraticamente inclinados, têm apontado para exemplos de avaliação, líderes
como Napoleão e outros marechais, que se beneficiaram de carreiras abertas ao
talento.
Na
linha paternalista de pensamento, é recordado o tradicional papel de liderança
do pater familias romano.
E
comparáveis com a tradição romana, são os pontos de vista do confucionismo
sobre "saber viver":
“Liderança
é uma questão de inteligência, confiabilidade, coragem, humanidade e
disciplina” mas. . .
·
Confiança na inteligência porém, só
resulta em rebeldia.
·
Exercício da humanidade por si só, resulta
em fraqueza.
·
Fixação sobre resultados da confiança,
conduz à loucura.
·
Dependência da força da coragem, resulta
em violência.
·
Excessiva disciplina e austeridade de
comando, resultam em crueldade.
“Quando
se tem todas as cinco virtudes juntas, cada uma adequada à sua função,
então pode-se ser um líder”. Sun Tzu,
general chinês.[1]
No
século 19, a elaboração do pensamento anarquista trouxe consigo a questão do
conjunto de conceitos de liderança. (Pode-se observar que o Dicionário Inglês
de Oxford analisa a palavra "liderança" somente a partir do século
19.)
Uma
resposta à negação do elitismo veio com o leninismo, que exigiu um grupo de
quadros de elite disciplinados, para actuar como a vanguarda de uma revolução
socialista, que levou à existência da ditadura do proletariado.
Outros
pontos de vista do histórico de liderança, têm abordado o aparente contraste
entre a liderança secular e a religiosa. As doutrinas do papismo cesariano que
lançaram mão da liderança religiosa, tiveram os seus detratores ao longo de
vários séculos.
Em
determinadas fases do seu desenvolvimento, as hierarquias sociais postularam
diferentes graus ou postos de liderança na sociedade. Assim, um cavaleiro tinha
menos homens ao seu serviço do que um duque, e um baronete de terras podia, em
teoria de controlo, ser inferior a um conde.
No
decurso dos séculos 18 e 20, vários operadores políticos tomaram caminhos não
tradicionais para se tornarem dominantes nas suas sociedades. Eles ou os seus
sistemas, expressavam muitas vezes a crença numa liderança individual forte,
mas os títulos já existentes (Rei, Imperador, Presidente e assim por diante)
pareciam-lhes inadequados, insuficientes ou totalmente imprecisos em algumas
circunstancias.
A
natureza fundamentalmente antidemocrática desse princípio de liderança, foi
contestada pela introdução de conceitos como autogestão, gestão participativa,
virtude cívica comum, etc., que enfatizam a responsabilidade individual e ou do
grupo, na autoridade no local de trabalho e em outros lugares, centrando-se nas
habilidades e atitudes que uma pessoa precisa, em geral, ao invés de apresentar
a liderança como a base de uma classe especial de pessoas.
[1] A este general é
atribuída a autoria de um livro “A arte da Guerra” ou "Os Treze Momentos”,
muito interessante e que aconselhamos seja lido por todos os que se interessam
por gestão.
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