quinta-feira, 27 de dezembro de 2018


Extratos do meu Livro Introdução à Hotelaria

DIRECÇÃO E GESTÃO em hotelaria - 5

 

Comportamentos de Liderança

Desenvolvimento de habilidades de liderança e estilo

Habilidades de liderança por si só não fazem os líderes - estilo e comportamento, fazem. Mas quem estiver interessado na formação e desenvolvimento em liderança, deve começar por analisar o real comportamento de liderança, pois a maior parte das habilidades estão ligadas a esse aspecto gerencial.

·           Integridade - o requisito mais importante; sem ele todo o resto equivale a nada.
·           Nunca ficar emocionalmente negativo com as pessoas - não gritar ou resmungar, mesmo que se sinta muito aborrecido ou irritado.
·           Liderar pelo exemplo - ser visto sempre como um trabalhador mais diligente e mais incisivo do que qualquer outro.
·           Estar ao lado do seu pessoal, pronto para ajudar quando eles precisarem.
·           Equidade - tratar a todos igualmente e no mérito.
·           Ser firme e claro para lidar com o mau comportamento ou o gesto antiético.
·           Ouvir e realmente entender as pessoas, e mostrar-lhes que as compreende (isso não significa que tem que concordar com todos - entender é diferente de concordar).
·           Partilhar sempre a responsabilidade pela culpa ou por erros do seu pessoal, desde que eles não sejam motivados por atitudes pessoais ou de retaliação.
·           Dar sempre aos seus liderados o crédito pelos seus sucessos.
·           Nunca fazer a autopromoção. Aparecer apenas pelo apoio dado ao seu pessoal.
·           Ser visto como tomando sempre decisões justas e equilibradas. Mesmo que a decisão seja delegada ou não se venham a tomar outras providencias, se for caso disso.
·           Pedir a opinião das pessoas, mas manter-se neutro e esclarecido.
·           Ser honesto, mas sensível na maneira de dar uma má notícia ou fazer uma crítica.
·           Fazer sempre o que prometeu que iria fazer - manter as suas promessas.
·           Trabalhar duro para tornar-se especialista no que faz, tanto tecnicamente como na compreensão das pessoas, das suas habilidades técnicas e desafios.
·           Incentivar as pessoas a crescer, a aprender e a assumir, tanto quanto quiserem, mas a um ritmo que possam manter.
·           Acentuar sempre o lado positivo do falar (“fazer assim”, em vez de “não fazer assim”).
·           Sorrir e incentivar os outros a serem felizes e usufruírem do seu dia-a-dia.
·           Relaxar - rompendo as barreiras e o temor da liderança - e dando ao seu pessoal momentos para se conhecerem e respeitarem uns aos outros.
·           Tomar notas e manter bons registos.
·           Planeamento e priorização.
·           Gerir bem o tempo e ajudar os outros a fazê-lo também.
·           Envolver o seu pessoal no seu pensamento, e especialmente na gestão da mudança.
·           Ler bons livros, e procurar bons conselheiros, para o ajudarem a desenvolver a sua compreensão de si próprio, e nomeadamente do seu pessoal e dos problemas que envolvem o negócio; ter em conta que alguns dos melhores livros de liderança não são sobre o negócio - eles são sobre pessoas que triunfaram sobre a adversidade .
·           Realização das tarefas da empresa e obtenção dos objectivos, mantendo a sua integridade, a confiança do seu pessoal, e um equilíbrio entre os metas empresariais e as necessidades do mundo à sua volta.

Análise histórica da Liderança


A Liderança é normalmente apresentada como um processo de influência social através do qual uma pessoa pode mobilizar a ajuda e o apoio de outras pessoas na realização de uma tarefa comum mas, através dos tempos, surgiram outras definições mais abrangentes partidas de várias fontes.
Alan Keith declarou que "Liderança, em ultima instancia, é a criação de um sentimento que leve as pessoas a contribuir para fazer algo extraordinário acontecer."
Tom DeMarco, disse que a liderança deve ser identificada pela postura ou atitude de um individuo em relação ao grupo.

Estudantes da liderança produziram teorias que envolvem traços situacionais como interacção, função, comportamento, visão e valores, carisma e inteligência, entre outros.
A busca das carácterísticas ou traços que definam os líderes, está em curso há muitos séculos através da História, e tem grande análise tanto nos escritos filosóficos da Republica de Platão como em Vidas de Plutarco, ambos explorando a questão "Que qualidades distinguem um indivíduo como um líder?”
Essa busca levou ao reconhecimento da importância da liderança, e ao pressuposto de que ela está enraizada nas carácterísticas pessoais de certos indivíduos, pelo que, perfilhando esta idéia de que a liderança se baseia em atributos individuais, foi criado um guia base, conhecido como “teoria da liderança.”
Este ponto de vista sobre liderança e a correspondente teoria, foram profundamente explorados em um número de obras no século passado, sendo notáveis os escritos de Thomas Carlyle e Francis Galton, cujas obras sintetizaram décadas de pesquisas anteriores. Em Heroes e Hero Worship (1841), Carlyle identifica os talentos, habilidades e carácterísticas físicas dos homens que subiram ao poder. Em Genius Hereditários, Galton (1869) examinou as qualidades de liderança nas famílias de homens poderosos, e depois de mostrar que o número de parentes eminentes caia quando se fazia a análise a partir do primeiro grau para os parentes de segundo grau, Galton concluiu que a liderança era herdada. Em outras palavras, os lideres eram natos, e não desenvolvidos.
Durante espaços longos de tempo, essa perspectiva serviu de base e dominou todos os trabalhos empíricos e teóricos sobre liderança. Usando técnicas da pesquisa inicial, os pesquisadores realizaram mais de uma centena de estudos, propondo uma série de características que podem distinguir os lideres dos não-líderes: inteligência, dominância, persistência na adaptabilidade, integridade, status sócio-económico e autoconfiança, para citar apenas alguns.
No final dos anos 1940 e início dos anos 1950, porém, uma série de análises qualitativas desses estudos feitas por (Bird, 1940; Stogdill, 1948 e Mann, em 1959) levaram a que os pesquisadores tivessem uma visão radicalmente diferente das forças motrizes da liderança.
Fazendo revisão da literatura existente, Stogdill e Mann descobriram que enquanto algumas carácterísticas eram comuns em toda uma série de estudos, as provas globais sugeriam que pessoas que são líderes em uma situação podem não ser, necessariamente, líderes em outras situações.
A partir dessa nova visão, a liderança não poderia mais ser carácterizada como um traço individual permanente, visto que os indivíduos podem ser eficazes em certas situações, mas não em outras, e esta abordagem dominou grande parte da teoria da liderança e a pesquisa nas décadas seguintes.
Até então, a liderança tinha sido analisada sob o aspecto político e da condução de massas, mas com a evolução da economia e o progresso da gestão de grandes negócios e empreendimentos, os estudiosos do tema passaram a analisá-la tendo em conta as capacidades de liderança aliadas à gestão e ao management. Hoje, podemos aceitar que a capacidade de liderar é inerente a certos tipos de individualidades, mas que certas qualidades necessárias à liderança podem ser desenvolvidas e trabalhadas com resultados satisfatórios.

 

Visões históricas sobre liderança


A literatura sânscrita identifica dez tipos de líderes. Definir e explicar as carácterísticas desses dez tipos de líderes, com exemplos, tem sido o trabalho da história e da mitologia.

Pensadores da nobreza postularam que a liderança depende de sangue azul ou genes de linhagem nobre: a monarquia tem uma visão extrema da mesma idéia, e procura sustentar a sua afirmação contra as reivindicações dos aristocratas simples, invocando divina sanção, apresentada como o direito divino dos reis.
Teóricos democraticamente inclinados, têm apontado para exemplos de avaliação, líderes como Napoleão e outros marechais, que se beneficiaram de carreiras abertas ao talento.

Na linha paternalista de pensamento, é recordado o tradicional papel de liderança do pater familias romano.

E comparáveis com a tradição romana, são os pontos de vista do confucionismo sobre "saber viver":
“Liderança é uma questão de inteligência, confiabilidade, coragem, humanidade e disciplina” mas. . .
·           Confiança na inteligência porém, só resulta em rebeldia.
·                    Exercício da humanidade por si só, resulta em fraqueza.
·                    Fixação sobre resultados da confiança, conduz à loucura.
·                    Dependência da força da coragem, resulta em violência.
·           Excessiva disciplina e austeridade de comando, resultam em crueldade.

“Quando se tem todas as cinco virtudes juntas, cada uma adequada à  sua função, então pode-se ser um líder”. Sun Tzu, general chinês.[1]

No século 19, a elaboração do pensamento anarquista trouxe consigo a questão do conjunto de conceitos de liderança. (Pode-se observar que o Dicionário Inglês de Oxford analisa a palavra "liderança" somente a partir do século 19.)
Uma resposta à negação do elitismo veio com o leninismo, que exigiu um grupo de quadros de elite disciplinados, para actuar como a vanguarda de uma revolução socialista, que levou à existência da ditadura do proletariado.
Outros pontos de vista do histórico de liderança, têm abordado o aparente contraste entre a liderança secular e a religiosa. As doutrinas do papismo cesariano que lançaram mão da liderança religiosa, tiveram os seus detratores ao longo de vários séculos.
Em determinadas fases do seu desenvolvimento, as hierarquias sociais postularam diferentes graus ou postos de liderança na sociedade. Assim, um cavaleiro tinha menos homens ao seu serviço do que um duque, e um baronete de terras podia, em teoria de controlo, ser inferior a um conde.
No decurso dos séculos 18 e 20, vários operadores políticos tomaram caminhos não tradicionais para se tornarem dominantes nas suas sociedades. Eles ou os seus sistemas, expressavam muitas vezes a crença numa liderança individual forte, mas os títulos já existentes (Rei, Imperador, Presidente e assim por diante) pareciam-lhes inadequados, insuficientes ou totalmente imprecisos em algumas circunstancias.
A natureza fundamentalmente antidemocrática desse princípio de liderança, foi contestada pela introdução de conceitos como autogestão, gestão participativa, virtude cívica comum, etc., que enfatizam a responsabilidade individual e ou do grupo, na autoridade no local de trabalho e em outros lugares, centrando-se nas habilidades e atitudes que uma pessoa precisa, em geral, ao invés de apresentar a liderança como a base de uma classe especial de pessoas.



[1] A este general é atribuída a autoria de um livro “A arte da Guerra” ou "Os Treze Momentos”, muito interessante e que aconselhamos seja lido por todos os que se interessam por gestão.

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