DECISÕES E TOMADA DE DECISÕES
Directores, gerentes, chefes e supervisores, até mesmo os próprios
empregados de um empreendimento hoteleiro, precisam tomar decisões.
A decisão implica sempre certa responsabilidade em qualquer patamar da
hierarquia, mas, para um líder, tomar decisões pode ser um processo de muita
tensão, porque sempre existirão dúvidas sobre o rumo correcto a escolher, seja
qual for o pressuposto ou a premissa de que se lance mão. Os resultados da
empresa e o bem-estar de terceiros estarão em jogo, pois um líder toma decisões
que não afectam apenas a si próprio.
O processo apresenta-se sempre como arriscado, e algumas vezes aparecem
para escolha várias opções viáveis, o que torna ainda mais difícil a situação.
Decisões são tomadas em todos os momentos e nas mais variadas
ocorrências, durante a nossa existência. Tomamos decisões quotidianas,
corriqueiras, ou pouco complexas, mas também tomamos decisões que terão grande
repercussão no nosso futuro ou dos que estão ao nosso redor. Tanto na nossa
vida particular quanto na vida profissional, diversas alternativas são
selecionadas a cada momento, embora muitas vezes nem nos damos conta de que
estamos decidindo e qual a importância disso.
Mas será que tomamos as decisões certas? Nem sempre é possível responder
antecipadamente a esta pergunta, já que nem sempre é possível saber qual seria
o resultado da alternativa descartada, e só com o resultado do que for
executado será possível avaliar as consequências da decisão.
Em certos casos, contudo, podemos prever os resultados das alternativas
e com clareza antevermos os resultados. Essas decisões estão facilitadas.
Todavia, em situações deste tipo, muitas pessoas optam por caminhos diferentes
umas das outras.
O que nos leva à escolha de um caminho ou uma alternativa?
Para auxiliar nas tomadas de decisão aos mais diversos níveis de
complexidade, existem técnicas e sistemas que visam preparar os responsáveis
por esta tarefa numa organização, onde ela se torna mais difícil, visto que as
decisões poderão afectar directamente, os acionistas, os empregados, tanto
subordinados como chefes, clientes, fornecedores, etc. É importante
conhecer as variáveis que afectam um processo decisório e o que pode auxiliar
nesta tarefa.
A tomada de decisões baseia-se numa combinação
entre o subjectivo e o propósito, pois no processo não é usada apenas a lógica,
mas depende-se também da própria intuição.
O líder experimentado analisa toda a evidência
possível relacionada com cada assunto, antes de tomar decisões, para evitar as
ideias preconcebidas.
Dirigir uma unidade hoteleira é um trabalho
que exige ecletismo e uma sólida base de conhecimentos, mas não se pode desejar
que todos os que estão nas posições chave sejam peritos em tudo.
Acreditamos que o pensamento elementar nesta
posição é de que todos preferem tomar as decisões correctas, embora esta
obviamente não seja uma resposta plena. Talvez alguns escolham, como solução,
aprender a organizar os seus pensamentos para tomarem melhores decisões. Este
desejo viria da conclusão óbvia de que muitas pessoas tomaram decisões erradas
na maioria das vezes e que, portanto, para acertar, todas as decisões devem ser
prudentemente consideradas. Tomando como base este ponto de vista, a
compreensão do mecanismo de tomada de decisões, torna-se uma ferramenta
importante no progresso da cultura pessoal. Exemplos contrários são comuns, e
teremos dificuldade em escolher aquele que vamos usar.
Inércia ou falta de vontade para mudar os
padrões que têm sido usados no passado, em face de novas circunstâncias, pode
ser um deles.
Não questionar hábitos e
costumes, é evitar a tomada de decisão. Seguir apenas os hábitos e os costumes
é uma forma de não tomar uma decisão. Seguir o que é hábito fazer, cria uma
situação estável, mas sociedades estáticas não prosperam, pois desencorajam a
tomada de decisão e a criatividade dos seus componentes. Acabarão com uma
profusão de padrões idênticos, serviços sem criatividade e clientes não muitos
felizes.
Para resolver as dificuldades,
haverá sempre a opção de tomar ou não uma decisão correctiva. Se existir apenas
uma alternativa, uma decisão será também necessária: colocar esta em prática,
ou não.
A maior parte dos autores
classifica as decisões em simples ou complexas, e específicas ou estratégicas,
dando às suas consequências, a graduação de imediatas, de curto prazo, de longo
prazo, ou da combinação das anteriores.
Analisando esta classificação,
podemos identificar como decisões simples, aquelas que são tomadas diariamente,
muitas vezes sem análise ou grandes reflexões, em razão de as suas
consequências serem conhecidas, pois as mesmas já foram tomadas em outras
oportunidades. Nas decisões mais complexas, como não são conhecidas todas as
variáveis do problema e muito menos as certezas dos resultados, o seu estudo
deve ser cuidado antes da tomada da decisão. As decisões específicas,
normalmente têm resultados de curto prazo e afectarão algo directamente, não
envolvendo grande número de pessoas ou processos. As estratégicas, terão
resultados de longo prazo, envolvendo maior número de recursos, pessoas e
processos para a sua implementação.
É muito improvável que todos os
que lerem este texto decidam se tornar especialistas em teoria de decisão, mas
se os que me lerem começarem a se questionar sobre o resultado das suas
decisões e qual a probabilidade de essas decisões serem certas, acho que
teremos evoluído alguma coisa.
É importante perceber que
métodos estabelecidos, mesmo que sejam bons, podem ser questionados quando não
estiverem mais em consonância com o presente que se vivencia. Afinal, as coisas
nem sempre foram como são agora, e não vão ser no futuro, como estão agora.
Como e quando mudar as coisas, pode depender das decisões que se tomam...
E para se conduzir no intricado
caminho da tomada de decisões, é importante entender o que é uma decisão e
quais as suas implicações.
A palavra decisão vem do latim (decido, -ere), separar, cortar, resolver, pôr termo, podendo ser usada no
vernáculo para designar:
1. Determinar, resolver.
2. Ser causa imediata.
3. Emitir opinião ou voto;
4. Sentenciar.
5. Dispor.
6. Resolver-se.
7. Tomar a sua decisão.
8. Optar, dar a preferência.
A possibilidade de decisão só se
apresenta, portanto, quando há uma situação ou uma dúvida com mais de uma
alternativa para escolher. É importante saber identificar os casos, as
ocorrências, as conjunturas e as necessidades, tratando-os como dificuldades
que exigirão decisões bem estruturadas, mas sem as confundir com problemas, que
necessitam sempre de tratamento especial.
E é muito importante, também,
estar consciente que a tomada de decisões não tem nada a ver com a análise de
problemas, embora entre na solução final destes, quando as diversas soluções
possíveis já foram identificadas. Numa outra parte deste nosso trabalho, já
apresentámos um texto desenvolvido sobre as medidas a tomar para a solução de
problemas, pelo que aqui nos atemos, apenas, a avaliar a melhor forma de tomar
decisões.
A teoria clássica da tomada de
decisões ensina que se deve:
a) Identificar opções.
b) Avaliá-las.
c) Classificá-las (prós e contras).
d) Escolher a que obtiver melhor nota.
Uma parte significativa das
capacidades para uma boa tomada de decisão está em saber preparar as etapas.
• Identificar a finalidade da decisão. Qual é exactamente o assunto a
ser resolvido? Por que deve ser resolvido?
• Colectar informações. Quais os factores que envolvem a matéria em
causa?
• Identificar os princípios para julgar as alternativas. Quais os
padrões e critérios de julgamento que atendem à decisão?
• Criar uma lista de diferentes escolhas possíveis. Gerar ideias para
possíveis soluções.
• Avaliar cada escolha em termos das suas consequências. Usar os
padrões e critérios próprios de julgamento para determinar os contras e os prós
de cada alternativa.
• Determinar a melhor opção, o que se torna fácil se forem seguidas as
etapas de preparação acima.
• Colocar a decisão em acção. Transformar a decisão num plano
específico de etapas da acção se isso for necessário. Executar o plano.
• Avaliar o resultado da decisão e as etapas da acção.
Que lições podem ser aprendidas?
É bom estar consciente, que este é um passo importante para o desenvolvimento
da capacidade pessoal de tomada de decisão, habilidades e julgamento.
Tudo o que acabamos de enumerar
pode ser aplicado às situações com tempo suficiente para estudo e análise, mas
não devemos pretender nunca, que elas serão úteis às frequentes ocorrências de
um hotel, no fluxo do seu movimento.
Neste caso, como aliás na vida
quotidiana, é necessário sempre tomar decisões rápidas, sem tempo suficiente
para ir sistematicamente através das acções aprendidas e das etapas de pensar
que acabamos de listar. Em tais situações, a decisão mais eficaz é usar a
estratégia de visar os objectivos e deixar a intuição própria sugerir a escolha
certa.
Para a tomada de decisões de risco, é comum
recorrer ao apoio e ao conhecimento de autoridades na matéria. E porquê isso?
Afinal, os maiores avanços técnicos na cultura humana ocorreram sempre nos
períodos em que a autoridade foi questionada. A idade moderna é o mais longo
período de tempo com avanços deste tipo na história da civilização, e é
coincidente com o crescimento da ciência e da rejeição implícita da autoridade.
Pretender usar uma teoria de decisão sem
pensamento racional para resolver os problemas quotidianos pode se apresentar
como uma vaidade pessoal, pelo que devemos estar preparados para isso, usando o
conforto da nossa bagagem de conhecimentos. E compete a cada um criar a sua
própria bagagem, tão ampla quanto possível. E quanto mais ampla, mais
confortável.
Os profissionais proficientes encaram as
situações de maneira diferente dos menos preparados. Eles têm outra percepção do que acontece, e
isso os leva a tomar certas decisões - as decisões certas. Para os mais
experientes, a pergunta que precisa resposta não é “O que tenho que fazer?”,
mas sim “O que está acontecendo?”.
Está certo que procuremos opiniões de
especialistas nos seus campos de operação, para complementar o que sabemos. Se
precisarmos tomar uma decisão grave, tanto na vida privada como na
profissional, provavelmente iremos procurar especialistas para aconselhamento.
Os ditos consultores.
Nesta situação, a questão mais importante é
como determinamos se esse especialista é bom, qual o crédito que lhe vamos dar,
e a autoridade que estamos dispostos a conferir à sua opinião. A teoria da
decisão pelo pensamento racional, também tem um papel importante na selecção
dessa autoridade. Ela pode ajudar a separar os bons, de entre os especialistas
que se apresentem. Mesmo supondo que já tenhamos uma maneira inequívoca de
determinar se um especialista é o que precisamos para uma dada tarefa, ficamos
ainda com a pergunta de quanta autoridade lhe poderemos conceder. Essa
autoridade e qual o caminho a seguir após a consulta, podem variar de acordo
com as situações e não são orientadas por conhecimento apenas. Implicam também
razão, sensibilidade, embasamento e informação. Ele é um perito e uma autoridade.
E daí?
Professores e consultores que apresentam
opções de tomadas de decisão enfatizando longos estudos comparativos entre
diversas opções, estão a ensinar errado, se não complementarem essa informação
com técnicas de como decidir sob pressão ou nas situações correntes do
quotidiano. Comparar opções funciona bem para principiantes ou situações sem
pressão. Mas a melhor forma de conseguir a capacidade de tomar decisões
correctas no dia a dia, é acumular erudição e vivenciar experiência, para que as
memórias e os registos acervados no cérebro possam cumprir a sua missão de
avaliar uma situação, reconhecê-la e, rapidamente, indicar as decisões
correctas.
Pode ser uma frustração, entrar em contacto
com evidências variadas ou com argumentos que nos sugerem a escolha entre
decidir se aceitamos os estudos de gerações numa variedade de campos, ou se
partimos para a criação de métodos e para a tomada de acções que se coadunem
com as nossas necessidades actuais. O que faremos?
Seguir a resposta ao apelo da autoridade
abalizada, ou recurso ao grupo de trabalho para pesquisas e criação de métodos
adaptados às nossas necessidades?
A capacidade de discernimento do responsável é
que vai indicar o caminho a seguir; e os resultados dessa escolha indicarão se
ela foi compatível com as necessidades, e acertada para o fim em vista. As
reais capacidades de um responsável aparecem na qualidade das suas decisões. E
essas capacidades que se poderão enumerar como: perspicácia, visão, competência
e sagacidade, são sempre fruto de uma preparação cuidada para as
responsabilidades do cargo.
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