DIRECÇÃO E GESTÃO em hotelaria - 9
Informação
Para que possamos decidir, é necessário ter
bagagem que embase a capacidade de decisão, mas é também necessário elaborar
alternativas que possam ser analisadas. Tanto na elaboração, quanto na análise,
a informação será fundamental para uma decisão eficaz. É importante, porém, ter
cuidado com a fonte das informações obtidas, pois uma informação errada pode
comprometer o resultado, e um excesso de informações sem qualidade pode
atrapalhar o processo.
Existem diversas fontes de informação. A
principal, a nosso ver, é o conhecimento empírico, resultado das experiências
vividas por cada um de nós. Ele será extremamente valioso para todas as
situações do quotidiano que citamos anteriormente, embora se deva estar
consciente que ele também poderá ser motivo de conflito quando as decisões
forem tomadas em grupo, pois a vivência de cada elemento será diferente, e
muitas experiências vividas não serão coincidentes.
Outra fonte de informação é a tecnológica. Com
o avanço das comunicações, podem-se encontrar facilmente informações sobre
todos os tipos de assunto, mas deve-se ter cuidado com a qualidade e a
quantidade destas. Fontes desconhecidas e nem sempre confiáveis, devem ser
evitadas em processos decisórios estratégicos. O excesso de informação pode
retardar o processo e desviar do foco ou objectivo, ao gerar alternativas
improváveis e incertas.
É responsabilidade de um director, preparar os
seus chefes e supervisores para a difícil tarefa da tomada de decisões, pois
esta situação aparentemente simples, tem muito a ver com o ambiente de
trabalho, a qualidade final e os resultados de um empreendimento. É no entanto
também, obrigação de cada um que aspire a subir na hierarquia, acompanhar a sua
preparação técnica com os conhecimentos e valores que permitam as decisões acertadas
no momento necessário.
COMO TOMAR DECISÕES SOBRE PESSOAS
Os executivos de hotelaria passam muito tempo
a tomar decisões sobre pessoas, mais do que com qualquer outra coisa – e devem
fazê-lo. Nenhum outro tipo de decisão é tão durável nas suas consequências ou
tão difícil de desfazer. Contudo, esses executivos, na sua maioria, tomam
inconscientemente decisões erradas a respeito do pessoal. Não existe um juiz
infalível de pessoas. Existem, porém, alguns executivos que levam a sério as
decisões sobre pessoal e trabalham nelas.
Se colocamos alguém num cargo e ele não tem o
desempenho necessário, um erro foi cometido, mas não se pode culpar a pessoa,
nem invocar o "princípio de Peter", ou reclamar. O erro foi cometido
por nós.
É obrigação dos directores ou gerentes,
assegurar o bom desempenho das pessoas responsáveis nas suas organizações.
Logo, a melhor forma de atingir bons
resultados neste ponto é tomar boas decisões sobre pessoas, porque elas
determinam a capacidade de desempenho da organização.
É aconselhável não dar grandes atribuições a
pessoas recém-contratadas, novas ou menos experientes, pois isso aumenta os
riscos. Essas funções devem ser entregues a alguém cujo comportamento e cujos
hábitos sejam notórios, e que tenha conquistado confiança e credibilidade
dentro da organização. Os empregados recém-contratados, mesmo com qualidades
reconhecidas e um currículo satisfatório, devem ficar inicialmente numa posição
cujas expectativas sejam conhecidas, e onde o auxilio esteja disponível.
As etapas importantes na tomada de decisões
eficazes sobre pessoal são, em nosso entender:
• Definir
a atribuição
• Analisar
um razoável número de pessoas potencialmente qualificadas.
• Pensar
bem sobre a melhor forma de analisar esses candidatos.
• Discutir
as personalidades de cada um dos candidatos com pessoas que os conheçam bem.
• Certificar-se
de que a pessoa nomeada entenda o cargo.
• Ter
uma perfeita consciência dos princípios da delegação.
Mesmo que os executivos cumpram todas essas
etapas, algumas das suas decisões sobre pessoas ainda irão falhar, pois estas
são, na maior parte dos casos, decisões de alto risco que, não obstante,
precisam ser tomadas.
Não sabemos como testar ou prever se o
temperamento de uma pessoa irá se adequar ao novo ambiente. Só poderemos
descobrir isso com a experiência. Se o posicionamento num novo tipo de trabalho
não for bem sucedido, o executivo que tomou essa decisão precisa refazê-la
imediatamente. Manter pessoas num trabalho que elas não conseguem realizar não é
bondade; é crueldade. Mas também não é motivo para pensar em demissão. Tomar
decisões certas sobre pessoas, é o melhor caminho para o bom controlo de uma
organização. Essas decisões revelam a competência da gerência, quais são os
seus valores, e a seriedade que ela aplica nas suas funções. As decisões sobre
pessoas não permanecem ocultas. Elas são eminentemente visíveis. Os executivos
que não se esforçam para acertar nas suas decisões sobre pessoas, estão
arriscando algo mais que o resultado de um mau desempenho. Eles se arriscam a
perder o respeito das suas organizações.
Ética, moral e
justiça, na tomada de decisões
Existem quatro procedimentos utilizáveis para
a tomada de uma decisão ética e, muitas vezes, são eles mesmo que nos colocam
em situações controversas.
•
A
abordagem utilitária, com “o conceito ético de que os comportamentos morais
produzem um bem maior para um numero maior”,
•
A
abordagem individualista, com “o conceito ético de que as acções morais
promovem os melhores interesses no longo prazo do individuo, o que basicamente
leva a um bem maior”,
•
A
abordagem da moral e dos direitos, com “o conceito ético de que as decisões
morais são aquelas que melhor mantêm os direitos das pessoas afectados por
elas” e,
•
A
abordagem da justiça, com “o conceito ético de que as decisões morais precisam
ser baseadas em padrões de equidade, justiça e imparcialidade”.
A abordagem da moral e dos direitos parece-nos
ser a mais certa e ética do ponto de vista geral. Este conceito considera
vários tipos de direitos tais como; o direito de livre consentimento, o direito
à privacidade, o direito à liberdade de consciência, o direito de liberdade de
expressão, o direito a um processo justo, e o direito à vida e à segurança.
Mesmo sendo esta a mais sensata de todas, acredito ser uma das menos aplicadas
no mundo de hoje, embora este cenário esteja mudando.
A abordagem da justiça, que pretende a
equidade no tratamento, deve ser aplicada através de um regulamento interno da
empresa, como um pensamento subjacente à hegemonia da lei. Acredito que este
tipo de abordagem pode ser bastante útil, se o regulamento for redigido
correctamente, pois as leis são sempre pensadas para o bem comum.
A decisão moral
Não existe uma formula, procedimento ou
receita, para a tomada de uma decisão moral. Este não é um processo que possa
facilmente ser baseado em um determinado conjunto de regras, pois a tomada de
decisão moral engloba mais do que apenas palpites ou intuições, embora estes
sejam também importantes.
A tomada de uma decisão moral envolve:
a)
conhecer bem os factos da ocorrência, e
b) uma
análise cuidadosa dos valores morais (alguns chamam a estes, “princípios”) que
são relevantes para uma determinada situação.
O que é moral?
Geralmente, conhecemos a moral como um sistema
de regras que conduz o nosso comportamento em situações sociais. É a prática do direito, em vez do malefício,
e estabelece um padrão de conduta virtuosa.
Onde a moralidade se
encaixa?
Quando perguntadas sobre moralidade, muitas
pessoas respondem: "Bem, isso é uma questão de opinião pessoal, não
acha?" Mas se formos olhar a maneira como os valores morais são realmente
usados, diariamente, nas nossas vidas, veremos que isso não é o caso. Intuições
pessoais são importantes, é claro. Mas a moralidade, em geral, entra em jogo
quando as pessoas interagem umas com as outras, o que sugere que a moralidade é
um sistema compartilhado de valores
que justificam acções. Como tal, a
moralidade ajuda a decidir quais as melhores medidas de acção em todas as
situações. Diferenciamos as palavras
"compartilhado" e "justificam", por uma razão que
explicaremos a seguir.
Valores Partilhados
Os valores morais são geralmente valores
compartilhados. Se não houvesse valores em comum, seria extremamente difícil
chegar a acordo em qualquer curso de uma acção. Pelo facto de não haver
discordância quanto à coisa certa a fazer em determinada situação, verificamos
que, na verdade, vários valores são compartilhados, em maior ou menor grau. Em
alguns valores haverá concordância quase unânime. Em outros, pode haver alguma
discordância. Mas, o importante, é que a sensibilidade para a dimensão moral
das situações quotidianas, e uma consciência na gama de interesses envolvidos
em decisões específicas, é partilhada.
Embora a forma como cada um se conduz e usa a
moralidade, seja sempre uma questão pessoal.
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