A
Arte Culinária
E a Filosofia como Tempero útil
A minha atenção tem sido alertada
pelas apresentações decorativas de pratos por alguns cozinheiros no LinkedIn. E
isso me despertou a curiosidade, pois a Arte é uma das grandes alternativas Culinárias.
Os primeiros 18 anos da minha carreira em hotelaria foram passados na área de
A&B, pelo que isso me desenvolveu um carinho especial pelos que pretendem aprimorar
as suas carreiras nesta área. A profissão culinária é muitas vezes comparada às
artes plásticas e à ciência. Tal como aquelas, a boa culinária exige bom gosto,
criatividade, apreciação da beleza e domínio das técnicas. Tal como a ciência,
a culinária bem-sucedida exige conhecimento e compreensão dos princípios
básicos. Um elemento que sempre a norteia é o profissionalismo.
Simplificando, as artes culinárias
referem-se à arte de preparar, cozinhar, apresentar e servir a comida. Isso
pode ocorrer na preparação de refeições em um restaurante, mas as artes
culinárias podem abarcar todas as profissões que envolvem serviços de
alimentação.
O profissionalismo aparece nas
profissões sobretudo através do respeito. Respeito ao uniforme; respeito pelos
membros da equipe, respeito pelos ingredientes, respeito pelos utentes dos
serviços e, em plena análise, respeito por si mesmo.
Mas também aparece na criatividade
e no bom uso da filosofia de crescer e evoluir.
O momento em que um uniforme é
usado, aparece como uma representação de todos os indivíduos de uma determinada
profissão, pois cada membro é responsável pela imagem desta, seja ela qual for -
o que significa grande responsabilidade e honra! O uniforme do “chef” é um
uniforme padrão que evoca uma sensação instantânea de reconhecimento, e cada
elemento dele tem um papel importante para apresentá-lo constante e confortável,
num ambiente potencialmente difícil.
Muitas vezes esquecemos que chef
é uma profissão antiga – tal como a medicina e o direito – e para garantir
que esta profissão mantenha o seu devido lugar no grande e nobre pedestal
conquistado, o profissionalismo é fundamental!
Na área culinária global, a
disciplina profissional é o que diferencia os grandes chefs. O objetivo de
cada um deles, deve ser: criar e qualificar graduados que sejam capazes de
competir a nível internacional, aderindo aos padrões culinários estabelecidos e
respeitados em todo o mundo.
Cozinhar é arte com um reflexo de
criatividade (que eu chamo ‘Filosofia Culinária’). Cozinhar é um meio, ou uma
expressão, para transmitir o nosso apreço e sentimentos aos que apreciam o
nosso trabalho, pois pode realçar a beleza e os sabores da vida. Algo que atrai
o paladar e estimula a língua sempre pode conquistar o coração e a alma.
Receitas criativas e únicas têm linguagem própria e individualidade
característica.
O “Equilíbrio de sabor” é uma ciência
Acredito que a compreensão das
raízes básicas da culinária, e o domínio da arte e da ciência da gastronomia
com o avanço de técnicas e habilidades em cada receita, deve ser a paixão e a
obsessão de todos os profissionais da área.
Equilibrar o sabor é uma ciência e
uma arte, baseada na formação profissional, na intuição e na experiência, pelo
que tudo deve começar pela introdução ao como equilibrar os cinco sabores
principais em sua culinária.
Doce, salgado, azedo, amargo e ‘bom
sabor’ são cinco elementos gustativos que constroem a nossa percepção geral do
paladar. Quando cada elemento está perfeitamente equilibrado - não apenas no
prato, mas em toda a refeição - a experiência gastronômica é elevada ao seu
máximo.
Dominar o equilíbrio do sabor exige
a compreensão do processo, pelo que o apresentamos a todos os que se interessam
pela carreira, como a base principal.
Doçura: De açúcar, mel, frutas ou outros,
a doçura irá neutralizar os sabores amargos e ácidos. Também pode ser usado
para reduzir o excesso de uma refeição particularmente picante.
Salgado: O sal desempenha dois papéis
muito importantes no sabor de um prato. Em primeiro lugar, equilibra-o contra o
amargor. Em segundo lugar, realça a maioria dos outros sabores presentes no
prato - principalmente a doçura. Pense no caramelo salgado – esta combinação de
sabores funciona muito bem devido ao equilíbrio criado pelo sal e pelo açúcar.
Da mesma forma, o sal é comumente usado em pratos à base de tomate para realçar
os sabores naturais do fruto.
Amargor: Embora geralmente não seja o sabor
mais popular, o amargor é fundamental para o equilíbrio. O sabor da toranja,
dos verdes escuros, da cerveja ou do
vinho, pode ajudar a eliminar a riqueza ou a doçura de uma refeição.
Acidez: Pense em vinagre e frutas
cítricas. A acidez faz maravilhas para equilibrar um prato, acrescentando
vivacidade e neutralizando a doçura e a calidez.
Bom Sabor: que os japoneses chamam ‘Umami’[i]: Um sabor que pode ser difícil de
definir, mas encontra-se nas notas salgadas inerentes ao molho de soja,
cogumelos, ostras e muitos queijos. Deve ser usado para complementar outros sabores - perfeito para
um prato que parece equilibrado, mas onde ainda falta algo.
As bases apresentadas, podem ajudar
a navegar no equilíbrio da maioria dos pratos, mas o sabor ainda permanecerá impreciso.
Uma receita não pode realmente dizer a quantidade perfeita de cada ingrediente
para um prato equilibrado, pois algum deles pode, individualmente, estar
impondo a sua presença ao total do conjunto. Equilibrar sabores é portanto, também
um lado da arte, com que um Bom Chef precisa trabalhar permanentemente.
Filosofar e cozinhar são atividades
que muitas vezes nos pareceram estranhas entre si. Mas conhecer e comer são
feitos da mesma matéria, como nos revelam inúmeras metáforas: devorar um livro,
digerir um conceito, mastigar um pouco de latim, ter sede de conhecimento. Em preparar
alimentos ou pensamentos aplica-se a mesma capacidade de contrastar, separar e
unir elementos de um universo ordenado de acordo com leis, lógicas e rituais
precisos. Procuremos, portanto, entrar numa cozinha filosófica, onde estes dois
mundos se unem: comer azeitonas e figos secos com Platão, ou sentar-se à mesa
de Kant.
[i] Provavelmente encontramos umami
todos os dias na nossa alimentação, mas ele ainda é desconhecido para a
maioria de nós. Estou citando ele aqui, para tornar a palavra conhecida dos
nossos leitores e profissionais, tornando-a mais usual no quotidiano dos nossos
técnicos e responsáveis.
As sopas industrializadas são ricas nessa substância
mas mesmo assim, após tomar um pratão de 300 ml, você terá ingerido apenas 0,8
gs... dela. Segundo a Food & Drug Administration (equivalente americano da
Anvisa), as pessoas ingerem em média 0,5 g de glutamato monossódico por dia.
Bem abaixo, portanto, do nível máximo recomendado. Muitas pessoas questionam se
o aminoácido ácido glutâmico (também denominado glutamato), e o glutamato
monossódico (conhecido pela sigla MSG – MonoSodium Glutamate), são a mesma
substância. Apesar de algumas características distintas, os dois elementos
possuem funções bem parecidas no organismo humano.
O shoyu, um dos campeões do sabor, tem 0,1
grama de GMS a cada 10 ml (uma colher de sobremesa).
É importante se você adiciona sal durante o cozimento–
e aqui está o porquê.
O nome “umami” só surgiu em 1908, quando o químico
japonês Kikunae Ikeda identificou a presença de ácido glutâmico em alimentos
com as características específicas que tentava identificar. Ele chamou o sabor
de “umami”, que significa “bom sabor” em japonês.
Alimentos de Bom Sabor ou “Umami”
Quais os alimentos mais expressivos em glutamato
monossódico?
Veja alguns exemplos de alimentos ricos nessas
substâncias: carnes, peixes, algas, tomates, aspargos, cogumelos, milho, queijo
parmesão, missô, kimchi, Vegemite, queijo Roquefort, presunto curado,
cogumelos shitake, anchovas, ostras, vieiras, molho de soja, amêijoas, milho e
batatas entre outros.
O glutamato está presente na nossa alimentação desde a
amamentação, já que é o aminoácido em maior quantidade no leite materno.
Do ácido glutâmico também vem o glutamato monossódico,
um tipo de sal produzido industrialmente por fermentação da cana-de-açúcar e
outras matérias-primas similares. "As bactérias utilizadas nesse processo
convertem o açúcar em ácido glutâmico e, pela adição de um íon de sódio,
forma-se o glutamato monossódico. Este é usado como aditivo alimentar em
produtos industrializados com a função de realçar o sabor", explica
Lansky....
Os japoneses usam o Molho Shoyu para conseguir um
melhor ‘Umami’, mas não aconselhamos os nossos leitores a fazerem dele uso
comum para qualquer prato ou receitas usuais, conhecidas e terminadas, pois
isso desvalorizaria o Cardápio, em vez de valorizá-lo. Podem e devem usá-lo
sim, pra criar novos pratos, aos quais darão nome, e para os quais encontrarão
o sabor desejado.
Cada prato dever ter o sabor correspondente à sua
receita, e não é agradável comer num restaurante onde todos os pratos do
Cardápio têm um sabor idêntico.
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