A Religião e alimentação como defesa de Um Povo
Esse esquema abrangente, que regula os próprios
movimentos sociais e domésticos, inclui regras para a selecção e preparação da
comida, dividindo-a em duas classes, puros e impuros, sendo estes últimos,
proibidos.
Entre os alimentos interditos, estão o porco,
enguias e peixes que vivem no lodo. Temos que concordar que, do ponto de vista
de higiene alimentar, tão útil a qualquer povo,
não é exagerada esta medida, pois o porco, alimentando-se de detritos,
sem controlo, expõe-se a doenças de parasitas, internas e externas, sobretudo
nos climas quentes. Pela mesma razão, os peixes estão sujeitos a esse mal, sobretudo os peixes gordos e dificilmente
digeríveis que se criam no lodo.
Tão profunda é a consciência do perigo de uma
alimentação mal cuidada, pelo consumo de alimentos impróprios, que os
regulamentos exigem, o exame e abate dos animais, feito pelo sacerdote (rabino), pessoa de
conhecimentos vastos, capaz de reconhecer o impróprio, e recusar a sua utilização. Os animais são
mortos obedecendo a um ritual, sendo obrigatória a remoção completa do sangue,
o que é absolutamente aceitável, porquanto a ciência demonstra, que ele, muitas
vezes, contém germens malignos, causa forte de corrupção e doença. Certas
partes, são também rejeitadas, sobretudo dos órgãos digestivos, para nós tão comuns como alimento.
Perdem assim, algum prazer gastronómico, mas
deixam de correr os riscos que daí advêm. À parte as precauções religiosas,
escrupulosamente seguidas, há também regras domésticas, de cocção e preparação
dos alimentos (casher), sobretudo carnes, todas visando ao mesmo ponto: higiene
alimentar.
Na Rússia e Norte da Europa, desenvolveu-se, com
a Diáspora, uma grande colónia judaica, que se designou por ídiche. Ela criou,
como não podia deixar de ser, uma excelente cozinha, cujos pratos são por nós
apresentados em diversas partesos meus livros. Na Península Ibérica, os Judeus
desenvolveram o ramo sefaradi da
religião, que também criou os seus próprios hábitos alimentares. Nesta Postagem,
porém, colocamos apenas, alguns pratos da cozinha tradicional da Judéia, actual
Israel.
Na alimentação kosher ou kasher,
nada é escolhido ao acaso. Com uma história de mais de 4.000 anos, observar a kashrut
(conjunto de regras alimentares estabelecidas pela lei judaica) marcam a
identidade do povo judeu e reforçam que o Judaísmo está presente em todas as
atividades da vida, inclusive no ato de comer. Afinal, mais do que ser bom para
o corpo, o alimento também deve nutrir a alma.
“Próprio”, “adequado”, “correto”. Esses são
alguns significados da tradução literal da palavra kosher ou kasher,
que corresponde a tudo o que é apropriado para o consumo pelos judeus.
Logo, para que um alimento seja considerado
kosher, ele deve respeitar essas regras durante a produção e o preparo, além de
passar pela fiscalização por um órgão especializado e apresentar um selo
específico (no caso de alimentos industrializados).
Origem e tradição
As leis que determinam a dieta kosher estão
escritas principalmente em Levítico 11 e Deuteronômio 14, entre outros textos
sagrados, e são repassadas de geração em geração pelas autoridades rabínicas.
Entre os principais objetivos de se consumir
alimentos kosher estão:
·
representar uma forma de
união do povo judeu, mesmo estando dispersos em países diferentes;
·
tratar os animais de
forma mais humana;
·
comer com consciência em
relação à fonte do alimento e o propósito da alimentação;
·
trazer benefícios à saúde
e mais longevidade, uma vez que os alimentos passam por rígidos controles de
qualidade.
Além disso, para os cabalistas, comer com
atenção é uma forma de elevar o alimento, cumprir a vontade divina e o
propósito para o qual ele foi criado. Isso também significa uma maneira de se
conectar com Deus.
Como citamos anteriormente, para ser considerada
kosher, a alimentação deve seguir uma série de regras, que contemplam não
somente o tipo de alimento ingerido, como também o modo de preparo, a
combinação, o uso de utensílios e a forma de abate dos animais.
Principais regras
As principais regras do kashrut contemplam os
seguintes requisitos:
O sangue dos animais não deve ser ingerido;
Os animais devem ser abatidos por meio de uma
técnica específica e indolor, chamada shechitah;
Alimentos como carne e leite não podem ser
combinados na mesma refeição ou ingeridos um após o outro (é preciso observar
um período de espera). Nem mesmo os utensílios utilizados para o preparo ou
consumo desses alimentos podem ser os mesmos;
Carne de peixe não deve ser consumida com outras
carnes, mas é permitido comer uma logo após a outra;
Legumes, frutas, vegetais e cereais são
considerados kosher, mas devem ser bem examinados e higienizados para
evitar a ingestão de insetos ou vermes;
Vinho e suco de uva precisam do certificado
kosher para consumo;
Todos os alimentos processados ou
industrializados precisam apresentar o selo kosher para serem
considerados próprios para o consumo.
Alimentos
neutros
Os alimentos que crescem na terra, como frutas,
vegetais e cereais são considerados alimentos neutros, também chamados de parve.
Isso porque, eles podem ser combinados com qualquer outro alimento kosher,
seja carne ou derivado do leite.
Os ovos dos animais permitidos pelas leis
kosher também são considerados parve. No entanto, para que sejam kosher
não podem conter sangue na casca. Caso contrário, precisam ser descartados do
plano alimentar.
A única exceção é para o vinho e o suco de uva,
que apresentam algumas regras para se tornar kosher e, por isso,
necessitam de selo. Entre elas estão:
·
Não devem ser cultivadas
outras plantas no local do vinhedo;
·
Se estiver localizado em
terras sagradas, o vinhedo deve deixar de produzir uma vez a cada sete anos;
·
A matéria-prima deve ser
kosher e os equipamentos e máquinas devem estar devidamente preparados para
evitar qualquer tipo de contaminação cruzada com alimentos não kosher;
·
O manuseio do vinho só
pode ser feito por judeus ortodoxos.
Todos os alimentos que não estiverem de acordo com as leis judaicas são chamados de treif ou treyf, o que significa “proibido”, e não devem ser consumidos por quem tem uma alimentação kosher.
Além do abate por meio de técnica específica
para minimizar o sofrimento do animal e eliminar o máximo de sangue possível,
todos os órgãos são supervisionados para garantir que não haja nenhuma
anormalidade que torne a carne não kosher.
Após o abate, também é realizado um processo
para filtrar o restante do sangue antes do consumo. Para isso, é adicionado sal
kosher em toda a extensão da carne e realizada a drenagem. Ao término, o
sal é retirado e a carne chacoalhada e lavada.
Ainda, no caso dos bovinos, nem todas as partes
do animal são kosher. Isto porque, a carne deve ter poucos nervos e
vasos sanguíneos para ser considerada própria para o consumo pelos judeus.
Os principais benefícios da alimentação kosher
são a rastreabilidade, a pureza dos ingredientes e a garantia de que não há
contaminação cruzada, pois devem seguir todas as regras básicas do kashrut.
Por isso, muitas pessoas, especialmente veganos
e vegetarianos, também optam por incluir alimentos kosher na sua
alimentação, considerando que o selo confere um compromisso maior com a
qualidade dos produtos.
A Pensão do meu Padrinho, onde iniciei a minha
carreira hoteleira, bem como todos os Hotéis e casas de aluguer estavam cheios
de pessoas de nacionalidade Hebraica e, por determinação deste, apesar dos meus
14 anos, eu tomava conta da recepção e do Restaurante, pois ele, apesar de
grande profissiomal de Restaurante, não sabia ler. Eram muitas as chamadas para
ajuda dentro e fora do estabelecimento, pois as pessoas estavam deslocadas do
seu ambiente normal, razão por que desenvolvi a Empatia como base do
relacionamento, pois todos eram pessoas com grande necessidade de uma boa ajuda
e dependentes dela para as suas premências do dia a dia. E aprendi também muito
sobre a sua história nas conversas que mantinha, fazendo assim bons amigos, dos
quais nunca mais tive notícias. Mas o Conhecimento ficou e foi útil. Pois tive
posteriormente vários cargos em estabelecimentos de entidades judaicas,
inclusivamente no Brasil. Vamos agora ao que interessa e ao que ficou das
lembranças.
Amnastich
Galinha recheada com picado de carne, cozida com
fundo branco de carne, adicionando-se arroz, cebola inteira, ramo de cheiros e
cravinho. Quando a galinha está cozida, retira-se, bem como a cebola e o ramo
de cheiros. Juntam-se ao arroz, 4 gemas de ovos batidas e sumo de limão.
Serve-se este ao redor da galinha.
Asbanne
125 g de carne de vaca, miolo de pão, 2 ovos
cozidos picados, aromáticos, alho, salsa, cominhos, pimenta, sal, 125 g de
arroz cru lavado e 2 ovos crus. Misturar tudo, muito bem e, meter em tripa de
boi. Apertar dos dois lados, cozer em caldo da Marga. (Sopa).
Berbouche
Espécie de cuscuz, que se serve com a Marga.
Deve ser aromatizado com salva, tomilho, hortelã, pimenta, cominho, milho,
pimpinela, coriandro, louro e casca de laranja.
Cholent (Chamado também
Shalet)
Prato tradicional, preparado na véspera do Sabath,
para ser cozinhado sem grandes atenções, pois a religião não permite qualquer
trabalho nesse dia. É básicamente, uma sopa,
preparada com pedaços de peito de vaca, alourados em um refogado não
muito puchado, de cebola, cenoura e alho, com louro e, terminado em
um caldo ao qual se junta feijão branco, grão de bico e arroz ou
cevadinha. Normalmente, é cozinhado durante a noite, para estar pronto no dia
seguinte.
Chotquada
Robalo ou Dourada, cozido com água, sal,
aromáticos e vinho branco. Cobrir com um molho, feito em caçarola, como segue:
2,5 dl de azeite, alho e salsa, bem picados e refogados; molhar um pouco com
vinho branco, sal, pimenta e açafrão. Ligar com 4 gemas de ovos. Sumo de limão,
alcaparras e pepinos verdes (cornichons)
picados. Servir, depois de bem cobertos com o molho.
Couscouss
Bolinhas de sêmola de milho ou de trigo,
amassadas com açafrão. Cozer sobre um passador de rede (Keskis) ao vapor da sopa Marga. Depois de cozidos, embebê-los em
manteiga (servem-se como guarnição da sopa Marga, ou com legumes e carnes em
fatias, regados com o caldo da mesma).
Crimsels
Esmigalhar alguns matzos (pães àzimos) e
deixá-los de molho, enxugando o excesso de água. Misturar bem com ovos batidos,
açúcar, maçã ralada, gengibre, uvas passa e frutas secas (nozes, avelãs e
amêndoas). Fritar a massa em óleo bem quente, com o formato de fatias de pão,
pequenas. Servir bem quente, polvilhado com açúcar e canela
Frimsel, Sopa
Amassar com um ovo e sal, toda a farinha que ele
possa comportar. Fazer uma massa, que se abaixa com o rolo e, se corta em tiras
finas. Cozê-las em fundo de carne e servir, como sopa, tal qual.
Gefulte Fish
É um bolinho de peixe, tradicional da culinária judaica da Alemanha. A qualidade do alimeto depende de um peixe fresco.
Grimslichs
Fazer uma massa, com farinha de milho, açúcar e
ovos. Misturar à parte: ovos, com amêndoas, passas de uvas, açúcar, um pouco de
canela e noz-moscada. Tomar pedaços da massa anterior, rechear com a outra
mistura e enrolar. Passar por farinha e fritar. Servir com xarope de frutas.
Hobar
Vitela natimorta, retirada do útero materno.
Desentranhar, lavar muito bem e cortar em pedaços. Temperar com o mesmo molho
do Mérot e guarnecer com azeitonas e champignons. Estufar e servir tal qual.
Loubia
O mesma que a TAFFINA, mas mais condimentada e fortemente apimentada.
Marga
Um pedaço de aba de vaca, bem lavado. Colocar ao
fogo, coberta com água. Juntar alho bravo (porro),
cenouras, nabos, aipo, grão-de-bico, olhos de couve, pequenas abóboras mimosas,
favas e feijão branco. Uma galinha casher
e uma asbanne. Condimentar e
temperar. Cozer e adicionar cuscuz. (Ver
ASBANNE e COUSCOUSS).
Mekina
Carne de vaca, bem cozida, picada fino com
cebola, alho, miolo de pão, açafrão, pimenta, sal e salsa. Misturar com ovos
batidos. Fazer uma tortilha e fritá-la, dos dois lados. Servir bem tostada.
Mérot
(Molho
encarnado). Em tacho de barro, colocar 1/2 litro de azeite, 15 dentes de
alho, 160 g de salsa picada, 250 g de polpa de tomates maduros, picada, 100 g
de colorau doce, uma pitada de bagas de erva-doce, 2 folhas de louro, sal e
caiena. Chega para 2 quilos de peixe, ou de carne, cortados em pedaços.
Cobre-se e cozinha-se em fogo forte. Servir no próprio tacho, com crostões
fritos em azeite.
Motza Kleis
(Para
Sopas). Ensopar em água, um pedaço de pão de milho e espremer. Alourar em
manteiga uma cebola picada, misturar com o miolo de pão, juntar um ovo bem batido,
gengibre, sal e pimenta, bem como um pouco de farinha de milho, cozida em água
(papas). Fazer bolas, que se cozem no próprio caldo da sopa, que vão guarnecer,
durante 20 a 25 minutos.
M’Stell
O mesmo aparelho da MEKINA. Rechear com ele, pequenos rissoles de massa semifolhada.
Fritar em azeite.
N’y-a-Preach
O mesmo aparelho do ASBANNE, sem arroz. Fazer pequenas bolas, que se fritam em azeite,
bem quente. Num tacho de barro, à parte: 2.5 dl de azeite, uma cebola picada, 1
quilo de grão remolhado. 12 abóboras mimosas (courgettes), cortadas às rodelas, açafrão e bastantes condimentos.
Cobrir com água, colocar em cima as bolas fritas e, tapar. Cozer no forno,
durante 6 horas.
Pudim Jacob
Cortar 4 fatias de pão de fôrma, em palitos e
cobrir, com doce de frutas. Colocar numa terrina oval ou pie-dish. Bater 2 ovos, com 2,5 dl de leite e um pouco de sal,
deitando sobre o pão. Deixar ensopar durante 1 hora. Cozer em forno brando,
durante 40 minutos.
Tafetá
Num tacho de barro, colocar 1 quilo de feijão branco,
remolhado, 4 pés de vitela, 3 cabeças de alho, 1 cebola, 1 quilo de chambão de
vitela, ramo de cheiros, 150 g de colorau doce, pitada de pimenta do moinho e
de especiarias, 3 tomates sem pele picados. 2,5 dl de azeite e sal. Cobrir de
água. Tapar com papel vegetal e colocar a tampa; cozer no forno, durante 12
horas.
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