Delegação e seus Elementos
O funcionamento de uma empresa passa essencialmente pela delegação de tarefas entre os seus colaboradores. Sem este instrumento de gestão, os líderes ficariam sobrecarregados e sem possibilidade de assumirem responsabilidades maiores. Contudo, delegar nem sempre é um processo simples. Alguns problemas podem ocorrer: o líder pode ter dificuldades em atribuir responsabilidades e o subordinado pode ter problemas em entender os limites do poder recebido.
A competência de um funcionário apoia-se
em conhecimento técnico, habilidades humanas e no desempenho da função, que
depende da sua competência, mas esta só fica clara em condições motivadoras no
ambiente empresarial. O líder em qualquer posição da hierarquia, não pode ser
um autocrata que possua competências brilhantes, porém estéreis. Cabe a ele
gerar o conhecimento necessário para o bom funcionamento do seu Setor ou
Departamento, educar e instruir para o crescimento das pessoas sob sua
responsabilidade. A forma mais inteligente de preencher estas obrigações é
delegar com monitoramento sistemático, ou seja, uma Supervisão constante.
Em muitos casos o líder tem baixa
autoestima e tem a impressão de que o seu poder vem do conhecimento técnico, quando
na verdade o grande líder não é o que detém todo o conhecimento, mas o que tem
a capacidade de comandar pessoas mais versadas do que ele, em certos assuntos.
A delegação passa assim, pelo processo psicológico de transferir algo que muitos
líderes acham que é deles. O líder precisa entender que tem basicamente quatro
grandes metas:
1) Traçar objetivos;
2) Criar condições para realização de
resultados;
3) Estimular a equipe na obtenção de metas;
4) Avaliar como os processos estão
evoluindo.
Um líder precisa delegar para que ele próprio possa crescer, ensinar à sua equipe que deve aprender a pensar e não apenas receber ordens. Ao transferir uma tarefa para o subordinado é fundamental que a comunicação seja eficaz no que tange aos valores da organização ou às necessidades do objetivo. Vale dizer que não se deve delegar algo sem que o subordinado entenda o motivo, e sem que tenha as repostas necessárias às dúvidas que for acrescentando, pois a pior delegação é a que transfere apenas o “trabalho”. É importante “acompanhar” e não apenas “providenciar”, que são distintas e de grande impacto no processo de delegação, onde os dois elementos devem ser levados em conta:
1) A cada responsabilidade correspondem
poderes e deveres;
2) A delegação não exclui a
responsabilidade do delegante.
O líder deve ter a consciência de que a delegação não lhe tira a responsabilidade pelos possíveis erros que o subordinado causará. O liderado precisa ter a certeza de que o superior é um apoio e, para criar este ambiente ideal, é necessário usar ferramentas de monitoramento sistemático. Ou seja, ao delegar algo providenciar um treinamento que garanta ao delegado um pleno conhecimento das suas funções e responsabilidades, e monitorar pelo período que for razoável para identificar desvios de rota ou possíveis distorções, tornando a comunicação fluida. Em cada ponto do monitoramento o líder deve ajudar e orientar o subordinado, observando se ele usa o poder de uma forma correta e aumentando o intervalo de monitoramento até transferir completamente o poder. Esta medida fará o liderado se sentir confiante por receber acompanhamento e fará com que o líder tenha a certeza de que as coisas estão caminhando dentro do esperado. Assim, ambos exercerão os elementos básicos da delegação: aceitação da responsabilidade; transmissão à pessoa habilitada; comunicação perfeita; existência de condições para execução da tarefa; e acompanhamento do líder.
É importante salientar que alguns cuidados
precisam existir para que tudo flua tranquilamente. Antes da Delegação, deixar
muito claras as responsabilidades da tarefa, bem como o poder que está sendo
delegado. É importante conversar a respeito para certificar-se de que foi entendida
a abrangência da delegação. Verificar sempre se o subordinado pode receber
novas atribuições analisando, antes da transferência destas, as condições de
tempo e pressão a que ele já está submetido.
Analisando a Delegação
A delegação de autoridade é um processo
organizacional importante de divisão do trabalho, pois o gerente não pode estar
presente em todos os locais ao mesmo tempo, ou o tempo todo, tendo que obter
resultados através dos seus auxiliares e subordinados e portanto, distribuir o
trabalho equitativamente nos diversos escalões. Pelo processo conhecido como
‘delegação’ e partindo do princípio que o gerente foi escolhido e recebeu dos
acionistas ou seus representantes a responsabilidade pelos destinos da empresa,
ele é o responsável direto por todos os cargos e funções inerentes ao
funcionamento desta. Delegação é assim, o
processo pelo qual um gerente confia o trabalho a subordinados, nos vários
Setores e Departamentos de uma Empresa, mas mantendo consigo a responsabilidade
pelo que efetivamente acontece. Deve ficar óbvio aqui, que numa grande empresa
a Delegação é feita através das várias camadas hierárquicas, e o Gerente Geral
delega aos Gerentes Departamentais, que por sua vez delegam aos Chefes de
Secção e estes aos Supervisores, podendo haver outras camadas de delegação se
elas forem julgadas necessárias. Em suma, este é o processo pelo qual a
autoridade e a responsabilidade é distribuída por toda a organização.
Elementos da Delegação:
(1) O delegante atribui funções.
(2) O delegante concede autoridade.
(3) O delegante cria obrigações.
(4) O delegante mantém a responsabilidade.
(5) O delegante deve garantir que
os delegados recebam o treinamento necessário para o cumprimento
correto das suas funções.
(1) Atribuindo Deveres:
A principal razão para um executivo
delegar autoridade é distribuir a carga de trabalho que movimenta a empresa, mas
se não possui os conhecimentos técnicos ou a habilidade necessários para
realizá-las, a saída lógica é que delegue também algumas dessas atividades a
outras pessoas que possam executá-las melhor ou, pelo menos, com a mesma
eficiência que ele teria usado. Na atribuição de funções, o delegatário pode expressá-las em termos de funções ou
em termos de objetivos ou resultados. Os deveres de um indivíduo são claros
para ele apenas quando ele sabe quais atividades deve realizar e quais as missões
que deve cumprir. Na Hotelaria, a Delegação faz parte das necessidades
funcionais da organização, pois os Departamentos estão subdivididos e tem
funções permanentes, as quais não podem ser interrompidas.
2) Concedendo Poder: (Dar Autoridade)
Um gerente confere a um subordinado a
autoridade de decidir dentro de uma área limitada e de agir da melhor maneira
possível. O subordinado exerce essa autoridade de acordo com a sua compreensão
das intenções do delegatário e dentro da estrutura dos controles que este
decidir estabelecer. Uma obrigação do delegatário é examinar o escopo da
autoridade que ele deseja que seu subordinado exerça, e passar-lhe esta
informação, com o correspondente treinamento, de forma a marcar claramente a
gama de ações esperadas e permitidas.
Duas regras foram sugeridas para
executivos ao delegar autoridade. Elas dizem respeito à clareza e ao valor que
o delegatário deve garantir para esclarecer a natureza da autoridade que está passando
ao delegado. Se houver falta de clareza quanto ao escopo dessa autoridade, isso
pode causar confusão na sua mente e conflitos com outros executivos,
prejudicará a sua eficiência e poderá desacelerar o trabalho da organização. No
entanto, é possível evitar isso se houver organogramas e manuais de organização
atualizados para referência.
A outra regra é que autoridade e
responsabilidade devem ser co-terminais ou iguais. A razão é óbvia, pois, se a
autoridade excede a responsabilidade, um subordinado pode ser tentado a abusar
dela e isso pode criar resistência entre aqueles que lhe estão sujeitos. Por
outro lado, se a autoridade for menor do que a responsabilidade, ele pode não
ser capaz de tomar as medidas adequadas; nem ser capaz de obrigar outros a
cooperar com ele no cumprimento de sua responsabilidade. Como resultado, ele
pode sentir frustração constante, o que irá exaurir a sua energia e destruir o seu
desejo de lealdade à organização.
(3) Criando Obrigações:
O próximo passo é criar uma obrigação por
parte do subordinado para o desempenho satisfatório da responsabilidade
delegada. Ao delegar, um executivo deve certificar-se de que existe uma
compulsão
moral para cumprir os deveres atribuídos, se reportar às autoridades superiores
e lhes prestar contas.
(4) Responsabilidade e retenção desta:
O
processo de delegação tem a característica peculiar de deixar ao executivo que
delega tanta autoridade quanto ele tinha antes de delegar, embora aparentemente
ele a tenha dispensado, passando-a parcialmente, aos seus subordinados. Isso
também vale para a responsabilidade à qual não pode eximir-se; não importa em
que grau ele estabeleça a obrigação por parte dos seus subordinados, pois ele
permanece responsável pelo desempenho do trabalho que delegou a estes. Em suma,
um executivo, quando delega, não abdica de sua responsabilidade, obrigação ou
prestação de contas pelos resultados. No caso da Hotelaria, como explicamos
noutro trabalho sobre o assunto, todos os empregados são considerados delegados
e representam o Gerente (e concomitantemente o Hotel), devendo comportar-se e
executar as funções delegadas, tal como seriam pelo delegante (o gerente) pois
é ele efetivamente o responsável direto por todos os serviços e obrigações
inerentes ao dia a dia do Hotel.
Autoridade
e gestão
Limitações
a ter em Conta ao dar ordens ou instruções
A
autoridade é baseada no comportamento e nas relações humanas. Portanto, está
sujeita ao comportamento do grupo, pela reação e pelas mudanças sociais. Consequentemente,
os limites da autoridade durante o exercício desta devem ser observados.
As
limitações mais importantes do uso da autoridade são as seguintes:
(1)
Limitações comportamentais:
Relacionam-se
às culturas e costumes do grupo sobre o qual a autoridade está sendo exercida.
A reação a uma autoridade difere de um indivíduo para outro e de um grupo para
outro. É preciso cuidar e calcular de antemão as reações que se seguirão quando
a autoridade for exercida.
(2)
Limitações biológicas:
Tem
a ver com as habilidades físicas de um ser humano. A autoridade não deve ser
exercida para ultrapassar os limites biológicos, caso contrário pode não ser
possível evitar sentimentos de revolta por parte dos trabalhadores. Os responsáveis
não devem dar nenhuma ordem que, na prática, não possa ser implementada. Por
exemplo, um gestor não pode ordenar que seus subordinados trabalhem cinco dias
sem parar porque não será possível e praticável para seus subordinados fazê-lo.
(3)
Limitações causadas pela natureza ou limites naturais:
Esta
limitação está relacionada a limitações naturais, como situação geográfica,
clima e as leis da natureza. Não devem ser esquecidas porque os subordinados
não podem ir além da natureza. Por exemplo, as mãos não podem tocar no fogo sem
proteção e nenhuma autoridade deve insistir nisso.
(4)
Limitações Tecnológicas:
Esta
limitação está relacionada aos desenvolvimentos tecnológicos. A autoridade pode
ser desprezada se for dada ordem para fazer algo que não pode ser feito sem o
desenvolvimento tecnológico necessário para a execução das referidas ordens.
Por exemplo, um Supervisor não pode ordenar que seus subordinados produzam algo
sem ferramentas condizentes.
(5)
Limitações econômicas:
Em
limitações econômicas, nenhum supervisor pode emitir ordens que não possam ser
implementadas por causa de limites econômicos. Razões econômicas estão
relacionadas à competição, condições de mercado, determinação de valor,
determinação de preço etc. Por exemplo - um gerente pode solicitar barganha para
conseguir preços mais baixos, mas não pode ordenar que seus subordinados
comprem uma mercadoria abaixo do seu valor de mercado.
(6)
Outras limitações:
Estas
limitações relacionam-se com as leis do país, objetivos e estatutos da empresa
que nenhuma autoridade deve desprezar, nem deve esperar que seus subordinados
desprezem. Referem-se a ordens que levem à desobediência civil ou possam causar
indisciplina.
Verificamos que a responsabilidade é inerente à obrigação de um indivíduo realizar uma tarefa ou dever de que está incumbido pela sua posição numa empresa. A autoridade necessária é delegada a ele para que possa cumprir as suas responsabilidades adequadamente. Uma pessoa pode delegar a sua autoridade, mas não pode delegar a sua responsabilidade, ou seja, ela não é eximida da sua responsabilidade mesmo que a delegue a outros.
O Gerente Geral, é sempre o responsável por todos os atos dos seus subordinados, em todos os patamares das hierarquias, razão por que deve garantir que todos tenham o treinamento e os conhecimentos necessários para exercer as funções que lhes forem atribuídas.
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