segunda-feira, 18 de outubro de 2021

 


DELEGAÇÃO E QUALIDADE DE SERVIÇOS

Algumas considerações sobre este tema

Sempre que se busca Qualidade ou se analisa a falta desta em hotelaria, deve-se fazer uma análise profunda de como está sendo feita a delegação no estabelecimento, pois na maior parte das vezes todo o problema nasce ali.

A delegação é uma realidade de gestão que todos utilizam em hotelaria, mas sobre a qual poucos entendem ou sobre a qual poucos se debruçam. É talvez, também, a indústria onde a delegação é mais utilizada e aquela onde esta é mais negligenciada. Quando se verificam sinais de baixa qualidade de serviço, ou existem erros acima do aceitável, um dos primeiros pontos a analisar deve ser – como está sendo feita a delegação no nosso estabelecimento? Nengum empregado deve ser colocado num cargo, sem para isso ter sido BEM TREINADO. Devido ao facto de ser uma indústria de serviços, com funcionamento ininterrupto que não permite aos responsáveis uma presença constante, a delegação é inevitável, sem que estes se apercebam da existência desta como tal, e façam a delegação como uma acção normal, inerente ao tipo de empreendimento.

Mas, se quisermos nos compenetrar um pouco mais da pertinencia e da importancia deste assunto, em relação aos resultados de gestão, verificaremos que: Delegação é a atribuição de autoridade e responsabilidade para outra pessoa (normalmente a partir de um gerente para um subordinado) para realizar actividades específicas. No entanto, a pessoa que delegou o trabalho continua a ser responsável pelo resultado do trabalho dos delegados[1]. A delegação confere, a um subordinado, liberdade para tomar decisões, o que significa uma mudança do poder de decisão de um nível da organização para outro inferior. Delegação, se feita correctamente, não é abdicação. A má delegação, por outro lado, pode causar frustração e confusão para todas as partes envolvidas, com situações desgastantes e por vezes prejudiciais ao negócio.

Se perguntarmos a qualquer empregado de hotel quem é o responsável pela preparação dos bifes e cozinhados, teremos como resposta que é o cozinheiro. Do mesmo modo, seremos informados que o responsável pela boa apresentação dos quartos é a governante ou a empregada de quartos, enquanto que para abrir a porta de um táxi que chega ao hotel, será indicada a responsabilidade do trintanário ou do mensageiro.

Mas em boa verdade, o responsável por todos estes serviços é o gerente do hotel. Foi a ele que os proprietários ou os accionistas entregaram o empreendimento, e foi com ele que discutiram e acertaram a classe e a qualidade dos serviços, bem como a forma de conduzir estes e atender a clientela.

Baseado na indiscutível impossibilidade de estar presente em todos os locais e em todos os momentos, o gerente necessita lançar mão de quem o substitua, nos distintos locais e nas diversas horas do ciclo normal dos serviços.

Para isso escolhe os gerentes sectoriais ou os chefes de serviços, aos quais delega a sua responsabilidade nas diversas áreas, para que tudo aí decorra como acertado e desejado. Feita esta primeira delegação e pelas mesmas razões que a motivaram, os escolhidos para esses cargos gerenciais fazem a selecção daqueles em quem farão, por sua vez, a delegação de responsabilidades. E o ciclo das delegações vai tomando o seu, até atingir o rodapé da pirâmide. Mas tomando como base o que lemos atrás, todo este processo de delegação não retirou aos vários cargos a responsabilidade do seu iniciador, neste caso o gerente do hotel. Baseados nesta premissa, podemos e devemos aceitar que a pessoa que nos recebe ou abre a porta do nosso táxi, é o representante formal e inequívoco do gerente, e como tal o serviço e as atenções que nos presta devem curso ser idênticas às que receberíamos se este ali estivesse naquele momento. Começa aqui a verificar-se, o pouco cuidado com que é tratado na maior parte dos nossos estabelecimentos, o assunto da delegação, porque a maior parte dos directores, dos gerentes e até dos supervisores ou chefes de secção, não tem sobre esta uma idéia formada, nem lhe dão a atenção devida. Todo o pessoal deve saber que, no desempenho das suas funções, cada um deles representa o director ou gerente e é um símbolo do hotel. E todo o pessoal deve ser treinado dentro de critérios que lhes permitam avaliar a importância dessa delegação e cumprir o que dela se espera.

Uma perfeita delegação reforça um estilo de gestão que permite à equipe usar e desenvolver as suas habilidades e conhecimentos até ao pleno potencial. Com uma delegação defeituosa, perde-se o valor que o próprio empregado poderia ter para a reputação do hotel e para a sua dignidade profissional.

Como a antiga citação inicial sugere, delegação é confiar a outros a sua responsabilidade, com a inerente autoridade, até aos limites julgados necessários. Isso significa também que eles podem agir de forma independente, dentro dos padrões estabelecidos e que partilham a responsabilidade inerente às determinadas tarefas. Se algo der errado, o gerente será o responsável, uma vez que a delegação parte sempre dele. Sendo assim, é fundamental delegar de maneira que as tarefas sejam executadas da forma correta, e para isso é importante um bom treinamento e uma perfeita conscientização dos responsáveis, antes de iniciarem o serviço.

 

 



[1] Usamos a palavra delegados, uma vez que estamos falando de delegação. Esperamos que os nossos leitores se apercebam de que, neste caso, delegados significa o mesmo que empregados designados para o cargo.

 

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