terça-feira, 25 de dezembro de 2018



 

A LIDERANÇA

Métodos e sugestões para desenvolvimento da liderança

Explicar e compreender a natureza de uma boa liderança é provavelmente mais fácil do que praticá-la. A boa liderança requer profundas qualidades humanas, além das noções convencionais de autoridade.
Na era moderna, os bons líderes são um vigor necessário para ajudar as pessoas e as organizações a realizar e a desenvolver, o que implica um intenso alinhamento com as necessidades do pessoal, e os objectivos da organização.
O conceito tradicional de líder, como um chefe que dirige no topo de uma hierarquia, é hoje uma avaliação muito incompleta em relação ao que a verdadeira liderança deve ser.
A liderança eficaz não exige, necessariamente, capacidade intelectual extraordinária, ou técnica acima da média. Esses atributos podem ajudar, mas não são fundamentais. Para uma boa liderança nos tempos que vivemos, é muito importante manter atitudes e comportamentos que se carácterizem pelo relacionamento e pelo sentido de humanidade.
A liderança é centralizada em pessoas, e embora no seu decurso envolva decisões e acções relativas a muitas outras coisas, o seu papel é especial em relação a outros, pois em qualquer contexto, a liderança é sempre analisada pela forma como o director opera.
Muitas capacidades na vida baseiam-se em adquirir competências e conhecimentos, para em seguida aplicá-los de uma forma fiável. A liderança é completamente diferente. Boa liderança demanda fortes recursos emocionais e comportamentais os quais exibem a capacidade espiritual e a reserva mental de um líder.
O papel da liderança é um reflexo das necessidades das pessoas, e dos desafios que a vida moderna lhes impõe. Liderança é, portanto, um conceito profundo de relações humanas, com implicações cada vez mais complexas, inerentes à rápida mutação que se observa num mundo inconstante, incerto e complicado.
Liderança e gestão são comumente vistas como a mesma coisa, mas elas não são. E a liderança é também mal interpretada, quando a análise se estabelece no sentido de que ela serve para orientar e instruir as pessoas, e tomar decisões importantes em favor de uma organização.

Liderança eficaz é muito mais do que isso.
Os bons líderes são seguidos principalmente porque as pessoas confiam neles e os respeitam pelo seu carácter, ao invés de pelas habilidades que possuem. A liderança atrai primeiro pelo comportamento, e só depois pelas habilidades.
Fica assim simples verificar como a liderança é diferente de gestão:
·           Gestão actua especialmente sobre os processos.
·           A liderança verifica-se principalmente pelo comportamento.
Poderemos ainda contestar, ao dizer que a gestão depende de muitos aspectos concretos e mensuráveis, como as capacidades de planeamento eficaz, a utilização de sistemas organizacionais e o uso de métodos de comunicação adequados.
É certo que a liderança envolve muitas das habilidades de gerenciamento, mas geralmente tem este como fundo ou função secundária e depende, mais fortemente, de coisas menos tangíveis e mensuráveis, como confiança, inspiração, atitude, tomada de decisão e carácter pessoal. Estes não são processos, habilidades, ou mesmo necessariamente, resultado da experiência. São facetas de humanidade, activadas principalmente pela personalidade do líder e, sobretudo, pelas suas reservas emocionais.
Outra maneira de ver a liderança em comparação com a administração, é que ela não depende do tipo de métodos de gestão e processos utilizados; liderança depende, principalmente, da forma como o líder utiliza os métodos e processos de gestão. Boa liderança depende das qualidades comportamentais, e não dos processos de gerenciamento.
Humanidade será uma boa maneira de descrever estas qualidades, pois reflecte a relação vital que deve existir entre o líder e o seu pessoal.
As qualidades essenciais para o líder no relacionamento com o seu pessoal, são muito diferentes das habilidades e processos convencionais, pois determinam um resultado diferente e altamente significativo:

     Integridade,
     Honestidade,
     Humildade,
     Coragem,
     Compromisso,
     Sinceridade,
     Paixão,
     Positividade,
     Sabedoria,
     Determinação,
     Compaixão,
     Sensibilidade,
     Confiança,
     Mansidão.
Pessoas com este tipo de comportamentos e atitudes, propendem a captar seguidores, pois estes são naturalmente atraídos para os que exibem força e inspiram confiança. Essas qualidades tendem a produzir um efeito carismático, embora o carisma não garanta, por si só, uma liderança eficaz.
Algumas pessoas nascem, também, com mais pendor à liderança do que outros. Embora a maioria não procure ser um líder, muitos mais do que eles próprios imaginam, serão capazes de preencher esse papel, de uma forma ou de outra e em uma situação ou outra.
As pessoas que almejem ser um líder, podem desenvolver capacidade de liderança, pois ela não é um reduto exclusivo de alguns, em detrimento de outros.
Liderança é uma questão de convicção pessoal e de capacidade de acreditar firmemente numa causa ou objectivo, seja ele qual for.
A oportunidade de liderança aparece por vezes, às pessoas, só mais tarde na vida, e isso não é ruim. A humanidade tende a ser uma carácterística geracional, e não há nenhum obstáculo real para as pessoas que se queiram tornar líderes, se a liderança for abordada com a integridade adequada. Qualquer um pode ser um líder, se estiver devidamente engajado numa causa em particular.
E muitas qualidades de liderança eficaz, como a confiança e o carisma, continuam a crescer a partir da experiência no papel de liderança. Ainda que inicialmente surpresos, líderes modestos podem tornar-se grandes, e por vezes muito estimados.
A liderança pode ser realizada através de diferentes estilos. Alguns líderes usam um estilo que, sendo ideal para determinadas situações pode ser errado para outras. Mas todos os líderes podem adaptar e utilizar os vários estilos de liderança, para determinadas ou diferentes situações[1].
Adaptabilidade de estilo é um aspecto cada vez mais significativo de liderança, pois a gestão está cada vez mais complexa e dinâmica. A adaptabilidade decorre da objectividade, que por sua vez decorre da segurança emotiva e da maturidade emocional. E de novo frisamos, que essas forças não dependem da posição, educação, de capacidades ou de processos.
Os bons líderes têm, geralmente, uma profunda compreensão das relações dentro de grandes e complexos sistemas e redes. Isso pode ser intuitivo ou aprendido, estar ligado ao aspecto técnico, ou relacionado a ambos.
Uma maneira de aumentar esta faceta essencial de liderança, em relação aos relacionamentos mais amplos e aos sistemas, é oferecida pelo desenvolvimento psicológico e pelo estudo de como essa teoria se relaciona com as organizações e a condução de pessoas, pelo que aconselhamos este estudo aos nossos leitores.
Novos profissionais em cargos de supervisão e gestão, sentem-se muitas vezes sob pressão, pois actuam de uma forma particularmente dominante.  Às vezes, essa pressão vem de cima, pois se espera que o novo líder imponha logo a sua autoridade sobre a equipa. Queremos deixar claro que lideranças dominantes raramente são apropriadas, especialmente para equipas amadurecidas. Interpretar mal a situação e tentar ser excessivamente dominante logo no início, pode causar problemas para um novo líder. A resistência da equipa pode tornar-se um problema, dando origem a um ciclo de comportamentos negativos e redução do desempenho. 
Tanto os indivíduos como as equipas, tendem a resistir para defender algo em que tenham um forte envolvimento, participação ou sentimento de controlo. Por outro lado, as pessoas tendem a responder bem aos agradecimentos, ao incentivo, ao reconhecimento, inclusão, etc. Liderança excessivamente dura ou dominadora, leva as equipas a reagir e a resistir, pois gera um sentimento de posse e auto-controlo entre os que estão sendo conduzidos. É sempre preferível tentar a aproximação através do reconhecimento e incentivos positivos (obrigado, elogio, etc.), vital para as equipas e os indivíduos em momentos de mudança, e para a sua satisfação pessoal. Os líderes precisam ser capazes de tomar decisões difíceis, quando necessárias, mas mais importante ainda, os líderes devem concentrar-se em capacitar a sua equipa para prosperar, o que se consegue mais rapidamente com um papel de parceiro, e não de dominador, pois este já está geralmente associado às funções de direcção.
A liderança ética é hoje mais importante do que nunca. O mundo é mais transparente e mais conectado do que era no passado. As acções e as filosofias das organizações são analisadas pelos sindicatos, pela mídia e pelo público em geral, como nunca haviam sido antes. Isso advém do aumento da conscientização em massa e do interesse entre as pessoas por toda a responsabilidade corporativa e os muitos conceitos associados, tais como a responsabilidade social e da comunidade. O líder moderno precisa entender e avaliar todos estes matizes, e estar preparado para aceitar que, ao aspirar a liderar pessoas, deve conhecer o peso de todas estas áreas, e a sua força sobre o relacionamento e a gestão.
A BBC apresentou há algum tempo um rápido estudo de caso, onde mostra um aspecto importante da liderança, ou seja, a filosofia.
Filosofia[2] (que poderíamos chamar "objectivo fundamental") é vista como a fundação sobre a qual se pode construir a estratégia, a gestão, as actividades operacionais e, de uma maneira geral, tudo o que acontece numa organização.
Seja qual for o tamanho da organização, as actividades operacionais devem ser conciliáveis de uma forma harmoniosa (encaixe harmonioso) com a filosofia da empresa.
Executivos, directores, gerentes, funcionários, clientes, fornecedores, accionistas, etc., devem ser claramente municiados com os princípios filosóficos (ou "quadro de referência") que norteiam a empresa, para estudá-los e neles basear as suas expectativas, decisões e acções. Podemos facilmente avaliar que numa organização complexa e vasta como a BBC, a liderança será muito desafiadora, por razões de tamanho, diversidade, política e de interesse público, etc.
Mas em qualquer situação, manter uma filosofia de conflito aumenta dramaticamente as dificuldades para todos e não apenas para o líder, porque o quadro de referência que se apresenta é desconcertante.
Para que a liderança possa funcionar, todos, tanto funcionários como os que de fora colaboram com a empresa, devem ser capazes de alinhar as suas expectativas, objectivos e actividades com uma finalidade básica, a filosofia da organização. Esta filosofia funcional deve fornecer claros pontos de referência, vitais para decisão e acções dos trabalhadores - um factor cada vez mais significativo nos modernos "poderes" das organizações, mas também tema essencial para clientes e colaboradores externos, na avaliação das carácterísticas organizacionais, tais como integridade, ética, equidade, qualidade e desempenho. A filosofia clara é vital para o "contacto psicológico", seja este declarado ou não declarado (quase sempre não declarado) em que pessoas (funcionários, clientes ou observadores) tendem a julgar as suas relações e transacções.
Existem muitas organizações, grandes e pequenas, com objectivos fundamentais contraditórios e confusos. Se aceitarmos como base de trabalho que a filosofia é o fundamento sobre o qual a liderança (por estratégia, gestão, motivação, e tudo o mais) é construída, chegaremos à conclusão de que se a fundação não é sólida e viável, tudo o que se construir sobre ela está propenso a estremecer e pode ruir completamente.
Isto, obviamente, suscita a questão do que fazer, se você se encontrar líder de uma equipa ou organização que carece de clareza da sua filosofia e propósito fundamental; e aqui reside uma diferença mais clara entre gestão e liderança: como líder, a sua responsabilidade vai mais além do que conduzir as pessoas. A verdadeira liderança inclui também - tanto quanto a situação o permita - a responsabilidade de proteger ou refinar o propósito fundamental e a filosofia da empresa.



[1] Tratamos também deste assunto em Estilos de gestão, pelo que os interessados podem buscar aí, mais informações sobre o tema.
[2] Na Antiga Grécia, filosofia designava o pensamento voltado à pesquisa e ao estudo, com a intenção de ampliar incessantemente a compreensão da realidade, pois os homens tinham muitas dúvidas que queriam esclarecer. Mas o escopo da palavra foi-se ampliando através dos tempos, para designar também, razão e sabedoria. E por extensão, a palavra pode ser aplicada a “Modo de pensar”. É sob essa visão que aqui a apresentamos e desenvolvemos.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          

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