A Culinária
Sua evolução e o progresso
Cozinhar é a elaboração
artificial dos alimentos e tem como objetivo principal, preparar estes para a
sucessão de modificações que irão sofrer na sua viagem através do corpo humano,
conhecida como digestão e assimilação. Outra finalidade secundária é tornar
itens eventualmente nocivos à alimentação, no seu estado natural, aproveitáveis
para o consumo. Tanto a batata como a mandioca, por exemplo, seriam
prejudiciais se não cozinhadas. Outros legumes se comidos crus, não teriam a
mesma capacidade de satisfazer o paladar e facilitar a digestão.
Cozinhar tem se tornado uma
verdadeira arte e evoluído de forma considerável. O cozinheiro tornou-se um
filósofo e adora fazer demonstrações da sua capacidade para a satisfação de
terceiros. Essa atitude só pode ser louvada e encorajada. Sobretudo em tempos
como os de hoje, em que os fast-food
e os preparados tendem a desencorajar
arrojos culinários e aumentam os
problemas de saúde e os obesos.
Os alimentos são preparados e
cozinhados por seis razões:
Para facilitar a mastigação.
Para beneficiar e abreviar e
digestão.
Para transformar certas
substancias, naturalmente danosas, em alimentos nutritivos.
Para eliminar elementos nocivos
ou prejudiciais desenvolvidos nos alimentos. Como a tinha e a solitária,
possíveis na vaca e no carneiro, ou a ténia e a triquina no porco.
Para combinar os alimentos nas
proporções adequadas às necessidades do corpo.
Para torná-los saborosos ao
paladar e agradáveis à vista.
Embora pareça que a última razão
se conflita com a segunda, tal asserção não terá suporte se tivermos em
consideração que o valor estético de uma agradável refeição é importante e se
dermos razão ao aforismo popular de que “Os
olhos também comem”.
É sabido que o aroma e a vista
agradável de um prato desenvolvem a predisposição para a comida e os sucos
gástricos necessários à sua absorção.
É indiscutível (e devemos estar
conscientes dessa verdade), que o calor altera a constituição química dos
alimentos. Mas não a um ponto que mereça reprovação, pois muitos alimentos não
poderiam ser usados pelo ser humano se não fossem cozinhados. Por isso o calor
deve ser usado na sua exata proporção e acompanhado com cuidado. A
transformação de alguns é facilmente identificada, como a solidificação da
clara de ovo desde o cremoso até ao duro; a modificação das fibras quando
mirradas ou intumescidas, ou a apresentação da gelatina quando macia, ou seca e
quebradiça.
Como todas as transformações têm
a sua explicação e devem ser conhecidas pelos cozinheiros, é a exata
apresentação do produto que demonstra a qualidade do prato e separa aqueles que
satisfazem o consumidor, dos que o deixam aborrecido e descontente.
Ao preparar um prato, devemos
estar sempre conscientes da necessidade de combinar os ingredientes na
proporção certa, de acordo com a sua constituição. Alguns alimentos são
deficientes num aspecto, enquanto outros são excessivos, não só no mesmo como
em outros. Uma pequena adição aqui e ali, torna-os mais nutritivos, mais fáceis
de digerir e leva ao organismo os valores que este necessita. Todos os
cozinheiros são induzidos a essa combinação, pela utilização dos vários
instigadores do paladar ou do apetite. Ao arroz, rico em gomas, adicionam
manteiga ou natas; com ervilhas servem um pouco de bacon; para o peixe, buscam
o enriquecimento que o molho de ovos adiciona; o bife é balanceado com batata
cozida ou “sautée”.
Mas nem sempre os hábitos da
culinária devem ser cegamente seguidos, pois podem eventualmente necessitar de
correção. Há muita coisa a aprender para além do uso do simples estimulador do
paladar ou do apetite.
Estes incluem o cloreto de sódio
ou sal comum, os sais potássicos, o fosfato de cálcio e o ferro. O primeiro é o
único que se adiciona como tal aos alimentos e deve ser dosado com cuidado,
pois normalmente ele já está incluído em muitas das preparações apresentadas no
mercado. Os sais potássicos estão presentes nas frutas frescas e nos legumes. O
cálcio, tão necessário aos ossos e dentes, incorpora-se no leite e nos grãos.
Quanto ao ferro, mais medicamento que alimento, é um importante componente do
sangue que se encontra presente nos legumes frescos, estando também em
quantidades variáveis na maior parte das águas.
Sendo alimentos baratos e de
fácil aquisição, são encontrados na maior parte das preparações culinárias.
Pão, batatas, massas, arroz,
trigo e cevada são constituídos de amido na sua quase totalidade, enquanto que,
milho, araruta, sagu e tapioca, podem ser considerados como amido puro. As
lentilhas, as ervilhas e o feijão, são leguminosas com grande quantidade de
amido, embora sejam cotados como albuminóides. O leite não contém amido, mas
inclui algum açúcar que substitui aquele. As crianças pequenas não devem
ingerir amidos, pois não têm capacidade de digerir estes. A transformação do
amido pelo calor produz dextrina, a qual se encontra sempre nos biscoitos, nos
bolos e na codea do pão.
Açúcar e melaço são bons
alimentos e substitutos dos farináceos, podendo no entanto produzir acidez em
adultos com predisposição para tal. As crianças, como não estão sujeitas a essa
alteração, podem encontrar nestes alimentos, se bem controlados, um bom suporte
alimentar em vez dos farináceos que conduzem à obesidade.
As gorduras e os farináceos são
considerados produtores de calor por serem oxidados ou queimados pelo corpo
para manutenção da temperatura adequada deste. Deve existir porém cuidado na
absorção dos últimos, pois quantidades exageradas levarão a que a gordura
existente neles não seja totalmente consumida por desnecessária ao organismo, e
por este armazenada, conduzindo à obesidade. A melhor forma de manter
equilíbrio de massa corporal é através de exercícios físicos para oxidar os
excedentes.
A gordura, seja sob a forma de manteiga,
natas, óleo, azeite, carne, bacon ou qualquer outro nome, é necessária em
culinária, sendo notada a sua falta pelos que tem menos posses ou pelos que
sendo doentes encontram dificuldade na sua digestão. Mas algum substituto pode
sempre ser encontrado. Se digerida, qualquer gordura é boa. Óleo de vegetais,
azeite, natas e óleo de peixe, são gorduras de fácil digestão, embora existam
restrições ao seu uso em fritura, pois o calor decompõe o óleo e oxida-o em
demasia, o que não é aconselhável para uma boa saúde.
Gorduras e farináceos, são
alimentos que se substituem entre si dentro de certos limites. Devem ser
consumidos em climas frios e com maior cuidado nos climas quentes.
O termo albume ou albúmen,
designa o tecido nutritivo rico em substancias
alimentares que envolve o embrião de muitas plantas. Algumas vezes estas são
indicadas como boas para a pele ou designadas alimentos nitrogenados ou
azotados, porque contém nitrogénio ou azoto, o qual não se encontra nos
farináceos, gorduras ou açucares. Tudo o que vive e cresce necessita de
nitrogénio e ele se encontra em maior ou menor quantidade em todas as plantas e
em todos os animais. Os nossos suprimentos de albuminas vêm da carne magra,
peixe, aves, leite ou queijo, ovos, glúten, fibras de cevada, lentilhas, feijão
e ervilhas. Esta pode ser encontrada também em sucos de vegetais, sementes e
nozes, castanhas ou amêndoas.
Podem ser de origem animal ou
vegetal. Da carne, legumes, frutas e cereais, obtemos a nossa ração quotidiana
destas. Por essa razão, os talos de legumes e as cascas das frutas devem ser
usados sempre que possível, bem como os legumes mais fibrosos, a cenoura, os
brócolos, ou as couves, os nabos e as abóboras. Aqui, será também interessante
lembrar que a casca da laranja dá uma excelente confiture, que da casca da melancia se faz uma boa compota e que
com a casca do pepino um pouco mais grossa, se prepara um agridoce que
pode ser servido como acepipe ou acompanhamento de vários pratos.
São seis, os métodos de cozinhar
mais comumente usados:
Grelhar (na chapa ou nas brasas)
Assar (no forno ou directamente sobre o fogo)
Cozer no Forno
Cozer em Água
Guisar, Estufar ou Ensopar
Fritar
As regras para este grelhado são
as mesmas que para o grelhado nas brasas, pelo que a chapa não deve ser lisa
mas sim ondulada, para permitir que a peça receba o calor sem queimar. Por
outro lado, as marcas que ficam imitando as da grelha, são altamente decorativas
para a peça.
Preparar um brasido forte e uma
grelha a altura regulável. Inicialmente, dar mais calor à peça para criar uma
capa externa e depois afastar um pouco para cozinhar gradualmente. Voltar a
peça com frequência. Não picar a superfície da carne com garfo, nem cortar para
ver se está cozinhada.
A carne deve ser voltada
regularmente para que o cozimento seja uniforme e não apenas de um lado. Deve
ser usada uma espátula na chapa e uma grelha dupla para grelhado sobre brasas.
Não cozinhar em excesso. Um bom grelhado deve ficar “ao ponto” ou seja, com sabor ao suco da carne.
Só é aconselhável grelhar carnes
macias e suculentas, pois de outro modo ficarão duras e secas.
Para grelhar peixe, pode ser
usado um espeto além da grelha, ou embrulhar este em papel alumínio, marcando
no final com ferro em brasa para enfeitar a peça. No caso de peixe aberto,
grelhar primeiro do lado interno e depois voltar para o lado da pele,
continuando a voltar até estar plenamente cozinhado. Se for salmão, grelhar
sempre embrulhado em papel alumínio.
O verdadeiro assado começou com
a tradicional forma de cozinhar as carnes (por vezes animais inteiros) sobre o
fogo, rodando-os com o auxílio de um espeto rotativo. Pela incapacidade de
fazer fogueiras sempre que era necessário assar, começaram os assados a ser
feitos nos lares ou lareiras interiores das casas, mantendo o sistema do espeto
e do fogo. Com o tempo, foram sendo tentados os assados com temperos e molhos,
feitos nos grandes fornos de pão que todas as grandes cozinhas mantinham. Este
sistema agradou, pois as carnes adquiriam um sabor agradável pelos temperos
adicionados e hoje, todos os assados ou a maior parte deles, são feitos no
forno. Um dos segredos de um bom assado é seguir os critérios usados para o
grelhado e conseguir nos primeiros minutos de cocção, que uma película firme se
forme no exterior da peça, mantendo os sucos da carne no interior desta. Isto é
conseguido, aumentando o calor no início do cozimento e reduzindo-o depois,
afastando a peça do fogo ou baixando a temperatura do forno. Quanto maior a
peça, menor deve ser o fogo, para que esta não fique queimada por fora antes de
completamente cozinhada. Mas o critério de calor mais forte no início e mais
fraco a seguir, deve ser observado pelas razões indicadas. Numa peça bem
assada, a parte exterior deve estar dourada, mas lisa e uniforme, enquanto as
fibras interiores devem apresentar-se macias e suculentas, sem passar demais.
Quando o ponto certo é ultrapassado, as fibras começam a endurecer e a formar
nódulos que tornam a mastigação desagradável e dificultam a digestão. Este
fenómeno pode passar imperceptível em peças grandes, mas aparecerá com
desagrado nas peças pequenas.
Assar no fogo
Os cuidados que indicamos para
assar no forno, devem ser usados aqui. Para preparar a fogueira, podem ser
usadas duas pedras de tamanho regular onde o espeto seja apoiado depois. As
peças podem ser untadas com uma mistura de sal e óleo, à qual eventualmente se
adicionem outros temperos ao gosto.
Para regular a cozedura da peça,
esta pode ser salpicada com água, de forma a equilibrar o calor evitando que se
queime em demasia.
Este tipo de cocção apresenta
aspectos semelhantes ao assado, mas a sua utilização é mais frequente em
padaria ou pastelaria, embora usado também para outros como os estufados, nhóquis ou rizotto. A
temperatura do forno é sempre maior do que a de água a ferver, mas os alimentos
assim cozinhados não estarão muito mais quentes do que se fossem cozinhados em
água até que tenham diminuído o conteúdo desta no seu corpo. A partir daí deve
haver o maior cuidado, pois a possibilidade de se tornarem carvão vai
aumentando progressivamente. O ar quente do forno é voraz no consumo de água e
a evaporação é muito alta (este tipo de cocção compara-se ao de uma câmara de
vapor quente) pelo que só deve ser usado para alimentos que tenham no seu corpo,
liquido suficiente para durar o tempo da cocção e quando esta estiver
terminada, serem retirados. Um método a ser seguido, sempre que se queira usar
o forno para reaquecer alimentos ou terminar uma cocção sem queimar as peças, é
colocar dentro deste um recipiente com água para que esta, ao evaporar-se pelo
calor, possa garantir a humidade necessária para que a peça se não queime.
Este é o tipo de cozinhado que
todos acham ser o mais fácil. Com efeito, nada pode parecer menos fatigante ou
perturbador do que o simples processo de cozer ou até estufar carne. No
entanto, o sucesso deste método culinário tem muito a ver com o líquido e a
forma como o processo é conduzido. A temperatura é importante; se para a
cozedura, não faz muita diferença se a água está a fervilhar ou a borbulhar,
pois a temperatura será a mesma e as peças seguirão a sua cocção ao mesmo
ritmo, os resultados finais porém não serão os mesmos.
Carnes - Haverá uma grande diferença no resultado final
da peça cozinhada em fogo lento, da que for preparada com cozedura rápida, pois
esta ficará mais dura e menos suculenta. Para saber o lume exato, deve
conhecer-se algo mais sobre albúmen e a sua constituição. O item mais fácil de
cozinhar é um ovo. A clara é constituída de albúmen e água; a gema compõe-se de
albúmen, água, gordura e algum enxofre, sendo este albúmen de um carácter
diferente. Sabemos que o albúmen começa a coagular aos 65 graus centígrados, transforma-se
numa geleia mole aos 71ºC aproximadamente e, a partir daí rapidamente endurece.
Os ovos devem portanto ser cozinhados com cuidado. Alguns recomendam que sejam
colocados em água fervente e, retirado o recipiente do fogo, deixar estes se
cozinhar. Outros indicam que o ovo seja colocado em água fria e deixá-lo ficar
no recipiente até a água ferver, quando deve ser retirado.
Cada um encontrará a sua forma
correta de cozinhar o ovo, mas deve sempre faze-lo com cuidado para obter bons
resultados. Ao cozer carne magra para consumir em cozido, estaremos também
lidando com albúmen. Do mesmo modo que a gema de ovo endurece ao cozinhar, isso
também acontece com a carne, pelo que alguns cuidados podem ser tomados. Um bom
conselho é seguir o indicado para os grelhados. Colocá-la na água quando esta
já estiver a ferver para lhe dar um aperto forte e criar uma capa externa;
depois, terminar a cocção em fogo brando, para que os sucos da carne se
mantenham dentro desta. Se a carne for cozinhada para sopas ou caldos e o
objetivo for extrair os sucos desta, o albúmen solúvel e o máximo possível da
gelatina contida nas fibras, a prática será a de multiplicar as faces de
extração cortando a peça em pedaços, colocar esta em água fria e, em fogo
brando, levar a água até ao ponto de ebulição. Como se vê, para fins
contrários, ações contrárias.
Farináceos - O macarrão, arroz, sagu, milho e outros
semelhantes, devem ser sempre mantidos em água fervente, para se beneficiar da
movimentação originada pelo borbulhar e evitar que se formem grânulos ou que as
peças parem e se colem ao fundo do recipiente. Além de mexer é claro.
Peixe - Se o peixe for cozido para consumir como tal
(queremos dizer, se não for uma caldeirada ou semelhante) é de toda a
conveniência usar o método indicado para a carne, de colocar o peixe quando a
água já estiver a ferver e depois baixar o lume para que a cocção seja
terminada em fervura lenta. O sal, um pouco de suco de limão ou vinagre podem
ser adicionados à água, pois o albúmen coagula mais rapidamente ao contacto com
ácidos, o que favorece a firmeza da textura do peixe.
Legumes - A maioria dos vegetais, e aceitamos que possa
haver algumas excepções, também devem ser colocados para cozer em água já a
ferver e não em água fria.
Guisado é a preparação das peças ao fogo, em uma cocção
longa, com pouco líquido. O resultado final é um prato consistente e suculento
com pouco molho, compacto e espesso.
Estufado é normalmente uma cocção idêntica ao guisado, mas
no forno e com mais líquido. O prato final apresenta-se menos homogéneo e com
molho. A Chanfana ou Lapantana é um excelente prato de forno,
mais estufado que assado, embora eu conheça casos de quem a prepare no fogão
com bastante molho.
Ensopado é uma derivação do Estufado, com mais molho e servido sobre uma camada de fatias de
pão duro ou torrado, as quais absorvem o molho excedente, ensopando este. As Caldeiradas
e similares, são a meu ver sopas, podendo em certos casos ser enquadradas na
classificação de estufados ou ensopados dependendo da sua
apresentação.
De uma forma geral, estes pratos
requerem menos calor do que os cozidos, para a sua confecção; 74ºC é a
temperatura mais aconselhável. A iguaria a ser cozinhada, partilha muito do seu
sabor com o líquido que a envolve, o qual não deve, portanto, ser desperdiçado.
Para este tipo de cocção, é menor a quantidade de líquido necessária do que
para cozer. É também o processo adequado para carnes gelatinosas ou fibrosas,
pois o período mais longo de cocção com menor temperatura, torna a gelatina e
as fibras facilmente assimiláveis pelo aparelho digestivo. Por outro lado, nada
se perde nesta preparação. Tudo o que se colocar na caçarola aparece no final.
Pode ser usado para carnes de menor custo e necessita pouca atenção embora
mereça cuidados. Um bom guisado é uma excelente demonstração de culinária. As
peças podem ser ligeiramente passadas no sauté
antes de cozinhar, pois isto dá-lhes uma cor agradável e preserva os sucos,
criando nelas a capa exterior de que temos falado. O guisado não deve ferver ou
borbulhar, mas desenvolver-se tranquilamente, com um leve rorejar nos bordos da
caçarola. Para os que usam adicionar nabos ou cenouras ao guisado, aconselhamos
a que escolham estes novos e macios, ou os cozam antes, guardando a água de
cozedura para fazer o prato. Não deve ser colocado muito líquido inicialmente
num guisado, pois a carne já segrega algum suco e a cocção a lume brando
provoca pouca evaporação. Se necessário, o líquido pode ser corrigido durante a
preparação.
Fritar é muitas vezes descrito
como cozer em gordura. Nada mais errado, pois a gordura não é cozida e a peça
nem sempre é imersa na gordura. É no entanto a forma mais rápida de cocção,
pois a gordura derretida ou o óleo, podem ser elevados a altas temperaturas e
ao seu contacto, o item nelas infuso é rapidamente aquecido e transformado. As
temperaturas de que falamos estão sempre acima do ponto de fervura e a mais
indicada, embora possa variar um pouco de acordo com o tipo de gordura
utilizado é entre 177ºC e 205ºC.
Fritura
seca - É assim chamada, devido à
pouca quantidade de gordura usada para cozinhar as peças. Pode começar com a
frigideira apenas untada, até uma leve camada de gordura cobrindo o fundo. Seja
qual for porém a quantidade de gordura usada, esta deve sempre estar bem quente
no momento de lhe incluir a peça a fritar.
Fritura
por imersão - Também conhecido como frito à francesa este método é melhor e
mais económico do que o anterior, para cozinhas de muito movimento. Pode ser
usado com qualquer utensílio que tenha profundidade suficiente para a imersão
total da peça durante a fritura e é aconselhável que para peças pequenas ou
delicadas seja utilizado um cesto de arame ou algo semelhante.
Todas as gorduras podem ser
usadas para fritar, mas alguns conhecimentos sobre o assunto são necessários.
Gorduras de vaca estão desatualizadas. Gordura de porco deixa um sabor nos
alimentos que não agrada a todos os paladares. Deve ser usada apenas quando a
receita o indique. A margarina e a manteiga queimam muito rapidamente, sendo
aconselhadas apenas para molhos rápidos. Os óleos vegetais são os mais
indicados para fritura, embora o mercado já apresente óleos especiais que aguentam
altas temperaturas sem oxidar. A grande pergunta que se coloca é - Qual o melhor óleo de fritura?
– canola, girassol, soja? E o
azeite, quando pode ser usado?
Sem querer exarar uma opinião
definitiva, direi que os óleos mais indicados são: o de arroz refinado (ele faz
com que os alimentos absorvam 20% menos de gordura), amendoim (tem ponto de
saturação alto, acima de 220°C) soja, milho e azeite (não o extra virgem, que
apenas deve ser consumido cru).
Alguns conselhos aos novos cozinheiros (ou amadores)
As faltas mais comuns, cometidas por quem começa na Cozinha, são:
Não prestar suficiente atenção à
receita.
Não dar criteriosa atenção aos
detalhes da preparação.
Não ter paciência para esperar o
tempo necessário a um bom cozinhado.
Desconhecimento da verdadeira
participação do calor em Culinária.
Quanto à utilização do calor, é
sempre bom ter em conta nos cozidos e assados que a temperatura deve ser mais
alta no início para prevenir perda de nutrientes, mas que deve ser menor
durante a cocção, para evitar que a peça fique causticada e seca. Nos guisados,
contudo (e isto também se aplica às sopas), o calor deve ser moderado e a
cozedura lenta.
Todos os pratos devem ser
corretamente temperados com os necessários condimentos durante o processo da
confecção, com excepção das carnes assadas em que a adição de sal é
aconselhável apenas um pouco antes de servir.
A água é um solvente, pelo que
todos os vegetais e carnes devem ser passados por água a ferver, a menos que se
destinem a sopas, onde o seu sabor próprio seja necessário.
Se desejar preparar receitas
suas, tenha o cuidado de não enveredar pelo caminho errado de que se os
temperos são bons, quanto mais variedades puser melhor ficará o prato. Os
sabores têm o seu caráter próprio e quando muito misturados, acabam se chocando
e perdendo o valor individual sem vantagens para o resultado final.
Para emergências, um bom
substituto das natas (creme de leite) é uma mistura de leite, um pouco
de manteiga e farinha.
Ter sempre em mente que cada
tipo de alimento tem uma forma própria de ser preparado. O que é bom para um
pode não ser adequado para outro. Do mesmo modo, o tamanho da peça também
influi na sua forma de preparação. Enguias grandes darão uma boa caldeirada, mas se forem pequenas é
melhor fritar. Do mesmo modo, carne para cozer não deve ser preparada de outro
modo e um filé mignon não dará nunca
um bom Cozido.
Balanças e pesos podem ser
desejáveis na cozinha, mas não são necessárias para a boa confecção de um
prato. Embora sejam indispensáveis para uma boa preparação de confeitaria. As
necessidades são diferentes. Na Cozinha, o que vale é o dedo do mestre. Na Confeitaria, o que vale é a equivalência dos
vários itens entre si. E aqui, mais ainda do que na Cozinha, o acompanhamento
do calor é de importância vital. O tamanho dos ovos pode ter influência numa
mistura. As quantidades precisam ser exatas ou os resultados não serão
satisfatórios.
Com esta pequena introdução,
pretendi apenas ajudar, facilitando o trabalho dos mestres ao alertar os
candidatos a cozinheiro, para as necessidades e responsabilidades que o cargo
implica. Temos em Portugal e no Brasil uma boa tradição de bons cozinheiros que
espero se manterá no futuro.
Um abraço para todos os que
enveredarem por esta profissão tão dignificante.
È bem conhecido o aforismo “Boa mesa faz bons amigos”.
Boa Sorte e que assim seja!