domingo, 3 de janeiro de 2021

 


O SER HUMANO E A SUA ALIMENTAÇÃO  Parte 2 (de 3)

A Alimentação a Gastronomia e a Culinária

 

A Gastronomia

A palavra Gasronomia tem a sua origem no grego antigo: gastros, ‘estômago’, e nomia, ‘lei, ou conhecimento. Representa em si uma arte que engloba a culinária, as bebidas; a matéria-prima usada pelos profissionais para a elaboração dos pratos e, todos os recursos culturais ligados à criação dos pratos na alimentação.

A história da gastronomia está ligada à existência da Humanidade, iniciando-se provavelmente, segundo os historiadores, no período paleolítico, quando o Homem começou a caçar, e se afirmou quando ele se tornou sedentário, fixando-se à terra, impulsionando a agricultura e o domínio dos animais, numa ação  que proporcionou uma riqueza alimentar antes desconhecida, e possibilitou o crescimento da população e o desenvolvimento das migrações, embora os egípcios e os mesopotâmicos se tenham mantido na sua própria terra, graças à intensa e permanente fertilidade propiciada pelos rios Nilo, Tigre e Eufrates.

Os pioneiros na arte gastronômica foram os indianos, africanos, árabes, japoneses, chineses e os italianos da era do Império Romano. A fartura resultante da abundância de alimentos gerou o comércio dos produtos entre as várias regiôes, e alguns alimentos novos tornaram-se indispensáveis para as pessoas, criando os trâmites comerciais.

A França porém, guarda o ceptro de um grande centro gastronômico. A união do rei Louis de França com a filha da Itália Catherine de Médici, considerada a rainha das panelas, foi o princípio de uma história de sucesso para a Gastronomia em solo francês. No ano de 1748 despontou neste país um gourmet de imenso talento, Antoine Carème, que já aos 17 anos era contratado para ser o cozinheiro oficial do Palácio Real. Posteriormente, ele foi trabalhar com o imperador Alexandre da Áustria e depois serviu com seus talentos o Barão de Rothschild, o homem mais rico e poderoso da França. Em 1885 o maior cozinheiro do Planeta também era francês, August Escoffier, que criou um código relacionando todos os elementos gastronômicos essenciais para uma cozinha, o que contribuiu com um livro e um requinte sem igual na Gastronomia.

Outros se seguiram e na década de 60, Paul Bocuse, Gault Millan e Jean Michelli subverteram esta arte ao criarem a Nouvelle Cuisine Française. Há uma diferença fundamental entre a Gastronomia e a Culinária. O gastrônomo ou gourmet também cozinha, mas ele está igualmente atento à sofisticação dos pratos, preocupando-se em expor da melhor forma possível os alimentos preparados. Assim, ele observa a qualidade dos pratos o sabor, a forma de preparar mais apropriada e o conjunto dos pratos que melhor se aliam entre si, dando imponência ao conjunto de determinadas refeições, e transformando este momento em uma verdadeira cerimônia alimentar, não apenas voltada para a sobrevivência do Homem, mas também para lhe dar um pouco de prazer. Hoje, a região do Mediterrâneo é a mais talentosa na criação de pratos sofisticados e bem produzidos, ocupando o topo na história da Gastronomia.

         O MENU FRANCÊS CLÁSSICO

Informação Histórica

 O menu francês clássico, criado na Belle Époque continha treze serviços ou pratos. Hoje, um menu deste tamanho nunca é oferecido. Mas esses menus mais curtos de hoje, devem seguir a estrutura dos menus clássicos antigos, no que diz respeito à sucessão de serviços. Estes, sempre começam com algo leve para estimular o apetite e preparar para o prato principal, após o qual se tornam de novo mais leves no final da refeição.

 

Os treze serviços do Menu clássico da cozinha francesa eram:

 

1.  Les Hors d'oeuvres - Melon au Porto, Rémoulade, Huîtres au Choix, Saumon Fumé, Coquetel de Crevettes

2.   Les Potages  - Consommé Brunoise, Crème de Tomate

3.   Les Oeufs - Omelette Espagnole, Omelette aux Tomates

4.   Les Farineaux  - Spaghetti Napolitaine, Ravioli, Cannelloni

5.   Les Poissons – Filet de Sole Bonne Femme, Filet de Sole Joinville

6.   Les Entrées – Attereaux Genévoise[1], Croustades de Foie Gras

7.   Les RelevésCarré de Mouton à la Bretonne

8.   Les Sorbets - Sorbet de Champagne

9.   Les Rôtis – Cuisseau de Veau à la Normande

10. Les Légumes et Salades - Tomates farcis, Les Salades en Saison

11. Les Entremets - Charlotte Russe

12. Les Savoureux - Welsh rarebit, Ivanhoe

13. Le Desservir -  Des Fruits em Gelée

 

 

Análise Descritiva dos Serviços Apresentados

Pelo Menu Francês Clássico

 

1) Hors D'oeuvre (Acepipes)

De uma natureza muito especial, este serviço é usado para preparar o apetite dos convivas, para os pratos que virão a seguir. Os hors d'oeuvre, ganharam popularidade nos últimos anos e são agora exibidos mesmo em menus simples ou restaurantes modestos. Embora o termo hors d'oeuvre “acepipes” se  aplique a um serviço de diversas saladas frias, anchovas, ovos, sardinhas, azeitonas, camarão, etc., também abrange outros itens que possam ser servidos em vez da sopa.

 

Exemplos de hors d'oeuvre:

· Melão Frappé

· Ostras ao natural

· Salmão Defumado

· Caviar

· Toranja, Pamplemousse

· Salame

· Camarões em Pequenos vasos

· Coquetel de camarão ou lagosta

· Coquetel de frutas, Coupe Florida

· Arenques Dieppoise

· Paté de fígado de ganso (patê de Foie Gras)

 

Há também um grande número de itens que podem ser servidos quentes como acepipes, tais como os bouchées, croquetes, bolinhos fritos, etc., os quais são conhecidos como hors d'oeuvre chauds.

 

2) Potage

Os franceses têm três palavras diferentes que podem usar para designar sopa.  Consommé,  um caldo de carne claro e fino. Soupe que designa uma mistura espessa e saudável de legumes e outros pedaços de alimentos e Potage, que se situa entre os dois anteriores, na textura, conteúdo e espessura. Um potage é geralmente um puré espesso, muitas vezes com carne, ou uma sopa de legumes, contendo cevada ou outros cereais (milho, lentilhas, etc.). Hoje, as palavras soupe e potage são frequentemente usadas alternadamente com o mesmo significado. É na classe dos potage que se encontram a maior parte das sopas crèmes e veloutés da cozinha francesa. Sopa de peixe é também geralmente oferecida como selecção, sendo as duas mais comuns a Bisque d'Homard e a Bouillabaisse, embora esta última se possa encaixar melhor no capítulo das caldeiradas e dos ensopados do que nas sopas.

 

3) Oeufs

Oeufs são os pratos feitos com ovos. A omeleta é o mais popular, mas existem outros tipos de preparação dos ovos em culinária, como cozidos, escalfados, en cocotte, fritos ou mexidos. Este serviço não é normalmente incluído num menu de jantar. Alguns exemplos são Omeleta à Espanhola, Oeuf en Cocotte a la Crème, Oeufs Pochés Florentine.

 

4) Farineux

Designa os farináceos e é a contribuição da Itália para os menus franceses. Inclui diferentes tipos de arroz e massas. Pratos de massas são esparguete, lasanha e gnochi. O Macarrão é feito de sêmola de trigo duro ou trigo branqueado, à qual é adicionada água para formar uma massa de pão. Pode ser colorida e adicionada com sabor de várias maneiras. Há mais de 200 variedades de massas alimentícias. Os ingredientes, tamanho, forma e cor determinam o tipo dessas massas alimentícias. Alguns pratos desta classe são: Esparguete à Bolonhesa, Lasanha à Napolitana e massas gratinadas.

 

5) Poisson

Poisson designa os pratos feitos de peixe. Os peixes, sendo pouco fibrosos, preparam o paladar para as carnes mais pesadas que se seguem. Pratos de peixe frito ou grelhado, geralmente não têm lugar num menu de jantar "clássico", mas são oferecidos livremente nos menus de almoço com menos quantidades de pratos. Isto também se aplica às espécies de peixes mais ásperos, sendo o menu de jantar geralmente  composto de peixes mais finos preparados e cozinhados das formas clássicas. Os peixes ideais para a compilação de um menu de jantar são: linguado, salmão, alabote, badejo, etc. Peixes raramente usados para a refeição da noite são: bacalhau, pargo, Haddock, pescada e solha. Um prato de peixe frito, que normalmente se encontra no menu de jantar, no entanto, é Blanchaille e isso porque os peixes miúdos são leves e não complicam de nenhuma maneira a digestão.

 

6) Entrée

Entrada é o primeiro dos serviços de carne num menu. É sempre um prato completo em si mesmo. São enviados da cozinha já enfeitados com o molho e da forma como se destinam a ser servidos. O prato final, “o assado” é sempre cozinhado e guarnecido de forma artística e geralmente servido com um molho rico. A "entrada" deve ser concebida como algo leve, pelo que este prato consiste em pequenos cortes de carnes de talho, geralmente salteadas, mas nunca grelhadas. Costeletas e bifes grelhados podem substituir o assado rôti num almoço. Os seguintes itens, com as suas apropriadas guarnições e molhos, podem ser servidos com êxito como entrées.

· Miolos (Cervelles)

· Fígado (Foie)

· Rabo de Vaca (Queue de Boeuf)

· Rins (Rognons)

· Cabeça de Vitela (Tete de Veau)

· Tripas (Tripes)

· Bifes de Acém  ou Tornedós (Bifetecks , Entrecote et Tournedos)

· Costeletas de Cordeiro (Cotelettes de Mouton)

· Costeletas de Porco (Cotelettes de Porc)

· Escalopes, Granadinos, Medalhões  (Escallopes, Granadins, Medaillons, et Côtes  de Veau)

· Molejas de Vitela ou Cordeiro (Ris de Veau / Agneau)

· Suflés ou Mussas (Soufflés et Mousses)

· Dentados (Bouchées)

· Pilaws e Rizottos

 

· Pequenos cortes ou partes de aves de capoeira, individualmente cozinhadas, também são servidos como entrées em hotéis de primeira classe e restaurantes. As entradas  entrées devem ser sempre cozinhadas, enfeitadas e apresentados pelo  cozinheiro de molhos ou saucier.

 

7) Relevé

Este é o prato principal de carne no menu e é conhecido como a "peça de resistência". Ele pode consistir em comum de qualquer um dos seguintes:

 

Carneiro (Agneau)                Frango (Poulet)

Vaca (Boeuf)                         Pato (Caneton)

Vitela (Veau)                         Galinha (Poularde)

Presunto (Jambon)                Língua (Langue)

Porco (Porc)

 

Num estabelecimento de primeira classe, estas peças devem ser preparadas pelo cozinheiro de molhos, por qualquer método excepto assado. Elas geralmente são cozinhadas em caçarola, grelha ou frigideira, num molho com o  qual são servidas.

 

8) Sorbet

Este serviço aparece como um descanso na refeição. Neutraliza os pratos anteriores e rejuvenesce o apetite para os que vêm a seguir. Normalmente servido entre o relevé/remover e o rôti, ele é em regra feito com champanhe e servido em um copo.  É uma quase sobremesa gelada, feita com suco de frutas, açúcar, água e leite, contendo também, clara de ovo ou gelatina.  Um exemplo  é o italiano Sorbet Creme de Menthe.  Cigarros russos ou egípcios muitas vezes são repassados durante este Serviço.

 

9) Rôti

Prato que normalmente consiste de caça ou aves de capoeira, e muitas vezes é incluído na entrada. Cada prato é acompanhado pelo seu próprio molho especial e salada. Algumas possibilidades são o Frango Assado, o Pato Estufado e Codorniz Assada.

 

10)  Légumes

Estes pratos vegetais podem ser servidos separadamente como um prato individual ou ser incluídos ao longo da refeição, com as entradas, relevé ou assado. Alguns exemplos são a Couve-flor Mornay, Batatas Assadas e Tomates Grelhados.

 

11)  Entremets

Entremets tem neste menu  o significado de “prato intermediário”, e significa a quebra da sequência de pratos salgados, para algo doce. Podem incluir doces quentes ou frios, Soufflés ou Gelados. Alguns tipos aceitáveis são a Torta de Maçã, Souflé de Chocolate e Sorvete ou Cassata.

 

12)  Savoureux

“Delícias” ou Savoureux é um prato de gostos fortes, tais como anchovas em vinagre ou frutas em conserva. Eles são servidos quentes sobre torradas ou como um Souflé Salgado. Welsh rarebit, Woodcock Scotch e Canapés Diane são alguns dos exemplos. Queijo, fromage , é uma alternativa para os salgados se for ao almoço, e pode ser servido antes ou depois dos doces.  Geralmente é servido com manteiga, biscoitos e, ocasionalmente, aipo.  Gouda, Camembert e Cheddar são alguns exemplos de queijo.

 

13) Desservir

Sobremesa é um serviço que geralmente vem no final de uma refeição. A designação francesa significa "para limpar" a mesa. É um serviço de frutas geralmente apresentado em uma cesta e colocado em cima da mesa, (sobremesa) como parte da decoração desta no final da refeição. Todos os tipos de frutas frescas podem ser apresentados neste serviço. Sobremesas  comuns  incluem biscoitos, frutas, bolos e doces.

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Delicatessen

Delicatessen e produtos gourmet

 

Delicatessen é um termo que designa "iguarias" ou "alimentos" especiais, e representava originalmente, em inglês, apenas essa comida especialmente preparada. Com o tempo, porém, a loja onde os alimentos eram vendidos, passou a ser conhecida, também, como delicatessen, e o novo sentido da palavra acabou por ser encurtado para deli. É uma palavra alemã, que apareceu “de empréstimo” no idioma inglês, pela primeira vez em 1889, como a forma plural de delicatesse. Em alemão, onde também era, originalmente, um termo francês “de empréstimo”, delicatessen indicava "coisas deliciosas (para comer)". A raiz da palavra é o adjectivo do latim delicatus, que significa "dar prazer, agradável, delicioso".

A versão alemã escrita, Delikatessen, deve ter dado suporte à etimologia popular, pois o essen da palavra corresponde ao verbo alemão Essen, “para comer”, ou ao substantivo das Essen, “o alimento”. Esta análise sugeria que a palavra era uma junção das palavras alemãs delikat “delicioso” e Essen “para comer”, e a palavra acabou por ficar com esse significado, para indicar estabelecimentos especializados num tipo de comida, especial ou sofisticado, tendo assim entrado no circuito mundial.

As Delicatessens em muitas partes do mundo vendem a retalho, por peso, produtos como carnes e queijo curados, salsichas e presunto, foie-gras, salame e outros frios, frango e costeletas fritos, lombo de porco assado, frios e saladas, pickles vegetais e molhos, pães e azeitonas. Um supermercado pode ter o seu próprio deli de comida, ou mesmo operar uma delicatessen no local.

Grandes lojas Delicatessen, ou lojas Deli, além de venderem frios e carnes cozinhadas, podem ter também uma divisão de alimentos de luxo, e incluir confeitaria, pastelaria, espirituosos e vinhos finos, queijos exclusivos e paté trufado, caviar e foie gras de alta qualidade, grãos de café e de frutas, especiarias e ervas, pães especiais, doces exclusivos, bolachas e mel, chá e chocolate artesanal de luxo.

A famosa Eliseevsky, loja de alimentos no centro de Moscovo, assemelha-se a um armazém de charcutaria no sentido europeu, com uma exuberante decoração fin de siècle. Esse estabelecimento histórico da era czarista foi preservado pelos soviéticos e foi usado para servir como uma peça de exposição da indústria alimentar russa, exibindo as iguarias mais difíceis de obter.

As Delicatessens podem também fornecer alimentos especializados de outros países e culturas, que não estejam disponíveis em lojas correntes de alimentos.

Nos Estados Unidos, uma loja de delicatessen, ou deli, é um tipo de negócio que poderia ser descrito como uma síntese de supermercado e restaurante fast-food, com a vantagem de oferecer um menu mais amplo e mais fresco do que os encontrados nessas cadeias de restaurantes. A delicatessen raramente utiliza máquinas de fritar (com exceção de frango), mas prepara, rotineiramente, sanduíches por encomenda, e pode também servir alimentos quentes mantidos numa mesa de vapor, como uma cafetaria. Vende frios a peso e prepara cestas de pic-nic.

A fim de proporcionar oportunidades para uma refeição completa, as delicatessens oferecem também uma grande variedade de bebidas, como refrigerantes, café, chá, leite, etc. Batatas fritas e produtos semelhantes estão disponíveis em variedades pré-embaladas, ou feitas na loja e acondicionadas em celofane.

Paralelamente a estes produtos indicados para almoço e jantar, as delicatessen podem também oferecer uma série de itens adicionais voltados para o pequeno-almoço, incluindo crepes, bacon, salsichas, waffles, omeletas e assados, doces, biscoitos, torradas e iogurte. Os menus desses estabelecimentos variam por região e diversidade étnica. Enquanto delis urbanas dependem de pratos típicos ou regionais, como pastrami, corned beef e salame, outras no interior do país dependem mais de carnes embaladas para venda na loja, principalmente frango, peru e presunto, que pode não ser encontrado em delis judaicas, onde a carne comum é mais procurada.

Os equivalentes americanos das delicatessens ao estilo europeu são conhecidos como “lojas de produtos gourmet”.

 

A EMENTA IDEAL VISANDO A SAÚDE

Os especialistas recomendam bom senso na hora das refeições: evitar o consumo de gorduras saturadas e trans, preferir óleos vegetais para cozinhar, e consumir menos carnes vermelhas, principalmente as gordas.

Uma ementa ideal, recomendada para um adulto saudável, deve rondar entre as 2.000 e as 2900 calorias/dia, embora o número de calorias que cada organismo necessita diariamente, possa variar de acordo com o sexo, idade, peso, altura e rotina de actividades físicas, e cada pessoa tenha características próprias que também podem fazer oscilar esses números.

Incluir - azeite extra-virgem, peixes ricos em ómega 3, iogurte, carnes magras, ver- duras e frutas. De uma maneira geral com raras excepções, todos os peixes são aconselháveis.

Evitar  enchidos, café em excesso, refrigerantes, doces e açúcar branco, pães e massas brancas (usar os integrais), alimentos com gorduras trans e frituras.

 

Segundo os endocrinologistas e nutrólogos, as frutas, os legumes e as verduras são as melhores fontes de fibras, vitaminas e sais minerais disponíveis na natureza. Eles são tão importantes para a saúde, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) concluíram que, pelo menos 60% das mortes em todo o mundo poderiam ser adiadas, ou mesmo evitadas, se as pessoas adoptassem posturas mais saudáveis durante da vida, entre elas, o consumo de no mínimo cinco porções (ou 400 gramas) desta categoria de alimentos por dia.

As saladas são excelentes, e um exemplo de como se pode adicionar à alimentação, sementes e castanhas, ricas em gorduras poliinsaturadas e protectoras cardiovasculares, sem correr o risco de exceder em calorias, uma vez que as sementes oleaginosas apresentam elevado valor calórico em decorrência da gordura protectora. Neste caso, come-se menos do que se comeria se essas sementes fossem consumidas como aperitivo.

 

Conselhos para a construção de uma ementa saudável

Para uma alimentação saudável que ajude a manter o corpo e a mente em equilíbrio, é aconselhável que na ementa estejam incluídos todos os grupos da Pirâmide Alimentar, embora o consumo de cada um deles deva ser regulado:

 

·                        construtores – ricos em proteínas, cálcio e ferro: carnes, ovos, leite, iogurte, feijão, soja, lentilha, grão-de-bico. Têm como função ajudar o organismo na sua renovação e fortalecimento.

·                        reguladores – vitaminas e sais minerais: são as verduras, as frutas e os legumes. Regulam o organismo nas suas funções vitais, e auxiliam os órgãos a funcionarem de forma correcta.

·                        energéticos – ricos em carboidratos e lipídeos (gorduras), são fonte de energia para o corpo: massas, pães integrais, cereais como milho e arroz, oleaginosas: castanhas, nozes e amêndoas, azeite e óleos em geral, legumes: mandioca, batata, inhame, e os doces.

 

Para os que estejam a seguir algum tipo de dieta, isso não significa que devam evitar carboidratos, ingerir apenas proteínas, e deixar algum grupo de fora.

Devem sim modificar a forma de comer, ingerir de 5 a 6 refeições por dia com ementa bem variada, e dar uma boa oferta de nutrientes ao seu organismo. Mas, sobretudo, manter um acompanhamento médico e consultas regulares para avaliação do seu estado de saúde. O check-up geral deve ser voluntariamente imposto anualmente, a partir dos 45 anos, independente da forma como a pessoa se sinta. E a medição da tensão tanto quanto for possível, a qualquer momento e em qualquer idade, pois nunca se sabe como vão as coisas por esse lado.

A Qualidade de Vida é um bem inestimável.

 

A Sazonalidade dos Produtos versus Custo

Voltando à cozinha tradicional e, ao restaurante normal, tomamos consciência que, um dos factores de êxito, é a competitividade. Já analisamos que, o mercado não é elástico e, a economia é sensível.

Na posse desta informação, vamos agora, verificar, como o responsável pelo ementa pode, melhor, utilizar os recursos do mercado de abastecimento.

Esta utilização de recursos, consiste em planejar o ementa, tendo em conta os produtos da estação que, por serem mais abundantes, são também mais baratos. Não vamos, aqui, analisar essa sazonalidade, nem tão pouco, os produtos. Esse conhecimento, será obtido por outros meios.

O leitor ficará, porém, de posse desta informação, valiosíssima em termos de correlação de custos.

 

As Cozinhas Típicas e as Especialidades

 

Um erro comum em restauração é relacionar “cozinha típica” e “especialidade”, quando, afinal, as duas coisas podem ser distintas uma da outra. Há pratos típicos que são especialidades, enquanto outros não são, assim como podem existir especialidades culinárias que não são típicas, mas apenas fruto do labor de determinado indivíduo ou equipa e, como tal, propriedade e exclusivo de determinado restaurante.

São “especialidades” as confecções culinárias ou de pastelaria  (no Brasil “Confeitaria!) que contenham características próprias de originalidade e exclusividade, com alta qualidade de elaboração e apresentação final.

São “pratos típicos” (não confundir com regionais) os pratos que contém características próprias, inerentes à cozinha de um país, embora sem região determinada.

Fazem parte da “cozinha regional” os pratos que tenham raízes predominantes em qualquer parcela do território por serem tradicionalmente confeccionados e consumidos pelos naturais dessa região, o que não quer dizer que não venham depois, mercê da sua qualidade e popularidade adquirida, a ser servidos noutros locais do país ou do mundo. Não perdem, porém, o seu carácter de pratos regionais.

Isto aconteceu com pratos típicos de diversos países, os quais são hoje servidos noutros continentes e capitais do mundo, sem contudo perderem a sua origem, caso das pizzas, originárias da Itália, da bouillabaisse, originária da França e da paella cuja origem é Espanhola. Outros ainda, como o couscouss, típico do norte da África ou o curry (caril) que veio da Índia. Sem falar na tortilla ou no taco mexicano que, não sendo uma especialidade na minha avaliação, é um prato típico, quem sabe, até, uma forma original de fast food, como o baurú brasileiro e a sanduíche da Tendinha.

A chanfana, a lapantana, o leitão assado e as tripas, são pratos regionais, mas o bacalhau será quando muito um prato típico de Portugal.

Como uma referência e porque julgámos útil para mostrar como a ementa evoluiu sem perder a sua dignidade, damos abaixo uma ementa de banquete dos tempos da Roma antiga. Espero que ela seja apreciada.

Caixa de Texto: Isicia Omentata
Patina De pisciculis
Minutal Marinum
Gustum De Praecoquis
Fabaciae Virides et Baianae
Scillas
Sarda Ita Ajuste
Em Mitulis
Pullum Frontonianum
Pullus Fusilis
Vitellina Fricta
Em Vitulinam Elixam
Aliter Baedinam Sive Agninam Excaldatam
Pepones Et Melones
Dulcia Domestica
Alter Dulcia
Patina De Piris
Tiropatinam
Óvulos Sfongia Ex Lacte
MustaceiCaixa de Texto: Enchidos temperados
Suflé de pequenos peixes
Fricassé de frutos do mar
Acepipe de alperches
Feijões Verdes de Baia
Camarões Grandes
Sardinha à nossa moda
Nossos Mexilhões
Frango de Fronto
Frango Recheado com Molho
Carne de vitela Frita
Carne de vitela Cozida
Costeletas de Cordeiro Estufadas
Melancias e melões doces
Sobremesa Caseira
Outras Sobremesas
Suflé de pêras
Suflé à moda de Tiro
Crepes ao Leite com mel e pimenta
Bolo enrolado de queijo e anis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O SUSHI NA VALORIZAÇÃO DE EMENTAS

 

O que é o sushi?[2]

Tendo começado como um método de conservação de peixes há séculos atrás, o sushi evoluiu para uma experiência gastronómica que está a conquistar o mundo dos gourmets. Na primitiva formula, o peixe seco era colocado com sal entre camadas de arroz, como uma forma de o conservar e armazenar. O vinagre foi adicionado mais tarde como uma necessidade profilática e o nori (alga) como uma maneira de segurar o arroz e evitar que os dedos fiquem pegajosos. Tecnicamente, a palavra sushi define o arroz (su palavra japonesa para vinagre, e shi, de meshi, a palavra japonesa para arroz) sushi, portanto, é "arroz avinagrado, embora coloquialmente o termo seja usado para descrever o conjunto do pedaço de peixe cru ou marisco com palitinhos ou rolinhos de arroz ou, simplesmente, o consumo de peixe cru no estilo japonês. Embora o sushi não seja uma invenção japonesa, o estilo japonês é considerado nos dias de hoje, o padrão de facto para este serviço. Ele pode ser comido tal qual, ou mergulhado em molho de soja japonês shoyu e em seguida consumido. A criação do prato requer cuidado e os vários métodos de preparação do alimento são avaliados pela aparência, que tem muita importância para o consumidor educado. O sushi é uma obra de arte, tanto como alimento quanto em apresentação. Apesar de ser agora apresentado num estilo ocidentalizado de serviço “rápido e fácil” as suas formas tradicionais não foram de forma alguma perdidas.

 

Quais os diferentes tipos de sushi?

Existem alguns tipos diferentes, dependendo de como o item é apresentado, os quais são:

Chirashi-zushi - Normalmente, um prato ou tijela larga de arroz de sushi coberto com uma variedade de sashimi.

 

 

 

mhtml:file://C:\Users\Albano\DOWNLOADS\The%20Sushi%20FAQ%20-%20Sushi%20Information.mht!http://www.sushifaq.com/images/chirashizushi.jpg 

 

Inari-zushi - Bolsas de tofu frito (aburage) recheadas com     arroz de sushi.

 

 

Inari sushi                  

 

 

 

 

 

Maki-zushi - O arroz e rolos de alga com peixe e / ou legumes. Estes rolos de arroz têm nomes específicos, dependendo da sua apresentação.

Futomaki - rolo grosso /  Hosomaki - rolos finos / Uramaki - enrolados de dentro para fora.

Nigiri-zushi – rolos pequenos de arroz cobertos com wasabi e um filete de peixe cru ou cozido ou marisco. Esta é geralmente a forma mais comum de sushi.

 

 

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Temaki sushi

Temaki-zushi - Também chamados de “rolinhos de mão”, são cones de arroz de sushi, peixe e vegetais envoltos em algas. Muito semelhantes ao maki.

 

 

 

 

 

 


          O peixe servido com o sushi pode ter também algumas formas e estilos diferentes, além de se apresentar como um simples pedaço de peixe. Por exemplo:

Neta ou Tane- nome para o pedaço de peixe comum (ou outro item) colocado em um pedaço de sushi.

Hikari mono - um pedaço de peixe apresentado com a pele prateada.

Sukimi - pedaço de peixe picado, usado com os maki (rolos) ou servido como sashimi.

 

O que é sashimi?

Sashimi é peixe fatiado servido cru, no seu estado natural. Isso significa que não tem nenhuma cama ou acompanhamento de rolo de arroz, embora muitas vezes seja servido ao lado, daikon e/ou shiso. Este é o estilo sugerido para obter o melhor sabor do peixe, além de uma óptima maneira de impressionar os novatos no sushi! O sashimi é normalmente cortado de diferentes formas para melhorar a aparência do peixe.

Hira zukuri é a forma rectangular padrão de corte. Um corte chamado zukuri ito não tem mais do que 6 mm. de espessura, mas outro mais fino, chamado kaku zukuri da grossura de papel fino é muitas vezes apresentado também como um padrão.

 

Que outras coisas podem entrar no prato?

Dependendo do que for escolhido ou dos caprichos do chefe, você pode ver itens como wasabi (rábano verde japonês - um rizoma picante), gari (gengibre em conserva, que se apresenta com dupla cor, rosa e castanho claro, indicando boa qualidade). Pode também aparecer uma grande folha verde chamada shiso, que geralmente é servida com sashimi e uma massa branca de daikon desfiado (rabanete japonês também às vezes servido com sashimi).

 

Apresentação do Sushi

A prática do sushi nasceu no Sudeste Asiático pela necessidade de conservação de peixe cru e foi-se desenvolvendo através dos tempos com o aperfeiçoamento das técnicas aplicadas à sua preparação. A primeira referência conhecida aparece na China por altura do século II dC.

Na sua preparação mais remota, eram retiradas a cabeça e as vísceras, e as tiras do peixe cru eram salgadas e acondicionadas em barris de madeira, em camadas alternadas com arroz cozido. A fermentação natural do arroz gerava ácido láctico, o qual azedava o peixe e garantia a sua conservação. O longo processo de armazenamento porém, tornava o arroz impróprio para consumo pelo que ao final somente o peixe era aproveitado.

Ao ser introduzido no Japão, cerca do século VII, esse procedimento sofreu uma pequena modificação, passando a ser utilizadas pedras para prensar o peixe cru e o arroz. Esta preparação designada “nare zushi”, tinha um odor e sabor fortes, sendo esta uma das suas principais características. Um exemplo actual desse processo ainda é o “funa zushi”, feito com carpas.

No século XV porém, surgiu um  novo tipo de sushi chamado “nama nare zushi” o qual por ter um período de fermentação menor (cerca de 1 mês), já permitia o consumo do arroz e do peixe juntos. Esta pode ser considerada a primeira forma do sushi moderno.

A introdução do vinagre na elaboração do arroz para sushi ocorreu no século XVII, em Edo (actual Tóquio) e deve-se ao médico Matsumoto Yoshiichi, o qual procurou com esta inovação tornar o sushi um alimento mais saudável e possibilitar a redução do tempo de preparação deste para um dia apenas. Beneficiando-se da fartura de peixes e mariscos na baía de Tóquio, o peixe passou a ser consumido cru e fresco. Além do ganho em tempo de preparação do sushi, o vinagre adicionou um sabor especial ao prato que passou a ser chamado de “haya zushi”. Na região de Osaka o “oshi zushi” é preparado com pedaços rectangulares de peixe, num estilo conhecido como estilo Kansai.

No século XVIII surgiu aquele que é considerado o primeiro sushiman da história: Hanaya Yohei que criou o “niguiri zushi” tipo de sushi popular, constituído de um bolinho de arroz de sushi com uma fatia de peixe cru por cima, para consumo imediato, o qual podia ser manuseado com as mãos, dispensando os hashis. Como não havia refrigeradores naquele tempo, os peixes eram marinados em molho de soja ou vinagre e o tamanho dos bolinhos era aproximadamente o dobro dos actuais. A alteração introduzida tornou este tipo de alimentação muito popular no Japão, podendo dizer-se que a sua divulgação se assemelha à do fast-food nos Estados Unidos: as pessoas petiscavam na entrada dos estabelecimentos, nas ruas ou à beira de estradas. O estilo de sushi de Tóquio ficou conhecido como estilo Edo, estando o quiosque de Yohei, no bairro de Ryogoku, cotado como o principal pioneiro da sua divulgação.

Com a competição entre os vários quiosques de venda, surgiram outros tipos ou variedades de sushi como o “inari zushi”, o “maki zushi” (nome genérico para o sushi enrolado) e o “chirashi zushi”. A grande inovação foi a abolição da prensagem com pedras, passando a ser utilizada apenas a força das mãos para formatar o sushi.

Em 1923, após  um  terremoto  que  atingiu  a  cidade de Tóquio, muitos donos  de quiosques  alimentícios  voltaram  para as suas regiões de origem e disseminaram  a receita do sushi por todo o Japão.

Finalmente, no século XX, a globalização está a espalhar por todo o mundo o gosto por este tipo de prato que, além do sabor peculiar, vai ao encontro da preocupação do homem moderno com uma alimentação sadia.

 

O SUSHI

 

Ao mencionar a palavra sushi, uma imagem vem logo à mente, correspondendo a rolos de arroz e algas, ingredientes exóticos e cortes de peixe fresco cru graciosamente montados sobre uma pequena cama de arroz. Alguns pensam apenas no peixe cru, enquanto outros não fazem idéia, mas imaginam um sujeito japonês sorridente, servindo-lhes um prato artisticamente arranjado de comida desconhecida.

Não é de admirar que o sushi se preste a confusões e mal-entendidos, pois apesar de estar dando a volta ao mundo como prato seleccionado por muitos bons restaurantes e ter estabelecimentos especializados na sua preparação, não teve ainda a sua divulgação ao grande público.

O que é pois, exactamente, o sushi? Sushi é o nome de um arroz temperado com vinagre. E, genericamente, inclui todas as formas de uma cozinha altamente especializada que tem o arroz avinagrado como componente de base. Pode incluir peixe cru. Pode incluir marisco cozido. E também pode não ter, nem marisco nem peixe. Na América, por exemplo, o sushi pode conter quase qualquer coisa. Mas este já será um sushi comercial e não o tradicional.

 



[1] Os pratos para este Serviço, são aqueles a que nos referimos em Entradas Ligeiras, no Manual de Gastronomia.

[2] A explicação de todos os nomes japoneses que aparecem neste texto, é dada no final em   “Glossário de termos relacionados ao sushi”.

 

A Gastronomia

A palavra Gasronomia tem a sua origem no grego antigo: gastros, ‘estômago’, e nomia, ‘lei, ou conhecimento. Representa em si uma arte que engloba a culinária, as bebidas; a matéria-prima usada pelos profissionais para a elaboração dos pratos e, todos os recursos culturais ligados à criação dos pratos na alimentação.

A história da gastronomia está ligada à existência da Humanidade, iniciando-se provavelmente, segundo os historiadores, no período paleolítico, quando o Homem começou a caçar, e se afirmou quando ele se tornou sedentário, fixando-se à terra, impulsionando a agricultura e o domínio dos animais, numa ação  que proporcionou uma riqueza alimentar antes desconhecida, e possibilitou o crescimento da população e o desenvolvimento das migrações, embora os egípcios e os mesopotâmicos se tenham mantido na sua própria terra, graças à intensa e permanente fertilidade propiciada pelos rios Nilo, Tigre e Eufrates.

Os pioneiros na arte gastronômica foram os indianos, africanos, árabes, japoneses, chineses e os italianos da era do Império Romano. A fartura resultante da abundância de alimentos gerou o comércio dos produtos entre as várias regiôes, e alguns alimentos novos tornaram-se indispensáveis para as pessoas, criando os trâmites comerciais.

A França porém, guarda o ceptro de um grande centro gastronômico. A união do rei Louis de França com a filha da Itália Catherine de Médici, considerada a rainha das panelas, foi o princípio de uma história de sucesso para a Gastronomia em solo francês. No ano de 1748 despontou neste país um gourmet de imenso talento, Antoine Carème, que já aos 17 anos era contratado para ser o cozinheiro oficial do Palácio Real. Posteriormente, ele foi trabalhar com o imperador Alexandre da Áustria e depois serviu com seus talentos o Barão de Rothschild, o homem mais rico e poderoso da França. Em 1885 o maior cozinheiro do Planeta também era francês, August Escoffier, que criou um código relacionando todos os elementos gastronômicos essenciais para uma cozinha, o que contribuiu com um livro e um requinte sem igual na Gastronomia.

Outros se seguiram e na década de 60, Paul Bocuse, Gault Millan e Jean Michelli subverteram esta arte ao criarem a Nouvelle Cuisine Française. Há uma diferença fundamental entre a Gastronomia e a Culinária. O gastrônomo ou gourmet também cozinha, mas ele está igualmente atento à sofisticação dos pratos, preocupando-se em expor da melhor forma possível os alimentos preparados. Assim, ele observa a qualidade dos pratos o sabor, a forma de preparar mais apropriada e o conjunto dos pratos que melhor se aliam entre si, dando imponência ao conjunto de determinadas refeições, e transformando este momento em uma verdadeira cerimônia alimentar, não apenas voltada para a sobrevivência do Homem, mas também para lhe dar um pouco de prazer. Hoje, a região do Mediterrâneo é a mais talentosa na criação de pratos sofisticados e bem produzidos, ocupando o topo na história da Gastronomia.

 

O MENU FRANCÊS CLÁSSICO

Informação Histórica

 

 

O menu francês clássico, criado na Belle Époque continha treze serviços ou pratos. Hoje, um menu deste tamanho nunca é oferecido. Mas esses menus mais curtos de hoje, devem seguir a estrutura dos menus clássicos antigos, no que diz respeito à sucessão de serviços. Estes, sempre começam com algo leve para estimular o apetite e preparar para o prato principal, após o qual se tornam de novo mais leves no final da refeição.

 

Os treze serviços do Menu clássico da cozinha francesa eram:

 

1.  Les Hors d'oeuvres - Melon au Porto, Rémoulade, Huîtres au Choix, Saumon Fumé, Coquetel de Crevettes

2.   Les Potages  - Consommé Brunoise, Crème de Tomate

3.   Les Oeufs - Omelette Espagnole, Omelette aux Tomates

4.   Les Farineaux  - Spaghetti Napolitaine, Ravioli, Cannelloni

5.   Les Poissons – Filet de Sole Bonne Femme, Filet de Sole Joinville

6.   Les Entrées – Attereaux Genévoise[1], Croustades de Foie Gras

7.   Les Relevés -  Carré de Mouton à la Bretonne

8.   Les Sorbets - Sorbet de Champagne

9.   Les Rôtis – Cuisseau de Veau à la Normande

10. Les Légumes et Salades - Tomates farcis, Les Salades en Saison

11. Les Entremets - Charlotte Russe

12. Les Savoureux - Welsh rarebit, Ivanhoe

13. Le Desservir -  Des Fruits em Gelée

 

 

Análise Descritiva dos Serviços Apresentados

Pelo Menu Francês Clássico

 

1) Hors D'oeuvre (Acepipes)

De uma natureza muito especial, este serviço é usado para preparar o apetite dos convivas, para os pratos que virão a seguir. Os hors d'oeuvre, ganharam popularidade nos últimos anos e são agora exibidos mesmo em menus simples ou restaurantes modestos. Embora o termo hors d'oeuvre “acepipes” se  aplique a um serviço de diversas saladas frias, anchovas, ovos, sardinhas, azeitonas, camarão, etc., também abrange outros itens que possam ser servidos em vez da sopa.

 

Exemplos de hors d'oeuvre:

· Melão Frappé

· Ostras ao natural

· Salmão Defumado

· Caviar

· Toranja, Pamplemousse

· Salame

· Camarões em Pequenos vasos

· Coquetel de camarão ou lagosta

· Coquetel de frutas, Coupe Florida

· Arenques Dieppoise

· Paté de fígado de ganso (patê de Foie Gras)

 

Há também um grande número de itens que podem ser servidos quentes como acepipes, tais como os bouchées, croquetes, bolinhos fritos, etc., os quais são conhecidos como hors d'oeuvre chauds.

 

2) Potage

Os franceses têm três palavras diferentes que podem usar para designar sopa.  Consommé,  um caldo de carne claro e fino. Soupe que designa uma mistura espessa e saudável de legumes e outros pedaços de alimentos e Potage, que se situa entre os dois anteriores, na textura, conteúdo e espessura. Um potage é geralmente um puré espesso, muitas vezes com carne, ou uma sopa de legumes, contendo cevada ou outros cereais (milho, lentilhas, etc.). Hoje, as palavras soupe e potage são frequentemente usadas alternadamente com o mesmo significado. É na classe dos potage que se encontram a maior parte das sopas crèmes e veloutés da cozinha francesa. Sopa de peixe é também geralmente oferecida como selecção, sendo as duas mais comuns a Bisque d'Homard e a Bouillabaisse, embora esta última se possa encaixar melhor no capítulo das caldeiradas e dos ensopados do que nas sopas.

 

3) Oeufs

Oeufs são os pratos feitos com ovos. A omeleta é o mais popular, mas existem outros tipos de preparação dos ovos em culinária, como cozidos, escalfados, en cocotte, fritos ou mexidos. Este serviço não é normalmente incluído num menu de jantar. Alguns exemplos são Omeleta à Espanhola, Oeuf en Cocotte a la Crème, Oeufs Pochés Florentine.

 

4) Farineux

Designa os farináceos e é a contribuição da Itália para os menus franceses. Inclui diferentes tipos de arroz e massas. Pratos de massas são esparguete, lasanha e gnochi. O Macarrão é feito de sêmola de trigo duro ou trigo branqueado, à qual é adicionada água para formar uma massa de pão. Pode ser colorida e adicionada com sabor de várias maneiras. Há mais de 200 variedades de massas alimentícias. Os ingredientes, tamanho, forma e cor determinam o tipo dessas massas alimentícias. Alguns pratos desta classe são: Esparguete à Bolonhesa, Lasanha à Napolitana e massas gratinadas.

 

5) Poisson

Poisson designa os pratos feitos de peixe. Os peixes, sendo pouco fibrosos, preparam o paladar para as carnes mais pesadas que se seguem. Pratos de peixe frito ou grelhado, geralmente não têm lugar num menu de jantar "clássico", mas são oferecidos livremente nos menus de almoço com menos quantidades de pratos. Isto também se aplica às espécies de peixes mais ásperos, sendo o menu de jantar geralmente  composto de peixes mais finos preparados e cozinhados das formas clássicas. Os peixes ideais para a compilação de um menu de jantar são: linguado, salmão, alabote, badejo, etc. Peixes raramente usados para a refeição da noite são: bacalhau, pargo, Haddock, pescada e solha. Um prato de peixe frito, que normalmente se encontra no menu de jantar, no entanto, é Blanchaille e isso porque os peixes miúdos são leves e não complicam de nenhuma maneira a digestão.

 

6) Entrée

Entrada é o primeiro dos serviços de carne num menu. É sempre um prato completo em si mesmo. São enviados da cozinha já enfeitados com o molho e da forma como se destinam a ser servidos. O prato final, “o assado” é sempre cozinhado e guarnecido de forma artística e geralmente servido com um molho rico. A "entrada" deve ser concebida como algo leve, pelo que este prato consiste em pequenos cortes de carnes de talho, geralmente salteadas, mas nunca grelhadas. Costeletas e bifes grelhados podem substituir o assado rôti num almoço. Os seguintes itens, com as suas apropriadas guarnições e molhos, podem ser servidos com êxito como entrées.

· Miolos (Cervelles)

· Fígado (Foie)

· Rabo de Vaca (Queue de Boeuf)

· Rins (Rognons)

· Cabeça de Vitela (Tete de Veau)

· Tripas (Tripes)

· Bifes de Acém  ou Tornedós (Bifetecks , Entrecote et Tournedos)

· Costeletas de Cordeiro (Cotelettes de Mouton)

· Costeletas de Porco (Cotelettes de Porc)

· Escalopes, Granadinos, Medalhões  (Escallopes, Granadins, Medaillons, et Côtes  de Veau)

· Molejas de Vitela ou Cordeiro (Ris de Veau / Agneau)

· Suflés ou Mussas (Soufflés et Mousses)

· Dentados (Bouchées)

· Pilaws e Rizottos

 

· Pequenos cortes ou partes de aves de capoeira, individualmente cozinhadas, também são servidos como entrées em hotéis de primeira classe e restaurantes. As entradas  entrées devem ser sempre cozinhadas, enfeitadas e apresentados pelo  cozinheiro de molhos ou saucier.

 

7) Relevé

Este é o prato principal de carne no menu e é conhecido como a "peça de resistência". Ele pode consistir em comum de qualquer um dos seguintes:

 

Carneiro (Agneau)                Frango (Poulet)

Vaca (Boeuf)                         Pato (Caneton)

Vitela (Veau)                         Galinha (Poularde)

Presunto (Jambon)                Língua (Langue)

Porco (Porc)

 

Num estabelecimento de primeira classe, estas peças devem ser preparadas pelo cozinheiro de molhos, por qualquer método excepto assado. Elas geralmente são cozinhadas em caçarola, grelha ou frigideira, num molho com o  qual são servidas.

 

8) Sorbet

Este serviço aparece como um descanso na refeição. Neutraliza os pratos anteriores e rejuvenesce o apetite para os que vêm a seguir. Normalmente servido entre o relevé/remover e o rôti, ele é em regra feito com champanhe e servido em um copo.  É uma quase sobremesa gelada, feita com suco de frutas, açúcar, água e leite, contendo também, clara de ovo ou gelatina.  Um exemplo  é o italiano Sorbet Creme de Menthe.  Cigarros russos ou egípcios muitas vezes são repassados durante este Serviço.

 

9) Rôti

Prato que normalmente consiste de caça ou aves de capoeira, e muitas vezes é incluído na entrada. Cada prato é acompanhado pelo seu próprio molho especial e salada. Algumas possibilidades são o Frango Assado, o Pato Estufado e Codorniz Assada.

 

10)  Légumes

Estes pratos vegetais podem ser servidos separadamente como um prato individual ou ser incluídos ao longo da refeição, com as entradas, relevé ou assado. Alguns exemplos são a Couve-flor Mornay, Batatas Assadas e Tomates Grelhados.

 

11)  Entremets

Entremets tem neste menu  o significado de “prato intermediário”, e significa a quebra da sequência de pratos salgados, para algo doce. Podem incluir doces quentes ou frios, Soufflés ou Gelados. Alguns tipos aceitáveis são a Torta de Maçã, Souflé de Chocolate e Sorvete ou Cassata.

 

12)  Savoureux

“Delícias” ou Savoureux é um prato de gostos fortes, tais como anchovas em vinagre ou frutas em conserva. Eles são servidos quentes sobre torradas ou como um Souflé Salgado. Welsh rarebit, Woodcock Scotch e Canapés Diane são alguns dos exemplos. Queijo, fromage , é uma alternativa para os salgados se for ao almoço, e pode ser servido antes ou depois dos doces.  Geralmente é servido com manteiga, biscoitos e, ocasionalmente, aipo.  Gouda, Camembert e Cheddar são alguns exemplos de queijo.

 

13) Desservir

Sobremesa é um serviço que geralmente vem no final de uma refeição. A designação francesa significa "para limpar" a mesa. É um serviço de frutas geralmente apresentado em uma cesta e colocado em cima da mesa, (sobremesa) como parte da decoração desta no final da refeição. Todos os tipos de frutas frescas podem ser apresentados neste serviço. Sobremesas  comuns  incluem biscoitos, frutas, bolos e doces.

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Delicatessen

Delicatessen e produtos gourmet

 

Delicatessen é um termo que designa "iguarias" ou "alimentos" especiais, e representava originalmente, em inglês, apenas essa comida especialmente preparada. Com o tempo, porém, a loja onde os alimentos eram vendidos, passou a ser conhecida, também, como delicatessen, e o novo sentido da palavra acabou por ser encurtado para deli. É uma palavra alemã, que apareceu “de empréstimo” no idioma inglês, pela primeira vez em 1889, como a forma plural de delicatesse. Em alemão, onde também era, originalmente, um termo francês “de empréstimo”, delicatessen indicava "coisas deliciosas (para comer)". A raiz da palavra é o adjectivo do latim delicatus, que significa "dar prazer, agradável, delicioso".

A versão alemã escrita, Delikatessen, deve ter dado suporte à etimologia popular, pois o essen da palavra corresponde ao verbo alemão Essen, “para comer”, ou ao substantivo das Essen, “o alimento”. Esta análise sugeria que a palavra era uma junção das palavras alemãs delikat “delicioso” e Essen “para comer”, e a palavra acabou por ficar com esse significado, para indicar estabelecimentos especializados num tipo de comida, especial ou sofisticado, tendo assim entrado no circuito mundial.

As Delicatessens em muitas partes do mundo vendem a retalho, por peso, produtos como carnes e queijo curados, salsichas e presunto, foie-gras, salame e outros frios, frango e costeletas fritos, lombo de porco assado, frios e saladas, pickles vegetais e molhos, pães e azeitonas. Um supermercado pode ter o seu próprio deli de comida, ou mesmo operar uma delicatessen no local.

Grandes lojas Delicatessen, ou lojas Deli, além de venderem frios e carnes cozinhadas, podem ter também uma divisão de alimentos de luxo, e incluir confeitaria, pastelaria, espirituosos e vinhos finos, queijos exclusivos e paté trufado, caviar e foie gras de alta qualidade, grãos de café e de frutas, especiarias e ervas, pães especiais, doces exclusivos, bolachas e mel, chá e chocolate artesanal de luxo.

A famosa Eliseevsky, loja de alimentos no centro de Moscovo, assemelha-se a um armazém de charcutaria no sentido europeu, com uma exuberante decoração fin de siècle. Esse estabelecimento histórico da era czarista foi preservado pelos soviéticos e foi usado para servir como uma peça de exposição da indústria alimentar russa, exibindo as iguarias mais difíceis de obter.

As Delicatessens podem também fornecer alimentos especializados de outros países e culturas, que não estejam disponíveis em lojas correntes de alimentos.

Nos Estados Unidos, uma loja de delicatessen, ou deli, é um tipo de negócio que poderia ser descrito como uma síntese de supermercado e restaurante fast-food, com a vantagem de oferecer um menu mais amplo e mais fresco do que os encontrados nessas cadeias de restaurantes. A delicatessen raramente utiliza máquinas de fritar (com exceção de frango), mas prepara, rotineiramente, sanduíches por encomenda, e pode também servir alimentos quentes mantidos numa mesa de vapor, como uma cafetaria. Vende frios a peso e prepara cestas de pic-nic.

A fim de proporcionar oportunidades para uma refeição completa, as delicatessens oferecem também uma grande variedade de bebidas, como refrigerantes, café, chá, leite, etc. Batatas fritas e produtos semelhantes estão disponíveis em variedades pré-embaladas, ou feitas na loja e acondicionadas em celofane.

Paralelamente a estes produtos indicados para almoço e jantar, as delicatessen podem também oferecer uma série de itens adicionais voltados para o pequeno-almoço, incluindo crepes, bacon, salsichas, waffles, omeletas e assados, doces, biscoitos, torradas e iogurte. Os menus desses estabelecimentos variam por região e diversidade étnica. Enquanto delis urbanas dependem de pratos típicos ou regionais, como pastrami, corned beef e salame, outras no interior do país dependem mais de carnes embaladas para venda na loja, principalmente frango, peru e presunto, que pode não ser encontrado em delis judaicas, onde a carne comum é mais procurada.

Os equivalentes americanos das delicatessens ao estilo europeu são conhecidos como “lojas de produtos gourmet”.

 

A EMENTA IDEAL VISANDO A SAÚDE

Os especialistas recomendam bom senso na hora das refeições: evitar o consumo de gorduras saturadas e trans, preferir óleos vegetais para cozinhar, e consumir menos carnes vermelhas, principalmente as gordas.

Uma ementa ideal, recomendada para um adulto saudável, deve rondar entre as 2.000 e as 2900 calorias/dia, embora o número de calorias que cada organismo necessita diariamente, possa variar de acordo com o sexo, idade, peso, altura e rotina de actividades físicas, e cada pessoa tenha características próprias que também podem fazer oscilar esses números.

Incluir - azeite extra-virgem, peixes ricos em ómega 3, iogurte, carnes magras, ver- duras e frutas. De uma maneira geral com raras excepções, todos os peixes são aconselháveis.

Evitar  enchidos, café em excesso, refrigerantes, doces e açúcar branco, pães e massas brancas (usar os integrais), alimentos com gorduras trans e frituras.

 

Segundo os endocrinologistas e nutrólogos, as frutas, os legumes e as verduras são as melhores fontes de fibras, vitaminas e sais minerais disponíveis na natureza. Eles são tão importantes para a saúde, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) concluíram que, pelo menos 60% das mortes em todo o mundo poderiam ser adiadas, ou mesmo evitadas, se as pessoas adoptassem posturas mais saudáveis durante da vida, entre elas, o consumo de no mínimo cinco porções (ou 400 gramas) desta categoria de alimentos por dia.

As saladas são excelentes, e um exemplo de como se pode adicionar à alimentação, sementes e castanhas, ricas em gorduras poliinsaturadas e protectoras cardiovasculares, sem correr o risco de exceder em calorias, uma vez que as sementes oleaginosas apresentam elevado valor calórico em decorrência da gordura protectora. Neste caso, come-se menos do que se comeria se essas sementes fossem consumidas como aperitivo.

 

Conselhos para a construção de uma ementa saudável

Para uma alimentação saudável que ajude a manter o corpo e a mente em equilíbrio, é aconselhável que na ementa estejam incluídos todos os grupos da Pirâmide Alimentar, embora o consumo de cada um deles deva ser regulado:

 

·                        construtores – ricos em proteínas, cálcio e ferro: carnes, ovos, leite, iogurte, feijão, soja, lentilha, grão-de-bico. Têm como função ajudar o organismo na sua renovação e fortalecimento.

·                        reguladores – vitaminas e sais minerais: são as verduras, as frutas e os legumes. Regulam o organismo nas suas funções vitais, e auxiliam os órgãos a funcionarem de forma correcta.

·                        energéticos – ricos em carboidratos e lipídeos (gorduras), são fonte de energia para o corpo: massas, pães integrais, cereais como milho e arroz, oleaginosas: castanhas, nozes e amêndoas, azeite e óleos em geral, legumes: mandioca, batata, inhame, e os doces.

 

Para os que estejam a seguir algum tipo de dieta, isso não significa que devam evitar carboidratos, ingerir apenas proteínas, e deixar algum grupo de fora.

Devem sim modificar a forma de comer, ingerir de 5 a 6 refeições por dia com ementa bem variada, e dar uma boa oferta de nutrientes ao seu organismo. Mas, sobretudo, manter um acompanhamento médico e consultas regulares para avaliação do seu estado de saúde. O check-up geral deve ser voluntariamente imposto anualmente, a partir dos 45 anos, independente da forma como a pessoa se sinta. E a medição da tensão tanto quanto for possível, a qualquer momento e em qualquer idade, pois nunca se sabe como vão as coisas por esse lado.

A Qualidade de Vida é um bem inestimável.

 

A Sazonalidade dos Produtos versus Custo

Voltando à cozinha tradicional e, ao restaurante normal, tomamos consciência que, um dos factores de êxito, é a competitividade. Já analisamos que, o mercado não é elástico e, a economia é sensível.

Na posse desta informação, vamos agora, verificar, como o responsável pelo ementa pode, melhor, utilizar os recursos do mercado de abastecimento.

Esta utilização de recursos, consiste em planejar o ementa, tendo em conta os produtos da estação que, por serem mais abundantes, são também mais baratos. Não vamos, aqui, analisar essa sazonalidade, nem tão pouco, os produtos. Esse conhecimento, será obtido por outros meios.

O leitor ficará, porém, de posse desta informação, valiosíssima em termos de correlação de custos.

 

As Cozinhas Típicas e as Especialidades

 

Um erro comum em restauração é relacionar “cozinha típica” e “especialidade”, quando, afinal, as duas coisas podem ser distintas uma da outra. Há pratos típicos que são especialidades, enquanto outros não são, assim como podem existir especialidades culinárias que não são típicas, mas apenas fruto do labor de determinado indivíduo ou equipa e, como tal, propriedade e exclusivo de determinado restaurante.

São “especialidades” as confecções culinárias ou de pastelaria  (no Brasil “Confeitaria!) que contenham características próprias de originalidade e exclusividade, com alta qualidade de elaboração e apresentação final.

São “pratos típicos” (não confundir com regionais) os pratos que contém características próprias, inerentes à cozinha de um país, embora sem região determinada.

Fazem parte da “cozinha regional” os pratos que tenham raízes predominantes em qualquer parcela do território por serem tradicionalmente confeccionados e consumidos pelos naturais dessa região, o que não quer dizer que não venham depois, mercê da sua qualidade e popularidade adquirida, a ser servidos noutros locais do país ou do mundo. Não perdem, porém, o seu carácter de pratos regionais.

Isto aconteceu com pratos típicos de diversos países, os quais são hoje servidos noutros continentes e capitais do mundo, sem contudo perderem a sua origem, caso das pizzas, originárias da Itália, da bouillabaisse, originária da França e da paella cuja origem é Espanhola. Outros ainda, como o couscouss, típico do norte da África ou o curry (caril) que veio da Índia. Sem falar na tortilla ou no taco mexicano que, não sendo uma especialidade na minha avaliação, é um prato típico, quem sabe, até, uma forma original de fast food, como o baurú brasileiro e a sanduíche da Tendinha.

A chanfana, a lapantana, o leitão assado e as tripas, são pratos regionais, mas o bacalhau será quando muito um prato típico de Portugal.

Como uma referência e porque julgámos útil para mostrar como a ementa evoluiu sem perder a sua dignidade, damos abaixo uma ementa de banquete dos tempos da Roma antiga. Espero que ela seja apreciada.

Caixa de Texto: Isicia Omentata
Patina De pisciculis
Minutal Marinum
Gustum De Praecoquis
Fabaciae Virides et Baianae
Scillas
Sarda Ita Ajuste
Em Mitulis
Pullum Frontonianum
Pullus Fusilis
Vitellina Fricta
Em Vitulinam Elixam
Aliter Baedinam Sive Agninam Excaldatam
Pepones Et Melones
Dulcia Domestica
Alter Dulcia
Patina De Piris
Tiropatinam
Óvulos Sfongia Ex Lacte
MustaceiCaixa de Texto: Enchidos temperados
Suflé de pequenos peixes
Fricassé de frutos do mar
Acepipe de alperches
Feijões Verdes de Baia
Camarões Grandes
Sardinha à nossa moda
Nossos Mexilhões
Frango de Fronto
Frango Recheado com Molho
Carne de vitela Frita
Carne de vitela Cozida
Costeletas de Cordeiro Estufadas
Melancias e melões doces
Sobremesa Caseira
Outras Sobremesas
Suflé de pêras
Suflé à moda de Tiro
Crepes ao Leite com mel e pimenta
Bolo enrolado de queijo e anis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O SUSHI NA VALORIZAÇÃO DE EMENTAS

 

O que é o sushi?[2]

Tendo começado como um método de conservação de peixes há séculos atrás, o sushi evoluiu para uma experiência gastronómica que está a conquistar o mundo dos gourmets. Na primitiva formula, o peixe seco era colocado com sal entre camadas de arroz, como uma forma de o conservar e armazenar. O vinagre foi adicionado mais tarde como uma necessidade profilática e o nori (alga) como uma maneira de segurar o arroz e evitar que os dedos fiquem pegajosos. Tecnicamente, a palavra sushi define o arroz (su palavra japonesa para vinagre, e shi, de meshi, a palavra japonesa para arroz) sushi, portanto, é "arroz avinagrado, embora coloquialmente o termo seja usado para descrever o conjunto do pedaço de peixe cru ou marisco com palitinhos ou rolinhos de arroz ou, simplesmente, o consumo de peixe cru no estilo japonês. Embora o sushi não seja uma invenção japonesa, o estilo japonês é considerado nos dias de hoje, o padrão de facto para este serviço. Ele pode ser comido tal qual, ou mergulhado em molho de soja japonês shoyu e em seguida consumido. A criação do prato requer cuidado e os vários métodos de preparação do alimento são avaliados pela aparência, que tem muita importância para o consumidor educado. O sushi é uma obra de arte, tanto como alimento quanto em apresentação. Apesar de ser agora apresentado num estilo ocidentalizado de serviço “rápido e fácil” as suas formas tradicionais não foram de forma alguma perdidas.

 

Quais os diferentes tipos de sushi?

Existem alguns tipos diferentes, dependendo de como o item é apresentado, os quais são:

Chirashi-zushi - Normalmente, um prato ou tijela larga de arroz de sushi coberto com uma variedade de sashimi.

 

 

 
mhtml:file://C:\Users\Albano\DOWNLOADS\The%20Sushi%20FAQ%20-%20Sushi%20Information.mht!http://www.sushifaq.com/images/chirashizushi.jpg 

 

Inari-zushi - Bolsas de tofu frito (aburage) recheadas com     arroz de sushi.

 

 
Inari sushi                  

 

 

 

 

 

Maki-zushi - O arroz e rolos de alga com peixe e / ou legumes. Estes rolos de arroz têm nomes específicos, dependendo da sua apresentação.

Futomaki - rolo grosso /  Hosomaki - rolos finos / Uramaki - enrolados de dentro para fora.

Nigiri-zushi – rolos pequenos de arroz cobertos com wasabi e um filete de peixe cru ou cozido ou marisco. Esta é geralmente a forma mais comum de sushi.

 

 
mhtml:file://C:\Users\Albano\DOWNLOADS\The%20Sushi%20FAQ%20-%20Sushi%20Information.mht!http://www.sushifaq.com/images/makizushi.jpg 

 

 

Temaki sushi

Temaki-zushi - Também chamados de “rolinhos de mão”, são cones de arroz de sushi, peixe e vegetais envoltos em algas. Muito semelhantes ao maki.

 

 
 

 

 

 


          O peixe servido com o sushi pode ter também algumas formas e estilos diferentes, além de se apresentar como um simples pedaço de peixe. Por exemplo:

Neta ou Tane- nome para o pedaço de peixe comum (ou outro item) colocado em um pedaço de sushi.

Hikari mono - um pedaço de peixe apresentado com a pele prateada.

Sukimi - pedaço de peixe picado, usado com os maki (rolos) ou servido como sashimi.

 

O que é sashimi?

Sashimi é peixe fatiado servido cru, no seu estado natural. Isso significa que não tem nenhuma cama ou acompanhamento de rolo de arroz, embora muitas vezes seja servido ao lado, daikon e/ou shiso. Este é o estilo sugerido para obter o melhor sabor do peixe, além de uma óptima maneira de impressionar os novatos no sushi! O sashimi é normalmente cortado de diferentes formas para melhorar a aparência do peixe.

Hira zukuri é a forma rectangular padrão de corte. Um corte chamado zukuri ito não tem mais do que 6 mm. de espessura, mas outro mais fino, chamado kaku zukuri da grossura de papel fino é muitas vezes apresentado também como um padrão.

 

Que outras coisas podem entrar no prato?

Dependendo do que for escolhido ou dos caprichos do chefe, você pode ver itens como wasabi (rábano verde japonês - um rizoma picante), gari (gengibre em conserva, que se apresenta com dupla cor, rosa e castanho claro, indicando boa qualidade). Pode também aparecer uma grande folha verde chamada shiso, que geralmente é servida com sashimi e uma massa branca de daikon desfiado (rabanete japonês também às vezes servido com sashimi).

 

Apresentação do Sushi

A prática do sushi nasceu no Sudeste Asiático pela necessidade de conservação de peixe cru e foi-se desenvolvendo através dos tempos com o aperfeiçoamento das técnicas aplicadas à sua preparação. A primeira referência conhecida aparece na China por altura do século II dC.

Na sua preparação mais remota, eram retiradas a cabeça e as vísceras, e as tiras do peixe cru eram salgadas e acondicionadas em barris de madeira, em camadas alternadas com arroz cozido. A fermentação natural do arroz gerava ácido láctico, o qual azedava o peixe e garantia a sua conservação. O longo processo de armazenamento porém, tornava o arroz impróprio para consumo pelo que ao final somente o peixe era aproveitado.

Ao ser introduzido no Japão, cerca do século VII, esse procedimento sofreu uma pequena modificação, passando a ser utilizadas pedras para prensar o peixe cru e o arroz. Esta preparação designada “nare zushi”, tinha um odor e sabor fortes, sendo esta uma das suas principais características. Um exemplo actual desse processo ainda é o “funa zushi”, feito com carpas.

No século XV porém, surgiu um  novo tipo de sushi chamado “nama nare zushi” o qual por ter um período de fermentação menor (cerca de 1 mês), já permitia o consumo do arroz e do peixe juntos. Esta pode ser considerada a primeira forma do sushi moderno.

A introdução do vinagre na elaboração do arroz para sushi ocorreu no século XVII, em Edo (actual Tóquio) e deve-se ao médico Matsumoto Yoshiichi, o qual procurou com esta inovação tornar o sushi um alimento mais saudável e possibilitar a redução do tempo de preparação deste para um dia apenas. Beneficiando-se da fartura de peixes e mariscos na baía de Tóquio, o peixe passou a ser consumido cru e fresco. Além do ganho em tempo de preparação do sushi, o vinagre adicionou um sabor especial ao prato que passou a ser chamado de “haya zushi”. Na região de Osaka o “oshi zushi” é preparado com pedaços rectangulares de peixe, num estilo conhecido como estilo Kansai.

No século XVIII surgiu aquele que é considerado o primeiro sushiman da história: Hanaya Yohei que criou o “niguiri zushi” tipo de sushi popular, constituído de um bolinho de arroz de sushi com uma fatia de peixe cru por cima, para consumo imediato, o qual podia ser manuseado com as mãos, dispensando os hashis. Como não havia refrigeradores naquele tempo, os peixes eram marinados em molho de soja ou vinagre e o tamanho dos bolinhos era aproximadamente o dobro dos actuais. A alteração introduzida tornou este tipo de alimentação muito popular no Japão, podendo dizer-se que a sua divulgação se assemelha à do fast-food nos Estados Unidos: as pessoas petiscavam na entrada dos estabelecimentos, nas ruas ou à beira de estradas. O estilo de sushi de Tóquio ficou conhecido como estilo Edo, estando o quiosque de Yohei, no bairro de Ryogoku, cotado como o principal pioneiro da sua divulgação.

Com a competição entre os vários quiosques de venda, surgiram outros tipos ou variedades de sushi como o “inari zushi”, o “maki zushi” (nome genérico para o sushi enrolado) e o “chirashi zushi”. A grande inovação foi a abolição da prensagem com pedras, passando a ser utilizada apenas a força das mãos para formatar o sushi.

Em 1923, após  um  terremoto  que  atingiu  a  cidade de Tóquio, muitos donos  de quiosques  alimentícios  voltaram  para as suas regiões de origem e disseminaram  a receita do sushi por todo o Japão.

Finalmente, no século XX, a globalização está a espalhar por todo o mundo o gosto por este tipo de prato que, além do sabor peculiar, vai ao encontro da preocupação do homem moderno com uma alimentação sadia.

 

O SUSHI

 

Ao mencionar a palavra sushi, uma imagem vem logo à mente, correspondendo a rolos de arroz e algas, ingredientes exóticos e cortes de peixe fresco cru graciosamente montados sobre uma pequena cama de arroz. Alguns pensam apenas no peixe cru, enquanto outros não fazem idéia, mas imaginam um sujeito japonês sorridente, servindo-lhes um prato artisticamente arranjado de comida desconhecida.

Não é de admirar que o sushi se preste a confusões e mal-entendidos, pois apesar de estar dando a volta ao mundo como prato seleccionado por muitos bons restaurantes e ter estabelecimentos especializados na sua preparação, não teve ainda a sua divulgação ao grande público.

O que é pois, exactamente, o sushi? Sushi é o nome de um arroz temperado com vinagre. E, genericamente, inclui todas as formas de uma cozinha altamente especializada que tem o arroz avinagrado como componente de base. Pode incluir peixe cru. Pode incluir marisco cozido. E também pode não ter, nem marisco nem peixe. Na América, por exemplo, o sushi pode conter quase qualquer coisa. Mas este já será um sushi comercial e não o tradicional.

 



[1] Os pratos para este Serviço, são aqueles a que nos referimos em Entradas Ligeiras, no Manual de Gastronomia.

[2] A explicação de todos os nomes japoneses que aparecem neste texto, é dada no final em   “Glossário de termos relacionados ao sushi”.

 

O SER HUMANO E A SUA ALIMENTAÇÃO  Parte 1 (de 3)

A Alimentação a Gastronomia e a Culinária

 



 

A ALIMENTAÇÃO E A CULTURA

 

Dizer que o consumo de alimentos é parte vital do processo biológico, será enfatizar o óbvio, mas por vezes, esquecemo-nos que a alimentação é mais do que vital. A outra actividade que se lhe assemelha, ou compara, pela importância que tem, tanto na nossa vida, como na reprodução da espécie, é o sexo. Segundo Lao Tzu, filósofo chinês observador da natureza humana, “apetite por comida e sexo é, natural”.

No entanto, estas duas actividades têm, alguma diferença. O ser humano é muito mais animalesco nos seus empenhos sexuais do que nos seus hábitos alimentares. Além de que a variação é, sem dúvida, maior na alimentação do que no sexo. Por essa razão, a importância da alimentação, como forma de entender a cultura dos povos, é muito importante e está na base da análise das suas infinitas variedades, pois estas não são tão necessárias à sobrevivência.

Para sobreviver, todos os seres humanos, em qualquer latitude, poderiam comer o mesmo, tendo em conta apenas os valores calóricos: gorduras, hidratos de carbono, proteínas e vitaminas. No entanto, as pessoas alimentam-se de maneira diferente, devido  ás diferenças de proveniência “os países ou regiões do mundo de que são oriundos”, mas também de acordo com as várias classes sociais.

É grande, a variedade de ingredientes básicos usados na preparação das refeições, bem como a forma como eles são guardados, cortados, cozinhados (ou não) e as quantidades e variedades de cada repasto. São também inúmeros os sabores e os gostos, os hábitos de servir, os utensílios de preparação e serviço, as crenças sobre as verdadeiras propriedades da comida, a quantidade das refeições e, a sua duração.

Uma análise antropológica sobre o estudo da alimentação levar-nos-ia, sem dúvida, a isolar e identificar as variantes alimentares, sistematizar os resultados e explicar porque algumas delas se aproximam e outras não.

Para melhor compreendermos estas matérias, poderemos recorrer à especifidade de cada cultura, para explicarmos as variantes relacionadas à alimentação. Ela pode ajudar-nos, a encontrar um padrão, ou modelo comportamental, nos vários grupos de pessoas que partilham determinado estilo alimentar. Os hábitos alimentares podem ser considerados um critério importante, determinante mesmo, para este fim. O conjunto das pessoas que partilham uma mesma cultura têm os mesmos hábitos alimentares, ou seja, partilham a mesma variedade de comidas. Culturas diferentes, usam misturas diferentes, na alimentação. Poderemos dizer que as diferentes culturas demonstram diferentes escolhas alimentares. Aqui, a palavra “escolha” pode não representar uma decisão pessoal, mas uma imposição do ambiente. Quais são essas escolhas? O que as determina? Estas são as duas primeiras grandes perguntas, num estudo dos hábitos alimentares.

Dentro da mesma cultura, os hábitos alimentares podem não ser homogéneos. Como regra, não o são, de facto. Dentro de um estilo geral de alimentação, existem diferentes manifestações de variantes alimentares, para diferentes posições sociais. Pessoas, de classes sociais diferentes comem de maneira diferente. Em ocasiões festivas, em luto, ou até mesmo na rotina diária, come-se de maneira diferente. De acordo com diferentes seitas religiosas, ou credos, há códigos de alimentação distintos. Os homens e as mulheres, nos vários estágios das suas vidas, alimentam-se diferentemente. Indivíduos diferentes, têm gostos diferentes.

Algumas dessas diferenças, podem, ser atribuídas a preferências pessoais, mas outras podem ser impostas. Identificar, esclarecer e explicar essas diferenças, pode ser um trabalho interessante, para quem se dedica ao serviço da alimentação.

Finalmente, é bom ter em conta que muitas das modificações nos hábitos alimentares se podem também atribuir às diversas épocas, aos períodos históricos e à sua duração. Sabemos como os hábitos alimentares mudam e procuram adaptar-se aos dados e consequências da evolução da sociedade.

O estilo de alimentação de determinada cultura é, certamente e, antes de tudo, determinado pelos recursos naturais de que a sociedade dispõe.

Verificamos, assim, que cada região do planeta desenvolveu a sua cozinha na base da sua própria produção. Posteriormente, ao longo dos tempos, foram-se agregando novidades, às diferentes ementas. Foi assim com os italianos, que se beneficiaram das viagens de Marco Polo e dos seus contactos no Norte de África. Foi assim com os portugueses, que adicionaram aos seus cardápios, muitos dos pratos africanos e orientais, recolhidos nas suas viagens, e foi assim com os ingleses, nas suas andanças pelo mundo.

Nos dias de hoje, a culinária regional, ou nacional, dos diversos países está bastante divulgada, em função das migrações e do turismo.

Quem se dedica ao negócio da alimentação deverá possuir um bom conhecimento na matéria, para poder manter-se sempre na frente, numa profissão bastante difícil e que evolui a cada passo. É muito importante partilhar a crença dos chineses, que afirma que a maneira como a comida é preparada está na base de uma boa saúde e que a qualidade e a quantidade da comida ingerida são relevantes para a saúde do indivíduo. A alimentação afecta a saúde, de uma forma directa, em relação ao futuro, mas a selecção da comida, em determinado momento, deve ter em conta a própria saúde e as condições do indivíduo, nessa mesma ocasião. Chegamos, portanto, à consideração final: a comida também é remédio. Como tal, e importante que estejamos sempre atentos ao que comemos e ao que servimos aos nossos clientes.

 

Breve Introdução à Culinária

 

 

A evolução da raça humana é marcada pelo progresso das artes, pelos triunfos alcançados nas lutas contra as rudes condições da natureza e pelo desenvolvimento dos conhecimentos que permitiram ao homem ampliar e melhorar as suas condições de vida. 

Cozinhar é, assim, produto da evolução do ser humano, estando ligada à civilização, pois com o avanço do conhecimento, o homem foi sentindo necessidade dos benefícios trazidos pelo conforto.

No seu primitivo estado, o habitante da terra alimentava-se de frutos e raízes que comia tal como eram encontrados. Ao fazer nascer, pela fricção de duas pedras, uma faísca luminosa – o fogo – o homem deu um grande passo para melhorar a sua dieta, incluindo nela alimentos cozinhados. Essa faísca que crescia e rugia, crepitante e ameaçadora, produzindo ao contacto dor forte e insuportável, proporcionava-lhe também – ao aprender a controlá-la – vantagens das mais extraordinárias.

Com a progressão dos seus conhecimentos, tornou-se agricultor, pescador e caçador, abrindo caminho para o desenvolvimento da “Culinária” que nasceu com o princípio da cocção dos alimentos.

Ao estabelecer-se em comunidades, criou novos hábitos e idéias, tais como o direito de propriedade e a utilização da água na cozinha.

A floresta, o rio e o mar, tornaram-se insuficientes à sua ânsia de buscar novas variedades de comestíveis. A máxima “Comer para Viver” foi esquecida. O sal e os condimentos, bem como o vinho, tornaram-se companheiros inseparáveis da Culinária.

O necessário, não seria apenas viver, mas viver bem; viver o mais confortável e luxuosamente possível. Disso, veio o Império Romano dar-nos  exemplo e uma prova indiscutível.

Tal como se desenvolveram as artes, a cozinha também avançou; tal como surgiram vitórias sobre a pedra, em estátuas, túmulos e monumentos, das mãos dos cozinheiros começaram surgindo novas composições que deliciavam os paladares, entorpeciam os membros e tornavam a volúpia da mesa prazer único.

Em Roma, os jantares duravam dias seguidos. Os convivas, depois de saciados, deixavam a sala de jantar (Triclinium) e passavam a outro compartimento, onde se recompunham, para regressar depois ao seu lugar onde recomeçavam de novo.

Foi o grande triunfo da Culinária, que a partir de então se sobrepõe a tudo, na vontade do homem e no seu sentir.

Um bom cozinheiro é um grande senhor.

Nos tempos de luxúria da Grécia antiga, os cozinheiros sicilianos eram disputados e recebiam altos honorários pelos seus serviços. Entre eles, um, chamado Trimálcio, tomou-se famoso pela maneira admirável como cozinhava peixe.

Um chefe cozinheiro, nos tempos áureos de Roma, ganhava anualmente o equivalente a cerca de 600,00 euros, soma considerável para a época; Marco António, ofereceu uma cidade ao cozinheiro que fez o jantar, capaz de satisfazer Cleópatra.

São famosas, as ceias romanas dos tempos de Tibério, Calígula e Nero. Apício, gastrónomo conceituado e libertino famoso, descreveu através da sua literatura, o valor da ciência culinária de então.

A ocupação da Ibéria pelas legiões da República, influenciou a cozinha nativa, razão por que existe uma acentuada similitude, entre as especialidades típicas, portuguesas e italianas, descendentes directas das que até nós foram trazidas pelos cozinheiros dos generais romanos.

Com a queda do Império, a arte culinária caiu em menor consideração e; na Idade Média, os cozinheiros lutavam por impor-se e ganhar reputação, compondo novos molhos e fazendo estranhas combinações, em busca de novidade.

Foi na Europa Central que, gradualmente, a Culinária se foi impondo com a Renascença. Na França e nas cidades Estado da Itália, ressurgiram com grande opulência o esplendor e o luxo, bem como a sua cozinha. Entre todos os países do mundo porém, a França mantém ainda o primeiro lugar, pela excelência e o cuidado dos seus pratos.

A contribuição portuguesa foi enorme, pois no século XVI, com a descoberta do caminho marítimo para a Índia, Vasco da Gama tornou possível a menor preço, a utilização das especiarias vindas do Oriente nas suas naus. Mercê da grande procura das mesmas, pela sua necessidade em culinária, Lisboa elevou-se ao primeiro lugar das capitais comerciais da Europa desse tempo, competindo com Veneza, que até então detinha o quase monopólio da comercialização desses produtos.

A passagem dos portugueses pelo Japão, de algum modo influenciou a cultura da alimentação neste país. Muitas palavras do idioma ali usado, soam como portuguesas. Arigato e Tempura, talvez sejam algumas delas.

A pimenta, o cravinho, a canela e outros tão culinariamente necessários condimentos, até então caríssimos devido às enormes sobrecargas do transporte por terra – motivadas por penosas caminhadas através de desertos e pelos ataques dos piratas, salteadores de caravanas – tornaram-se mais acessíveis aos que confeccionavam os ágapes dos grandes senhores.

Essas tão disputadas sementes, foram fruto das invejas e ataques que os portugueses sofreram; da Espanha, como rival mais directo na conquista das terras donde elas provinham e, das repúblicas italianas, Holanda, Alemanha e potentados árabes, que antes os comercializavam, ou recebiam taxas de passagem pelos seus territórios, das caravanas de transporte.

Gostaríamos de deixar aqui, uma referência ao primeiro cozinheiro que se lembrou de ajudar os mais novos, ao produzir um Abregé de Cuisine profissional. Chamava-se Auguste Escoffier e tinha a nacionalidade francesa, embora estivesse trabalhando na Inglaterra quando apresentou o seu trabalho. Em Portugal, foi conhecido Manuel Ferreira com o seu Manual de Cozinha e Copa, excelente livro que apenas pecava por seguir a linha dos livros produzidos por senhoras da sociedade que gostavam de cozinha e escreviam livros de Culinária. Mas muitos foram os pioneiros desta grande Arte, que alguns chamam (e com razão) Ciência da Cozinha. Não poderemos fazer uma listagem, pois ela seria longa e alguns importantes nomes ficariam esquecidos. Foi ao seu esforço, à sua persistência, imaginação e poder criador que ficamos devendo o conceito que ela actualmente merece. Gutta cavat lapidem.

 

A evolução e o progresso da Culinária

Cozinhar é a elaboração artificial dos alimentos e tem como objectivo principal, preparar estes para a sucessão de modificações que irão sofrer na sua viagem através do corpo humano, conhecida como digestão e assimilação. Outra finalidade secundária é tornar itens eventualmente nocivos à alimentação, no seu estado natural, aproveitáveis para o consumo. Tanto a batata como a mandioca, por exemplo, seriam prejudiciais se não cozinhadas. Outros legumes se comidos crus, não teriam a mesma capacidade de satisfazer o paladar e facilitar a digestão.

 

Cozinhar tem se tornado uma verdadeira arte e evoluído de forma considerável. O cozinheiro tornou-se um filósofo e adora fazer demonstrações da sua capacidade para a satisfação de terceiros. Essa atitude só pode ser louvada e encorajada. Sobretudo em tempos como os de hoje, em que os fast-food e os preparados tendem a desencorajar arrojos culinários e aumentam os problemas de saúde e os obesos.

 

Razões para Cozinhar

Os alimentos são preparados e cozinhados por seis razões:

Para facilitar a mastigação.

Para beneficiar e abreviar e digestão.

Para transformar certas substancias, naturalmente danosas, em alimentos nutritivos.

Para eliminar elementos nocivos ou prejudiciais desenvolvidos nos alimentos. Como a tinha e a solitária, possíveis na vaca e no carneiro, ou a ténia e a triquina no porco.

Para combinar os alimentos nas proporções adequadas às necessidades do corpo.

Para torná-los saborosos ao paladar e agradáveis à vista.

Embora pareça que a ultima razão se conflita com a segunda, tal asserção não terá suporte se tivermos em consideração que o valor estético de uma agradável refeição é importante e se dermos razão ao aforismo popular de que “Os olhos também comem”.

É sabido que o aroma e a vista agradável de um prato desenvolvem a predisposição para a comida e os sucos gástricos necessários à sua absorção.

 

Acção do calor sobre os alimentos

É indiscutível (e devemos estar conscientes dessa verdade), que o calor altera a constituição química dos alimentos. Mas não a um ponto que mereça reprovação, pois muitos alimentos não poderiam ser usados pelo ser humano se não fossem cozinhados. Por isso o calor deve ser usado na sua exacta proporção e acompanhado com cuidado. A transformação de alguns é facilmente identificada, como a solidificação da clara de ovo desde o cremoso até ao duro; a modificação das fibras quando mirradas ou intumescidas, ou a apresentação da gelatina quando macia, ou seca e quebradiça.

Como todas as transformações têm a sua explicação e devem ser conhecidas pelos cozinheiros, é a exacta apresentação do produto que demonstra a qualidade do prato e separa aqueles que satisfazem o consumidor, dos que o deixam aborrecido e descontente.

 

Combinação dos alimentos

Ao preparar um prato, devemos estar sempre conscientes da necessidade de combinar os ingredientes na proporção exacta, de acordo com a sua constituição. Alguns alimentos são deficientes num aspecto, enquanto outros são excessivos, não só no mesmo como em outros. Uma pequena adição aqui e ali, torna-os mais nutritivos, mais fáceis de digerir e leva ao organismo os valores que este necessita. Todos os cozinheiros são induzidos a essa combinação, pela utilização dos vários instigadores do paladar ou do apetite. Ao arroz, rico em gomas, adicionam manteiga ou natas; com ervilhas servem um pouco de bacon; para o peixe, buscam o enriquecimento que o molho de ovos adiciona; o bife é balanceado com batata cozida ou “sautée”.

Mas nem sempre os hábitos da culinária devem ser cegamente seguidos, pois podem eventualmente necessitar de correcção. Há muita coisa a aprender para além do uso do simples estimulador do paladar ou do apetite.

 

Carbonatos e sais

Estes incluem o cloreto de sódio ou sal comum, os sais potássicos, o fosfato de cálcio e o ferro. O primeiro é o único que se adiciona como tal aos alimentos e deve ser dosado com cuidado, pois normalmente ele já está incluído em muitas das preparações apresentadas no mercado. Os sais potássicos estão presentes nas frutas frescas e nos legumes. O cálcio, tão necessário aos ossos e dentes, incorpora-se no leite e nos grãos. Quanto ao ferro, mais medicamento que alimento, é um importante componente do sangue que se encontra presente nos legumes frescos, estando também em quantidades variáveis na maior parte das águas.

 

Amidáceos e farinhas

Sendo alimentos baratos e de fácil aquisição, são encontrados na maior parte das preparações culinárias.

Pão, batatas, massas, arroz, trigo e cevada são constituídos de amido na sua quase totalidade, enquanto que, milho, araruta, sagu e tapioca, podem ser considerados como amido puro. As lentilhas, as ervilhas e o feijão, são leguminosas com grande quantidade de amido, embora sejam cotados como albuminóides. O leite não contém amido, mas inclui algum açúcar que substitui aquele. As crianças pequenas não devem ingerir amidos, pois não têm capacidade de digerir estes. A transformação do amido pelo calor produz dextrina, a qual se encontra sempre nos biscoitos, nos bolos e na codea do pão.

Açúcar e melaço são bons alimentos e substitutos dos farináceos, podendo no entanto produzir acidez em adultos com predisposição para tal. As crianças, como não estão sujeitas a essa alteração, podem encontrar nestes alimentos, se bem controlados, um bom suporte alimentar em vez dos farináceos que conduzem à obesidade.

As gorduras e os farináceos são considerados produtores de calor por serem oxidados ou queimados pelo corpo para manutenção da temperatura adequada deste. Deve existir porém cuidado na absorção dos últimos, pois quantidades exageradas levarão a que a gordura existente neles não seja totalmente consumida por desnecessária ao organismo, e por este armazenada, conduzindo à obesidade. A melhor forma de manter equilíbrio de massa corporal é através de exercícios físicos para oxidar os excedentes.

 

Gorduras

 A gordura, seja sob a forma de manteiga, natas, óleo, azeite, carne, bacon ou qualquer outro nome, é necessária em culinária, sendo notada a sua falta pelos que tem menos posses ou pelos que sendo doentes encontram dificuldade na sua digestão. Mas algum substituto pode sempre ser encontrado. Se digerida, qualquer gordura é boa. Óleo de vegetais, azeite, natas e óleo de peixe, são gorduras de fácil digestão, embora existam restrições ao seu uso em fritura, pois o calor decompõe o óleo e oxida-o em demasia, o que não é aconselhável para uma boa saúde.

Gorduras e farináceos, são alimentos que se substituem entre si dentro de certos limites. Devem ser consumidos em climas frios e com maior cuidado nos climas quentes.

 

Albuminosos

O termo albume ou albúmen, designa o tecido nutritivo rico em substancias alimentares que envolve o embrião de muitas plantas. Algumas vezes estas são indicadas como boas para a pele ou designadas alimentos nitrogenados ou azotados, porque contém nitrogénio ou azoto, o qual não se encontra nos farináceos, gorduras ou açucares. Tudo o que vive e cresce necessita de nitrogénio e ele se encontra em maior ou menor quantidade em todas as plantas e em todos os animais. Os nossos suprimentos de albuminas vêem da carne magra, peixe, aves, leite ou queijo, ovos, glúten, fibras de cevada, lentilhas, feijão e ervilhas. Esta pode ser encontrada também em sucos de vegetais, sementes e nozes, castanhas ou amendoas.

 

Fibras

Podem ser de origem animal ou vegetal. Da carne, legumes, frutas e cereais, obtemos a nossa ração quotidiana destas. Por essa razão, os talos de legumes e as cascas das frutas devem ser usados sempre que possível, bem como os legumes mais fibrosos, a cenoura, os brócolos, ou as couves, os nabos e as abóboras. Aqui, será também interessante lembrar que a casca da laranja dá uma excelente confiture, que da casca da melancia se faz uma boa compota e que com a casca do pepino um pouco mais grossa, se prepara um agridoce que pode ser servido como acepipe ou acompanhamento de vários pratos.

 

Métodos de Cocção

São seis, os métodos de cozinhar mais comumente usados:

Grelhar (na chapa ou nas brasas)

Assar (no forno ou directamente sobre o fogo)

Cozer no Forno

Cozer em Água

Guisar, Estufar ou Ensopar

Fritar

 

Grelhar na Chapa

As regras para este grelhado são as mesmas que para o grelhado nas brasas, pelo que a chapa não deve ser lisa mas sim ondulada, para permitir que a peça receba o calor sem queimar. Por outro lado, as marcas que ficam imitando as da grelha, são altamente decorativas para a peça.

 

Grelhar nas brasas

Preparar um brasido forte e uma grelha a altura regulável. Inicialmente, dar mais calor à peça para criar uma capa externa e depois afastar um pouco para cozinhar gradualmente. Voltar a peça com frequencia. Não picar a superfície da carne com garfo, nem cortar para ver se está cozinhada.

A carne deve ser voltada regularmente para que o cozimento seja uniforme e não apenas de um lado. Deve ser usada uma espátula na chapa e uma grelha dupla para grelhado sobre brasas. Não cozinhar em excesso. Um bom grelhado deve ficar “ao ponto” ou seja, com sabor ao suco da carne.

Só é aconselhável grelhar carnes macias e suculentas, pois de outro modo ficarão duras e secas.

Para grelhar peixe, pode ser usado um espeto além da grelha, ou embrulhar este em papel alumínio, marcando no final com ferro em brasa para enfeitar a peça. No caso de peixe aberto, grelhar primeiro do lado interno e depois voltar para o lado da pele, continuando a voltar até estar plenamente cozinhado. Se for salmão, grelhar sempre embrulhado em papel alumínio.

 

Assar no forno

O verdadeiro assado começou com a tradicional forma de cozinhar as carnes (por vezes animais inteiros) sobre o fogo, rodando-os com o auxílio de um espeto rotativo. Pela incapacidade de fazer fogueiras sempre que era necessário assar, começaram os assados a ser feitos nos lares ou lareiras interiores das casas, mantendo o sistema do espeto e do fogo. Com o tempo, foram sendo tentados os assados com temperos e molhos, feitos nos grandes fornos de pão que todas as grandes cozinhas mantinham. Este sistema agradou, pois as carnes adquiriam um sabor agradável pelos temperos adicionados e hoje, todos os assados ou a maior parte deles, são feitos no forno. Um dos segredos de um bom assado é seguir os critérios usados para o grelhado e conseguir nos primeiros minutos de cocção, que uma película firme se forme no exterior da peça, mantendo os sucos da carne no interior desta. Isto é conseguido, aumentando o calor no início do cozimento e reduzindo-o depois, afastando a peça do fogo ou baixando a temperatura do forno. Quanto maior a peça, menor deve ser o fogo, para que esta não fique queimada por fora antes de completamente cozinhada. Mas o critério de calor mais forte no início e mais fraco a seguir, deve ser observado pelas razões indicadas. Numa peça bem assada, a parte exterior deve estar dourada, mas lisa e uniforme, enquanto as fibras interiores devem apresentar-se macias e suculentas, sem passar demais. Quando o ponto certo é ultrapassado, as fibras começam a endurecer e a formar nódulos que tornam a mastigação desagradável e dificultam a digestão. Este fenómeno pode passar imperceptível em peças grandes, mas aparecerá com desagrado nas peças pequenas.

 

Assar no fogo

Os cuidados que indicamos para assar no forno, devem ser usados aqui. Para preparar a fogueira, podem ser usadas duas pedras de tamanho regular onde o espeto seja apoiado depois. As peças podem ser untadas com uma mistura de sal e óleo, à qual eventualmente se adicionem outros temperos ao gosto.

Para regular a cozedura da peça, esta pode ser salpicada com água, de forma a equilibrar o calor evitando que se queime em demasia.

 

Cozer no Forno

Este tipo de cocção apresenta aspectos semelhantes ao assado, mas a sua utilização é mais frequente em padaria ou pastelaria, embora usado também para outros como os estufados, nhóquis ou rizotto. A temperatura do forno é sempre maior do que a de água a ferver, mas os alimentos assim cozinhados não estarão muito mais quentes do que se fossem cozinhados em água até que tenham diminuído o conteúdo desta no seu corpo. A partir daí deve haver o maior cuidado, pois a possibilidade de se tornarem carvão vai aumentando progressivamente. O ar quente do forno é voraz no consumo de água e a evaporação é muito alta (este tipo de cocção compara-se ao de uma câmara de vapor quente) pelo que só deve ser usado para alimentos que tenham no seu corpo liquido suficiente para durar o tempo da cocção e quando esta estiver terminada, serem retirados. Um método a ser seguido, sempre que se queira usar o forno para reaquecer alimentos ou terminar uma cocção sem queimar as peças, é colocar dentro deste um recipiente com água para que esta, ao evaporar-se pelo calor, possa garantir a humidade necessária para que a peça se não queime.

 

Cozer em Água

Este é o tipo de cozinhado que todos acham ser o mais fácil. Com efeito, nada pode parecer menos fatigante ou perturbador do que o simples processo de cozer ou até estufar carne. No entanto, o sucesso deste método culinário tem muito a ver com o líquido e a forma como o processo é conduzido. A temperatura é importante; se para a cozedura, não faz muita diferença se a água está a fervilhar ou a borbulhar, pois a temperatura será a mesma e as peças seguirão a sua cocção ao mesmo ritmo, os resultados finais porém não serão os mesmos.

Carnes - Haverá uma grande diferença no resultado final da peça cozinhada em fogo lento, da que for preparada com cozedura rápida, pois esta ficará mais dura e menos suculenta. Para saber o lume exacto, deve conhecer-se algo mais sobre albúmen e a sua constituição. O item mais fácil de cozinhar é um ovo. A clara é constituída de albúmen e água; a gema compõe-se de albúmen, água, gordura e algum enxofre, sendo este albúmen de um carácter diferente. Sabemos que o albúmen começa a coagular aos 65 graus centígrados, transforma-se numa geléia mole aos 71ºC aproximadamente e, a partir daí rapidamente endurece. Os ovos devem portanto ser cozinhados com cuidado. Alguns recomendam que sejam colocados em água fervente e, retirado o recipiente do fogo, deixar estes se cozinhar. Outros indicam que o ovo seja colocado em água fria e deixá-lo ficar no recipiente até a água ferver, quando deve ser retirado.

Cada um encontrará a sua forma correcta de cozinhar o ovo, mas deve sempre faze-lo com cuidado para obter bons resultados. Ao cozer carne magra para consumir em cozido, estaremos também lidando com albúmen. Do mesmo modo que a gema de ovo endurece ao cozinhar, isso também acontece com a carne, pelo que alguns cuidados podem ser tomados. Um bom conselho é seguir o indicado para os grelhados. Colocá-la na água quando esta já estiver a ferver para lhe dar um aperto forte e criar uma capa externa; depois, terminar a cocção em fogo brando, para que os sucos da carne se mantenham dentro desta. Se a carne for cozinhada para sopas ou caldos e o objectivo for extrair os sucos desta, o albúmen solúvel e o máximo possível da gelatina contida nas fibras, a prática será a de multiplicar as faces de extracção cortando a peça em pedaços, colocar esta em água fria e, em fogo brando, levar a água até ao ponto de ebulição. Como se vê, para fins contrários, actos contrários.

Farináceos - O macarrão, arroz, sagu, milho e outros semelhantes, devem ser sempre mantidos em água fervente, para se beneficiar da movimentação originada pelo borbulhar e evitar que se formem granulos ou que as peças parem e se colem ao fundo do recipiente. Além de mexer é claro.

Peixe - Se o peixe for cozido para consumir como tal (queremos dizer, se não for uma caldeirada ou semelhante) é de toda a conveniência usar o método indicado para a carne, de colocar o peixe quando a água já estiver a ferver e depois baixar o lume para que a cocção seja terminada em fervura lenta. O sal, um pouco de suco de limão ou vinagre podem ser adicionados à água, pois o albúmen coagula mais rapidamente ao contacto com ácidos, o que favorece a firmeza da textura do peixe.

Legumes - A maioria dos vegetais e, aceitamos que possa haver algumas excepções, também devem ser colocados para cozer em água já a ferver e não em água fria.

 

Guisados, Estufados ou Ensopados

Guisado é a preparação das peças ao fogo, em uma cocção longa, com pouco líquido. O resultado final é um prato consistente e suculento com pouco molho, compacto e espesso.

Estufado é normalmente uma cocção idêntica ao guisado, mas no forno e com mais líquido. O prato final apresenta-se menos homogéneo e com molho. A Chanfana ou Lapantana é um excelente prato de forno, mais estufado que assado, embora eu conheça casos de quem a prepare no fogão com bastante molho.

Ensopado é uma derivação do Estufado, com mais molho e servido sobre uma camada de fatias de pão duro ou torrado, as quais absorvem o molho excedente, ensopando este. As Caldeiradas e similares, são a meu ver sopas, podendo em certos casos ser enquadradas na classificação de estufados ou ensopados dependendo da sua apresentação.

De uma forma geral, estes pratos requerem menos calor do que os cozidos, para a sua confecção; 74ºC é a temperatura mais aconselhável. A iguaria a ser cozinhada, partilha muito do seu sabor com o líquido que a envolve, o qual não deve portanto ser desperdiçado. Para este tipo de cocção, é menor a quantidade de líquido necessária do que para cozer. È também o processo adequado para carnes gelatinosas ou fibrosas, pois o período mais longo de cocção com menor temperatura, torna a gelatina e as fibras facilmente assimiláveis pelo aparelho digestivo. Por outro lado, nada se perde nesta preparação. Tudo o que se colocar na caçarola aparece no final. Pode ser usado para carnes de menor custo e necessita pouca atenção embora mereça cuidados. Um bom guisado é uma excelente demonstração de culinária. As peças podem ser ligeiramente passadas no sauté antes de cozinhar, pois isto dá-lhes uma cor agradável e preserva os sucos, criando nelas a capa exterior de que temos falado. O guisado não deve ferver ou borbulhar, mas desenvolver-se tranquilamente, com um leve rorejar nos bordos da caçarola. Para os que usam adicionar nabos ou cenouras ao guisado, aconselhamos a que escolham estes novos e macios, ou os cozam antes, guardando a água de cozedura para fazer o prato. Não deve ser colocado muito líquido inicialmente num guisado, pois a carne já segrega algum suco e a cocção a lume brando provoca pouca evaporação. Se necessário, o líquido pode ser corrigido durante a preparação.

 

Fritar

Fritar é muitas vezes descrito como cozer em gordura. Nada mais errado, pois a gordura não é cozida e a peça nem sempre é imersa na gordura. É no entanto a forma mais rápida de cocção, pois a gordura derretida ou o óleo, podem ser elevados a altas temperaturas e ao seu contacto, o item nelas infuso é rapidamente aquecido e transformado. As temperaturas de que falamos estão sempre acima do ponto de fervura e a mais indicada, embora possa variar um pouco de acordo com o tipo de gordura utilizado é entre 177ºC e 205ºC.

Fritura seca - É assim chamada, devido à pouca quantidade de gordura usada para cozinhar as peças. Pode começar com a frigideira apenas untada, até uma leve camada de gordura cobrindo o fundo. Seja qual for porém a quantidade de gordura usada, esta deve sempre estar bem quente no momento de lhe incluir a peça a fritar.

Fritura por imersão - Também conhecido como frito à francesa este método é melhor e mais económico do que o anterior, para cozinhas de muito movimento. Pode ser usado com qualquer utensílio que tenha profundidade suficiente para a imersão total da peça durante a fritura e é aconselhável que para peças pequenas ou delicadas seja utilizado um cesto de arame ou algo semelhante.

Todas as gorduras podem ser usadas para fritar, mas alguns conhecimentos sobre o assunto são necessários. Gorduras de vaca estão desatualizadas. Gordura de porco deixa um sabor nos alimentos que não agrada a todos os paladares. Deve ser usada apenas quando a receita o indique. A margarina e a manteiga queimam muito rapidamente, sendo aconselhadas apenas para molhos rápidos. Os óleos vegetais são os mais indicados para fritura, embora o mercado já apresente óleos especiais que agüentam altas temperaturas sem oxidar. A grande pergunta que se coloca é - Qual o melhor óleo de fritura?

– canola, girassol, soja? E o azeite, quando pode ser usado?

Sem querer exarar uma opinião definitiva, direi que os óleos mais indicados são: o de arroz refinado (ele faz com que os alimentos absorvam 20% menos de gordura), amendoim (tem ponto de saturação alto, acima de 220°C) soja, milho e azeite (não o extra virgem, que apenas deve ser consumido cru).

 

Alguns conselhos aos novos cozinheiros (ou aos amadores)

As faltas mais comuns, cometidas por quem começa na Cozinha, são:

Não prestar suficiente atenção à receita.

Não dar criteriosa atenção aos detalhes da preparação.

Não ter paciência para esperar o tempo necessário a um bom cozinhado.

Desconhecimento da verdadeira participação do calor em Culinária.

 

É sabido que a preparação de sopas e bons molhos é um teste para a qualidade dos cozinheiros. Ora, tanto sopas como molhos (com algumas excepções que só comprovam a regra) precisam de uma boa preparação prévia e muita atenção durante o cozinhado. O tempo devotado a planear, limpar, cortar, aparar ou acomodar as peças, não é tempo perdido. Ele irá se reflectir na facilidade da confecção e nos resultados finais do prato.

Quanto à utilização do calor, é sempre bom ter em conta nos cozidos e assados que a temperatura deve ser mais alta no início para prevenir perda de nutrientes, mas que deve ser menor durante a cocção, para evitar que a peça fique causticada e seca. Nos guisados, contudo (e isto também se aplica às sopas), o calor deve ser moderado e a cozedura lenta.

Todos os pratos devem ser correctamente temperados com os necessários condimentos durante o processo da confecção, com excepção das carnes assadas em que a adição de sal é aconselhável apenas um pouco antes de servir.

A água é um solvente, pelo que todos os vegetais e carnes devem ser passados por água a ferver, a menos que se destinem a sopas, onde o seu sabor próprio seja necessário.

Se desejar preparar receitas suas, tenha o cuidado de não enveredar pelo caminho errado de que se os temperos são bons, quanto mais variedades puser melhor ficará o prato. Os sabores têm o seu caracter próprio e quando muito misturados, acabam se chocando e perdendo o valor individual sem vantagens para o resultado final.

Para emergências, um bom substituto das natas é uma mistura de leite, um pouco de manteiga e farinha.

Ter sempre em mente que cada tipo de alimento tem uma forma própria de ser preparado. O que é bom para um pode não ser adequado para outro. Do mesmo modo, o tamanho da peça também influi na sua forma de preparação. Enguias grandes darão uma boa caldeirada, mas se forem pequenas é melhor fritar. Do mesmo modo, carne para cozer não deve ser preparada de outro modo e um filé mignon não dará nunca um bom Cozido.

 

Quantidades e tempo

Balanças e pesos podem ser desejáveis na cozinha, mas não são necessárias para a boa confecção de um prato. Embora sejam indispensáveis para uma boa preparação de pastelaria. As necessidades são diferentes. Na Cozinha, o que vale é o dedo do mestre. Na Pastelaria, o que vale é a equivalência dos vários itens entre si. E aqui, mais ainda do que na Cozinha, o acompanhamento do calor é de importância vital. O tamanho dos ovos pode ter influencia numa mistura. As quantidades precisam ser exactas ou os resultados não serão satisfatórios.

Com esta pequena introdução, pretendi apenas ajudar, facilitando o trabalho dos mestres ao alertar os candidatos a cozinheiro, para as necessidades e responsabilidades que o cargo implica. Temos em Portugal uma boa tradição de bons cozinheiros que espero se manterá no futuro.

Um abraço para todos os que enveredarem por esta profissão tão dignificante.

È bem conhecido o aforismo “Boa mesa faz bons amigos”.

Boa Sorte e que assim seja!

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