quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

DESENVOLVIMENTO DE SUPERVISORES



DESENVOLVIMENTO DE SUPERVISORES de HOTELARIA

Extrato do meu livro “Introdução à Hotelaria” editado pela Amazon em Kindle Books, em papel com capas de cartolina e enviado pelo correio.
Use também o meu Blog Falar de Hotelaria: https://albanomarques.blogspot.com
Por ter sido tão enfático na aplicação das minhas razões para que os supervisores partilhem o ónus do treino e formação do seu pessoal, sinto-me agora na obrigação de dar uma ajuda mais consistente no incremento e frutificação deste ponto, a fim de o tornar, não só aliciante, como partilhado por esses simpáticos profissionais.

O que se espera dos supervisores?
- Resultados compensadores.
- Equipa actuante e motivada.
- Meios físicos preservados.
- Clientela satisfeita e aumentada.
- Planeamento a curto e médio prazo.
- Prestígio para a empresa.

O que pode fazer o supervisor?
- Ter interesse pelos problemas dos seus funcionários.
- Dar exemplos positivos e concretos, de comportamento.
- Usar de sinceridade, para com o pessoal e os clientes.
- Ajudar a resolver os problemas em vez de culpar os empregados.
- Manter aberto o canal de comunicação com os funcionários.
- Transmitir segurança aos seus subordinados.
- Usar a empatia e o reconhecimento como rotina de trabalho.

CONHECER AS SUAS RESPONSABILIDADES E LIMITAÇÕES.

A primeira coisa de que um supervisor deve tomar consciência, é da sua real importância na máquina produtiva do estabelecimento e, como tal, saber que todas as suas acções devem der medidas e enquadradas nessa real importância.

* Ele representa a Gerência ou Direcção perante o seu pessoal.
* Ele representa o seu pessoal, perante a Gerência ou Direcção.
* Ele representa o estabelecimento perante os hóspedes.
* Ele é o elo de ligação entre os que fazem o trabalho e os que estabelecem os objectivos da empresa.
* Sem o supervisor, o trabalho não apareceria feito, nem objectivos claros poderiam ser estabelecidos.
* Ele pode servir de modelo para os outros supervisores, se mantiver uma postura correcta.

Mas ele tem ainda outras responsabilidades: perante os fornecedores, os sindicatos, alguns departamentos oficiais e as direcções intermediárias.
Antes de ser supervisor, aprendeu as tarefas inerentes ao sector onde trabalha. Agora, com o novo cargo, deve “aprender pessoas” para conseguir resultados com o seu trabalho. Uma grande parte do “aprender pessoas”, é compreender as responsabilidades que tem para com elas. Um supervisor tem responsabilidades para com vários grupos de pessoas: a Gerência ou Direcção, o seu pessoal, os clientes ou hóspedes e outros supervisores.

Algumas dessas responsabilidades estão relacionadas a:

Direcção geral
- Conseguir Padrões de Qualidade adequados.
- Operar com limitações de verba.
- Manter registos e informativos.
- Fazer relatórios a tempo.

O seu pessoal
- Manter um bom e seguro ambiente de trabalho.
- Preocupar-se com os assuntos e problemas que afectam o pessoal.
- Apresentar as necessidades do sector à direcção.
- Dar oportunidades e ajudar bons empregados a subir na vida.
- Ser firme e honesto em todas as decisões

Clientes
- Providenciar produtos e serviços com qualidade.
- Estar atento às suas dificuldades e necessidades.
- Ser solidário com os seus problemas.

Outros supervisores
- Dar ajuda com a sua experiência.
- Assistir e coordenar esforços entre departamentos.

   Os Supervisores começam a executar,  no desempenho do seu cargo, certas funções gerenciais, entre as quais se destacam:

Planear – Decidir como vai atingir os seus objectivos. Seleccionar formas ou maneiras de atingir esses objectivos, decidir como usar os recursos disponíveis, os quais podem ser: pessoal, equipamentos ou tempo.

Organizar – Garantir que as decisões de gestão sobre como o trabalho e as responsabilidades serão divididas, sejam implantadas no seu departamento. Isso significa colocar nos lugares próprios e fazer o melhor uso do pessoal e recursos à sua disposição. Em alguns estabelecimentos, inclui o recrutamento e a admissão de empregados, mas em todos significa dividir o trabalho e as responsabilidades, bem como distribuir as tarefas aos empregados. Normalmente esta incumbência designa-se por “fazer a escala”. Como complemento, organizar inclui garantir que os empregados tenham os conhecimentos e as habilidades necessárias para executar o seu trabalho e, caso não tenham, dar-lhes o necessário treino. Parte desta função, inclui ajudar o pessoal a entender, como o seu trabalho afecta o trabalho e a eficiência de outros departamentos.

Liderar – Dirigir e motivar os membros da sua equipa de trabalho, de forma a que eles atinjam as suas metas pessoais, departamentais e as metas da empresa. Liderar envolve vigiar, motivar, avaliar e disciplinar os empregados (veja anotação no final). Esta é, de todas as funções, a que se centraliza mais em pessoas. Liderança é envolvimento, e requer que o responsável explique ao seu pessoal o que espera deles; que mostre atitudes positivas; que cumprimente e elogie aqueles que tiverem uma boa actuação; que encoraje sugestões e participação dos empregados; que agradeça e reconheça aqueles que tiverem uma boa actuação; dar um bom exemplo através do seu comportamento; mostrar sincero interesse nos problemas e preocupações dos empregados; ficar ao lado destes quando eles precisarem de apoio.
É essencial para uma boa liderança, estar compenetrado de que não há maus empregados. Há sim, por vezes, maus chefes.

Controlar – Significa garantir que os planos são levados a efeito de acordo com o estabelecido. Os vários graus de controlo são:
* Conhecer os padrões ou directrizes estabelecidos pela direcção para o seu sector.
* Reunir informação sobre o nível de execução actual no seu sector.
* Comparar o nível de execução actual com os padrões.
* Providenciar acção correctiva, quando os padrões não estão no nível desejado, para que atinjam este num futuro próximo.
* Avaliar se a acção correctiva deu o resultado desejado ou precisa reiniciar o ciclo.

Dentro desta função, é importante saber que deve utilizar as seguintes acções sempre que for necessário:
* Ajudar os empregados a melhorar quando a sua execução for fraca.
* Algumas vezes é preciso mudar os planos ou os processos, para atingir os objectivos.
* Prevenir, evitar ou corrigir, erros e problemas. É sempre mais fácil evitar que corrigir.
* Operar dentro dos orçamentos ou das verbas do departamento é uma importante demonstração de controlo.
* Atacar ou corrigir os problemas difíceis ou os bloqueios, em primeiro lugar, ajuda a atingir os objectivos.

Procedimentos de Supervisão

Um supervisor precisa trabalhar com “os de cima”, com “os de baixo” e com “os laterais”, ou seja, a Gerência ou Direcção, os outros supervisores seus colegas e o seu pessoal.

Trabalhar com “os de cima”
Algumas das reclamações que apresentam os supervisores são:
- O Gerente ou Director está sempre muito ocupado e fala pouco comigo.
- O Gerente ou Director não me dá orientações muito claras nem definidas.
- Não tenho muita certeza de qual é a minha autoridade ou até onde posso ir.
- Tenho a impressão que o meu Gerente ou Director não liga para os meus problemas.

Se situações como estas se apresentarem, é necessário esclarecer o assunto rapidamente e não deixar que o espírito acabe aceitando a situação como uma realidade. Tudo o que for conversado será útil, mas depende também, da forma como for conduzida a conversa.
- Não devem ser feitas acusações, para evitar que o interlocutor se coloque na defensiva ou fique aborrecido.
- Os assuntos a tratar devem ser apresentados com clareza e sem rodeios.
- Deve ser evitado que os problemas se tornem maiores, eliminando acusações logo à partida. O que se busca são esclarecimentos, e esses só podem vir com uma conversa franca.

* Apresentar as idéias, em termos que garantam a imediata atenção do Gerente ou Director .
* Assegurar que as informações apresentadas sejam exactas e completas.
* Fazer uma descrição escrita dos assuntos, para que possa deixá-la com o Gerente ou Director , se ele precisar de um estudo mais aprofundado ou de uma decisão mais pensada.
* Ser breve. Aceitar alguma contestação ou discussão da idéia apresentada.
* Ser cuidadoso com o tom de voz e os gestos do corpo. Algumas vezes, o tom de voz e os gestos falam mais alto do que as próprias palavras. Deve-se ser atencioso e profissional.
* Pensar sempre que o Gerente ou Director também tem problemas. Embora tenha obrigação de ajudar, algumas vezes também precisa ser ajudado. Os contactos devem sempre ser feitos numa base de boa vontade e de compreensão. O entendimento é sempre uma boa saída.
* Nunca ficar aborrecido ou desmotivado, se uma idéia apresentada não tiver o apoio esperado. Cada um conhece os seus problemas, e o Gerente ou Director está a lidar com os problemas de todo o empreendimento. Nem sempre o momento é oportuno para mudanças ou alterações. Deve saber-se aguardar a oportunidade.

Trabalhar com “os de baixo” – O pessoal
Os supervisores vêem-se, muitas vezes, na difícil situação de serem os chefes dos seus antigos colegas, e muitas das expressões usadas são:
* “Não se pode ser igual para todos”
* “Antes nós íamos juntos ao barzinho, mas agora eu sou o inimigo”
* “Se não puder se socializar com os seus antigos colegas, arranje outros interesses ou divertimentos”
* “Não importa o que dizem. O que é preciso é tratá-los sempre com justiça e compreensão”.

Quando se é Supervisor, acontece que os outros não são. Podem ter algum desapontamento, sobretudo se foi promovido de entre eles, mas também pode ser que isso seja mera suposição. Deve ser-se cuidadoso, na forma de reagir às atitudes do pessoal nesta situação. Uma reação não meditada pode comprometer o sucesso do supervisor, por muito tempo no futuro.
Devem ser evitadas posturas extremadas, tanto de facilitação como de dureza ou inflexibilidade. A melhor maneira de encontrar a saída para situações deste tipo é ser amigo, justo e firme. Mostrar que supervisor também é colega, e faz parte da equipa, apenas, tendo mais responsabilidade, precisa mostrar aos outros quando as coisas estão erradas. Porque a meta principal continuará sendo, “a satisfação do cliente, com satisfação do pessoal, até onde isso for possível”
Supervisores de sucesso, usam como temas da sua actuação, acções  estudadas que incluem:
* Dizer sempre “vamos fazer assim”, em vez de “vocês vão fazer assim”.
* Consultar o pessoal, nos processos de tomada de decisão, para lhes mostrar o valor que eles representam.
* Considerar o valor individual de cada um deles.
* Tomar decisões profissionais e não pessoais.
* Elogiar sempre o pessoal quando eles fizerem um trabalho bem feito.
* Ser sincero e Ser firme.
* Explicar sempre, porque fazer as coisas como lhes é dito. “Porquê”, é mais importante do que “como”, porque constrói empenho.
* Ter a devida atenção quando trabalhar com mulheres e pessoas mais idosas, demonstrando atenção e respeito.
* Ter cuidado ao lidar com pessoas de diferentes grupos étnicos ou culturais, pois normalmente eles têm outros valores, ou analisam estes de formas diversas.

Trabalhar com “os laterais”
Nenhum supervisor controla ou verifica o trabalho dos outros supervisores. Mas trabalhar em conjunto é muito importante, tanto individualmente como para os resultados finais do empreendimento.
Todos se podem beneficiar, na troca de idéias e experiências. Podem ajudar os supervisores mais novos. Podem criar facilidades para o seu pessoal, sobretudo em departamentos que se ligam entra si, como recepção e governança, ou restaurante e cozinha. A manutenção, por exemplo, é importante para o funcionamento de todos os sectores. Se as coisas não vão bem nos outros departamentos, deve ser evitada a crítica, mesmo que isso esteja a prejudicar o trabalho próprio. Deve antes ser estudada a melhor forma de ajudar, sem interferir. Deve sempre ser mantido o pensamento de que o empreendimento como um todo é importante, e que todos os departamentos e sectores formam uma grande equipa.

Como ser e parecer um Supervisor

Boa apresentação – (mostrar-se como supervisor) - Agradável personalidade e atenção à postura, são qualidades essenciais para qualquer pessoa que trabalhe na indústria hoteleira, mas indispensáveis para um supervisor, pois ele é um representante do hotel. Uma boa atenção à sua aparência pessoal, fará com que ele se sinta mais confortável nesse papel, e levará o seu pessoal a dar também mais atenção à sua própria aparência.
A aparência e o aspecto pessoal já distinguem um ganhador de um perdedor. Ninguém gosta de ser comandado por um perdedor.

Boas maneiras – (agir como supervisor) - Em geral, boas maneiras significa “tratar os outros como gostaria de ser tratado”. Tal como os bons hábitos de apresentação, as boas maneiras também se transmitem ao pessoal. Usar palavras como senhor e senhora, por favor e obrigado, mesmo com os subordinados, é uma excelente idéia para a formação destes, e será gratificante para o supervisor, quando presenciar elas estarem sendo usadas para com os clientes.

Ética- (pensar como supervisor) – Ética é um conjunto de regras que nos ajudam a desenvolver o sentido de integridade e justiça em relação aos outros. É um comportamento tão importante na industria hoteleira como boas maneiras, apenas, enquanto boas maneiras é uma coisa que se detecta com facilidade, a ética na maior parte das vezes não está tão aparente. Se num estabelecimento, a água da torneira é apresentada em garrafas de marca e vendida como tal, ainda que haja boas maneiras, a ética não estará presente. Apesar de as regras e os padrões de ética não estarem estabelecidos, sempre que alguém estiver a agir em desacordo com a justiça, a integridade, a moral ou a decência, estará a transgredir em relação à ética.
Um bom supervisor deve sempre:

* Ser honesto para consigo e para o seu pessoal.
* Ser capaz de admitir os seus erros.
* Ser firme em todas as situações.
* Ser integro e tratar todos por igual, quer sejam amigos ou inimigos, quer goste ou não goste da pessoa.

Auto-estima – (sentir-se como supervisor) – Auto-estima é o sentimento que cada um tem, em relação aos seus conhecimentos, capacidades e ao seu próprio valor, tratado sem exageros. Apesar de todas as dificuldades que eventualmente um supervisor tenha no desempenho do seu cargo, nada lhe será mais prejudicial do que a diminuição da sua auto-estima. Deve ter no entanto o cuidado de não substituir auto-estima por arrogância, sentimento de superioridade ou orgulho, porque isso será ainda mais prejudicial, pois o inibirá de ver as coisas com clareza. Não deve iludir-se com uma auto-avaliação excessiva, nem deve perder ou diminuir a sua auto-estima.
Uma baixa auto-estima pode derivar de expectativas pouco realistas, e exagero na avaliação do tamanho ou das causas dos problemas que enfrentam, razão porque aconserlho um aprofundamento do que chamaria, “Pressupostos ligados à pessoa”.

“Eu”, o conhecido ego, designa a instância interna da pessoa responsável pela ação e pelo conhecimento; “mim” (ou si-mesmo quando dito na terceira pessoa) designa a parte interna da pessoa que é objecto do conhecimento, ou seja, “o que eu sei sobre mim”. Esse conhecimento tem, por sua vez, duas partes: uma descritiva, a auto-imagem, e outra valorativa, a auto-estima.

Auto-imagem
A auto-imagem, essa descrição de si mesmo que cada um faz (e à qual muitas vezes chama personalidade), é eventualmente tendenciosa, pois reflete o pendor que a pessoa tem de se ver de uma certa maneira, em determinadas situações. Ela é composta tanto de “conceito universal”, que engloba todas as pessoas do mesmo grupo ou padrão, o “eu” (jornalistas são críticos, portugueses são simpáticos, etc.), como de “critério individual”, relativo a si próprio, o “mim” (eu tenho medo de altura, sou bom desportista, etc.), o que a apresenta, quase sempre, imbuída de preconceitos e idéias preconcebidas. Nós não somos o que achamos ser, mas o que os outros vêem em nós.

Auto-estima

A auto-estima, sentimento valorativo do conhecimento de si mesmo, ou do juízo que se faz de si próprio, pode ser anotada como a “atitude” de uma pessoa sobre ela própria e, portanto, como uma carácterística da personalidade, se bem que menos estável do que a auto-imagem, por ser sensível a variações do humor. A auto-estima é uma carácterística específica, que muda de acordo com a situação: pode-se estar satisfeito consigo próprio no trabalho, mas insatisfeito em casa com os problemas de família.
A auto-estima envolve tanto crenças autossignificantes (Eu sou competente/ incompetente, ou Eu sou benquisto/malquisto) como emoções autossignificantes associadas (triunfo/desespero, orgulho/vergonha) e encontra expressão no comportamento (exemplos, assertividade/temeridade, confiança/cautela). A auto-estima pode ser construída como uma carácterística permanente de personalidade (traço de auto-estima) ou como uma condição psicológica temporária (estado de auto-estima). Finalmente, a auto-estima pode ser específica de uma dimensão particular (“acredito que sou um bom escritor e estou muito orgulhoso disso”) ou de extensão global (“acredito que sou uma boa pessoa, e sinto-me orgulhoso quanto a mim”).
Auto-estima inclui ainda a avaliação subjectiva que uma pessoa faz de si mesma, como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau. Isso cria o perigo do sentimento de humilhação. Ninguém pode humilhar ninguém, se nós não quisermos ser humilhados. A humilhação é um sentimento pessoal.


As chamadas “cognições de si mesmo”, são aspectos determinantes ligados à auto-estima:
  -  auto-percepção: a análise do próprio corpo e do próprio comportamento;
  - a memória de si: as recordações ligadas à própria pessoa e às experiências feitas no passado;  
   - reflexo social: a opinião que cada um tem, sobre o que outras pessoas pensam a seu respeito; 
   - comparação social: sentimento baseado na percepção de si próprio, mas também na percepção que se faz dos outros ao redor.[1]
  - auto-representação: é outro processo importante ligado ao conceito de si mesmo. O sociólogo E. Goffman comparou o comportamento social a um teatro público, onde todos se representam a si próprios. Essa representação serve determinado fim a  administração da própria imagem”, ou seja, cada um procura controlar a impressão que provoca sobre os outros.
  - auto-reflexão: em alguns momentos, a nossa atenção está voltada para nós mesmos. Esse estado de espírito, normalmente curto, gerou em alguns pesquisadores a dúvida sobre se há uma auto-reflexão mais ou menos forte.
 - auto-consciência:  esta disposição, assim nomeada por Asendorpf, é composta de três factores:

·        autoconsciência privada - a tendência de pensar muito sobre si mesmo;
·         autoconsciência pública - a tendência de se preocupar sobre a impressão que se causa sobre os outros;
·         ansiedade social - a tendência a ter medo em situações sociais.

Relação entre auto-imagem e auto-estima
Se definirmos o "si-mesmo" como o conhecimento que o indivíduo tem de si próprio, veremos que esse conhecimento nos leva a dois componentes distintos: um descritivo, chamado auto-imagem, e outro valorativo, que se designa auto-estima. Outros dois termos são muitas vezes usados como sinónimos de auto-estima: auto-confiança e auto-aceitação.[2]
A auto-estima elevada correlaciona-se com a felicidade autorrelatada. Todavia, não é claro se uma leva necessariamente à outra.

O nível e a qualidade da auto-estima, embora correlacionados, não são sinónimos. A auto-estima pode ser elevada, mas frágil (como no narcisismo) e baixa, porém segura (em humildade).
A qualidade da auto-estima pode ser indirectamente avaliada de várias formas:
·           pela sua constância através do tempo (estabilidade),
·           pela sua independência ao se apresentarem condições particulares (não-contingência),
·           pela forma como esteja entranhada num nível psicológico básico (inquestionabilidade ou automaticidade).

Considero importante que todos os que pretendem ser Supervisores procurem se conhecer bem a si próprios e tenham um bom controlo desse valor no relacionamento, pois ele é muito importante para o relacionamento a todos os níveis.

O valor do tempo na gestão


Gerenciar o seu tempo, pode ser um problema para muitos supervisores, sem que disso se dêem conta. De repente encontra-se estressado e perante um problema que pode se multiplicar muito rapidamente.
Alguns dos maiores pilha-tempo são: as interrupções, os telefonemas, os adiamentos, a incapacidade de delegar, as crises e os visitantes inesperados.
Antes de desenvolver um plano para lutar contra os pilha-tempo que dificultam o trabalho, é importante rever todas as tarefas do dia-a-dia e tentar priorisá-las, ou seja, classificá-las pela ordem em que devem ser executadas, tendo em vista:

- A urgência de cada uma delas.
- A forma como elas se reflectem no trabalho do pessoal.
- A forma como elas se reflectem no rendimento próprio.

Algumas perguntas podem ainda ser colocadas no acto de priorizar:
- Precisa realmente ser feita?
- Se não for feita, perturba ou atrasa o trabalho do pessoal?
- Se não for feita, pode causar arrependimento mais tarde?
- Preciso fazer, ou posso delegar?

As crises

Uma coisa que não precisa ser assinalada é, como a hotelaria é imprevisível. Emergências  e crises acontecem quase quotidianamente, e podem dar origem a um circulo vicioso, tão perigoso como difícil de quebrar. Saber controlar as crises é o que distingue um supervisor de qualidade, de um outro, comum.
Para poder administrar as crises é necessário criar para elas uma classificação: são singulares ou raras, periódicas ou repetitivas, por culpa própria ou de outras origens. Encontrar semelhanças entre elas. Antecipar-se, prevendo planos emergenciais para enfrentar as crises, quando se apresentam.
Não se pode contornar o facto de que a indústria hoteleira tem falta de pessoal preparado e com bons conhecimentos. Não há pois razão para reclamar disso, mas talvez seja uma boa forma de ultrapassar essa realidade, dedicar alguma pequena parte de tempo aos treinos e formação, de forma a poupar crises no futuro.
O tempo é um dos  recursos mais valiosos. Quem não for capaz de gerenciar o seu tempo, não será capaz de gerenciar nada. Pense nisso.

Comunicação,

arma importante para atingir resultados

Muitas pessoas acreditam em falsos mitos criados sobre a comunicação, e cometem erros baseadas neles, os quais poderiam ser evitados.

Alguns desses mitos são:
* Nós só nos comunicamos quando entramos em contacto.
Esta asserção é falsa, e ficaremos cientes disso se considerarmos  que estamos a nos comunicar o tempo todo, mesmo sem nos darmos conta. As pessoas à nossa volta podem não nos ouvir, mas ao nos observar, elas estão a receber informação nossa e a formar opinião a nosso respeito.

* As palavras têm o mesmo significado, para quem fala e para quem ouve.
Errado este pensamento. Cada pessoa pode dar a uma palavra significado diferente, de acordo com a sua interpretação. Os significados nem sempre são os mesmos para as diversas entidades, sobretudo se existirem diferenças regionais. Mas as palavras também podem ser influenciadas pelas experiências, interpretações e percepções de quem recebe a mensagem, ou pelo tom de voz ou entonação de quem a emite.

* A comunicação é feita através das palavras.
Nada menos verdadeiro. Na realidade, nós nos comunicamos a maior parte do tempo de uma forma não verbal; usamos o tom de voz, a expressão facial, o contacto do olhar, gestos e movimentos, tais como movimento das mãos, sentar ou andar, para expressar o que sentimos, e para dar suporte ou apoio às palavras que falamos.

* Nós aceitamos o que a pessoa diz, não a forma como ela diz isso.
Errado. Quando a mensagem verbal e a não verbal coincidem, o ouvinte aceitará como válida a mensagem não verbal.

* Comunicação é um fluxo de informação de quem fala para quem escuta.
Conceito errado. Só existe uma comunicação eficaz, quando os dois lados tomam parte activa, o que acontece quando o ouvinte dá retorno ao locutor. O retorno pode ser verbal: “não entendi o que me disse!” Ou não verbal, por menear de cabeça ou encolher os ombros.

Existem também, os chamados bloqueios à comunicação eficaz. Se a comunicação deve ser um processo simples, claro e no qual uma pessoa procura honestamente entender o que o seu interlocutor está a lhe dizer ou está a sentir, qualquer interferência pode ser considerada um bloqueio. Infelizmente, todos nós criamos ou inventamos bloqueios que interferem com a mensagem e causam interpretações erradas. São muitas estas situações, mas na impossibilidade de as citar todas, vamos apresentar algumas.

Comparação injusta ou imparcial

É um erro comparar um empregado com outro. Sempre que for necessário, ele deve ser avaliado em relação à forma como se comporta com os padrões do cargo.
Isto aplica-se a qualquer processo de ajuda, avaliação ou desenvolvimento do empregado.

Usar o seu modelo ou o seu tipo

Todos tendemos a gostar das pessoas que se comportam ou pensam como nós, ou que têm um passado ou características semelhantes às nossas. Isso pode conduzir ao favorecimento, ainda que de uma forma inconsciente, bem como à segregação dos que não têm essa semelhança. Deve existir o maior cuidado, sobretudo nos momentos de entrevistas ou de avaliações de empregados.

Estereotipia ou cliché

Padrão de sentimento muito parecido com o preconceito, através do qual se formam opiniões sobre determinada classe de pessoas, e através do qual passamos a aplicar esse parecer para todos os componentes dessa espécie. Como resultado, quando nos surge algum componente desse grupo, imediatamente formamos uma talvez incorrecta primeira-impressão, baseada no nosso sentimento para com esse tipo de pessoas.  É errado pensar que todas as pessoas de determinada categoria são iguais. Cada pessoa é um indivíduo e até que ela se venha e demonstrar incompatível com a nossa simpatia, deve ser tratada de acordo com a ética aconselhada.

Síndrome do positivo/negativo

Muitos supervisores transferem aos seus subordinados, a linha de comunicação que é gerada pelos seus sentimentos ao longo dos dias. Todos temos bons e maus momentos, mas não devemos deixar que eles se transfiram para o que ocorre ao nosso redor. A apreciação, o reparo ou a necessidade de correcção, não devem ser conduzidas com mais ou menos crítica ou exigência, de acordo com o humor de momento.
Devemos ser críticos de nós próprios, nos nossos sentimentos ou ações.
A forma de comunicação entre o superior e o subordinado tem uma influência importante sobre a satisfação no local de trabalho. A maneira pela qual o subordinado analisa o comportamento do supervisor pode influenciar positivamente ou negativamente a sua satisfação no trabalho. Comportamentos de comunicação tais como, aperto de mão, palmada nas costas e expressão vocal positiva, são cruciais para a relação entre superior e subordinado. Mensagens não verbais ou gestuais positivas, desempenham um papel central na interacção interpessoal com relação à formação de impressão e expressão emocional. Um polegar voltado para cima, bater palmas para comemorar um sucesso, ou um dedo indicador bamboleante, são gestos de contacto contínuo não verbal do supervisor, que ajudam a aumentar a participação interpessoal com os seus subordinados, e afectam a satisfação destes no trabalho. O modo descontraído pelo qual os supervisores se comunicam com os seus subordinados pode ser mais importante do que o conteúdo verbal. Indivíduos que antipatizam e pensam negativamente sobre o seu supervisor estão menos dispostos a comunicar-se ou a ter motivação para trabalhar, enquanto indivíduos que gostam e pensam positivamente do seu supervisor são mais propensos a comunicar-se e estão satisfeitos com o seu ambiente de trabalho. A relação de um subordinado com o seu supervisor é um aspecto muito importante no local de trabalho. O supervisor que usa o imediatismo não verbal descontraído, com simpatia e com linhas de comunicação abertas, está mais propenso a receber retorno positivo e a conseguir alta satisfação no trabalho dos seus subordinados, enquanto um supervisor tenso, hostil ou pouco disposto a se comunicar, irá naturalmente receber um retorno negativo e baixa satisfação no trabalho dos seus subordinados.

e sua implicação na satisfação no trabalho
As relações e as implicações práticas destas na satisfação no trabalho, podem ser um importante indicador de como os funcionários se sentem sobre o seu emprego e um prenunciador de comportamentos de trabalho negativos, tais como problemas organizacionais, absentismo e baixa qualidade de serviços.
Uma das constactações observadas numa pesquisa comum, foi que a satisfação no trabalho está correlacionada com a satisfação com a vida e que esta correlação é recíproca, pois pessoas que estão satisfeitas com a vida tendem a estar satisfeitas com o seu trabalho. Assim, fica patente que a satisfação pessoal dos funcionários deve ser um desafio primário para os gestores.
Outra constatação importante, mas esta para as organizações, foi a de ter sido observado que a satisfação no trabalho tem uma correlação bastante ténue com a produtividade. Esta é uma peça fundamental de informação para pesquisadores e empresas, pois a ideia de que o desempenho no trabalho e a satisfação estão directamente relacionados entre si é frequentemente citada na mídia e em alguma literatura de gestão não-académicas. Em essência, a relação de satisfação e produtividade não é necessariamente simples, e pode ser influenciada por uma série de outras concepções relacionadas com o trabalho, tal como a noção de que "um trabalhador feliz é um trabalhador produtivo" a qual não deve servir como base para a tomada de decisões organizacionais no trabalho. A relação entre desempenho e satisfação no trabalho é hoje vista como um relacionamento artificial, visto que desempenho e satisfação estão mais ligados às reações da personalidade individual. A personalidade do empregado pode ser mais importante com relação ao desempenho do que a satisfação no trabalho, razão pela qual é importante vigiar o tipo de relacionamento mantido com os supervisores e pelo pessoal entre si, como forma de manter uma boa cultura de empresa, visando a produtividade e a qualidade do serviço.

DISCIPLINA

Séculos de abuso e aplicação de punições como base disciplinar, levaram ao pressuposto de que disciplina é uma privação das liberdades fundamentais, ou uma forma de comandar pelo medo. A disciplina no entanto é apenas a forma correta de aplicar o conhecimento, e isso deveve ser difundido pelos que têm responsabilidade da condução de pessoal em qualquer indústria, Nos locais de ensino, as divisões da administração de ensinamentos são designadas como Disciplinas. Se Disciplina é na sua essência, a correta aplicação do conhecimento, a disciplina é fundamental para qualquer indivíduo não só na sua conduta em sociedade, mas também na sua vida particular ou pessoal.
O indivíduo disciplinado é senhor de si, domina-se, corrige os seus actos e as suas acções e é, enfim, um óptimo elemento social.
Na hotelaria, a disciplina é absolutamente necessária, mas é também necessário que cada um compreenda e sinta essa necessidade, procurando cumpri-la sem ser forçado. Nada pior que a disciplina imposta pela força. A disciplina deve nascer naturalmente, do desejo de cada um cumprir o melhor possível a sua obrigação.
Os vários sectores de funcionamento do hotel deverão ser disciplinados através de regulamentos, informações e ordens de serviço. Se cumprirem as instruções emanadas dos responsáveis ou contidas nos regulamentos, os empregados estarão, disciplinadamente, a cumprir a sua obrigação.
As relações humanas têm um efeito preponderante na manutenção da disciplina, pois permitem a aproximação entre a direcção e o pessoal.
Medo, ameaças e punições, são qualidades negativas da disciplina que limitam a sua acção efectiva como motivador a longo prazo. O castigo só se justifica em casos extremos e por razões especiais. Do mesmo modo, o sarcasmo e a humilhação do empregado pelo chefe, não devem ser tolerados.
Todos os empregados devem ter conhecimento das regras por que se  devem orientar dentro do estabelecimento onde trabalham. Por isso é aconselhável que haja um regulamento interno. A direcção deve estabelecer as regras, e os chefes devem mantê-las. A disciplina deve ser da responsabilidade de todos. Alguém já a comparou a um fogão em brasa, que nos queima a cada vez que o tocamos. Além disso, deve ser impessoal. Não é o director que castiga, não é o chefe que castiga. O regulamento não foi cumprido, houve razão para punição, o empregado deve aceitá-la, como resultado da sua má actuação. Para poder resultar, a punição disciplinar deve ainda ser, além de impessoal, firme, imediata e acompanhada de aviso escrito. A impessoalidade e a firmeza asseguram uma disciplina imparcial e justa, com excepções quando for necessário, as quais não podem contudo basear-se numa empregada que chora, ou num empregado que beneficie de maior simpatia. As leis devem ser iguais para todos, e todos devem sentir a obrigação de respeitá-las. A liberdade total só será possével quando todos souberem conhe cer os seus limites e onde começa a liberdade dos outros.
O Supervisor é o penhor desse conhecimento!





[1] Um dos temas muito tratados na literatura psicológica  é o “motivo de aumento da auto-estima”, pois  todas as pessoas desejam ter uma auto-estima  positiva e tendem, por essa razão, a se supervalorizar. Essa tendência é normal e saudável até um determinado ponto, a partir do qual passa a ser socialmente condenada. Caracterizado pela falta de empatia, hipersensibilidade com relação a críticas, e variações do humor, esse excesso na tendência recebe o nome de “narcisismo”, e embora não se trate ainda de um transtorno de personalidade narcísico, é uma variação normal da personalidade.

[2] Uma análise mais aprofundada destes termos, indica  uma leve diferença de  uso: Auto-confiança refere-se quase sempre à competência pessoal e é definida como a convicção que uma pessoa  tem, de ser capaz de fazer ou realizar alguma coisa, enquanto auto-estima é um termo mais amplo, incluindo por exemplo conceitos sobre as próprias qualidades, etc. Auto-aceitação, por outro lado, é um termo ligado ao conceito de "aceitação incondicional" e indica uma aceitação profunda de si mesmo, das próprias fraquezas e erros. A auto-estima, a auto-confiança e a auto-aceitação tendem a estar intimamente ligadas e influenciam-se mutuamente.

Delegação e Qualidade de Serviços


DELEGAÇÃO E QUALIDADE DE SERVIÇOS

Extrato do meu livro “Introdução à Hotelaria” editado pela Amazon em Kindle Books, em papel com capas de cartolina e enviado pelo correio.
Use também o meu Blog Falar de Hotelaria: https://albanomarques.blogspot.com

DELEGAÇÃO E QUALIDADE DE SERVIÇOS

Algumas considerações sobre este tema
I "Delego auctorite myne" (Conde Palatino 1530)
É o acto de passar a outra pessoa, uma tarefa que normalmente seria sua. A autoridade também pode ser delegada, se isso for necessário ao bom cumprimento de uma tarefa.

Como ninguém tem a capacidade física da omnipresença, a delegação é um componente importante da função gerencial em hotelaria. Procede-se assim quando se define que um funcionário é o acto de passar a outra pessoa, uma tarefa que normalmente seria sua. A autoridade também pode ser delegada, se isso for necessário ao bom cumprimento de uma tarefa.

Como ninguém tem a capacidade física da omnipresença, a delegação é um componente importante da é responsável por um cargo, dentro de um hotel, e assume total responsabilidade por ele. Devemos partir do princípio que o diretor-geral é o principal responsável por todos os cargos, bem como pela correcta execução em cada um deles. Ao designar uma pessoa a quem atribui essa responsabilidade, ele está a delegar.
Assim sendo, para delegar correctamente, devem ter-se os seguintes cuidados:

- Qualidade de formação:  o empregado deve receber formação relativa à tarefa que lhe é entregue, ou delegada.
- Boa informação: o empregado deve conhecer bem, o resultado que se espera dessa tarefa, e deve saber correctamente qual é a posição da direcção sobre o cargo que vai ocupar.
- Responsabilização: depois de uma boa formação e de estar bem informado sobre o cargo que vai ocupar, o empregado deve ter total liberdade e não deve haver interferência, no trabalho que lhe foi delegado.
Se tudo correr bem, deve ser reconhecido. Se cometer algum êrro, o funcionário deve ser incentivado a tentar novamente, para melhorar a sua execução
Sempre que se busca Qualidade ou se analisa a falta desta em hotelaria, deve-se fazer uma análise profunda de como está sendo feita a delegação no estabelecimento, pois na maior parte das vezes todo o problema nasce ali.
A delegação é uma realidade de gestão que todos utilizam em hotelaria, mas que me perdoem os que se possam sentir atingidos, sobre a qual poucos entendem ou sobre a qual poucos se debruçam.
É talvez, também, a indústria onde a delegação é mais utilizada e aquela onde esta é mais negligenciada. Quando se verificam sinais de baixa qualidade de serviço, ou existem erros acima do aceitável, um dos primeiros pontos a analisar deve ser – como está sendo feita a delegação no nosso estabelecimento?
Devido ao facto de ser uma indústria de serviços, com funcionamento ininterrupto que não permite aos responsáveis uma presença constante, a delegação é inevitável, sem que estes se apercebam da existência desta como tal, e façam a delegação como uma acção normal, inerente ao tipo de empreendimento.
Mas, se quisermos nos compenetrar um pouco mais da pertinência e da importância deste assunto, em relação aos resultados de gestão, verificaremos que:
Delegação é a atribuição de autoridade e responsabilidade para outra pessoa (normalmente a partir de um gerente para um subordinado) para realizar actividades específicas. No entanto, a pessoa que delegou o trabalho continua a ser responsável pelo resultado do trabalho de delegados[1]. A delegação confere, a um subordinado, liberdade para tomar decisões, o que significa uma mudança do poder de decisão de um nível da organização para outro inferior. Delegação, se feita correctamente, não é abdicação. A má delegação, por outro lado, pode causar frustração e confusão para todas as partes envolvidas, com situações desgastantes e por vezes prejudiciais ao negócio.
Se perguntarmos a qualquer empregado de hotel quem é o responsável pela preparação dos bifes e cozinhados, teremos como resposta que é o cozinheiro. Do mesmo modo, seremos informados que o responsável pela boa apresentação dos quartos é a governante ou a empregada de quartos, enquanto que para abrir a porta de um táxi que chega ao hotel, será indicada a responsabilidade do trintanário ou do mandarete.
Mas em boa verdade, o responsável por todos estes serviços é o director do hotel. Foi a ele que os proprietários ou os accionistas entregaram o empreendimento, e foi com ele que discutiram e acertaram a classe e a qualidade dos serviços, bem como a forma de conduzir estes e atender a clientela.
Baseado na indiscutível impossibilidade de estar presente em todos os locais e em todos os momentos, o director necessita lançar mão de quem o substitua, nos distintos locais e nas diversas horas do ciclo normal dos serviços.
Para isso escolhe os directores sectoriais ou os chefes de serviços, aos quais delega a sua responsabilidade nas diversas áreas, para que tudo aí decorra como acertado e desejado. Feita esta primeira delegação e pelas mesmas razões que a motivaram, os escolhidos para esses cargos gerenciais fazem a selecção daqueles em quem farão, por sua vez, a delegação de responsabilidades. E o ciclo das delegações vai tomando o seu curso, até atingir o rodapé da pirâmide. Mas tomando como base o que lemos atrás, todo este processo de delegação não retirou aos vários cargos a responsabilidade do seu iniciador, neste caso o Gerente ou Director do hotel. Baseados nesta premissa, podemos e devemos aceitar que a pessoa que nos recebe ou abre a porta do nosso táxi, é o representante formal e inequívoco do Gerente ou Director, e como tal o serviço e as atenções que nos presta devem ser idênticas às que receberíamos se este ali estivesse naquele momento. Começa aqui a verificar-se, o pouco cuidado com que é tratado na maior parte dos nossos estabelecimentos, o assunto da delegação, porque a maior parte dos directores, dos gerentes e até dos supervisores ou chefes de secção, não tem sobre esta uma idéia formada, nem lhe dão a atenção devida. Todo o pessoal deve saber que, no desempenho das suas funções, cada um deles representa o Gerente ou Director e é um símbolo do hotel. E todo o pessoal deve ser treinado dentro de critérios que lhes permitam avaliar a importância dessa delegação e cumprir o que dela se espera.
Uma perfeita delegação reforça um estilo de gestão que permite à equipa usar e desenvolver as suas habilidades e conhecimentos até ao seu pleno potencial. Com uma delegação defeituosa, perde-se o valor que o próprio empregado poderia ter para a reputação do hotel e para a sua dignidade profissional.
Como a antiga citação inicial sugere, delegação é confiar a outros a sua responsabilidade, com a inerente autoridade, até aos limites julgados necessários. Isso significa também que eles podem agir de forma independente, dentro dos padrões estabelecidos e que partilham a responsabilidade inerente às determinadas tarefas. Se algo der errado, o Gerente ou Director será o responsável, uma vez que a delegação parte sempre dele. Sendo assim, é fundamental delegar de maneira que as tarefas sejam executadas da forma correcta, e para isso é importante um bom treinamento e uma perfeita conscientização dos responsáveis, antes de iniciarem o serviço.

VERSUS ATRIBUIÇÃO DE TAREFAS

Delegação de tarefas, ao invés de atribuição de tarefas, é uma das facetas da inovação e passa pela qualidade dos serviços. Cada tarefa deve ter um padrão aprovado pelo Gerente ou Director, o qual verifica se o modelo apresentado inclui tudo o que ele deseja seja implementado naquela tarefa. A partir daí, começará o treinamento do empregado, e aquele padrão pode no futuro ser modificado, desenvolvido ou actualizado, conforme o necessário ou desejável, com o consequente treinamento do responsável no novo formato.


Uma vez que a delegação inclui alguma entrega de autoridade, não se poderá ditar a todo o momento o que é delegado, nem a forma como a delegação está a ser gerida. Para controlar a delegação é preciso estabelecer no início, a tarefa em si, a extensão da autoridade que esta inclui, o cronograma e as fontes de informação futura, a sua disponibilidade, e os critérios de sucesso. Esses pontos podem ser negociados com os funcionários no momento da admissão ou da promoção, e serem objecto de um acordo escrito que garanta o comprometimento do “delegado” em garantir um procedimento aceitável.
Para habilitar outras pessoas a fazer um trabalho que é da sua responsabilidade, é necessário garantir antecipadamente que:
·           Elas sabem o que você quer.
·           Elas têm a autoridade e a responsabilidade necessárias para executá-lo.
·           Elas foram bem treinadas e sabem como fazê-lo.

Todos estes aspectos dependem de uma descrição clara da natureza da tarefa, da extensão do seu poder discricionário, e das fontes de informação e conhecimento relevantes.
Devemos também considerar que os serviços, se executados pelo Gerente ou Director, serão sem dúvida de alta qualidade, mas as tarefas por ele delegadas, não têm que ser executadas tal como ele poderia fazer, basta que atinjam a qualidade julgada necessária e que o candidato seja preparado até alcançar a sua melhor aptidão para o efeito. Ele deve saber que os critérios e as normas pelas quais o resultado será julgado, são os do padrão pelo qual ele recebeu o treinamento. E ele mesmo deve anunciar quando sentir que está preparado, assinando um documento em que se considera pronto e se compromete a cumprir todos os pontos para os quais recebeu formação.

CONCLUSÃO

A delegação é uma forma de gestão à qual não se pode fugir na indústria hoteleira. O resultado dela depende de como esta for encarada, e da forma como forem preparados os empregados indicados para assumir as responsabilidades delegadas.
Se tiver pretensão de dirigir um empreendimento com qualidade, o Gerente ou Director deve seguir à risca as regras sobre delegação, pois este processo é crucial para um resultado final positivo. Deve certificar-se de que todos os seus supervisores estão aplicando os mesmos princípios, em cascata e ao longo de toda a organização. Isto significa que, se estiver conduzindo uma grande organização, deve verificar se os processos de gestão, comunicação e desenvolvimento de pessoas, estão certos e funcionando correctamente em todos os patamares da pirâmide, com a aplicação dos padrões por ele autorizados.
As decisões são uma competência inerente à Direcção, mas estas também podem ser delegadas se elas forem importantes para a equipa – aos chefes e supervisores, como parte integrante do cargo e até ao limite necessário para o desempenho deste, e  no caso da formação de jovens executivos, para que eles possam ir testando as suas capacidades. Na prática desta última delegação, deverão ser estabelecidos inicialmente os limites para as decisões, até que se possa avaliar o resultado, mas com o tempo, o escopo delas pode ir aumentando, conforme for sendo ampliada a capacidade e a confiança dos seus executantes.


[1] Usamos a palavra delegados, uma vez que estamos falando de delegação. Esperamos que os nossos leitores se apercebam de que, neste caso, delegados significa o mesmo que empregados designados para o cargo.


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