TURISMO
E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O turismo
não sobrevive sem o meio ambiente, pelo que todo o cuidado que se possa ter
nunca será demais.
“A
educação para o turismo ambiental deverá ser desenvolvida através de programas
informais, conclamando o pessoal de hotelaria e o “cidadão-turista” a uma participação
consciente na protecção do meio ambiente, não apenas durante as suas férias,
mas também no quotidiano, e no local da sua residência permanente. (Ruschmann[1], 1997, p. 75).
O ecoturismo é
originado pelo desejo que todos sentimos de estar em contacto com a natureza, e
visa explorar o potencial turístico desta, objectivando a sua conservação e
desenvolvimento, evitando o impacto negativo à ecologia, à cultura e à
estética. Como o turismo é uma actividade económica com grande crescimento nas
últimas décadas em todo o mundo, as áreas naturais e os ricos patrimónios
histórico-culturais, estão a ser explorados e valorizados pelo turismo
ambiental, ou seja, o ecoturismo.
Este
é pois um segmento dentro do turismo e, infelizmente, ainda mal conduzido, pelo
que os seus impactos negativos já se manifestam, embora através da educação,
possam ser minimizados. A educação ambiental deve ser desenvolvida a um nível
geral mas, sobretudo, em comunidades com carência económica que apresentem
potencial para desenvolver o ecoturismo, visando evitar que esses impactos
passem despercebidos e possam ser detectados por toda a população, para que
esta se mobilize no sentido de evitá-los. Não basta apenas desenvolver o
ecoturismo, é preciso que ele obedeça a um planeamento, e possa se transformar
numa forma de turismo sustentável.
A
nossa opinião apenas ecoa o que verificamos no quotidiano, pois outras opiniões
interessadas em ajudar a resolver estes problemas são acrescentadas com
frequência à literatura turística, como a da Dra. Doris Ruschmann quando diz
que “o planeamento é uma actividade que envolve a intenção de estabelecer
condições favoráveis para alcançar os objectivos propostos”.
E
segundo propostas de outros autores, o planeamento deve envolver:
· Políticas para implementação de
equipamentos, actividades, e seus respectivos prazos;
· Coordenação e controlo do
desenvolvimento espontâneo;
· Prover os incentivos necessários
para estimular a implantação de equipamentos e serviços turísticos, para órgãos
públicos e privados;
· Garantir que espaços necessários ao desenvolvimento
turístico não sejam utilizados para outras actividades económicas;
· Minimizar a degradação dos locais e
recursos sobre os quais o turismo se estrutura, e proteger aqueles que são
únicos;
· Capacitar os vários serviços
públicos para a actividade turística;
· Garantir a introdução e o
cumprimento dos padrões reguladores exigidos da iniciativa privada;
· Atrair financiamentos nacionais ou
internacionais e assistência técnica para o desenvolvimento do turismo e a
preservação ambiental;
· Coordenar o turismo com outras
actividades económicas, pela integração do seu desenvolvimento aos planos
económicos e físicos existentes.
Todo o planeamento turístico deve ser cauteloso, pois
os impactos negativos causados pelo turismo são intimidantes.
Doris
Ruschmann, no seu trabalho, alerta para o facto de que “um planeamento bem
elaborado, consegue solucionar com eficiência os problemas futuros e muitas
vezes evitá-los”.
O
ecoturismo, por estar ligado directamente ao meio ambiente e depender dos
recursos naturais para se concretizar, é um dos segmentos do turismo com maior
impacto negativo ambiental, embora também cause impactos positivos, que
analisaremos adiante.
Análise do Ecoturismo e dos seus
impactos
O turismo como actividade económica, gera impactos que muitas vezes são
irreversíveis, e este seu segmento, ainda não totalmente conhecido e não muito
pesquisado, provoca também danos à natureza pelo que, se não for bem planeado,
pode ser desastroso. O lado positivo do ecoturismo é que o seu desenvolvimento leva
à criação de áreas de protecção ambiental, para permitir que esta actividade se
possa manter de uma forma sustentável.
Começa com ele a dar-se mais atenção à educação ambiental que, de
acordo com o conceito dos Parâmetros Curriculares gerais, “é a contribuição
para a formação de cidadãos mais conscientes...”
O ecoturismo aparece assim como a união do útil ao agradável ou seja, a
sustentabilidade do sistema, ligada a uma educação ambiental para o uso
adequado do meio ambiente. Ao fazer uma abordagem deste tema, é porém
impossível dissociar o ecoturismo dos seus impactos ambientais, os quais são
como tudo na vida, negativos e positivos. O homem e a natureza formam uma
parceria que até hoje ainda não deu certo, mas que pode mudar se isso for o
desejo da maioria.
O futuro da humanidade vai depender de como a questão ambiental vem
sendo considerada actualmente. O desperdício de recursos naturais cresce
abusivamente, sendo raramente punidos os responsáveis.
O descaso com que o meio ambiente vem sendo tratado é explícito, e a
visão que se apresenta de grandes cidades-lixeiras não é animadora. O ar é
poluído pelas indústrias e pelos meios de transporte, entre outros. A poluição
visual prolifera, destruindo o aspecto e o encanto das cidades. E no campo e na
floresta, a poluição sonora incomoda os animais, afastando-os dos seus
ambientes naturais.
O lixo gerado pelas populações é uma grande preocupação, tornando
desesperadora a necessidade de reciclar. Os rios tornaram-se grandes cloacas e
as praias recebem lixo, tanto dos turistas quanto dos moradores, fazendo com
que os mares sofram as consequências. Mas, tanto os navios como os portos, são
também grandes poluidores das suas águas.
O mundo em geral preocupa-se com o sector económico, e o nosso país não
se carácteriza por uma tradição de preocupação ambiental...
Quando Cabral chegou ao Brasil, o único interesse era o retorno
económico, pois naquela época o turismo era desconhecido.
O meio natural encontra-se esgotado pelos maus tratos do ser humano,
situação que pode ser modificada com um planeamento ambiental.
A preocupação sobre os impactos do turismo mal conduzido é grande, e as
Dras Magda Lombardo e Luana Casella[2], professoras de
faculdades paulistas que também se debruçaram sobre este assunto, opinam que “...planear é escolher os melhores meios para
se obterem determinados objectivos...”.
Coordenação e controlo do desenvolvimento
espontâneo;
·
Prover
os incentivos necessários para estimular a implantação de equipamentos e
serviços turísticos, para órgãos públicos e privados;
- Garantir que espaços
necessários ao desenvolvimento turístico não sejam utilizados para outras
actividades económicas;
- Minimizar a degradação dos
locais e recursos sobre os quais o turismo se estrutura, e proteger
aqueles que são únicos;
- Capacitar os vários serviços
públicos para a actividade turística;
- Garantir a introdução e o
cumprimento dos padrões reguladores exigidos da iniciativa privada;
- Atrair financiamentos nacionais
ou internacionais e assistência técnica para o desenvolvimento do turismo
e a preservação ambiental;
·
Coordenar
o turismo com outras actividades económicas, pela integração do seu
desenvolvimento aos planos económicos e físicos existentes.
Todo o planeamento turístico deve ser cauteloso, pois os impactos
negativos causados pelo turismo são intimidantes.
O
ecoturismo, por estar ligado directamente ao meio ambiente e depender dos
recursos naturais para se concretizar, é um dos segmentos do turismo com maior
impacto negativo ambiental, embora também cause impactos positivos, que
analisaremos adiante.
IMPACTOS AMBIENTAIS
CAUSADOS PELO ECOTURISMO
São
grandes e em parte irreversíveis, os abalos causados pelo ecoturismo, pois é
impossível dissociar os impactos ambientais das suas consequências sobre os
espaços e as comunidades humanas das localidades vizinhas aos equipamentos de
hospedagem.
Com a devida vénia, e o respeito que nos merece a douta senhora,
não resistimos a citar aqui ipsis verbis
os Impactos Negativos citados pela Dra.Doris Ruschmann, para que possa haver
deles uma maior divulgação, visando a que sejam evitados:
·
Acúmulo de lixo nas margens dos caminhos e das
trilhas, nas praias, nas montanhas, nos rios e nos lagos;
· Uso de sabonete e de detergentes
pelos turistas, contaminando a água dos rios e lagos, comprometendo a sua
pureza e a vida dos peixes e da vegetação aquática;
·
Contaminação
das fontes e dos mananciais de água doce e do mar, perto dos alojamentos,
provocada pelo lançamento de esgoto e lixo in natura nos rios e no oceano;
·
Poluição
sonora e ambiental;
·
Colecta
e quebra de corais no mar e de estalactites e estalagmites nas grutas e
cavernas para serem utilizados como “souvenirs”;
·
Alteração
da temperatura das cavernas e grutas e aparecimento de fungos nas rochas,
causados pelos sistemas de iluminação;
·
Pinturas
e rasuras nas rochas ao ar livre, dentro das cavernas e grutas, onde os
turistas querem registar a sua passagem;
·
Colecta
e destruição da vegetação às margens das trilhas e dos caminhos nas florestas;
·
Erosão
de encostas devido ao mau traçado e à falta de drenagem das trilhas;
·
Alargamento
e pisoteio da vegetação das trilhas e dos caminhos;
·
Ruídos
que assustam os animais e provocam a sua fuga;
·
Turistas
que alimentam os animais mais dóceis com produtos que contém conservantes, e
provocam doenças ou até a morte destes;
·
O
lixo e o abandono de restos de comida ao ar livre;
·
Caça
e pesca ilegais, em locais e épocas proibidas;
·
Incêndios
nas áreas mais secas, provocados por cigarros, fogueiras, etc.;
· Desmatamento para a construção dos
albergues e de equipamentos de apoio.
Embora os impactos positivos sejam poucos, não são suficientes para
criar desanimo, pois o ecoturismo é uma opção válida se bem conduzida.
Impactos
Positivos
Ainda segundo Doris Ruschmann, que além de
profissional do turismo é também professora e uma pesquisadora inabalável na
sua luta em defesa do meio ambiente, o número de impactos negativos supera os
positivos, mas ela chama a atenção para o facto de que só existirão turistas
enquanto existirem áreas naturais, e que estas deverão ser defendidas pelos que
as estão utilizando, através da adopção de atitudes responsáveis as quais podem
ser:
· Criação de áreas, programas e
entidades (governamentais e não-governamentais) de protecção da fauna e da
flora.
A
educação ambiental é o primeiro passo de uma longa marcha que precisa ser
feita, para concretizar o processo de transformação do pensamento humano, e
conscientizar as pessoas de que este é um trabalho difícil e demorado. Fazer um
planeamento ambiental é fácil, mas concretizá-lo leva um pouco mais de tempo.
Mudar os conceitos sobre a natureza e o seu uso, enraigados no espírito das
populações, será um trabalho longo. É necessário que os objectivos mencionados
para o desenvolvimento do turismo sustentável saiam rápido do papel para que
possam ser praticados.
A preservação do
meio ambiente é de suma importância para a sobrevivência da humanidade e esta,
infelizmente, ainda não se apercebeu do perigo que corre se não preservar o seu
habitat. Em nossa opinião, este tema mereceriauma disciplina nas escolas a
partir do primário.
PROTECÇÃO AMBIENTAL
O
simples facto de o hoteleiro considerar a gestão ambiental como uma obrigação a
seguir, pode ter, e geralmente tem, uma importância estratégica de resultados
palpáveis. Isso ocorre porque o grau de sensibilidade demonstrado e adoptado
pela cúpula da administração para com o meio ambiente já deixa antever à
clientela, a qualidade na gestão do estabelecimento, sobretudo em hotéis de
férias, nos quais a natureza desenvolve um papel preponderante.
Se
consultar-mos a NBR-ISO 14.004, podemos avaliar os princípios e elementos
necessários para a elaboração de um SGA, uma vez que se pode ler o seguinte:
(o negrito é nosso)
Comprometimento e política - é recomendado que uma
organização defina a sua política ambiental e assegure o comprometimento com o
seu SGA.
Planejamento - é recomendado que uma
organização formule um plano para cumprir a sua política ambiental.
Implementação - para uma efectiva implementação,
é recomendado que uma organização desenvolva a capacitação e os mecanismos de
apoio necessários para atender a sua política, os seus objectivos e metas
ambientais.
Medição e avaliação - é recomendado que uma
organização mensure, monitore e avalie o
seu desempenho ambiental.
Análise crítica e melhoria - é recomendado que uma
organização analise criticamente e aperfeiçoe continuamente o seu sistema de
gestão ambiental, com o objectivo de aprimorar o seu desempenho ambiental global.
O
processo de implantação de um sistema de gestão ambiental, começa pela
avaliação ambiental inicial. Esse procedimento deve ser realizado com recursos
externos, seja por consultores autónomos ou por firmas de consultoria
ambiental.
Inicialmente,
as empresas não conseguem perceber as suas deficiências em termos de meio
ambiente, devido aos seguintes factores:
-
Falta de percepção ou consciencialização ecológica de dirigentes e
colaboradores.
-
Forma tradicional de produção, sem tratamento de efeitos
poluidores, ou sem precauções no processo industrial.
-
Redução de despesas a qualquer custo, em detrimento do meio
ambiente.
-
Manutenção da competitividade dos sectores, sem cuidar das
questões ambientais.
-
Falta de controlo ou fiscalização por parte dos órgãos ambientais
competentes.
A
avaliação ambiental inicial, por outro lado permite às empresas:
-
Conhecer o seu perfil e o seu desempenho ambiental.
-
Adquirir experiência, na identificação e análise de problemas
ambientais.
-
Identificar pontos fracos que possibilitem obter benefícios
ambientais, e até económicos, muitas vezes óbvios, mas não detectados.
-
Tornar mais eficiente a utilização de matérias-primas e insumos.
-
Beneficiar de subsídios para fixar a política ambiental a ser
seguida na empresa.
As
técnicas mais comuns para esta avaliação podem incluir:
-
Aplicação de questionários previamente desenvolvidos.
-
Realização de entrevistas dirigidas, com registo dos resultados
obtidos.
-
Utilização de listas de verificação pertinentes às carácterísticas
da empresa.
-
Inspecções e medições directas em casos específicos.
COMPROMISSO
A
política ambiental, deve ter um senso de orientação. Por outro lado, deve fixar
os princípios de acção que melhor se adaptam ao perfil da empresa e à sua
postura em relação ao meio ambiente.
Tendo
como base a avaliação ambiental inicial ou, no caso de empresas que já
pratiquem algum dos processos neste sentido, uma revisão que permita saber em
que ponto se encontra a empresa no campo ambiental; este é o momento de a
empresa definir claramente os objectivos a atingir.
O
objectivo maior é obter um compromisso e uma política ambiental definida para a
empresa. Esta não deve apenas conter declarações vagas, tem de mostrar um
posicionamento definido e forte.
Muitas
empresas incluem a política ambiental na missão que constitui a síntese dos
seus propósitos.
A
política ambiental, tal como a de qualidade, deve estar disseminada e ser
partilhada em toda a empresa, tanto nas áreas administrativas como operacionais
e deve ser conhecida e aceite, pelas hierarquias, tanto de baixo para cima,
como de cima para baixo – das mais altas camadas da administração até à
produção.
Ao
adoptar uma política ambiental, a empresa deve escolher as áreas onde o
cumprimento da legislação e das normas ambientais vigentes implicam potenciais
problemas e riscos ambientais para a empresa. Esta, deve ter o cuidado de
evitar fórmulas demasiadamente genéricas, como por exemplo: “comprometemo-nos a
cumprir a legislação ambiental”.
É
óbvio que qualquer empresa, com ou sem política ambiental declarada, deve
obedecer a legislação vigente. O compromisso com o cumprimento e a
conformidade, é que demonstra a importância que esta tem para a empresa, pois a
adopção de um SGA é voluntária e, nenhuma empresa é obrigada a adoptar espontaneamente, procedimentos ambientais.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Texto elaborado
com consulta aos autores assinalados
Ao lançar em 2001 o
Livro Verde, a Comissão Europeia apresentou as linhas gerais para o que seria a
gestão de melhorias do Ecosistema numa base voluntária, mas deixou antever
também algo muito importante no horizonte das empresas e dos negócios: a idéia de
que a responsabilidade social é
um conceito segundo o qual, as empresas podem também contribuir para uma
sociedade mais justa, além de para um ambiente mais limpo. A gestão dos
empreendimentos não pode, ou não deve, ser norteada apenas para o cumprimento dos
interesses dos seus titulares, mas também para os de outros detentores de
interesses, como por exemplo os trabalhadores, as comunidades locais, os
clientes, os fornecedores, as autoridades públicas, os concorrentes e a
sociedade em geral. Um grupo de professores da Universidade
do Minho, Escola de Economia e Gestão, de Gualtar[3]opina, num
trabalho seu sobre o conceito de responsabilidade social, que ele deve ser
entendido a dois níveis.
“O nível
interno, que apesar de vinculado aos trabalhadores precisa também ter em
conta, outros integrantes atingidos pela empresa, que eventualmente influenciem
os seus resultados.
O nível externo,
para avaliar as consequências das acções da organização sobre os seus
agregados, tais como, o ecosistema, os seus parceiros de negócio e o ambiente
circundante”.
Factores elementares para o conceito
da RSE
São vários os
factores que originaram a necessidade de imputar às organizações uma
responsabilidade ampliada. Num contexto de globalização e de mutação industrial
em larga escala, emergiram novas preocupações e expectativas dos cidadãos, dos
consumidores, das autoridades públicas e dos investidores. Os indivíduos e as
instituições, quer como consumidores quer como investidores, adoptam cada vez
mais, critérios sociais nas suas decisões e avaliam os produtos que compram,
através dos seus rótulos sociais e ecológicos. Os danos causados ao
meio-ambiente pelas actividades económicas, têm gerado preocupações crescentes
entre os cidadãos e levado as entidades
colectivas a pressionar as empresas no sentido da observância de requisitos de
protecção ambiental, bem como à exigência junto das entidades reguladoras,
legislativas e governamentais, para a formação de quadros legais voltados para
a vigilância da sua aplicação. Os meios de comunicação social e as modernas
tecnologias da informação e da comunicação, têm submetido a actividade
empresarial e económica à obrigação de uma maior transparência, do que resulta
um conhecimento mais rápido e mais profundo das acções empresariais, com
resultados perceptíveis na reputação e na imagem das organisações.
A definição de Responsabilidade Social orienta os
indivíduos e as empresas para o cumprimento dos deveres e obrigações destas
para com a sociedade em geral, embora alguns sociólogos entendam que existem
ainda outras definições aplicáveis sob o rótulo de responsabilidade social,
como a forma de retribuir por algo alcançado ou permitido, ou pela modificação
de hábitos e costumes, ou do perfil do sujeito ou local que recebe o impacto.
Neste caso, poderiamos incluir a transformação de determinada região em polo
turístico, o que acarretaria transtornos para alguns e prejuízos para muitos,
devido ao possível aumento do custo de vida, perda da tranquilidade e da
privacidade e aumento de riscos, a menos que isso tenha relevancia social e
seja de amplo espectro de aplicação, tornando mais fácil o acesso à educação,
desporto, cultura, ou trabalho, entre outros, à comunidade local envolvida.
Responsabilidade social corporativa
Esta definição
engloba o conjunto de acções que serão obrigação das empresas, no sentido de
minimisar os impactos negativos originados no seu relacionamento com a
sociedade, levando em consideração a economia, educação, meio-ambiente, saúde,
transporte, moradia, actividades locais e edilidades ou governo. Essas acções
visam a optimização ou criação de programas sociais em benefício mútuo, para
melhorar a qualidade de vida local, e não apenas a criação de postos de
trabalho, numa actuação conjunta da empresa e da própria população.Responsabilidade
Social Empresarial, designa a forma de gestão ética e transparente que a
organização deve empregar, para
minimizar os possíveis impactos negativos da sua presença, no meio-ambiente e
na comunidade, aceitando que é prudente considerar a existência de duas partes
interessadas, e objectivar um canal de diálogo.
Visões de Responsabilidade Social
Melo Neto e Froes[4]
estudaram exaustivamente este assunto e através de texto escrito em 2001,
acentuaram que a melhor maneira de avaliar o conceito de responsabilidade
social empresarial é identificar as diversas visões existentes, as quais são
passíveis de análise:
Como atitude e comportamento empresarial ético e responsável: É dever e compromisso da organização
assumir uma postura transparente, responsável e ética nas suas relações com os
seus diversos públicos (governo, clientes, fornecedores, comunidade, etc.)
Como um conjunto de valores: Não incorporar apenas conceitos éticos, mas
uma série de outros conceitos que lhe proporcionem sustentabilidade, como por
exemplo, auto-estima dos funcionários, desenvolvimento social e das comunidades
onde se inserem.
Como postura estratégica empresarial: A admissão voluntária da responsabilidade
social pela empresa, é vista como uma acção social estratégica que gera retorno
positivo aos negócios, ou seja, os resultados aparecem através do facturamento,
das vendas, ou da participação no mercado (market share).
Como estratégia de relacionamento: A obrigação imposta pela responsabilidade
social, pode ser trabalhada e usada como estratégia de promoção, pela qualidade
do relacionamento usado com os seus diversos públicos-alvo, especialmente com
clientes, fornecedores e distribuidores.
Como estratégia de promoção institucional: Os investimentos em actividades sociais
seguidos pela empresa, podem traduzir-se em ganhos institucionais e na sua
visão pública de empresa-cidadã, pelo foco dessas acções na imagem da
empresa.
Como provimento de valorização das acções da empresa na Bolsa: Uma pesquisa identificou que 70% do
valor de mercado de uma empresa dependem dos seus resultados financeiros. Os
outros 30% dependem da sua reputação no mercado.
Como política de recursos humanos: As acções geradas pelo sentimento de
responsabilidade social são centradas nos colaboradores e nos seus dependentes,
com o objectivo de satisfazê-los e consequentemente reter os seus talentos e
aumentar a produtividade.
Como estratégia de valorização de produtos ou serviços: O objectivo aqui não é apenas
comprovar a qualidade dos produtos ou serviços da empresa, mas também
proporcionar-lhes o status de
“socialmente correctos”.
Como senso de inserção na comunidade: A empresa busca através dos seus esforços,
aprimorar as suas relações com a comunidade onde se insere e a sociedade em
geral, bem como a definição de novas
formas para continuar nela inserida.
Como busca de desenvolvimento social na comunidade: A empresa é vista como uma
possibilidade para o desenvolvimento social da comunidade. Dessa forma, a
organização passa a assumir o papel de agente do desenvolvimento local, junto
com outras entidades comunitárias e a própria edilidade ou o governo.
Como promotora da cidadania individual e colectiva: A empresa, através de atitudes e
procedimentos, ajuda os seus colaboradores a tornarem-se cidadãos respeitados e
contribui para a promoção da cidadania na sociedade e na comunidade.
Como exercício de consciência ecológica: A organização é sentida como preponderante
na protecção ambiental. Ao criar e investir em programas de educação e
preservação do meio ambiente, torna-se
consequentemente uma difusora de valores e práticas ambientalistas.
Como prática de capacitação profissional: Neste caso, o exercício da responsabilidade
social verifica-se pela capacitação profissional dos membros da comunidade e
empregados da empresa.
Como estratégia de integração social: Este conceito parte do pressuposto de que o
maior desafio histórico da sociedade actual é o de criar condições para que se
atinja a efectiva inclusão social nas comunidades.
Como são
muitas as interpretações e definições de Responsabilidade Social Empresarial,
cada empresa escolhe actuar perante a sociedade da forma que acha mais
conveniente, e por não haver um significado preciso de responsabilidade social,
surgem análises com diferentes conceitos – responsabilidade social como
obrigação social (Friedman, 1970); responsabilidade social como aprovação
social (Davis e Blomstrom, 1975) e responsabilidade social como abordagem
generalizada dos accionistas (Zadek, 1998).
Numa
análise detalhada às origens deste movimento, verifica-se que ele teve início
na necessidade de garantir direitos trabalhistas fundamentais e na luta para a
afirmação do direito a produtos e serviços seguros, bem como à protecção contra
condutas abusivas e à penalização das más práticas comerciais.
Quando
esses direitos básicos passaram a ser garantidos por lei, o movimento abordou questões relativas à qualidade e ao
desempenho dos produtos e serviços oferecidos no mercado, momento em que muitas
organizações de consumidores se dedicaram a testar produtos e serviços e a
reivindicar melhorias nos padrões de qualidade. Actualmente, e porque os
impactos da globalização da economia se tornaram mais evidentes, verifica-se que o movimento
avança para uma nova fase, em que boa parte dos consumidores se conscientiza da
responsabilidade envolvida no próprio acto de consumir.
As
grandes empresas expandiram-se pelo globo para alargar os mercados, mas também,
em certos casos, em busca de países com legislação mais tolerante em relação a
questões trabalhistas e ambientais, dando origem a uma classe de consumidores
que utiliza os mesmos produtos e serviços em diferentes pontos do planeta mas,
paralelamente, tem acesso a um grande volume de informações. O actual modelo
económico, porém, é considerado insustentável não só pelos danos que acarreta
para o meio-ambiente, mas também porque propicia um alto padrão de consumo para
uma parcela menor da população mundial, enquanto exclui grande parte da
sociedade, e cria dificuldades de acesso a bens essenciais, como água tratada e
energia.
Qualquer
consumidor interessado na análise, identifica a estreita relação entre os seus
hábitos de consumo e os graves problemas ambientais e sociais que afectam o
mundo de hoje, pelo que cada vez mais consumidores compreendem que é preciso
frear o consumismo e direccionar as suas escolhas, de forma a apoiar o
desenvolvimento sustentável e universalizar o acesso aos bens essenciais, como
garantia de preservação dos recursos naturais necessários para a sobrevivência
das gerações actuais e futuras.
A
atitude dos consumidores começa assim a mudar. Além de preço e qualidade, ficam
cada vez mais atentos a aspectos relacionados com o comportamento das empresas,
como o respeito aos direitos humanos, trabalhistas e dos consumidores; a normas
de preservação ambiental; à ética na publicidade e nas práticas empresariais; à
promoção do bem-estar social; etc. A transparência das empresas em relação a
essas informações passa também a ser valorizada, e torna-se uma ferramenta de
selecção para o consumo consciente do cidadão e para algumas reflexões sobre a convicção social que determina uma norma ou
conjunto de obrigações, ainda não reconhecidas pelo ordenamento jurídico
positivo, mas que pertence ao campo da ética, ou seja, os valores morais e os
princípios ideais de conduta humana.
Chegamos à conclusão que, responsabilidade social, é
um processo resultante do desenvolvimento de posturas éticas inerentes à
evolução de grupos ou organismos sociais, determinados a lutar por um
relacionamento transparente e partilhado entre o empresariado e os
consumidores.
E à percepção, por uma boa
parcela do empresariado, da necessidade de um desenvolvimento sustentado, o que
gera uma postura que se contrapõe à cultura centrada na maximização do lucro
dos accionistas.
O moderno capitalismo social
apresenta novas formas de relacionamento entre empresas, funcionários,
comunidades e clientes, e esses segmentos passam a compartilhar objectivos e
resultados em prol da optimização e manutenção dos recursos necessários à
perenidade dos negócios.
No âmbito da administração das
empresas privadas, várias teorias e correntes de estudos têm acompanhado a
evolução do ambiente social e as suas variáveis.
Verificou-se que muita coisa
existente dentro das organizações era decorrente do que existia fora delas, nos
seus ambientes. As organizações escolhem esses ambientes[5]
mas passam a ser condicionadas por eles, necessitando adaptar-se aos mesmos
para poderem sobreviver e crescer. Neste sentido, o conhecimento do ambiente é
vital para a compreensão dos mecanismos organizacionais.
As transformações económicas,
políticas e culturais da actualidade, tornam-se então determinantes das novas
posturas empresarias.
O conceito de desenvolvimento
sustentado, faz as organizações se voltarem para objectivos de longo prazo e
perceberem que qualidade, preço competitivo e bons serviços, não representam
mais os únicos diferenciais no mercado.
Consumidores melhor informados e
exigentes quanto a produtos e serviços, convertem-se em cidadãos mais
conscientes das necessidades das suas comunidades, e passam a reivindicar o
cumprimento das responsabilidades das empresas com o seu desenvolvimento.
O estudo e a análise da
Responsabilidade Social é muito importante para os gestores e líderes
empresariais em formação, pois o futuro se encarregará de fortalecer esse
sentimento nas pessoas e eles terão de estar preparados para as decisões
inerentes.
Uma
das grandes forças motoras de qualquer gestor é a antecipação. Ele deve
procurar, sempre, estar adiante dos acontecimentos e seguir uma das importantes
funções gerenciais, “prever”.
[1] A Prof. Dra. Doris Ruschmann foi professora de
graduação e pós-graduação em Planeamento do Turismo na Universidade de São
Paulo, onde também alcançou os títulos de Mestre em Marketing Turístico e
Doutora em Planeamento de Turismo Sustentável. Actualmente, é professora na Universidade
do Vale do Itajaí. Possui destacada experiência com mais de 20 anos na área do
turismo e em trabalhos de consultoria, coordenando projectos de planos de desenvolvimento integrado e
sustentável do turismo, estudos de mercado, avaliação da capacidade de carga de
recursos e empreendimentos turísticos, pesquisas de demanda e planos de
marketing para empresas privadas, órgãos públicos do turismo e organizações.
[2] Prof. Dra. Magda Adelaide Lombardo. Professora
Titular da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e Supervisora
do CEAPLA - Centro de Análise e Planeamento Ambiental - da Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Prof. Dra. Luana Lacaze de Camargo Casella. Doutora em
Geografia Física pela USP. Docente da Graduação e Pós Graduação do Centro
Universitário Nove de Julho, em São Paulo.
[3] Gestão Ética
e Socialmente Responsável – de Miguel
Pina e Cunha, Carlos Cabral-Cardoso, Helena
Gonçalves, Nuno Guimarães da Costa, Arménio Rego - Edição/reimpressão: 2006 - Páginas: 552 Editor: Editora RH - ISBN: 9789728871093
[4]Responsabilidade Social e Cidadania Empresarial-
Qualitymark -2001
César Froes é licenciado em
Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, e em Pedagogia na
PUC-MG. É bolsista da Fundação Rotária para a área de educação de excepcionais
na University of South Florida. Mestre em Administração Pública pela EBAP/FGV/RJ.
Participou de actividades da Fundação Projeto Rondon nas décadas de 80 e 90 e
também de projectos em outras entidades. Actualmente é professor-assistente da
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e professor da Universidade
Federal Fluminense - UFF.
Francisco Paulo de Melo Neto
é graduado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas - EBAP/RJ, e é
Mestre na Webster University, Viena, Áustria. Professor-assistente da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRJ e professor-conferencista
da FGV/EBAP. É consultor de empresas e, actualmente atua na área de desenho de
projectos sociais do Banco Mundial. É autor de diversos livros na área de
projectos de marketing desportivo e social. Trabalhou como técnico na área de
projectos sociais em várias universidades estrangeiras. Ministrou diversos
cursos em países da América Latina e América Central.
[5] Ambiente é citado aqui como esfera de
actuação ou âmbito de actuação.
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