Consciência Ecológica
Num momento em que as atenções e
as discussões dos responsáveis pela política Mundial se unem voltados para
analisar a melhor forma de salvar o que ainda resta do nosso Planeta, parece-me
oportuno mostrar como o desenvolvimento da consciência ecológica e o sentimento
de cidadania, é cada vez maior em todos os patamares das sociedades, pelo que a
indústria hoteleira não pode alhear-se dessa realidade.
Os industriais deste ramo, devem analisar a sua postura neste campo,
como uma forma de melhorar o seu marketing, pois todas as análises indicam que a
competição a nível global, desenvolveu uma imutável tendência a transferir o
poder de decisão para as mãos do comprador. Em muitos sectores, o mercado
comprador se dá conta de que existem mais opções, com mais concorrentes e,
excesso de oferta. O comprador, aprendeu a usar o novo poder que essa
oportunidade lhe oferece, alterando a seu favor, as possibilidades de barganha.
Pelo seu lado, os profissionais devem também compenetrar-se de que a sua
colaboração é importante, pois a ajuda deve vir de todos os níveis sociais, e
há muito que pode ser feito, nos hotéis, em relação a este problema.
A gestão ambiental e a demonstração de responsabilidade ecológica, são
elementos que devem ser analisados e, usados, para posicionar o hoteleiro,
perante o mercado e a sua clientela. E as formas de Gestão.
Por outro lado, a responsabilidade social tende a pautar o
comportamento das empresas, em relação à sua implantação, à vizinhança e à
evolução e responsabilização dos seus funcionários.
O consumidor do futuro, propende a ser um indivíduo mais consciente de
todos esses valores, preocupado com a melhoria de vida e o bem-estar social.
Ele irá privilegiar, não apenas o custo e a qualidade dos produtos, mas também
o comportamento social das empresas que os fornecem, em relação a este problema.
Muitos hoteleiros estão já, propiciando aos seus clientes visitas
guiadas às instalações dos seus hotéis, como forma de colocarem estes em
contacto com os seus processos e o seu sentimento de responsabilidade neste
campo. Cozinhas, copas e sectores afins, são até indicados, em muitos casos,
pelos gestores, para visitas não anunciadas dos seus clientes.
A União Europeia, estabeleceu com a Eco Label, uma política já
seguida em outros países e que, mundialmente, se convencionou chamar de Selo
Verde, para ser aplicada neste campo. No Brasil, a ABNT criou a Qualidade
Ambiental com a mesma intenção mas, em todo o Mundo, o movimento
irreversível deste assunto, tende a alargar-se. Em muitos casos, empresas
hoteleiras que tinham trabalhado a ISO de Qualidade, como uma forma de
marketing, começam agora a debruçar-se sobre a ISO 14.000, para estudar
os padrões ecológicos e as diretrizes que esta contempla.
Antes de avançar neste assunto, queremos esclarecer os nossos leitores,
com alguns textos elucidativos sobre Política ambiental, pois os
objetivos e, as finalidades, inerentes a um gerenciamento ambiental nas
empresas, devem estar, evidentemente, em consonância com o conjunto das
atividades empresariais. Eles não podem e nem devem, ser vistos como elementos
isolados, por mais importantes que possam parecer, num primeiro momento.
Relembramos aqui, um trinómio de responsabilidades empresariais, aplicável ao nosso
momento na história:
·
Responsabilidade
ambiental
·
Responsabilidade
económica
·
Responsabilidade social
Gestão Ambiental
O termo gestão ambiental é abrangente, pois se usa,
normalmente, para designar ações ambientais em determinados espaços geográficos.
A parte que nos interessa tratar, a gestão ambiental empresarial, está
essencialmente voltada para organizações, ou seja, companhias, corporações,
firmas, empresas ou instituições, e pode ser definida como sendo um conjunto de
políticas, programas e práticas administrativas e operacionais, que levem em
conta a saúde e a segurança das pessoas e, a proteção do meio ambiente, através
da eliminação ou, minimização, de impactos e danos ambientais decorrentes do
planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação, de
empreendimentos ou atividades, inerentes às fases do uso de um produto.
O objetivo maior da gestão ambiental, deve ser a
busca e a manutenção permanente de melhoria da qualidade ambiental dos
serviços, produtos e ambiente de trabalho, de qualquer organização.
A gestão da qualidade ambiental é, portanto, um
processo de aprimoramento constante do sistema ambiental de acordo com a
política estabelecida pela organização, para esse campo.
Existem objetivos específicos de gestão ambiental,
definidos na norma NBR-ISO 14.001,[1] que destaca vários pontos básicos; além desses
porém, observam-se na prática outros objetivos, que podem também ser alcançados
através da gestão ambiental, os quais são:
·
gerir as tarefas do
empreendimento de acordo com políticas, diretrizes e programas que demonstrem
preocupação com o meio ambiente interno ou externo da empresa;
·
manter políticas que
analisem, em conjunto, a área de segurança do trabalho, a saúde dos
trabalhadores, a repercussão na vizinhança e na clientela;
·
produzir, com a
colaboração de toda a cúpula dirigente e os trabalhadores, produtos ou serviços
ambientalmente compatíveis;
·
colaborar com os sectores
económicos, a comunidade e os órgãos ambientais para que sejam desenvolvidos e
adoptados, processos produtivos que evitem ou minimizem agressões ao meio
ambiente.
Fundamentos Básicos da
Gestão Ambiental
Os fundamentos, ou a base das razões que levam as
empresas a adoptar e praticar a gestão ambiental, são vários. Podem ir, desde
procedimentos obrigatórios de atendimento da legislação ambiental, até à
fixação de políticas ambientais próprias, que visem a conscientização de todo o
pessoal da organização.
A busca de procedimentos gerenciais ambientalmente
corretos, entre os quais podem incluir-se a adopção de um Sistema Ambiental (SGA),
encontra inúmeras razões para justificar a sua adopção.
Os fundamentos predominantes, podem variar de uma organização
para outra, mas podem ser resumidos nos seguintes básicos:
· Os recursos naturais (matérias-primas) são limitados
e estão sendo fortemente afetados pelos processos de utilização, exaustão e
degradação decorrentes de atividades públicas ou privadas, ficando cada vez
mais escassos, relativamente mais caros, ou encontram-se legalmente mais
protegidos.
· Os bens naturais (água e ar), não podem
considerar-se mais, como bens livres/grátis.
A água, por exemplo, já possui valor económico ou
seja, paga-se por ela, e cada vez se pagará mais, por esse recurso natural.
Determinadas indústrias, principalmente as de tecnologias avançadas, necessitam
de áreas com relativa pureza atmosférica. Ao mesmo tempo, uma residência num
bairro com área privilegiada, custa bem mais do que uma casa em região poluída.
O crescimento da população humana, nas grandes
regiões metropolitanas e nos países menos desenvolvidos, exerce forte
contundência sobre o meio ambiente em geral, e os recursos naturais em particular.
· A legislação ambiental exige, cada vez mais,
respeito e cuidado com o meio ambiente, exigência essa que conduz
coercitivamente a uma maior preocupação ambiental.
· Pressões públicas, de cunho local, nacional e mesmo
internacional, exigem cada vez mais, responsabilidades ambientais das empresas.
· Bancos, financiadores e seguradoras, dão privilégios
a empresas ambientalmente sadias ou exigem, taxas financeiras e valores de
apólices mais elevadas, de firmas poluidoras.
· A sociedade em geral e, a vizinhança, em particular,
estão cada vez mais exigentes e críticas, no que diz respeito aos danos
ambientais e à poluição provenientes de empresas e atividades.
· Organizações não-governamentais, estão mais
vigilantes, exigindo o cumprimento da legislação ambiental, a minimização de
impactos, a reparação de danos ambientais ou impedem a implantação de novos
empreendimentos ou atividades.
· Compradores de produtos intermediários, estão
exigindo, cada vez mais, produtos que sejam produzidos em condições ambientais
favoráveis.
· A imagem das empresas ambientalmente saudáveis é
mais bem aceita por acionistas, consumidores, fornecedores e autoridades
públicas.
· Acionistas, conscientes da responsabilidade
ambiental, preferem investir, em empresas que, além de lucrativas, sejam
também, ambientalmente responsáveis.
· A gestão ambiental empresarial, está na ordem do
dia, não só nos países ditos industrializados, mas também já, nos países
considerados em vias de desenvolvimento.
· A demanda por produtos cultivados ou fabricados de
forma ambientalmente compatível, cresce mundialmente, em especial nos países
mais conscientizados.
· Os
consumidores, tendem a dispensar, produtos e serviços que agridem o meio
ambiente.
· Cada vez mais compradores, principalmente
importadores, estão exigindo a certificação ambiental, nos moldes da ISO
14.000, ou certificados ambientais específicos como, por exemplo, para
produtos têxteis, madeiras, cereais, frutas, etc. Tais exigências são voltadas
para a concessão do “Selo Verde”, mediante a rotulagem ambiental.
· Acordos internacionais, tratados de comércio e
tarifas alfandegárias, incluem questões ambientais na pauta das negociações,
culminando com exigências não tarifárias que, em geral, afetam produtores de
países exportadores. Esse conjunto de fundamentos, não é conclusivo, pois os
quesitos apontados continuam em discussão e tendem a se ampliar, mas essa é uma
tendência indiscutível, se nos detivermos no facto de que as normas ambientais
da família ISO 14.000 que tratam do Sistema de Gestão Ambiental e
de Auditoria Ambiental, se encontram em vigor.
Importância da Gestão
Ambiental para a Empresa
Se procurarmos entender, o que significa: danos e
efeitos ambientais possíveis de ocorrer durante a utilização do produto,
veremos que nisto se compreende, todos os impactos sobre o meio ambiente,
inclusive a saúde humana, decorrentes da obtenção e transporte, de
matérias-primas, da sua transformação, ou produção, da distribuição e
comercialização, do uso dos produtos, da assistência técnica e destinação final
dos bens.
Devemos alertar, que a empresa é a única
responsável, tanto pela garantia do acima descrito, como pela adopção de um SGA
e, por conseguinte, de uma política ambiental ou correlativa. Também que, após
adopção desta, o seu cumprimento e conformidade devem ser seguidos
integralmente, pois eles garantem os resultados e, isso, os torna
inquestionáveis.
Ninguém é obrigado a adotar um SGA, ou
Política Ambiental mas, se a sua adopção for decidida como necessária, deve
cumprir-se o estabelecido, sob pena de a organização perder crédito no campo
das questões ambientais, da sua preocupação com o ser humano, e das suas
responsabilidades sociais.
A maioria das atividades humanas, causa algum impacto negativo ao meio
ambiente.
Para os que possam achar que a hotelaria está distante desse
compromisso por parecer inócua, vamos analisar vários dos pontos onde o seu
trabalho pode começar.
Aparelhos de ar condicionado
Os aparelhos de ar condicionado, têm tendência, com o uso, a se
tornarem barulhentos, pelo que se inserem no contexto dos itens a cuidar,
quando se trata de gestão ambiental.
Se esses aparelhos são de grande porte, como no caso de Sistemas
Centrais ou de Split, onde as unidades refrigeradoras são, quase
sempre, instaladas exteriormente, a posição da vizinhança deve ser considerada.
Os departamentos públicos que coordenam este sector, normalmente estabelecem um
máximo de 60 decibéis como o máximo aceitável.
Para aparelhos individuais, o hóspede deve ser tido em atenção e, os 60
decibéis acima indicados, devem ser considerados como exagerados, neste caso.
Aquecimento Central
(deve-se ficar atento em Caldeiras e Àgua Quente, sobre o fenómeno ariete
ou martelo, mas o mesmo também pode acontecer neste sistema)
Caldeiras e Água Quente
As caldeiras, em si, não apresentam grande problema mas, devem ser
vigiados, atentamente, os queimadores, para evitar vazamento de gás ou queima
defeituosa, que possa originar explosão. No caso de geradores de vapor, o
perigo de explosão também é presente, se os reguladores estiverem defeituosos.
Quanto à àgua quente, alertamos para a necessidade de acompanhar a sua
circulação, pois em momentos de deficiência, nesta, pode originar-se um
fenómeno denominado ariete ou martelo, o qual emite, a intervalos
intercadentes, barulhos fortes e desagradáveis para o ouvido humano.
Consumo de água e energia
Para regularizar este consumo, são tomadas muitas vezes, decisões que
não se coadunam com a Política Comercial. A Direção do hotel, deve estar
consciente da sua responsabilidade, tanto na redução dos Custos, como no apoio
ao esforço de vendas, pelo que as decisões neste campo, devem ser ponderadas.
De qualquer modo, tanto o consumo de água, como a redução de gastos de energia,
são contribuições para a uma boa Política Ambiental, pois se focam na
preservação da natureza. Para um banho, 50 litros de água estão estabelecidos,
como uma quantidade razoável, logo, devem ser regulados, os chuveiros, para um
consumo desta quantidade, dentro do que se estabeleça como tempo para o banho.
Existem já, no mercado, adaptadores para o efeito.
As lâmpadas, devem ser colocadas, dentro de um padrão, estabelecido e,
mantido, de acordo com os lugares, bem como horários para ligar e desligar. Não
esquecer que, num quarto, existem lugares para possível leitura, que devem
estar melhor iluminados, enquanto outros são apenas para iluminação ambiente,
onde uma lâmpada menor não será notada.
O uso de lâmpadas frias, com maior poder de iluminação e menor consumo,
é sempre aconselhável, exceto nos restaurantes, onde a sua utilização pode
alterar o colorido da apresentação dos pratos.
Em todos os lugares e para todos os serviços onde tal seja viável, será
útil considerar a instalação de aquecimento ou luz solar, ou eólica,[2]
pelo que isso representa, em economia e, preservação ambiental.
Desperdício de comida
Pode parecer risível, a inclusão deste item, mas se tivermos em conta
que, cada vez mais, a Terra se apresenta incapaz de garantir subsistência às
futuras gerações, começaremos a ponderar que, o hábito de evitar desperdício de
comida, através de um bom armazenamento e uma confecção que contemple as
necessidades, será uma atitude defensável.
Detergentes e Produtos de Lavanderia
É do conhecimento geral, que os detergentes são agressores e poluidores
da natureza pelo que, sempre que possível, devem ser utilizados os
bio-degradáveis.
Por outro lado, a prática usual de troca diária da roupa de quarto,
pode ser revista, sem chocar a clientela, dando ao cliente, a possibilidade de
escolher, por si próprio, como vai ajudar na política ambiental.
Alguns hotéis, já estão usando a estratégia de solicitar aos hóspedes,
a sua colaboração na Política ambiental
da empresa, através da exibição de avisos, nos quartos, através dos quais o
cliente pode escolher a sua opção. Esta prática ajuda a evitar o fluxo de
muitos litros de detergente nos esgotos, e ajuda a manter uma melhor
rentabilidade no serviço de lavanderia.
Como ajuda, damos abaixo o teor de avisos já implementados em alguns
hotéis brasileiros.
Queremos chamar a atenção dos hoteleiros, para o facto de que, para que este sistema funcione com resultados, os hóspedes devem identificar no hotel, uma verdadeira preocupação ecológica e sintomas de um programa honesto neste sentido, pois de outro modo, ficarão com a impressão de que apenas houve uma intenção de reduzir despesas à custa dos clientes.
Por outro lado, em vez de troca de roupa a cada dois dias, pode ser
trocado, diariamente, o lençol de baixo, colocando um lençol fresco, por cima,
para melhor acabamento da cama.
Esgotos (sobretudo em lugares de veraneio)
Muitos hotéis de veraneio, são localizados junto ao mar, no campo ou na
serra, fora dos locais onde as autarquias mantém um tratamento regular dos
esgotos. As fossas, são uma solução para estes últimos mas, apesar disso, eles
devem (ou podem) considerar, um tratamento de esgoto que permita, não só cuidar
dos dejetos, como reaproveitar a água consumida, solução que deveria ser sempre
seguida, pelos que estiverem junto ao mar.
Geradores de Electricidade
Estes aparelhos são altamente ruidosos, pelo que só devem ser
consideradas, para uso em hotelaria, unidades especiais com proteção anti-ruido
e, localização nos subsolos.
A Sociedade, pode ajudar a conservar o meio ambiente, se utilizar a
energia eléctrica de forma eficiente, pois desta forma, pode evitar ou, adiar,
os impactos ambientais associados a construção e manutenção de novas barragens,
linhas de transmissão e redes de distribuição de energia.
Iluminação
A boa iluminação dos locais de trabalho, é obrigação das empresas,
segundo determinação da OIT, acolhida por todos os países a ela ligados. Pode,
no entanto, ser estudada a melhor forma de iluminação, analisando a localização
das lâmpadas, de forma a tirar destas o melhor rendimento. As lâmpadas do tipo
néon, com a wattagem aconselhada, são as preferíveis, devendo sempre ser
instaladas, pela frente de quem trabalha, a fim de evitar a sombra que a cabeça
projeta.
(Para as lâmpadas
dos quartos e áreas públicas, veja o que dizemos em “Consumo de água e de
energia”).
Inclusão dos hóspedes no programa
Nenhum programa funciona, se não for honestamente implantado, e não der
às pessoas a sensação de que é para valer. Os hóspedes podem ser chamados a
colaborar com o programa, (veja o que dizemos em” Detergentes e Produtos de
Lavanderia”) mas devem, para darem a sua contribuição, estar conscientes de
que o Programa é válido, e detectar em todo o estabelecimento, indícios dessa
validade.
Inclusão dos funcionários no programa
O mesmo sentimento que indicamos como válido para os hóspedes, também deve
ser encontrado no pessoal. Assim, paralelamente à implantação do Programa,
devem ser feitas Palestras e Treinamentos, explicando ao pessoal, como a sua
contribuição é necessária, enfatizando os benefícios que para todos advém, de
uma consciência ecológica. O Programa deve também ser implantado com o empenho
de todos, desde a Administração até aos Serventes, passando pela Direção e,
sobretudo, com o apoio desta.
Fogões
Estes equipamentos podem parecer, a priori, distantes de
qualquer culpa, quanto à qualidade ambiental. Queremos alertar no entanto que,
a maior parte dos nossos profissionais de cozinha, não presta muita atenção, ao
tempo e à necessidade de manter os queimadores ligados, pelo que, muito gás e
oxigénio se queimam, diariamente, sem necessidade, poluindo a atmosfera e
consumindo reservas que, infelizmente, não são inesgotáveis.
Lixos
No meu livro “Manual de Hotelaria”, fizemos referência aos lixos e à
necessidade de cuidados no seu manuseio transporte e armazenamento, pois os
lixos devem sempre considerados, altamente poluidores, possíveis transmissores
de males e, sem dúvida, ninho de bactérias e insetos. Em locais, onde não
exista recolha periódica de lixos, a sua incineração deve ser estabelecida.
Motores
Os motores são, de uma maneira geral, propensos a ruídos e, se não
estiverem bem regulados, a um consumo exagerado de energia, pelo que a sua
manutenção deve ser periódica e cuidada.
Produtos de Limpeza
São inúmeros os produtos de limpeza, tendo cada um, a sua própria
finalidade, mas em muitos casos, um só produto pode conseguir com êxito, a
substituição de alguns outros.
Os responsáveis pela compra e utilização dos produtos de limpeza, (os
chefes de serviços) devem conhecer e, estudar muito bem, os produtos que
utilizam, transmitindo esses conhecimentos aos seus subordinados, evitando uma
multiplicidade de produtos, que aumentam custos e poluição de locais, sem
melhores resultados aparentes.
Reciclagem (vidros, latas, jornais, papel, etc.)
A reciclagem passou a fazer parte do nosso dia a dia, pelo que não nos
deteremos muito a exemplificar, como isso pode ser feito, mas apenas anotamos a
necessidade de que um sistema seja implantado em todos os hotéis, com
benefícios que são evidentes, mas que só aparecem se forem postos em prática.
De qualquer modo, a reciclagem é ponto obrigatório em qualquer programa
ambiental.
Proteção Ambiental
O simples facto, de o hoteleiro considerar a gestão
ambiental, como uma obrigação a seguir, pode ter e, geralmente tem, uma importância
estratégica de resultados palpáveis. Isso ocorre porque, o grau de
sensibilidade demonstrado e adoptado pela alta administração para com o meio
ambiente, já deixa antever à clientela, a qualidade gerencial do
estabelecimento, sobretudo em hotéis de férias, onde a natureza desenvolve um
papel preponderante. Os hotéis de praias, podem alertar os seus clientes a
protegerem as areias, não deixando lixos nelas, e a proteger o mar e os animais
marinhos, evitando lançar óleos, lixos e objetos plásticos no mar.
Consultando a NBR-ISO 14.004, podemos avaliar
quais são os Princípios e elementos necessários para a elaboração de um SGA,
pois ela cita: (o sublinhado é nosso)
“Comprometimento e política - é recomendado
que uma organização defina a sua política ambiental e assegure o
comprometimento com o seu SGA.
Planejamento - é recomendado que uma organização formule um plano para cumprir a sua
política ambiental.
Implementação - para uma efetiva implementação, é recomendado que
uma organização desenvolva a capacitação e os mecanismos de apoio necessários
para atender sua política, seus objetivos e metas ambientais.
Medição e avaliação - é recomendado que uma organização mensure,
monitore e avalie o seu desempenho ambiental.
Análise crítica e melhoria - é recomendado que uma organização analise
criticamente e aperfeiçoe continuamente o seu sistema de gestão ambiental, com
o objetivo de aprimorar o seu desempenho ambiental global.”
Avaliação Ambiental Inicial
O processo de implantação, de um sistema de gestão
ambiental, começa pela avaliação ambiental inicial. Esse procedimento, deve ser
realizado com recursos externos, seja por consultores autónomos ou por firmas
de consultoria ambiental.
Inicialmente, as empresas não conseguem perceber, as
suas deficiências em termos de meio ambiente, devido a:
·
Falta de percepção ou
conscientização ecológica de dirigentes e colaboradores.
·
Forma tradicional de
produção, sem tratamento de efeitos poluidores, ou sem precauções no processo
industrial.
·
Redução de despesas, a
qualquer custo, em detrimento do meio ambiente.
·
Manutenção da
competitividade dos sectores, sem cuidar das questões ambientais.
·
Falta de monitoramento,
ou fiscalização, por parte dos órgãos ambientais competentes.
A avaliação ambiental inicial, permite às
organizações:
·
Conhecer o seu perfil e o
seu desempenho ambiental.
·
Adquirir experiência, na
identificação e análise de problemas ambientais.
·
Identificar, pontos
fracos, que possibilitem obter benefícios ambientais e, até económicos, muitas
vezes óbvios, mas não detectados.
·
Tornar mais eficiente, a
utilização de matérias-primas e insumos.
·
Coletar subsídios, para
fixar a política ambiental a ser seguida na organização.
As técnicas mais comuns para esta avaliação podem
incluir:
·
Aplicação de
questionários previamente desenvolvidos.
·
Realização de entrevistas
dirigidas, com registo dos resultados obtidos.
·
Utilização de listas de
verificação pertinentes às características da organização.
·
Inspeções e medições
diretas em casos específicos.
Comprometimento
A política ambiental, deve conter um senso de
orientação, bem como fixar, os princípios de ação, que melhor se adaptam ao
perfil da empresa e, à postura desta, em relação ao meio ambiente.
Tendo como base, a avaliação ambiental inicial ou,
no caso de empresas que já pratiquem algum dos processos neste sentido, uma
revisão que permita saber onde e em que estado
a organização se encontra, no campo ambiental, este é o momento de a
empresa definir, claramente, os objetivos a atingir.
O objetivo maior é, obter um comprometimento e uma
política ambiental definida para a organização.
Esta, não deve simplesmente conter declarações
vagas; precisa ter um posicionamento definido e forte.
Muitas empresas, incluem a política ambiental na
“missão”, síntese dos seus propósitos.
A política ambiental, tal como a de Qualidade, deve
estar disseminada e ser partilhada em toda a empresa, tanto nas áreas
administrativas como operacionais e ser conhecida e aceite, pelas hierarquias
existentes, tanto de baixo para cima, como de cima para baixo - da alta
administração até à produção.
Ao adoptar uma política ambiental, a organização
deve escolher, as áreas onde o cumprimento da legislação e, das normas
ambientais vigentes, se refere a problemas e riscos ambientais potenciais da
empresa, mas a organização deve ter o cuidado de não ser demasiadamente
genérica, afirmando, por exemplo: “comprometemo-nos a cumprir a legislação
ambiental”.
É óbvio que, qualquer empresa, com ou sem política
ambiental declarada, deve obedecer a legislação vigente.
O compromisso, com o cumprimento e a conformidade, é
que demonstra a importância que esta tem para a organização, pois, a adopção de
um SGA é voluntária e, nenhuma empresa é obrigada a adoptar
procedimentos ambientais espontâneos.
[1] Os pontos da norma NBR-ISO 14.00, são:
Objetivos da gestão ambiental
· implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental;
· assegurar-se de sua conformidade com sua política ambiental definida;
· demonstrar tal conformidade a terceiros;
· buscar certificação/registro do seu sistema de gestão ambiental por
uma organização externa;
· realizar uma auto-avaliação e emitir auto-declaração de conformidade
com esta Norma.
Produzem
energia eléctrica pelo acionamento de geradores, através de pás, movidas por
massas de ar. A energia dos ventos é renovável, limpa e abundante em alguns
locais.
Os
principais impactos ambientais dos geradores eólicos, são a geração de ruídos e
a poluição visual, devido ao seu grande porte.
Consiste,
na conversão directa da luz do sol em energia eléctrica. Este processo é
realizado com equipamentos geralmente chamados de painéis fotovoltaicos. O Sol
irradia sobre a Terra, anualmente, algo equivalente a 10 mil vezes a energia
consumida pela população mundial, no mesmo período.
O aproveitamento da energia solar
tem ocorrido em baixa escala, pois o custo de produção dos painéis é elevado. A
eletricidade gerada por luz solar causa baixo impacto ambiental, o qual se restringe
a matéria-prima necessária para a construção dos painéis fotovoltaicos.